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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

19
Jul19

O Factor Humano


1600-cab-mcunha-pite

 

 

1 centímetro de inteligência...

 

 

A dimensão mínima de uma truta para, depois de pescada, poder ser recolhida no cesto de pesca, é agora de 20 cm.

 

Desde que me lembro, o tamanho exigido, medido da ponta do focinho até à bifurcação da barbatana caudal, era de 19cm. Por isso nunca me ocorreu questionar o porquê desses 19cm. Sempre tinha sido assim.

 

Ora, este ano, "as autoridades" decidiram acrescentar 1cm aos antiquíssimos e até aqui imutáveis 19cm.

 

1600-trutas-20

 

É verdade que tudo isto é pouco importante, embora inexplicável. Porquê mudar? Qual a razão profunda? Porquê aumentar 1cm e não 2 ou 3cm?

 

Tantos aspectos sérios em relação às trutas, que não são abordados e, portanto, não são modificados ou resolvidos. Por isso a mim me irritou tanto esta decisão.

 

Nenhum plano para identificar pontos de contaminação de ribeiras ou de rios. Nenhum plano de renovação ou recuperação das nossas trutas autóctones. Nenhum plano para a limpeza ou para reconstrução das pequenas represas.

 

Desta vez não vou falar do meu rio Mente. Mas sim da ribeira do Mousse, que separa os termos de São Vicente, na margem esquerda, dos termos de Argemil e Roriz na margem direita. Esta ribeira está abandonada em quase toda a sua extensão. Apenas a represa do Castelo do Mau Vizinho foi recuperada e está em boas condições. Pesco nesta ribeira há mais de 40 anos e assisti à degradação das suas margens e das suas represas. Mesmo assim, ela mantém um potencial notável em termos das minhas amigas trutas.

 

1600-s-goncalo (172)

Rio Mousse, em São Gonçalo

 

A autarquia assobia para o lado, o Ministério do Ambiente, que nem sequer sabe que esta ribeira existe, assobia para o outro. Assim vamos empobrecendo, mesmo antes das alterações climáticas pelas quais os habitantes da região têm poucas ou nenhumas responsabilidades, acabarem de vez com as trutas e com a ribeira do Mousse.

 

Talvez nessa altura venha um sábio do governo explicar-me a questão do tal centímetro, que tanto me irritou.

 

Manuel Cunha (pité)

 

 

06
Abr14

Uma descida até ao Mousse


 

Ali para os lados das terras de S.Vicente da Raia, Roriz e Cimo de Vila da Castanheira, por entre o mar de montanhas, desliza um pequeno rio que dá pelo nome de Mousse. Não corre com muita pressa, contorna tudo que tem a contornar e, se preciso for, volta para trás para logo que possa, seguir a sua suave marcha.

 

 

Descer até ao Mousse é como descer às entranhas de todo aquele mar de montanhas que se avista desde Roriz ou desde Argemil da Raia e, se não fosse o incêndio de há uns anos atrás, suponho que seria entrar um pouco no reino das sombras e de alguma escuridão, em terra quase ingrata para ter vida humana a residir, e ainda bem, pois é essa mesma ingratidão que transforma aqueles fundos sombrios em lugares de encanto, quase virgens, onde a beleza acontece misturada com a melodia dos sons puros e selvagens, sem nada urbano ou humano que os incomode ou perturbe.

 

 

Lá de baixo, o céu tem outra luz, o azul é mais intenso. Estamos ao nível do pormenor, à escala natural das coisas, da descoberta, tem-se uma sensação de prazer e medo, talvez medo em despertar toda aquela magia, o medo da vez primeira, o medo da desfloração, e o prazer de todas estas coisas acontecerem.

 

 

Os alfaiates a deslizarem na superfície do Mousse ignoram-nos,  andam na vida deles, não lhes interessamos, aqui e ali umas restas de vida antiga, onde só o moleiro e o burro desciam com a grão para depois subirem com a farinha, mas já há muito deixaram de descer e subir e, o tempo, encarrega-se de devolver à natureza aquilo que o homem transformou, o mesmo acontece com as encostas, que teimosas se vestem, quem sabe se para um novo incêndio as despir de novo, e no meio daquilo tudo, uma flor… como se fosse necessária.

 

 

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