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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

30
Jul11

Crónicas Ocasionais - A videira e o Castanheiro de Soutelinho


 

 

 

 

“A VIDEIRA  e  o CASTANHEIRO de SOUTELINHO”

 

 

Era uma vez um peregrino de saudades, que aproveitou um dia longo de Verão para rumar a uma Normandia de fronteira.

Madrugou.


E logo foi o primeiro - primeirinho a pôr o pé no campo de concentração , “livre – e - democrático”, de romeiros,  lá no Largo do Anjo.


Não sabemos se do Gabriel, Miguel ou Rafael! Mas isso é lá com o “nazireu de empreitada” e presidente municipal.


Os «Caminhos de Santiago” foram substituídos pelas «Rotas do Contrabando”, e estas pelas alcatroadas estradinholas municipais.


A pé já quase ninguém anda   -  a não ser ao cair da noite, nas «caminhadas da moda» contra o “clesterol” e a favor da «perdida de peso”   -  não que a gordura é para manter!


Assim, num machimbombo velho e cansado, retornado das picadas do CONGO, onde transportava Pigmeus, lá foram os ferv(o)erosos caminheiros, mais parecidos com um “ pelotão de Caçadores 10” ou mesmo até com uma Brigada de Assalto dos “Dragões de Chaves”, pois iam equipados com disparadores automáticos a lembrar bazucas ou morteiros de 60mm.


Apesar de especializado em morteiros pesados de 160 mm, o Romeiro de Alcácer levava apenas uma fisga de meio furco.


Chegados ao S. CAETANO, este, em vez de abençoar os peregrinos com água benta …ou uma(s)  pinga(s), da(s) boa(s), lá  planalto do COUTO, asperge-os com uma cacimbada!

 

 


Por isso uma célebre “Corneta de S. Caetano”, com história contada no Blogue “Valdanta”, soou constipado-desafinada ao “Merino” que mandou o “Neto da Tia São” para o Garcia!


À procura do sol de «inferno», rumou-se até ao «Meco» 198 – noves fora nada  -  lá no cimo do Poβo de SOUTELINHO DA RAIA,  onde todos fizeram as vezes de «gajeiro de nau Catrineta»… e donde só alguns desceram para “proβar”  o «gajeiro “ que empurrou umas rodelas de linguiça e de salpicão numa secreta adega com (antigamente) porta de entrada de … Guardas-Fiscais, do lado de cá, e de «Carabineros», do lado de lá.

 


Conduzido à Fonte medieval, em recuperação, nasceu-nos a esperança de encontrar por entre os montículos de terra e cascalho alguma flauta doce, que a distracção dos arqueólogos tivesse consentido esquecida.


Não a encontrámos.


Mas um sopro de vento, leve, levezinho, fez-nos voltar o olhar lá para o fundo de uma cortinha que começava logo ali, naquele muro de pedra onde terminava a rua.


Atraído pela arte e deslumbrado com a Natureza.


Perante nós, um frondoso castanheiro. Imponente. Com uma folhagem de um verde pujante. E tingido por madeixas amarelo - prateadas da sua flor.


Ao nosso lado, uma Videirinha elegante, viçosa, estendeu uma gavinha insinuante e fluorescente, e guardou para a posteridade o último testemunho de um jardim natural, outrora passeado por druidas, em cânticos de louvor a Druantia, a Arduinna e a Ailinn.


O sol abriu.


E uma onda de luminosa alegria transportou os peregrinos até ao cimo de CASTELÕES, lá, à SENHORA do ENGARANHO.

 

 

Romeiro de Alcácer

17
Jul11

“Maldição de S. CAETANO(?)”


 

“Maldição de S. CAETANO(?)”

 

É Verão.


Todos os frutos da Natureza sabem que nem um regalo!


E o cabrito, e o cordeiro e o frango assadinhos no forno, que bem apaladados se apresentam, depois do delicado trato dos nossos amigos cozinheiros e amicíssimas cozinheiras!


E não é que a «pinga» de qualquer Adega de um vizinho, ou Regional, da NOSSA TERRA «fica mesmo a matar» com aquele especial molho, onde as batatas assadas envernizam aquela cor coradinha que só os fornos e a lenha daquelas Terras sabem dar?!


Por ali, “come-se que nem um abade”, e “bebe-se que nem um camelo”!


É de admirar?!


Nem por isso!


O sorriso franco e os braços abertos com aquelas gentes nos recebem abrem-nos     -     e de que maneira!   -   o apetite.


E a franqueza é sempre tão grande que até nos fazem juntar a sobremesa com a ceia!


Os simples e os modestos, como nós, só têm uma maneira de mostrar o seu reconhecimento: levar o carro e o coração carregadinhos de amizade.


O pior é que nos acontece sempre «o pior»   -   o nosso regresso é feito com a alma cheiinha de mimos e a mala do carro ou a cabina e a caixa da carrinha atulhadas com saborosas lembranças!


Catancho!


“Incréu” como somos, até nos custa ter de acreditar que o S. CAETANO costuma fazer milagres!

 


 

É Verão.

 

E o fresco de uma sombrinha “que bem que sabe”!

 

E o S. CAETANO com ela abençoa os seus devotos em visita.

 

E até os passeantes que por lá andam, e «fazem escárnio» das milagrices que lhe atribuem!

 

Há uma boa meia dúzia de decénios que lhe fomos apresentado pela nossa AVÓ, num Dia de Festa!

 

Porque não tivemos «o garrotilho»; porque fomos curado das «sezões»; porque ficámos bom do braço partido (tri-partido!) com aquela enorme turra do carneiro irritado com «A Corneta de S. Caetano»; lá fomos, pela mão d’AVÓ, agradecer-lhe estes milagres!

 

A ele, S. CAETANO, tão sábio, tão rico e tão poderoso, iam, e vão, os pobres e os pobrezinhos levar «a esmola»!

 

E, como se não bastasse a longa caminhada, desde o termo de Samaiões, ainda tivemos de «esturricar» ao sol, carregadinho com as roupas, a coroa e a estátua, a cruz ou o ramo que nos davam o ar e a figura de «ANJINHO», numa procissão mais lenta do que «passo de boi»!

 

 

 

É Verão.

 

E hoje lá fomos ao “S. CAETANO”, recordar as promessas (da AVÓ) por nós cumpridas, e cobrar o prazer de sombrinha, ora apetecida.

 

Próximo do banco onde, de olhos fechados nos parecia melhor apreciarmos a sombra e o sossego do lugar, e com mais harmonia e emoção desfilariam aquelas recordações distantes, dois casais de «velhotes», mais ou menos da nossa idade, conversavam filosoficamente.

 

Trocavam histórias de milagres de amor, de saúde e de sorte.

 

-….“Nunca mais deixa de ser burro”!  - ouvimos. E ficámos com a atenção desperta.

 

-“’Ind’à semana passada fomos bisitar o Delfim, que está entrabado numa cadeira de rodas, Estábamos eu, ele, a mulher, a filha e o genro, cá fora de casa, ao fresco.

 

O rapaz…

 

-O rapaz!  - exclamou, e interrompeu, uma voz feminina (que presumimos ser da Rapariga que o orador tomou por Mulher, provavelmente no altar do S. CAETANO).

 

-Ele debe ser da nossa idade, ou até mais «belho» um pouco!   -   acrescentou a «madama».

 

-Bem, «Rapaz» foi uma “forma de dezer”.

 

O Rapaz vinha despedir-se.

 

 

Como lhe tinham prometido umas saladas, deixou a mala do carro «a direito» do portão, que já estava aberto.

 

Estava a filha do Delfim a dizer que esperasse um bocadinho, enquanto ia buscar as alfaces   -   que até eram de duas “calidades”   -  quando rompe por meio de nós, que estábamos sentados à roda do Delfim, o filho do Jeremias e da Teresa, genro e filha do Delfim e d’Augusta.

 

«Nem água “bem”, nem água “bai”».

 

“Quer-se dezer: nem bom-dia, nem boa-tarde.

 

Fez questã” de meter o carro dentro do pátio. E como tebe de fazer duas ou três manobras para entrar, ficou muito incomodado.

 

Bai daí”, o cumprimento dele, birando-se para o que «nunca mais deixa de ser burro», foi resmungar que «aquela biatura  estaba  mal estacionada».

 

Ele queria meter o carro «cá dentro» e «quase que nem podia»!

 

Todos ficámos com cara de parbos!

 

O Jeremias, pai do garoto, ficou mais «marelo» do que a cera.

 

A Teresa “afucinhou”  a cabeça no chão, e disse que ia buscar umas «curgétes».

 

A mulher do Delfim, a Ti’Augusta, ficou mais corada do que um pimento bermelho do Cambedo.

 

A mim, deu-se-me cá uma bolta no’stômago!

 

O que «nunca mais deixa de ser burro» ia para se alebantar para ir arrumar o “carroço”.

 

- “Agora já não é preciso. Já consegui entrar” – sentenciou, no mesmo tom zangado e refilão, o neto do Delfim e filho do Jeremias.

 

E sumiu-se dentro de casa.

 

 

A avó desabafou:

 

-Não façam caso. As autoridades são sempre assim!

 

Afinal, somos todos bu---rros!

 

Qualquer labrego que «entre prá Guarda ou prá Polícia» fica logo com a mania de que “tem o rei na barriga”.

 

E até acha que a consideração que as pessoas têm pela sua família não é mais do que a sua obrigação   -   porque ele «é gê-éne-érre», «impõe respeito» e «têm que lhe mostrar medo»!

 

- Tamém! Não precisas de exagerar!  -  atalhou a mulher.

 

- Pois não!

 

Mas se fosse cá eu, com os conhecimentos, amizades e família que ele, o que «nunca mais deixa de ser burro», tem lá em Lisboa, ‘inda por cima na Guarda, ai não, que não punha este fedelho a «piar fino»!

 

Quantos da NOSSA TERRA, que estão por esse mundo fora, bisitam tanta gente na Aldeia; telefonam para tantos, no Natal e na Páscoa; se alembram dos anos deste e daquele; e, lá onde estão, recebem, e dão apoio, aos amigos e bizinhos como esse «burro»?!  - sentenciou o companheiro que se tinha mantido atento e caldo durante a conversa.

 

 

Não quisemos ouvir mais.

 

Abandonámos a nossa sombra.

 

 

Virámo-nos para a Igreja do S. CAETANO e exclamámos cá para dentro:

 

- Como pode haver gente tão soberba, tão «ordinária», e a mostrar tanta falta de respeito, cá pelas bandas de S. CAETANO?!

 

Ou será que será gente das vizinhanças de S. DOMINGOS?!

 

Não é na Natureza, no sol ou na chuva, no frio ou no calor, nas subidas ou nas descidas, nas noites ou nos dias; com os lagartos e as cobras, com os ursos ou os leões, com a petinga ou as baleias que se nos azeda a vida.

 

Ela azeda-se-nos na relação com o “OUTRO”  -   o ser humano!

 

Sentimos a hora amaldiçoada. Regressámos a casa.

 

Afinal, a arrogância salazarenta ainda medra por !...

 

 

 

Romeiro de Alcácer

01
Set10

...


.

“ I e II ”


ou


Dlim – Dlão”

 

 


Dlim


I


Ainda hoje não compreendemos porque em CHAVES não existe uma Faculdade de Botânica!

 

No antigamente, aí, os «estudantes» viviam, como nenhuns outros, rodeados de Jardins. E as suas salas de aula eram verdadeiros canteiros viçosamente floridos.

 

As «estudantas»; as «apanhadoras -de- malhas- em-meias-de-vidro»; as empregadas de balcão; as que vinham às compras, à cidade; as que «chegavam» o copo de água, nas Caldas; as que alindavam as Varandas de Chaves e os quintais das Aldeias; as que iam lavar no Rio ou buscar água à fonte; as que nos perdoavam o selo, nas cartas secretas da “Posta-Restante”; as que nos davam aulas; as que nos deixavam «roubar» fruta, lá, no Mercado; as que não nos ligavam patavina; e as que nos desafiavam para dançar; sendo tantas e tantas, todas eram um encanto para nos deixar pendurado no tempo …   e fazer-nos dizer ao Adão que nos deixasse a nós comer a maçã!....

 

CHAVES foi desde sempre a Cidade mais rica e mais linda com flores e frutos!

 

Naquele tempo, Zeus ainda não era nosso amigo.

 

E Deus, sem lhe termos feito mal, castigou-nos.

 

O «Ultramar» garantido prometia-nos aterrorizadas incertezas. E os amores por aí encontrados tiveram de ficar ensarilhados ou trilhados por um regresso mais duvidoso do que certo.

 

Feita a 4ª, em qualquer Escola da Normandia Tamegana, os que podiam (ou que tinham ajuda) iam pr’á cidade tirar “A Comercial e Industrial” ou “O Liceu”.  Depois seguiam para a “Normal” ou para o 3º Ciclo, na “Bila”, se queriam outros voos.

 

A rondar os anos sessenta, Chaves passou a ter o 3º Ciclo Liceal.

 

E o Tâmega parecia um braço do Tamisa: não tinha regatas famosas, mas tinha uns passeios românticos, nos «birremes» gondolados do “Lombudo” e do “Redes”.

 

.

.

 

O Jardim das Freiras e o Jardim do Bacalhau  eram   dois canteiros de Montematre,  onde as coordenadas cartesianas  ou a divisão de polinómios alumiavam o pretexto para maviosos passeios da mocidade.

 

A Chaves, o Verão chegava sempre com a Senhora da Saúde, de S. Pedro de Agostém.

 

Às 5ªs, sábados e domingos, o Jardim Público, à noite, enchia-se de gente para ouvir os musicais da passarada.

 

Que bem tocavam “Os Pardais” e “Os Canários”!

 

E os “rouxinóis” e os «melros” embalavam, no ar fresco vindo do rio, os seus desvanecidos sussurros, na esperança de os ver chegar ao beiral dos corações das suas “rolinhas”!

 

O Tabolado fora ajardinado.

 

Passeava-se à beira do Tâmega, em grupos garridos, aguerridos, divertidos… e em grupinhos de comprometidos.

 

O “Barroso” estava  ali pegadinho à Cidade.

 

E as TERRAS DE VALPAÇOS só não andavam de braço dado ao lado direito do Tâmega porque, naquele tempo, era pecado    -  e  toda a gente queria ir para o céu!

 

As TERRAS DE VALPAÇOS são todas muito ricas!

 

De coisas boas, de boas gentes.

 

A sua Senhora da Saúde, ainda nos fez rapar algum frio, depois de uma noite quente de borga e bailarico no «recinto onde entrávamos com um bilhete passado pela habilidade de outro “dançador”».

 

Nessa noite de arraial, aí, na Srª da Saúde, o sol madrugava mais cedo por se sentir desafiado pelas fogueiras que, no final do baile, se acendiam, a temperar o arrefecimento do ar, a canseira do corpo e a pressa do regresso ao descanso da folia.

 

A Valpaços, o Outono chegava sempre com a  Senhora da Saúde.


 

Dlão


II



Uma madrinha desceu apressada a rua de Santo António, conduzindo um «carocha», preocupada em chegar a “Rio Torto” ainda com a luz do dia.

 

A sua afilhada não tirava os olhos de um Romeiro que, diziam-lhe as comadres, vagueava pela Cidade.

 

Tinha mistério com ele, diziam. Até fazia as pessoas mudar de passeio, só com o olhar!

 

A madrinha tinha prometido a um Morgado que tudo faria para meter a afilhada nos braços dum labrego que, por sinal, até era o único filho legítimo do Morgado.

 

.

.

 

Na esquina do “Geraldes”, ele, o Romeiro, ali estava, adivinhado com a hora da passagem do «carocha», tal como adivinhado estava sempre da rua, da loja, ou da esquina onde a madrinha se sentia mais segura da companhia da afilhada.

 

E os olhares de ambos sempre se cruzavam.

 

E a boca de ambos sempre se prometia.

 

Nesse dia, o «carocha» parecia fugir mais depressa para atravessar a Ponte Romana.

 

Ali, ao chegar ao Arrabalde, a madrinha abrandou. A afilhada, sentada no banco de trás, voltou-se com desespero, premeu a ponta dos dedos nos lábios e soprou um beijo, tão violento quão ardente, que chegou à boca e ao coração daquele Romeiro, como uma sentença de morte.

 

Dali a pouco ele foi para a guerra.

 

Regressou.

 

Não soube de Telmo para o ajudar a encontrar a sua Madalena!

 

AS TERRAS DE VALPAÇOS são todas muito ricas!

 

De coisas lindas, de gente linda!

 

Romeiro de Alcácer

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