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Cá estamos em mais uma aldeia do concelho de Chaves, uma na qual tantas vezes passamos e tão raramente paramos e as desculpas, que não nos ilibam de culpas, são precisamente o ser uma aldeia de passagem, e uma variante construída há uns anos que em vez de nos fazer passar pelo centro da aldeia, nos faz passar ao lado, mas isto, como se costuma dizer, são “desculpas de mau pagador”.
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Tinha de iniciar este post com a verdade e as desculpas, pois São Cornélio até é uma das aldeias que merecia mais paragens nossas, por várias razões. A primeira por termos lá, por terem passado por lá ou descenderem de lá pessoas nossas amigas (com as três afirmações verdadeiras), aliás já tivemos oportunidade de explicar isto mesmo em posts anteriores dedicados à aldeia. Uma outra razão é porque foi uma das aldeias onde melhor fomos recebidos aquando do levantamento fotográfico e por último, por ser uma aldeia interessante para fotografar e desde onde se podem lançar vistas de encanto sobre um mar de montanhas mais ou menos distantes, onde o Vale de Chaves se deixa ver em pequenino.
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Mas há ainda uma outra razão pela qual vale a pena ir até São Cornélio e que se prende com a importância que a sua localização teve em tempos idos. Sabemo-lo por algumas estórias que tiveram São Cornélio como palco, isto se recuarmos ao tempo das feiras que se realizavam no Castelo de Monforte, em que, já então, São Cornélio era aldeia de passagem obrigatória para outras aldeias vizinhas e suponho que também para algumas aldeias galegas da raia. Algumas são estórias complicadas, estórias de sangue, estórias hoje adormecidas pelo tempo mas que ainda se sentem e que às vezes calham em conversas. Pelo meio também haverá pela certa outras estórias, algumas anedóticas, quiçá algumas de amores, e muitas de amizades.
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Pena que muitas dessas estórias acabem por morrer com quem as sabe ou genuinamente sabia, pois hoje algumas delas chegam até nós já deturpadas e/ou com várias versões, dependendo do lado de quem as conta, ou seja, estórias que têm todas as características para poderem passar à História, que, esta última, mesmo que documentada, tem sempre interpretações diferentes, mas isto são contas de outro rosário, que até acabam por ser interessantes, principalmente quando as mentiras são tantas vezes defendidas e repetidas que acabam por ser verdades indiscutíveis, é um bocado com o que hoje em dia se passa na internet/redes sociais e um pouco pelos media (mass media) em geral, principalmente nas televisões com as “fake news” (notícias falsas) em que basta serem noticiadas para passarem a ser verdades que dificilmente se desmontarão, e mesmo que se prove o contrário, a dúvida ficará semeada para sempre. Pior ainda é que, com a desconfiança, começa-se a duvidar das noticias verdadeiras.
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Mas todo este assunto do parágrafo anterior, embora também possa afetar as nossas aldeias, fazem-lhe pouca mossa, pois a este respeito as notícias que a eles dizem respeito, facilmente são confirmadas, e por serem pequenas comunidades em que todos se conhecem, já sabem quando devem acrescentar ou tirar um ponto, dependendo de quem leva ou traz a noticia e depois, nestas pequenas comunidades, a grande maioria é gente de bem e de confiança, pelo menos para quem lhas merece.
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Ainda antes de mudar de assunto, um outro pedido de desculpas, este por aqui no blog às vezes se recorrer à língua inglesa, da qual agora se usa e abusa, fazendo com que às vezes apenas fiquemos a ver passar navios , e bem longe da costa, mas que, infelizmente, às vezes, a sua utilização é a única forma de nos fazermos entender, isto por não haver palavras em português para definirem a coisa corretamente. É o abuso do inglês e das siglas/abreviaturas. Num pequeno exercício propus-me fazer uma “fake news” sobre o frio e anunciado surto de gripe, com recurso às habituais siglas que nos atiram para cima sem nos explicarem de onde vêm ,notícia que bem poderia ser verdadeira, e que seria assim:
“Esta onda de frio levou que a CIMAT e a CMC a acusar o CHTMAD EPE de não cumprir o estipulado para a RRHUC, não tendo o HC e os CSC 1 e 2, capacidade de resposta a um surto de H3N2 e H1N1, H3N2, H7N1 entre outros, pondo em causa o SNS a prestar à população ao não se cumprir o PNS conforme defende a DGS e o próprio PM. A gravidade da situação já fez com que o MAI, através do SEPC e a ANPC decretassem o alerta Laranja para TMAD e que as DNPEBRPCAF e o SINAE, acompanhem o evoluir da situação pelo que o MAI já convocou para os devidos efeitos as DAJDORICS da ANPC.” [i] (ver a tradução das siglas no final do post
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A notícia e uso de siglas até podem estar exageradas, mas a notícia até poderá vir a tornar-se real, contudo o que mais irrita, é que no meio de tanta informação, os media, raramente informam no que é essencial. Por exemplo, mal a Proteção Civil decreta um alerta, laranja, por exemplo, todos (os media) se apressam a dizer que os distritos tais vão estar sobre alerta laranja, mas raramente dizem o que se deve fazer ou como proceder neste tipo de situação. Cá para nós que ninguém nos ouve, nesta coisa (que para nós é uma treta) dos alertas às cores, os de Lisboa para nos avisarem, mais valia dizerem: “Para Trás-os-Montes vai cair uma geada do caralho…” e toda a gente ficava a saber que durante a manhã tínhamos de sair de casa mais agasalhados que o costume e que nas sombras teríamos de estar atentos ao gelo.
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Às vezes um caralhinho na boca dos lisboetas até nem lhes ficava mal, pelo menos informavam devidamente o pessoal e muito mais que essa cena das cores verde, amarela, laranja e vermelha, que ninguém sabe o que fazer com elas. Ah! Ainda outra, e quando derem informações, que as deem entendíveis para todos os níveis de educação, pois ainda há por aí muita gentinha a não entender metade do que dizem, estou a ver, por exemplo, num alerta VERMELHO os de Lisboa a dizerem: “ Atenção, todas as zonas em perigo são para evacuar” . Cá pra mim, alguns dirão “Estes de Lisboa estão malucos” no entanto, estou a ver outros, uns poucos, a pegar apressadamente num pedaço de papel que tenham à mão e aí vão eles a correr para evacuar na zona de perigo… mesmo sem saber porque! há pessoal que gosta de cumprir com o dever… Por isso, tento na língua naquilo que dizem.
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Acho que com esta, está na altura de me ir… Então assim sendo, bou-me!
Até amanhã e desculpas ao pessoal de São Cornélio por termos saído do carreiro e andar práqui com outras conversas, mas às vezes temos de aproveitar esta idas às aldeias para falar um bocadinho nos nossos problemas e preocupações que, afinal de contas, nas aldeias se sentem muito mais do que aqui na cidade.
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[i] “Esta onda de frio levou que a Comunidade Intermunicipal do Alto-Tâmega e a Câmara Municipal de Chaves a acusar o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro EPE de não cumprir o estipulado para a Rede de Referenciação Hospitalar de Urgência/Emergência, não tendo o Hospital de Chaves e os Centros de Saúde de Chaves 1 e 2, capacidade de resposta a um surto de vírus da gripe, pondo em causa o Serviço Nacional de Saúde a prestar à população ao não se cumprir o Plano Nacional de Saúde conforme defende a Direção Geral de Saúde e o próprio Primeiro Ministro. A gravidade da situação já fez com que o Ministério da Administração Interna, através do Secretário de Estado da Proteção Civil e a Autoridade Nacional de Proteção Civil decretassem o alerta Laranja para Trás-os-Montes e Alto Douro e que as Direções Nacionais: de Planeamento de Emergência, de Bombeiros, de Recursos de Proteção Civil e de Auditoria e Fiscalização e o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, acompanhem o evoluir da situação pelo que o Ministro da Administração Interna já convocou para os devidos efeitos as Divisões de Apoio Jurídico, de Desenvolvimento Organizacional e Relações Internacionais e de Comunicação e Sensibilização da Associação Nacional de Proteção Civil.”