Cidade de Chaves - Medievais, romanos e galaicos, sapateiros tradicionais e artesanais
As feiras medievais e outras que tais, entre nós, agora, galaico-romanas, pouco diferem umas das outras, e quem vê uma, vê todas, com os mesmos atores, onde às vezes só diferem na roupagem e adereços que vestem ou utilizam numas ou noutras. Rigor e interesse histórico, pouco ou nenhum, talvez algum espetáculo e como o povo gosta e vai na onda, tanto lhes faz que sejam romanos, galaicos, bárbaros, gregos ou troianos, o que interessa mesmo é o espetáculo das barracas e uns desfiles e palhaçadas pelo meio. O que tem graça no meio disto tudo, é que Chaves neste tipo de feiras/desfile/espetáculo até começou bem, há coisa de trinta anos, e mesmo que não fossem inovadoras, faziam-se com aquilo que era nosso e com o nosso povo, as nossas aldeias e freguesias, reinventando já aí, algumas tradições e profissões que foram desaparecendo aos olhos de todos, principalmente as que foram vítimas da modernidade e que tanto afamaram algumas aldeias, como as leiteiras e Outeiro Seco cujo leite tanta gentinha ajudou a criar nesta cidade, ou as lavadeiras de São Lourenço, as tecedeiras de Soutelo, os almocreves, os carvoeiros, os carquejeiros, os moleiros, latoeiros, cesteiros, etc. Profissões e atividades que há 50 anos, ou menos, ainda eram comuns entre nós. Isso sim, já fazia alguma graça e hoje muito mais, podendo-se fazer ainda com rigor histórico e fazendo dos mais idosos ou menos idosos, pais e avós, verdadeiros historiadores cá da praça, podendo eles, contar aos filhos e netos coisas que talvez fizeram ou pelo menos viram fazer e conheciam.
Hoje em imagem fica o Quim sapateiro na sua oficina, conhecido da maioria dos flavienses e um dos poucos (penso que apenas dois em Chaves) a resistir na profissão de sapateiro de forma tradicional, da forma como aprendeu e como o fez durante toda a sua vida, mas fica também para memória futura, para que daqui a uns anos, quem sabe numa feira etnográfica nossa, saberem com rigor como vestia um sapateiro na sua vestimenta de verão em versão primeiro quartel do século XXI e que, além de tudo, por ser também o meu sapateiro me permite terminar assim este post: Um abraço para o Quim!