Chaves, Rua do Postigo das Manas
Há dias num comentário algures por aí, na net, o Luís de Boticas que de vez em quando se lembra de nos enviar um texto, dizia: — “Tu que gostas tanto da toponímia…”. Pois a verdade é que a toponímia nem me aquece nem me arrefece. O que eu gosto mesmo é de saber a origem e o porquê das coisas, e no caso da toponímia, recorro a ela para, precisamente, saber qual a origem e o porque dos nomes dos nossos lugares, ruas, largos, travessas, etc. Mas geralmente até nem fico satisfeito com aquilo que encontro, pois na maioria das vezes vai-se a origem da palavra que dá o topónimo, que, também na maioria das vezes, o seu significado nada tem a ver com o topónimo, sua origem e porquê.
Mas verdade seja dita, a nossa toponímia, a “Toponímia Flaviense” de autoria de Firmino Aires, até tenta ir ao encontro da origem e porquê do topónimo, nem sempre conseguido, é certo, com algumas invenções pelo meio, também, mas tentou e consegui-o no maioria das vezes.
A foto de hoje é tomada a partir da Rua do Postigo das Manas, e tive curiosidade de saber quem eram as manas, pois quanto ao postigo já sei o que é. Daí fui espreitar à toponímia flaviense onde se diz: “ Desconhece-se a origem do Postigo das Manas”. Ora gaita! A minha curiosidade tinha logo de acertar nesta. Mas continuei a ler o resto, que diz assim: “ Teria a sua origem por em tempos ter sido designado o Largo do Arrabalde por Largo dos Irmãos Rui e Garcia Lopes?” – Uhhhh! Desconfio que não, digo eu, se assim fosse seria Postigo dos Manos, e não das manas, a não ser que… Bem, mas continuemos a leitura. “Em 1915 tinha esse nome, conforme consta do Álbum-Guia de Chaves e seu Concelho, Manuel António Rodrigues. Ainda se dizia que ali moravam duas irmãs (manas) muito devotas, que iam com frequência rezar à capela de N.ª Sr.ª da Conceição, que lhe ficava próxima. Será esta a sua origem?” — Pois esta já é aceitável. “Terá sido topónimo mais remoto, por naquele lugar haver culto aos mortos, sob o nome genérico dos manes?”. Também podia ser! Mas o mais acertado é mesmo a conclusão final de Firmino Aires quando diz: “ — Ao certo não o sabemos.”.
E prontos, aqui ficou o meu esclarecimento para sabermos quem, afinal, eras as manas da Rua do Postigo das Manas, ou seja, ao certo não sabemos. Mas já é alguma coisa saber que não sabemos. E com esta me bou!