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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

05
Out15

De regresso à cidade com um VIVA A REPÚBLICA!


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Já sei que as conversas do dia de hoje vão ser as eleições de ontem, mas convém não esquecer que hoje é o 5 de Outubro, o dia em que se celebra a Implantação da Republica, que os vencedores oficiais das eleições de ontem transformaram em dia comum, sem festa e sem feriado comemorativo, mas por aqui, no blog, ainda se celebra: VIVA A REPÚBLICA!

 

Quanto às eleições de ontem, se houve um vencedor claro que possa festejar a sua vitória, esse é o Bloco de Esquerda, quanto aos restantes partidos, todos perderam. Mas esta é a minha modesta opinião. VIVA A REPÚBLICA!

 

 

 

05
Out09

5 de Outubro - Chaves - Portugal


 

Hoje é 5 de Outubro, dia em que se celebra a implantação da República Portuguesa, aquela que, desde 1910, se vai celebrando todos os anos como um feriado nacional.

 

Mas, para quem não sabe, vamos a algumas curiosidades (breves e numéricas)  sobre a nossa República.

 

Até à presente data costuma-se dividir a república em 3 ou 4 repúblicas, ou seja, a 1ª República que corresponde à sua implantação; a 2ª que está associada ao fascismo e a 3ª que é a actual, a democrática e que nasceu com o 25 de Abril.

 

No entanto há quem a divida em 4, a saber: a 1ª Primeira República correspondente aos primeiros anos e que teve 8 Presidentes da República, a Ditadura Militar que teve 2 Presidentes da República, o Estado Novo que teve 3 Presidentes da República e o Regime Democrático que até hoje conta com 6 Presidentes da República.

 

O Primeiro Presidente da República Eleito foi Manuel da Arriaga e dos 19 Presidentes da República, aquele que teve uma passagem mais breve pela presidência foi Sidónio Pais, que exerceu o cargo apenas durante pouco mais de 4 meses (29/05/1911 a 05/10/1911) e o que esteve mais tempo no cargo foi Óscar Carmona, que presidiu até à sua morte durante 25 anos (1926 a 1951).

 

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Já 1926 foi um ano rico em Presidentes da República, pois só neste ano Portugal conheceu 4 Presidentes da República diferentes.

 

De entre todos os Presidentes da República, a grande maioria foram eleitos (democraticamente ou não), 7 foram nomeados e 1 tomou o poder. Também a grande maioria cumpriu o seu mandato, no entanto um morreu no exercício de funções, outro foi assassinado, 5 foram depostos e 2 demitiram-se ou renunciaram ao cargo e 1 exilou-se.

 

Até à presente data houve 9 Presidentes da República militares, 3 professores, 3 advogados, 3 escritores, 1 médico e 1 economista.

 

De entre os 19 PR’s, até hoje, apenas 4 foram reeleitos, 3 dos quais no Regime Democrático.

 

Ainda e para terminar estas curiosidades e números, 1 Presidente da República era flaviense, que servirá de mote para os próximos parágrafos.

 

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Dr. António Granjo, Presidente do Conselho de Ministros da 1ª República

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Entre todas a cidades portuguesas, Chaves, deve ser a mais republicana e, para quem este dia, até pode ter um significado mais aprofundado. Não pelo 8 de Julho de 1912 cuja importância para a República sempre foi “ampliada” pelo bairrismo flaviense e pelas famílias republicanas cá da terra, mas precisamente pelas famílias republicanas que deram um Primeiro Ministro a Portugal, António Granjo, com o qual terminava a 1ª República  com o seu assassinato e, um Presidente da República, Francisco Costa Gomes, com o qual (praticamente) se iniciou o Regime Democrático.

 

Assim, se Chaves pode ter orgulho dos seus filhos monárquicos e no seu passado monárquico e militar também o pode ter nos seus filhos republicanos que ocuparam os mais altos cargos de Portugal. A Presidência do Concelho de Ministros com António Granjo e a Presidência da República com o Marechal Costa Gomes, orgulho que se deveria reflectir na cidade e nos flavienses e, se a António Granjo já lhe têm sido feitas diversas homenagens e é o menino querido das famílias republicanas flavienses, para com o Marechal Costa Gomes estamos em dívida.

 

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Marechal Costa Gomes - 15º Presidente da República portuguesa e 2º da Democracia

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Fica assim um lembrete para os próximos autarcas que forem eleitos no próximo fim-de-semana para ocuparem o palacete do morgado de Vilar de Perdizes, sito na Praça do Duque: Chaves deve uma homenagem ao Marechal Costa Gomes, o 2º Presidente da República Portuguesa do regime democrático, que de todas as Repúblicas portuguesas (as 3 ou 4 conforme preferirem) é sem dúvida (pelos seus valores da democracia e liberdade)  a mais importante.

 

Até amanhã!

27
Out08

Ilustres Flavienses - António Joaquim Granjo


 

In Ilustração Portuguesa nº337, de 5 de Agosto de 1912, Pag.162

 

 

António Joaquim Granjo

(1881 – 1921)

 

António Joaquim Granjo é o ilustre flaviense que hoje vai ficar aqui no blog, e se sobre alguns ilustres flavienses irei ter algumas dificuldades em arranjar imagens e biografia, sobre António Granjo há muita documentação escrita e também algumas imagens, a dificuldade será mesmo resumir o que há por aí em livro, artigos, estudos e na net, tudo isto, porque o Ilustre António Joaquim Granjo não é um nome que limita a sua ligação a Chaves, pois é um nome da República e de Portugal.

 

António Joaquim Granjo nasceu em Chaves em 27 de Dezembro de 1881 e faleceu assassinado em Lisboa em 19 de Outubro de 1921, quando desempenhava as funções de Presidente do Ministério, ou seja, presidente do governo português e que equivale hoje ao Primeiro-ministro. O dia da sua morte ficou para sempre registada na história de Portugal como “A Noite Sangrenta” à qual esteve associada a “Camioneta Fantasma”, acontecimentos e morte que viria a ditar o fim da 1ª República de Portugal.

 

 

 

“Era franco, rude, generoso e exagerado. Tinha todas as virtudes e todos os defeitos do montanhês e quem atentasse no seu tórax herculeo, julgaria admirar um pedaço de granito arrancado lá de cima, das serranias de Trás-os-Montes e afeiçoado pelo cinzel de qualquer escultor amigo de fortes plásticas.”

Consiglieri Sá Pereira

in A Noite Sangrenta,

Aillaud & Bertrand, Lisboa,1924

 

Casa onde nasceu António Granjo, junto à ponte do Ribelas nas Caldas,

demolida nos finais dos anos 80 para construção do Hotel Aquae Flaviae

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António Joaquim Granjo nasceu em Chaves, em 27 de Dezembro de 1881. Era filho de Domingos Pires Granjo, um curtidor e vendedor de peles e de Maria Joaquina Granjo.

 

Obteve, em 1907, o bacharelato em Direito pela Universidade de Coimbra, para onde se deslocou em 1899, tivera formação religiosa, frequentando o Seminário de Braga, entre 1893 e 1898, e cursando Teologia no Porto, no ano seguinte. Quanto à frequência do Seminário de Braga, não há contudo consenso nos escritos a que tive acesso, pois Júlio Augusto Montalvão Machado, num documento publicado no nº6 da Revista  Aquae Flaviae, referia-se a este assunto da seguinte forma:

 

Por 1899-1900 frequentava o Colégio de S. JOAQUIM e conseguiu agrupar bons companheiros, a quem iniciou magistralmente no seu credo republicano! Devido a iniciativa sua, se começou então a publicar em Chaves o semanário republicano «A Alvorada», que foi querelado e punido (devido a artigo do Granjo), passando seguidamente a publicar-se com o título «Aurora». Colaboradores principais: Antonio Granjo, João Amorim, António Castilho, Maximiano Seixas Martins (Vila Pouca de Aguiar) e João Sarmento, de Soutelinho do Monte. 0 Granjo sentia-se cada vez mais revoltado contra a profissão eclesiástica que lhe escolhiam, não tinha feitio; mas também não queria desgostar a família, que muito sinceramente o estimava. Então no seu jornal, que logo conquistou público, conseguindo impor-se pelo seu valor literário, começou  a satirizar certas criaturas, inclusive António Carneiro, secretário do Vigário Geral, e ainda outros elementos clericais, - havendo (e desta feita, ainda bem!) quem de tudo desse completo conhecimento para o Ver.º Arcebispo de Braga. Sucedeu porém que, terminados os estudos da latinidade, e por obediência aos pais, viu-se obrigado a requerer sua admissão para 0 Seminário de Braga, - onde muito desejava não chegar a entrar. A pobre mãe, ainda iludida, lá conseguiu arranjar o enxoval para a frequência do caloiro nos estudos canónicos, e foi ela própria acompanhar 0 filho a Braga, onde com outros estudantes amigos e da região nortenha, todos foram almoçar à Hospedaria Igo; por lá se acantonaram até à manhã seguinte, em que foi a pauta de inscrição afixada à porta, no gradeamento do Seminário dos Apóstolos, ou Seminário Conciliar, (espécie de Porta-Férrea, de Coimbra), e onde constavam os nomes dos requerentes admitidos. Na longa coluna dos A-A-A ..., não aparecia 0 nome de António Granjo! Produzira efeito o plano urdido na gazeta flaviense, mas o excluído (intimamente radiante) por necessidade e respeito, acompanhava sentidamente as lágrimas da mãe, - e para a contentar ficou logo ali assente que seguiria a continuar os seus estudos na Universidade de Coimbra, onde iria matricular-se na Faculdade de Teologia.”

 


Tivesse ou não frequentado o seminário o facto é que assentou praça em 1899 no Regimento de Cavalaria nº 6, mas a 15 de Outubro desse mesmo ano pediu baixa da vida militar, experiência a que dará continuidade mais tarde, quando liderar um grupo de voluntários contra as invasões monárquicas de 1911 e 1912 e integrar o Corpo Expedicionário Português na qualidade de alferes miliciano. Depois de concluir os estudos superiores em Coimbra, regressa à sua terra natal, onde se dedicará à advocacia até se fixar em Lisboa, no ano de 1919.

Quando estudante em Coimbra convive com Cândido Guerreiro, José Lobo de Ávila Lima, Fernando Emídio da Silva, António Abranches Ferrão, sendo António Granjo um dos alunos melhor classificados do seu curso. Casou ainda estudante, em 8 de Outubro de 1906, com Cândida Lamelas. Funda o Centro Republicano de Chaves, que se torna uma verdadeira "sociedade revolucionária" (Rocha Martins, Vermelhos, Brancos e Azuis, vol. II).

A sua actividade política começa no contexto das greves estudantis em Coimbra - quando, em 1907, integra o Comité Revolucionário Académico – e consolida-se, logo a seguir, por via da organização de um núcleo revolucionário em Chaves e da participação no Comité Revolucionário de Trás-os-Montes, onde tem um importante papel na propaganda republicana.

 

Desenho em gafite e tinta da china, 14x14cm (1918?) de autoria de Leal da Camara


Participou na tentativa revolucionária de 28 de Janeiro de 1908, tendo desenvolvido contactos na cidade do Porto, onde vivia o irmão Manuel Augusto Granjo. A sua acção, durante esta tentativa revolucionária republicana que fracassou, seria tomar o forte S. Neutel, em Chaves, para apoderar-se das munições e armas ali existentes.

A 8 de Outubro de 1910, foi proclamada a República em Chaves, com a sua presença na Câmara Municipal. Faziam parte do núcleo revolucionário de Chaves, além de António Granjo o Antão Fernandes de Carvalho, Vitor Macedo Pinto, Adelino Samardã (jornalista e organizador da Carbonária na região transmontana), José Mendes Guerra e António da Silva Correia.

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Na segunda fila (esq.-dir) António Granjo, Nicolau Mesquita e António Vilhena,

numa foto do casamento de Artur Maria Afonso e Palmira Rodrigues

(pais do ilustre flaviense Nadir Afonso) também na segunda fila abraçados.

Foto gentilmente cedida por Laura Afonso.

 


A 6 de Outubro de 1911 partiu para Vinhais, para enfrentar as invasões monárquicas comandadas por Paiva Couceiro, levando com ele António Cachapuz, Joaquim Monteiro, Vitorino Vidago e António Luis Pereira. Nesse mesmo ano, dá início à sua carreira de deputado, eleito e reeleito por Chaves até 1921, em que se destaca, logo em 1912, por defender a amnistia para os inimigos do novo regime.

 



Em 1912, trava-se de razões contra os denominados jovens turcos: Álvaro de Castro, Sá Cardoso, Álvaro Pope, Américo Olavo, que defendiam as opiniões de Afonso Costa, enquanto António Granjo se perfilava ao lado de António José de Almeida.

Em Maio de 1917, ingressa como alferes miliciano no Regimento de Infantaria nº 19, de Chaves, após ter concluído o curso de alferes no Regimento de Infantaria nº18, no Porto. Antes de partir manda elaborar o seu testamento antes de partir incorporado no Corpo Expedicionário Português em direcção à Flandres.

Quando regressa envolve-se nas conspirações e revoltas de 12 de Outubro de 1918 e de 10 de Janeiro de 1919, contra Sidónio Pais. A primeira das tentativas restringiu-se às cidades de Coimbra, Évora e Vila Real. A segunda, deflagrou somente em Santarém.

 

Um Duelo entre António Granjo e Álvaro de Castro retratado na Ilustração portugues

nº354 de 2 de Dezembro de 1912 pág.. 720



Proclamada a República, torna-se administrador do concelho de Chaves e, em 1911, é iniciado na Maçonaria, no triângulo 187, de Santa Marta de Penaguião, adoptando o nome simbólico deBuffon. Pertenceu depois à Loja Cavalheiros da Paz e Concórdia, em Lisboa. Manteve ligações a esta sociedade até ao final da sua vida, quando pertencendo à Loja Liberdade e Justiça, nº 373, de Lisboa, foi alertado por uma prancha datada de 15 de Outubro de 1921, que referia os problemas causados pela "questão dos eléctricos" e a necessidade de "meter na ordem obrigando a cumprir as leis nacionais e estrangeiras" (Rocha Martins, ob. cit.).

Depois de deixar o Partido Republicano Português e de se tornar membro do Partido Evolucionista, integra ainda o Partido Liberal, de que foi líder entre 1919 e a cujo directório pertenceu até 1921. Estreia-se como ministro entre 30 de Março e 28 de Junho de 1919, à frente da pasta da Justiça num governo liderado por Domingos Pereira.

 

Fotografia de António Granjo (Ao centro) quando era Presidente do Concelho de Ministros

Acompanhado dos seus ministros - 1921


Em 15 de Janeiro de 1920, sendo já membro do Partido Liberal, a cujo Directório pertenceu desde os finais de 1919 a 1921, é nomeado ministro do Interior, mas não chega a tomar posse. Quando voltou a ser nomeado para cargos governativos, assumiu a pasta da Agricultura e chefiou o próprio Executivo, ambas as funções decorrendo entre 19 de Junho e 20 de Novembro de 1920, além de se ter encarregado da pasta das Finanças, a título interino, entre 14 de Setembro e 18 de Outubro de 1920. Será, ainda, ministro do Comércio, de 24 de Maio a Agosto de 1921, até acumular, pela última vez, a chefia do Executivo com uma pasta ministerial, desta feita, a do Interior, no período de 30 de Agosto até à Noite Sangrenta de 19 de Outubro de 1921, que ditou a queda do Governo e a sua própria morte.

Da sua participação na Grande Guerra, escreveu um livro de impressões, que intitulou A Grande Aventura (Cenas de Guerra), além de ter publicado poesia e dirigido o jornal A República a partir de 9 de Março a 19 de Julho de 1920, em virtude de António José de Almeida ter sido eleito presidente da República. Volta a assumir esta função entre 20 de Novembro de 1920 e 9 de Junho de 1921. Colaborou ainda na revista Livre Pensamento de Coimbra, em 1905. Foi ainda colaborador de O Norte, Porto, 1918-1920.

Escreveu: Carta à Rainha D. Amélia (1909) e Águas obras em verso; Vitória de Uma Mocidade, 1907; A Grande Aventura (cenas de Guerra), 1919, dedicado ao Regimento de Infantaria nº 19(prosa).

 

Visita do Chefe do Governo (António Granjo) a Bucelas - 1921

 

A Camioneta Fantasma e a Noite Sangrenta

 

Em 19 de Outubro de 1921 a barbárie sai com toda a ferocidade para a rua: uma camioneta fantasma, conduzida por verdadeiros facínoras, vai buscar às suas casas António Granjo, Machado Santos, José Carlos da Maia, e o coronel Botelho de Vasconcelos. Assassinam-nos com uma violência e brutalidade inauditas.

 

O empobrecimento e o embrutecimento do país é geral. Ninguém sabe o que quer. Ninguém se entende. A fome grassa por todo o lado. Por falta de azeite fecham as fábricas de conservas do Algarve.

Era o começo do fim da Primeira República que tinha sido um somatório de idealismo, instabilidade, ignorância, revoluções, caos e crimes hediondos.

 

Para melhor se entender o conturbada que foi a primeira república fiquemos com alguns acontecimentos dos dois meses que antecederam a noite sangrenta:

 

 

 

António Granjo e o Presidente da República Bernardino Machado e outras individualidades em 1917

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Setembro de 1921

 

- Deputado António Luís Gomes, em 1 de Setembro, considera que o sistema parlamentar está condenado por causa do regime de mentira, ao mesmo tempo que os ministros são uns verdadeiros criminosos que estão a arrancar o sangue do povo português. Conclui salientando: cada vez enjoo mais a política. Nunca entrei para partido algum, porque os partidos da República têm colocado os homens acima dos partidos … Por isso é que os homens de bem se retraem, afastando-se da política.

 

- Artigo em O Século, em 1 de Setembro, sobre a crise das subsistências considera que a classe média ficou entre o martelo e a bigorna.

 

- Confirmada a burla do empréstimo dos 50 milhões de contos através de comunicação diplomática do visconde de Alte em 4 de Setembro. O gabinete de Barros Queirós já conhecia a trama desde 28 de Agosto.

 

- Em 5 de Setembro, comício em Loures, com violentos discursos anti-católicos. Declarações de António Granjo no Senado, em 2 de Setembro são desvirtuadas pelo relato parlamentar do Diário de Notícias, quando se refere que Granjo reconhecia a religião católica como a única do país.

 

- Em 8 de Setembro, Cunha Leal interpela o ministro das finanças sobre a matéria. Sobre os boatos que correm, Vicente Ferreira apenas diz fumo. Na Câmara dos Deputados, intensos ataques aos banqueiros portugueses que serviram de intermediários no processo.

 

- Em 16 de Setembro, o deputado Carvalho da Silva denuncia o facto do governo ter indemnizado com 4 500 contos indivíduos e empresas consideradas vítimas da última revolução. Jornais O Mundo e O Portugal, afectos aos democráticos, são contemplados com 260 e 330 contos, respectivamente.

- Em 17 de Setembro, os trabalhos parlamentares são suspensos até 7 de Novembro.

- Aborta golpe de Estado em 30 de Setembro. O chefe da conjura é o tenente-coronel Manuel Maria Coelho, com o capitão-de-fragata Procópio de Freitas e os oficiais da GNR Camilo de Oliveira e Cortês dos Santos. Presos alguns desses cabecilhas, eles são depois libertados por  António Granjo. Entre os presos, o coronel Xavier Ferreira, Orlando Marçal, Sebastião Correia e Procópio de Freitas.

- Surge um esboço de movimento de salvação pública, subscrito por José de Castro, António Luís Gomes, Jaime Cortesão, João de Deus Ramos, Francisco António Correia, Ramada Curto, Cunha leal, Leonardo Coimbra e Sá Cardoso.

 

Visita do Chefe do Governo (António Granjo) a Bucelas - 1921

- Fausto de Figueiredo, um dos financiadores da Imprensa da Manhã, promove encontro de António Granjo e Cunha Leal no Estoril em 5 de Outubro. Nas cerimónias do cemitério do Alto de S. João, na romagem aos túmulos de Cândido dos Reis e Miguel Bombarda, há insultos a Granjo, com morras à reacção e aos jesuítas. Mas o presidente do ministério manda libertar os implicados no 30 de Setembro que se encontravam detidos. Considera que só pela brandura se consegue governar.

 

Outubro de 1921

O 19 de Outubro de 1921 pode-se considerar como a data do fim da 1ª República, embora formalmente ela continuasse até 28 de Maio de 1926.

 

Entre o assassinato de Sidónio Pais e os massacres de 19 de Outubro de 1921, Portugal, teoricamente um regime parlamentar, viveu sob uma ditadura tutelada pelos arruaceiros e rufias dos cafés e tabernas de Lisboa e pela Guarda Nacional Republicana, uma Guarda Pretoriana do regime, bem municiada de artilharia e armamento pesado, concentrada na zona de Lisboa e cujos efectivos passaram de 4575 homens em 1919 para 14341 em 1921, chefiados por oficiais «de confiança», com vencimentos superiores aos do exército. A queda do governo de Liberato Pinto, o principal mentor da GNR, em Fevereiro de 1921, colocou as instituições democráticas na mira dos arruaceiros e pretorianos do regime a que se juntaram sindicalistas, anarquistas, efectivos do corpo de marinheiros, etc.. O governo de António Granjo, formado a 30 de Agosto, era o alvo.

 

Funeral de António Granjo em Lisboa

 

O nó górdio foi o caso Liberato Pinto, entretanto julgado e condenado em Conselho de Guerra por causa das suas actividades conspirativas. Juntamente com o Mundo, a Imprensa da Manhã, jornal sob a tutela de Liberato Pinto, atacavam diariamente o governo, tentando provar, através de documentos falsos, que o Governo projectava o cerco de Lisboa por forças do Exército, para desarmar a Guarda Nacional Republicana. No Diário de Lisboa apareceram, entretanto, algumas notas relativas ao futuro movimento. Em 18 de Agosto, um informador anónimo dizia da futura revolta: «Mot d'ordre: a revolução é a última. Depois, liquidar-se-ão várias pessoas».

 

O coronel Manuel Maria Coelho era o chefe da conjura. Acompanhavam-no, na Junta, Camilo de Oliveira e Cortês dos Santos, oficiais da G. N. R., e o capitão-de-fragata Procópio de Freitas. O republicanismo histórico do primeiro aliava-se às forças armadas, que seriam o pilar da revolução. Depois de uma primeira tentativa falhada, em que alguns dos seus chefes foram presos e libertos logo a seguir, o movimento de 19 de Outubro de 1921 desenrolou-se num dia apenas, entre a manhã e a noite. Três tiros de canhão disparados da Rotunda pela artilharia pesada da GNR tiveram a sua resposta no Vasco da Gama. Passavam à acção as duas grandes forças da revolta. A Guarda concentrou os seus elementos na Rotunda; o Arsenal foi ocupado pelos marinheiros sublevados, que não encontraram qualquer resistência; núcleos de civis armados percorreram a cidade em serviço de vigilância e propaganda. Os edifícios públicos, os centros de comunicações, os postos de comando oficiais caíram rapidamente em poder dos sublevados. Às 9, uma multidão de soldados, marinheiros e civis subiu a Avenida para saudar a Junta vitoriosa. Instalado num anexo do hospital militar de Campolide, o seu chefe, o coronel Manuel Maria Coelho, presidia àquela vitória sem luta.

 

Cunha Leal no uso da palavra no funeral de António Granjo

 

Em face da incapacidade de resistir, às dez da manhã, António Granjo escreveu ao Presidente da República:

«Nestes termos, o governo encontra-se sem meios de resistência e defesa em Lisboa. Deponho, por isso, nas mãos de V. Ex.a a sorte do Governo...»

 

António José de Almeida respondeu-lhe, aceitando a demissão:

«Julgo cumprir honradamente o meu dever de português e de republicano, declarando a V. Ex.a que, desde este momento, considero finda a missão do seu governo...»

Recebida a resposta, António Granjo retirou-se para sua casa. Eram duas da tarde.

 

O PR recusou-se a ceder aos sublevados. Afiançou que preferiria demitir-se a indigitar um governo imposto pelas armas. Às onze da noite, ainda sem haver solução institucional, Agatão Lança avisou António José de Almeida que algo de grave se estava a passar. Perante tal, conforme descreveu depois o PR,

«Corri ao telefone e investi o cidadão Manuel Maria Coelho na Presidência do Ministério, concedendo-lhe os poderes mais amplos e discricionários para que, sob a minha inteira responsabilidade, a ordem fosse, a todo o transe, mantida».

 

Passando a palavra a Raul Brandão (Vale de Josafat, págs. 106-107),

«Depois veio a noite infame. Veio depois a noite e eu tenho a impressão nítida de que a mesma figura de ódio, o mesmo fantasma para o qual todos concorremos, passou nas ruas e apagou todos os candeeiros. Os seres medíocres desapareceram na treva, os bonifrates desapareceram, só ficaram bonecos monstruosos, com aspectos imprevistos de loucura e sonho...».

 

 

Sentindo as ameaças que se abatiam sobre ele, António Granjo buscou refúgio na casa de Cunha Leal. Cunha Leal tinha simpatias entre os revoltosos (tinha aliás sido sondado para ser um dos chefes do movimento, mas recusara) e Granjo considerou-se a salvo. Todavia, a denúncia de uma porteira guiou os seus perseguidores que tentaram entrar na casa de Cunha Leal para deter António Granjo. Cunha Leal impediu-os, mas a partir desse momento ficaram sem possibilidades de fuga porque, pouco a pouco, o cerco apertara-se e grupos armados vigiavam a casa. Apelos telefónicos junto de figuras próximas dos chefes da sublevação, que pudessem dar-lhes auxílio, não surtiram efeito.

 

Perto das nove da noite compareceu um oficial da marinha, conhecido de ambos, que afirmou que levaria Granjo para bordo do Vasco da Gama, um lugar seguro. Cunha Leal vacilou. Granjo mostrou-se disposto a partir. Cunha Leal acompanhou-o, exigindo ao oficial da marinha que desse a palavra de honra de que não seriam separados. Meteram-se na camioneta que afinal não os levaria ao refúgio do Vasco de Gama, mas ao centro da sublevação.

 

A camioneta chegou ao Terreiro do Paço onde os marinheiros e os soldados da Guarda apuparam e tentaram matar António Granjo. Cunha Leal conseguiu então salvá-lo. A camioneta entrou, por fim, no Arsenal e os dois políticos passaram ao pavilhão dos oficiais. Um grupo rodeou Cunha Leal e separou-o de Granjo, apesar dos seus protestos. Os seus brados levaram a que um dos sublevados disparasse sobre ele, atingindo-o três vezes, um dos tiros, gravemente, no pescoço. Foi conduzido ao posto médico do Arsenal.

 

Entretanto, vencida a débil resistência de alguns oficiais, marinheiros e soldados da GNR invadiram o quarto onde estava António Granjo e descarregaram as suas armas sobre ele. Caiu crivado. Um corneteiro da Guarda Nacional Republicana cravou-lhe um sabre no ventre. Depois, apoiando o pé no peito do assassinado, puxou a lâmina e gritou: «Venham ver de que cor é o sangue do porco!»

 

A camioneta continuou a sua marcha sangrenta, agora em busca de Carlos da Maia, o herói republicano do 5 de Outubro e ministro de Sidónio Pais. Carlos da Maia inicialmente não percebeu as intenções do grupo de marinheiros armados. Tinha de ir ao Arsenal por ordem da Junta Revolucionária. Na discussão que se seguiu só conseguiu o tempo necessário para se vestir. Então, o cabo Abel Olímpio, o Dente de Ouro, agarrou-o pelo braço e arrastou-o para a camioneta que se dirigiu ao Arsenal. Carlos da Maia apeou-se. Um gesto instintivo de defesa valeu-lhe uma coronhada brutal. Atordoado pelo golpe, vacilou, e um tiro na nuca acabou com a sua vida.

 

A camioneta, com o Dente de Ouro por chefe, prosseguiu na sua missão macabra. Era seguida por uma moto com sidecar, com repórteres do jornal Imprensa da Manhã. Bem informados como sempre, foram os próprios repórteres que denunciaram: «Rapazes, vocês por aí vão enganados... Se querem prender Machado Santos venham por aqui...». Acometido pela soldadesca, Machado Santos procurou impor a sua autoridade: «Esqueceis que sou vosso superior, que sou Almirante!». Dente de Ouro foi seco: «Acabemos com isto. Vamos». Machado Santos sentou-se junto do motorista, com Abel Olímpio, o Dente de Ouro, a seu lado. Na Avenida Almirante Reis, a camioneta imobiliza-se devido a avaria no motor. Dente de Ouro e os camaradas não perdem tempo. Abatem ali mesmo Machado Santos, o herói da Rotunda.

 

Não encontraram Pais Gomes, ministro da Marinha. Prenderam o seu secretário, o comandante Freitas da Silva, que caiu, crivado de balas, à porta do Arsenal. O velho coronel Botelho de Vasconcelos, um apoiante de Sidónio, foi igualmente fuzilado. Outros, como Barros Queirós, Cândido Sotomayor, Alfredo da Silva, Fausto Figueiredo, Tamagnini Barbosa, Pinto Bessa, etc., salvaram a vida por acaso.

 

Os assassinos foram marinheiros e soldados da Guarda. Estavam tão orgulhosos dos seus actos que pensaram publicar os seus nomes na Imprensa da Manhã, como executores de Machado Santos. Não o chegaram a fazer devido ao rápido movimento de horror que percorreu toda a sociedade portuguesa face àquele massacre monstruoso. Mas quem os mandou matar?

 

Estátua de António Granjo em Chaves

 

O horror daqueles dias deu lugar a uma explicação imediata, simples e porventura correcta: os assassínios de 19 de Outubro tinham sido a explosão das paixões criadas e acumuladas pelo regime. Determinados homens mataram; a propaganda revolucionária impeliu-os e a explosão da revolução permitiu-lhes matar. No enterro de António Granjo, Cunha Leal proclamou essa verdade:

«O sangue correu pela inconsciência da turba — a fera que todos nós, e eu, açulámos, que anda solta, matando porque é preciso matar. Todos nós temos a culpa! É esta maldita política que nos envergonha e me salpica de lama».

 

No mesmo acto, afirmaria Jaime Cortesão:

«Sim, diga-se a verdade toda. Os crimes, que se praticaram, não eram possíveis sem a dissolução moral a que chegou a sociedade portuguesa».

 

É esta a história do ilustre flaviense António Granjo, que dá nome a Uma Escola em Chaves, a uma Avenida e que tem hoje o seu devido monumento, com a sua estátua no antigo largo da Estação. Os acompanhantes deste blog e que desconheciam a história de António Granjo, já ficam a saber quem é o Homem da estátua do largo que aponta para a cidade como quem aponta para Portugal.

 

Bibliografia e fotos:

http://arepublicano.blogspot.com

http://semiramis.weblog.com.pt

http://www.iscsp.utl.pt

Revista Aquae Flaviae nº 6 de Dezembro de 1991

Arquivo Municipal de Lisboa

 

 

 

20
Out08

Flavienses Ilustres - General Ribeiro de Carvalho


Já sabem que desde a última segunda-feira, o post deste dia é dedicado a Ilustres Flavienses. Se o Mestre Nadir Afonso foi escolha fácil para a abertura desta rubrica, a escolha dos restantes ilustres já não é assim tão fácil. Mas há que dar continuidade a esta empreitada e assim, sem qualquer critério na ordem e importância, passarão por aqui durante alguns meses, os Ilustres Flavienses dos quais eu consiga juntar alguma documentação, principalmente alguns dos ilustres que fazem parte da nossa toponímia que dão nome a ruas e avenidas e dos quais a maioria dos flavienses, principalmente gerações mais jovens, nada sabe. Também eu penso aprender mais um bocadinho sobre os nossos ilustres flavienses, a maioria de nascença, mas também os flavienses adoptivos que dedicaram parte das suas vidas e saber à actual cidade de Chaves ou à antiga vila de Chaves.

 

Pela certa que algumas das vezes ficarão surpreendidos por alguns nomes que vou aqui trazer e, por outros, que embora se considerem ilustres, não vou trazer aqui, principalmente porque são ilustres pela negativa, a maioria ainda no reino dos vivos. Digamos que por aqui desfilarão os verdadeiros ilustres flavienses vistos pelo meu olhar.

 

Nadir Afonso aparte, um dos maiores ilustres flavienses de sempre, hoje recomeço com o General Ribeiro de Carvalho, um dos meus ilustres, nem que fosse e só pelo «Chaves Antiga», livro onde ainda hoje se vai beber muito do passado de Chaves.

 

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AUGUSTO CESAR RIBEIRO DE CARVALHO (1856-1940)

 

Descendente de uma família de militares ilustres iniciou uma carreira notável como voluntário do Regimento de Infantaria 13 em 29-09-1876, na altura aquartelado em Chaves. Foi promovido a Alferes em 9-1-1884, a capitão em 19-11-1897, a major em 19-05-1909,.

 

Foi um dos chefes militares no combate de 8 de Julho de 1912 contra as incursões de Paiva Couceiro que surpreendeu a então Vila de Chaves, pois as tropas republicanas de Chaves, supuseram erradamente que o itinerário dos monárquicos passava, vindo de Montalegre, por Sapiãos e para ali se deslocaram. Entretanto Paiva Couceiro entrava sem resistência e até com recepção afectuosa da população, por Soutelinho da Raia e Vila Verde da Raia, com artilharia, metralhadoras e cerca de 500 homens. Às 8 horas da manhã do dia 8 de Julho de 1912, Paiva Couceiro estava às portas da Vila de Chaves, tendo tomado o espaldão da carreira de tiro. Com o grosso das tropas republicanas em Sapiãos, Ribeiro de Carvalho teria ficado em Chaves com pouco mais de 200 homens distribuídos pela Cavalaria 6, infantaria 19 e Guarda Fiscal e seria com eles e com o apoio civil organizado pelo Dr. António Granjo, na altura deputado da Vila de Chaves, que conseguiram aguentar a tomada da Vila de Chaves até à chegada da artilharia e cavalaria vinda de Sapiãos. Dizem os vários escritos existentes que o “pequeno exército” improvisado dos defensores locais da então Vila de Chaves, se bateram com valentia e heroicidade. Foram estes os acontecimentos que ditam hoje o nosso feriado municipal de 8 de Julho. Disse Carlos Malheiro Dias, nos escritos de «O Estado Actual da Causa Monarchica» P.33, que Paiva Couceiro reconhecia a derrota dizendo “éramos o exército de Lilliput na palma da mão do Gulliver republicano”.

 

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Copia do juramento de fidelidade à República datado de 16 de Outubro de 1912

 

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Mais tarde, em 1918 e 1919, já como Coronel e comandante da  6ª Divisão do Exército também intervém novamente contra a revolta monárquica que ficou conhecida como a Traulitânia do Norte, com lutas em Chaves e Vila Real,   em que Ribeiro de Carvalho manteve sempre afastados da vila os monárquicos da Traulitânia.  Lutas que se vieram a travar até 13 de Fevereiro de 1919, em que oficialmente os republicanos e as suas forças acabam de vez com a revolta monárquica da  Traulitânia do Norte.

 

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cópia da Ordem do Exército (do Arquivo Histórico Militar; A.H.M., cx. 2620) da nomeação a General de Ribeiro de Carvalho

 

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Augusto César Ribeiro de Carvalho foi promovido a General em Janeiro de 1920

E todos os escritos que se lhes referem dizem que se distingui sempre pelo seu valor e coragem.

 

Foi condecorado com a Comenda da Ordem de Torre e Espada e distinguido com outras honras e condecorações nacionais e estrangeiras.

 

Mas este ilustre flaviense não se viria a destacar apenas como militar. Aliás a sua promoção a General acontece já, quando Ribeiro de Carvalho estava na situação de reserva como coronel e desempenha o cargo de Presidente da Comissão Executiva da Câmara Municipal de Chaves para o qual tinha sido nomeado pelo Governador Civil de Vila Real em 2 de Julho de 1919, cargo que desempenhou até 27 de Dezembro de 1922.

 

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Cópia da última acta em que o General Ribeiro de Carvalho presidiu à Câmara Municipal  em 27-12-1922

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Foi-lhe reconhecido por todos o papel importante que teve na obra notável de promoção da vila no decorrer destes anos.

 

Foi também o grande impulsionador dos festejos do Centenário da Tomada de Chaves aos Franceses (1909) e mais tarde um prestimoso colaborador na organização do lº Congresso Transmontano.

 

Embora de férrea convicção politica salientou sempre a sua independência partidária, afirmando-se um cidadão pronto a lutar pela República e pela sua Terra.

 

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Rua Direita nºs 149 a 151 - Casa onde viveu o general quase durante 50 anos

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Um apaixonado também pelo estudo da História, principalmente da História de Chaves, escreveu um livro que ainda hoje é exemplar - «Chaves Antiga» onde ainda se vai beber muito da história de Chaves. Colaborou também durante vários anos e vários jornais locais e nacionais uma extensa e fecunda obra histórica e literária, onde fez também o retrato de alguns dos nossos ilustres debaixo do pseudónimo de Augustus Flavius.

 

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Foi ainda um inspirado autor de numerosas operetas, dramas e comédias que foram estreadas em Chaves e depois repetidas em vários palcos do país, sempre com o maior êxito.

 

A toponímia flaviense dedicou-lhe uma avenida e uma travessa com o seu nome, ou seja a avenida paralela à Avenida Nun’Álvares e uma travessa que liga ambas as avenidas.

 

Também em 1 de Julho de 1957 um grupo de admiradores fez colocar uma placa na casa onde viveu quase durante 50 anos, na Rua Direita, nºs 149 e 151 onde consta a seguinte inscrição:

 

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“Nesta casa, sua propriedade, residiu cerca de 50 anos e faleceu em 26 de Julho de 1940 o general Augusto César Ribeiro de Carvalho, valoroso chefe militar, liberal indefectível, distinto homem de letras, autor da história antiga, e devotadíssimo flaviense, que por seus feitos e obras, deixou o seu nome prestigioso, indissoluvelmente vinculado à história de Chaves moderna.

 

Homenagem dos seus admiradores em 1 de Julho de 1957, data do 1º Centenário do seu nascimento.”

 

Por toda a sua vida, carreira militar e civil penso não haver qualquer dúvida  e ser digno de um reconhecimento de todos os flavienses como um Ilustre Flaviense.

05
Out07

Chaves e o 5 de Outubro


 

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5 de Outubro de 1910, dia da proclamação da República Portuguesa. É esse o dia que hoje se comemora.
 
A cidade de Chaves não pode ficar alheia ao dia de hoje, pois é terra de grandes tradições republicanas tendo dado até alguns dos seus filhos para servir a República em altos cargos nacionais, curiosamente em anos conturbados da República, como é o caso de António Granjo, na 1ª República e ao qual este blog dedica o dia de hoje.
 
António Joaquim Granjo, nasceu em Chaves, em 27 de Dezembro de 1881 e foi assassinado em Lisboa a 19 de Outubro de 1921. Formou-se em direito, na Universidade de Coimbra, em 1907. Nesse mesmo ano fez parte do Comité Revolucionário Académico, naquela cidade, e depois foi organizador do núcleo revolucionário em Chaves. Fez parte do Comité Revolucionário de Trás-os-Montes e das Beiras, desenvolvendo enorme actividade na propaganda republicana. A sua nobreza de carácter e a inteligente sensatez com que definia os ideais políticos que professava, deram-lhe direito a conquistar um invulgar prestígio de Norte a Sul do País, e logo em 1911 lhe proporcionaram a eleição às Constituintes, garantindo-lhe quase ininterruptamente lugar na Câmara dos Deputados, onde soube sempre tratar os diversos problemas com superior elevação, afirmada também enquanto foi director do jornal «A REPÚBLICA». Foi escolhido para diversas importantes comissões de serviço público, nas quais importava pôr à prova excepcionais qualidades de saber e honestidade, que em todas honrou sobremaneira.
 
Foi Presidente da Câmara de Chaves de Fevereiro a Junho de 1919, partindo de seguida para Lisboa onde iria continuar a sua vida política, porém, subordinada ao signo mau, porquanto, quatro vezes ministro, os governos de que fez parte tiveram vida tão efémera que não pôde demonstrar as suas qualidades de organizador: da primeira vez, fez parte de um gabinete presidido pelo Dr. Domingos Pereira, que durou de Maio a Junho de 1919 e no qual ocupava a pasta da Justiça; depois pertenceu ao ministério de Fernandes Costa, que um motim de arruaceiros não consentiu que tomasse posse; de Junho a Novembro de 1920 foi Presidente do Governo e Ministro da Agricultura, e a quarta vez, também Presidente do Ministério, foi assassinado cobardemente à porta do Arsenal da Marinha, para onde fora levado pela célebre Camioneta Fantasma, da Rev. de Outubro de 1921.
 
Durante a Grande Guerra esteve em França servindo no C.E.P., como alferes miliciano, e portando-se com grande bravura, escrevendo depois um curioso livro de impressões que intitulou A GRANDE AVENTURA. Publicou também VITÓRIA DE UMA MOCIDADE, em 1907, e O FOLHETO DO POVO, 1909. Era um notável poeta, como demonstram o livro ÁGUAS e o opúsculo CARTA À RAINHA D.AMÉLIA.
 
Dr. António Granjo dá nome a uma das mais importes Avenidas de Chaves, onde há poucos anos lhe foi erguida a sua estátua. Dá também nome a uma das Escolas Secundárias de Chaves, a Escola Dr. António Granjo, nos Aregos.
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Há outro nome flaviense também ligado à República e que os flavienses costumam deixar esquecido ou,  pura e simplesmente ignorado, no entanto já faz parte da história portuguesa da República. Um nome também ligado a conturbados anos de revolução, neste caso da 3ª República em que, Francisco da Costa Gomes, nascido em Chaves a 30 de Junho de 1914 e falecido em Lisboa a 31 de Julho de 2001, foi um militar e político português, tendo sido o décimo sexto Presidente da República Portuguesa e o segundo após a Revolução de 25 de Abril de 1974.
 
Penso que por politiquices caseiras ou alguma pedra no sapato da “família republicana flaviense”, os flavienses nunca viram ser-lhe feita a devida homenagem pública a um que foi também dos mais ilustres flavienses e nacionais.
 
Da minha parte não poderia terminar sem este lamento e fazer-lhe também aqui a devida homenagem àquele que só ocupou o mais alto cargo da hierarquia militar (Marechal) e que foi apenas Presidente da República, da mesma que hoje se comemora.
 
E amanhã, para esquecer politiquices de cidade, vamos até uma das nossas aldeias onde toda a política se resume a um homem da sua confiança e que também pertence aos ilustres homens (quase sempre anónimos) da República Democrática Portuguesa – O Presidente da Junta.
 
Um bom feriado para todos e Viva a República!

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