Os olhares de Rui Trancoso sobre a cidade
Nas últimas semanas, nem sempre foi possível trazer aqui outros olhares sobre a cidade de Chaves, porque nem sempre é possível encontrar esses olhares disponíveis na NET, mas às vezes, somos surpreendidos com autênticas relíquias de olhares sobre a nossa cidade. É o caso de hoje.
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Em boa hora o Rui Trancoso, Natural de Lisboa, 54 anos, professor, se lembrou de trazer e partilhar na NET os seus olhares da fotografia analógica de há trinta e tal anos atrás, entre as quais encontramos 3 fotos de Chaves, bem interessantes e que fazem um pouco das memórias da cidade.
São essas três fotos que hoje vos deixo por aqui, duas que dizem respeito à antiga estação da CP, do tempo em que ainda tínhamos comboio, o “Texas”, que tantas saudades deixou por cá e que, um mau destino, ditou a sua morte, contrariando o esforço de dezenas de anos que demorou a construção de toda a Linha do Corgo e, principalmente o esforço da sua chegada a Chaves. Uma decisão administrativa tomada pelo poder de Lisboa (claro) ditaria a sua morte no último dia do ano de 1989, encerrando uma das linhas de comboio mais bonitas e interessantes de Portugal, cuja vida, pouco foi além dos 50 anos de existência, quase tanto, como o tempo que demorou a ser construída.
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A terceira foto é do Largo do Arrabalde com a entrada da Rua Direita. Uma fotografia que também faz um pouco da história dos primeiros tempos do pós 25 de Abril, em que os cartazes e as pinturas dos partidos políticos ocupavam tudo que era parede disponível nas cidades, mas também na foto, temos oportunidade de testemunhar aquilo que fazia uma imagem de marca do Arrabalde e das cidades – as “grandes” publicidades luminosas que enchiam de luz colorida as noites de então, como o verde da SACOR e ao lado (não visível na foto) os vermelhos da FIRISTONE. Claro que são cores da memória, pois nas fotos de então que hoje se reproduzem, o Preto & Branco, eram reis e senhores.
Um bem-haja para o Rui Trancoso por nos trazer a memória de Chaves dos primeiros anos do pós 25 de Abril, aliás imagens históricas que se repetem na sua recente galeria criada no flickr, tudo a preto & branco, do tempo em que fazer fotografia não era apenas um click no botão da máquina e uma descarga para o computador. Era ainda a bela época da fotografia analógica, em que uma simples fotografia passava por muitos e até complicados processos de revelação e ampliação, câmaras escuras e muitas horas de amor à arte. Sei-o, porque ainda tive o gosto de passar noites em claro (mas às escuras) para obter umas dúzias de bonecos, com olhares selectivos, pois no tempo, a fotografia ainda era uma arte dispendiosa em que não se podia disparar a tudo que mexia.
E agora um pouco sobre o autor das fotos de hoje, Rui Trancoso, que a julgar pelas fotos que lhe conheço da sua galeria do flickr, é um excelente fotógrafo, com olhar afinado e excelentes registos. Em boa hora os trouxe à luz desta nova era digital, mesmo que sejam ainda olhares analógicos. Fico curioso e à espera de ver os seus registos prometidos da era digital.
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Claro que, como quase todos os convidados desta rubrica, o que sei deles, é aquilo que deixam disponível na NET. Sobre o Rui Trancoso apenas sei o que deixa na sua apresentação do flickr e que passo a transcrever:
54 anos - Professor
Estes primeiros álbuns a preto e branco são dessa altura ou seja dos meus 17 aos meus 23 anos.... Parei muitos anos, a fotografia digital vem agora tornar possível fazer o que sempre desejei por isso, hoje com 54 anos estou aqui com o mesmo entusiasmo da juventude, só para dizer o que me vai cá dentro.”
Pois da minha parte, fico a aguardar que saiam esses bonecos da era digital.
Entretanto, para todos que gostam de fotografia, não percam a sua galeria, onde além de belos registos em P&B, também se faz um pouco da história do pós 25 de Abril. Basta seguir este link:
http://www.flickr.com/photos/ruitrancoso/
“Decidi fazer o que julgava que nunca faria - recuperar a minha memória. Comecei a fazer fotografia em 1971 com uma Canon Ftb, rapidamente se tornou um vício, tirei um curso de fotografia no Instituto Português de Fotografia e comecei a revelar e ampliar as minhas fotografias, junto com o Jorge Furtado mais tarde montamos um laboratório, passei para uma Canon F-1 que ainda é viva. Mais tarde montei outro laboratório em casa do Cid com um Durst H800 que ainda aqui anda e que permitia muitas habilidades.
Rui Trancoso, natural de Lisboa.