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Hoje ficamos pela Rua do Rio com algumas curiosidades bem à vista de todos, mas que muitas das vezes nos passam ao lado, principalmente quando por lá passamos sem um olhar virgem, livre de ruídos. Curiosidades que para as ver podemos recuar, se necessário, um pouco no tempo, mesmo sem lançar mão da história. Ora comecemos pelo topónimo de Rua do Rio, um daqueles topónimos populares que nasceu naturalmente, tudo, porque esta rua dava acesso e entrava diretamente no rio, daí, para quê batizá-la com outro nome. Há fotografias antigas onde se vê a rua assim, a entrar no rio, tal como se vê nessas mesmas imagens algumas pessoas a atravessar o rio a pé ou até com carros de bois e carroças, isto muito antes do atual espelho de água, pela certa (certezinha) que tal só acontecia de verão, em que o rio se transformava em lameiras e areais, com um pequeno curso de água que era aproveitado para lavar roupa. Se repararem bem, na margem esquerda do Tâmega, na Madalena, na direção desta rua, existem umas escadas, e para que servem as escadas!? Bem, hoje em dia não servem para nada, mas tempos houve em que eram escadas de serviço para quem atravessava o rio, tal como do lado oposto da ponte, existe uma rampa que entra pelo rio adentro, e não era para os barcos fazerem cargas e descargas, mas antes, para as tais carroças e carros de bois saírem e entrarem no rio para as suas travessias. Outros tempos.
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Agora reparem no casario desta rua, em alguns pormenores construtivos que demonstram bem o assédio que este naco de terreno, junto à ponte romana, teria sofrido aquando da construção deste prédios adossados à ponte, e a rentabilidade que então se tirou de cada pedacinho de terreno com menos de 100m² cada, onde se construíram prédios com 6 pisos, isto há uns bons 150 a 200 anos, mais coisa menos coisa, reparem como as construções vão ganhando espaço aéreo, lançando-se sobre a rua, nos 3 primeiros pisos, com consolas, sobre consolas, uma autêntica obra de engenharia, no tempo em que o betão não existia, isto para não falar do betão armado, modernices já do século XX. Aqui, em termos estruturais, quase e só se aplicavam dois tipos de materiais, a pedra e a madeira, cada um com sua função estrutural conforme o fim e características do material, a pedra para paredes em esforços de compressão e a madeira para esforços de tração, em soalhos, coberturas e varandas, onde a madeira pela sua leveza e resistência, permitiam consolas às quais a pedra não resistiria, sendo também esta (madeira) a preferida para os pisos mais altos, mesmo para paredes, aqui também pela sua leveza e facilidade de maneio, sem desprezar a sua resistência, quando muito, ou melhor, quase sempre, principalmente nos interiores, recorria-se às paredes estucadas, em que o estuque ou argilas eram aplicadas sobre um fina estrutura de madeira, geralmente constituída por pequenas réguas de madeira espaçadas e armadas em xadrez de forma a que o estuque ou argilas pudesse atravessar essa estrutura para ganhar melhor preza e resistência. Tal como disse no inicio, basta ir com olhos de ver para ver tudo isto nas construções e ruas mais antigas da cidade. E com esta me bou!