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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

21
Jan24

São Sebastião em Terras do Barroso

Vila Grande a Alturas do Barroso - Boticas


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Vila Grande - Dornelas

Ontem foi dia 20 de janeiro e todos os dias 20 de janeiro, manda a tradição ou a promessa de seguir caminho em direção ao Barroso, até às localidades onde se celebra o São Sebastião. Claro que não havendo tempo/disponibilidade para irmos a todas, ficamo-nos pelo concelho de Boticas, mais propriamente pela Vila Grande, que vulgarmente e erradamente se vai conhecendo pelo Couto de Dornelas, quando muito, poder-se-ia dizer Dornelas, que esta sim existem como freguesia à qual pertence a Vila Grande. Mas não só, pois além da Vila Grande, onde iniciamos a peregrinação desta tradição, também vamos às Alturas do Barroso, onde terminamos a nossa “promessa”.

 

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Vila Grande - Dornelas

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Vila Grande - Dornelas

É assim uma tradição que nós vamos fazendo por momentos, vários, ao longo do dia e ao longo de cada uma das celebrações, na Vila Grande e nas Alturas do Barroso de Boticas, ficando de fora as outras para as quais não temos tempo, como a de Cerdedo, também em Boticas, ou a de Salto de Montalegre e ainda em terras barrosãs,  e, mesmo que haja quem teime em dizer que não pertence ao Barroso, na Torre de Ervededo, do concelho de Chaves, onde este ano tivemos conhecimento que também celebraram honras ao Santo nesta data do 20 de janeiro.

 

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Vila Grande - Dornelas

Durante muitos anos fomos adiando a nossa ida até estas festas comunitárias, mas em 2010 decidimos ir lá pela primeira vez, ao São Sebastião, pois á Vila Grande já lá tínhamos ido, a primeira vez logo após o 25 de abril de 74,  mais precisamente em 1975, mas com tanto tempo passado já restam poucas memórias desse dia, apenas lembro que fui integrado num grupo estudantil, ao qual pertencia, o GIEC, que se bem me lembro eram as iniciais de Grupo de Intervenção Estudantil de Chaves, que tinha um grupo coral com músicas de intervenção, a maioria de Zeca Afonso e outras com quadras de António Aleixo.

 

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Vila Grande - Dornelas

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Vila Grande - Dornelas

Pois a partir dessa primeira vez de 2010 ficámos fãs desta tradição e lá vamos cumprir a promessa todos os anos, só falhámos em 2019, já nem sei porque, e mais recentemente em 2021 e 2022 porque não se realizou por causa da pandemia, e falhámos a de 2023 nas Alturas do Barroso porque também não se realizou, tendo sido cancelada à última hora por morte de uma pessoa da organização das celebrações.

 

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O momento da Chegada

Serviu este pequeno introito para dizer que já começamos a ser veteranos nestas celebrações do São Sebastião e como tal já temos perfeitamente identificados alguns momentos importantes do São Sebastião, o primeiro é o de respirar o momento da chegada. Este é sempre um momento importante em todas as nossas viagens, a sensação do momento de chegar é sempre marcante e sempre diferente, onde todos os sentidos despertam, marcam e ficam registados. A luz, a temperatura do ar, os aromas, os sons e até o tato, este em sentido figurado, pois não vamos para lá apalpar nada, mas apalpamos o movimento e o ambiente. Este momento ficou registado nas primeiras imagens.

 

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A tradição

Sem dúvida que os momentos da tradição da festa são os que nos levam até lá repetidamente, senão não seria tradição. A visita à “cozinha”, fazer a contabilidade dos potes, visitar a sala do pão, espreitar as cerimónias religiosas da missa, procissão e bênção dos “comer”, o desenrolar e estender da toalha de linho, o peditório e beijar do santo (este último cancelado desde a pandemia) a medida da vara, o pousar do pão a distribuição do arroz e da carne, a festa do convívio no comer e na partilha de espaços e outros comeres e beberes e a música das concertinas, acordéons e cantares que em continuo sempre pairam no ar, percorrem a festa e não se cansam…

 

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Padre Lourenço Fontes

 

Momento do Padre António Lourenço Fontes

O Padre Fontes é um habitué na celebração do São Sebastião da Vila Grande, às vezes a participar na missa ou apenas entre a população peregrina, sendo também ele um peregrino que não passa indiferente, é o homem dos selfies e com quem toda a gente quer tirar fotografias, ganha ao Marcelo. Padre Fontes que há muito é um ícone e entidade do Barroso, que melhor que ninguém conhece a terra e região que habita, a sua história, os seus usos e costumes, as suas virtudes e defeitos. É  o homem das Sextas-Feiras 13 de Montalegre e dos Congressos da Medicina Popular de Vilar de Perdizes, conotado com a bruxaria, que não pratica,  mas que acredita nos efeitos da medicina popular e das mezinhas, como homem uma pessoa simples e amiga que em sua casa a todos diz – entre que é!

 

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Eira do Pedro em Vilarinho Seco

 

da partida e da viagem até às alturas o

Momento de Vilarinho Seco

 

Temos sempre pressa em chegar, já quanto à partida, vamos adiando até que as ruas ficam despovoadas, só aí vamos andando em direção ao próximo destino, onde a festa comunitária do São Sebastião continua, nas Alturas do Barroso, mas antes temos algumas paragens ocasionais pelo caminho, e uma obrigatória em Vilarinho Seco, em casa do Pedro, para tomar café, beber um copo, conversar, ver passar quem passa, assistir ao engarrafar de trânsito e às manobras dos autocarros nas curvas e ruas apertadas da aldeia, e, como todos fazem questão de parar por lá, a festa dos cantares e concertinas continua na eira do Pedro. Mas mesmo sem pressas, chega sempre o momento da partida, e lá se parte em direção às Alturas do Barroso, aldeia já bem lá no alto da Serra do Barroso, mesmo encostada aos seus cornos que até lhe podem servir de abrigo aos ventos vindo das Galiza, mas que não a livre das neves e do frio, mas ontem, por acaso, até houve sol todo o dia, mas com o frio sempre presente.

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Alturas do Barroso

O momento das Alturas do Barroso

Alturas do Barroso é o nome da freguesia e aldeia onde também todos os anos se celebra o São Sebastião. O topónimo não engana, Alturas do Barroso porque está mesmo nas alturas da Serra do Barroso, serra central do Barroso e desde onde as vistas alcançam todo o sistema montanhoso até ao Marão, todo o concelho de Boticas e concelhos vizinhos de Ribeira de Penas, terras minhotas de Basto e parte do Concelho de Chaves e deste só não se vê mais, porque a Serra do Leiranco lhe tapa parte das vistas.

 

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Alturas do Barroso

A festa do São Sebastião nas Alturas do Barroso e quase em tudo igual à da Vila Grande, a diferença apenas está no servir do comer, no local e no próprio comer, e também na duração da festa, isto para os peregrinos. De resto, a tradição é idêntica.

 

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Alturas do Barroso

Nas Alturas oferecem a cada peregrino um prato de feijoada, um pão (biju ou papo-seco) e um copo de vinho. O comer é servido no local onde é cozinhado, dentro de portas, onde é sempre habitual estar um grupo de concertinas e cantares à porta e outro, ou mais, dentro de portas, com a particularidade de aqui (na Alturas), os cantares virarem a desgarradas.

 

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Alturas do Barroso

O momento da Despedida

Para nós a peregrinação pelo São Sebastião começa sempre de manhã, quase logo a partir do nascer do dia e, em  geral é aqui, nas Alturas do Barroso,  que terminamos a nossa peregrinação, com o cair da noite, mas antes, temos ainda sempre tempo para olhar e registar o anoitecer, coisa linda de se ver, mas sobretudo de se sentir, com um brilhozinho nos olhos, não pela emoção do momento, que a há, mas antes pelo ar frio que que em jeito de brisa nos chega mesmo a toldar o olhar.  Só depois vem a partida de regresso a casa, com um até pro ano.

 

 

21
Jan23

O dia de ontem, no S. Sebastião do Barroso

Vila Grande e Vilarinho Seco


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Um brinde da natureza

O prometido é devido e cá estamos a cumprir, com algumas imagens e palavras sobre as festas comunitárias do Barroso à volta do São Sebastião, que tal como todos os anos acontecem no dia 20 de janeiro, salvo exceções por motivos de força maior como foi o caso dos dois últimos anos devido à pandemia, e este ano, na aldeia das Alturas do Barroso, por motivo de a aldeia estar de luto.

 

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Pois muito resumidamente a nossa “promessa” deste ano ficou-se pelo São Sebastião da Vila Grande (Couto de Dornelas) onde chegámos mais tarde que habitualmente, mas ainda a tempo de comer a malga de caldo, de assistir à “procissão” entre a igreja e a cozinha da festa, de assistir a brindes da natureza, ao encher e esvaziar das ruas, a deliciarmo-nos com a oferta do comer, a estar com alguns amigos de sempre e amigos da fotografia que por lá encontramos sempre,  e depois, no regresso,  o parar nas capelinhas que encontramos pelo caminho, que não sendo muitas, pelo menos uma é de paragem obrigatória, a de Vilarinho Seco.

 

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Dois barrosões de gema, dignos representantes do Barroso, um do concelho de Montalegre e o outro de Boticas

Este ano como não íamos fazer a peregrinação até às Alturas do Barroso, resolvemos ficar pela Vila Grande e fazer o encerramento da festa, pelo menos até ao levantar da toalha de linho que este ano aconteceu por volta das duas da tarde, mas quase apenas nós ficámos para o encerramento, a não ser um punhado de retardatários que lá atrasaram a partida por alguma razão, ou porque, a festa à margem da festa, ainda não tinha terminado, como foi o caso de uma entre amigos minhotos e barrosões, onde,  por ter-mos lá alguma gente amiga e conhecida, também acabamos por parar e comungar.

 

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Só depois iniciámos o regresso a casa, com paragem em Vilarinho Seco e a visita obrigatória à casa do Pedro, que este ano teve de ser breve por força das circunstâncias, afazeres do Pedro que ia ter uma noite complicada pela frente, noite que por sinal já estava à porta, no anoitecer, com as vacas barrosãs e respetivo touro a abandonar a pastagem a caminho da corte e nós também pouco mais demorámos, mas já foi de noite que fizemos o regresso à cidade, com passagem pelas Alturas do Barroso, sem parar,  e depois a descida até Carvalhelhos, Boticas e finalmente Chaves. Mais uma promessa cumprida.

 

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Vilarinho Seco

E é tudo por hoje, para amanhã, se ainda tivermos tempo, continuaremos pelo Barroso com a primeira aldeia barrosã do concelho de Vieira do Minho.   

 

 

 

 

20
Jan23

O São Sebastião do Barroso

Nas Alturas do Barroso e na Vila Grande (Couto de Dornelas)


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Alturas do Barroso

Já é sabido que dia 20 de janeiro todos os caminhos nos levam até às festas comunitárias do São Sebastião no Barroso, principalmente no concelho de Boticas, mas também no concelho de Montalegre, e são todas iguais e todas diferentes. Iguais na tradição, na celebração do São Sebastião e no comunitarismo da festa. Diferentes na forma como são celebradas e também nos timings, não do dia, porque em todas se celebra no dia 20 de janeiro, mas nas horas e tempo de duração das mesmas.

 

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Alturas do Barroso

Pela nossa parte ainda não fomos a todas, mas já passámos pelo São Sebastião de Cerdedo e, mais habitualmente, pelo menos há uma dúzia de anos, com exceção dos dois anos anteriores devido à pandemia, em que não houve festa, nas festas de São Sebastião das Alturas do Barroso e da Vila Grande (Couto de Dornelas), todas do concelho de Boticas.

 

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Alturas do Barroso

Pois hoje em imagem fica o São Sebastião das Alturas do Barroso, as três primeiras fotos,  e da Vila Grande, as fotos seguintes. No entanto a nossa presença nestas duas aldeias não se faz obrigatoriamente por esta ordem, embora assim possa acontecer, desde que seja da parte da manhã, isto porque o grosso da festa com a presença de forasteiros (milhares) vindos de todo o lado, principalmente do Minho e do restante Barroso, na Vila grande, povoam as ruas no período da manhã, logo a partir do nascer do sol e até por volta das 2 da tarde. Já nas Alturas do Barroso, a festa acontece durante todo  o dia e prolonga-se pela noite adentro. Isto a nível de festa popular, de rua, pois nas casas dos residentes, aí a coisa é diferente, mas essas só são para familiares, amigos e convidados, aliás como acontece em todas as festas populares.

 

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Vila Grande - Couto de Dornelas

As imagens que hoje ficam são dos anos anteriores à pandemia, de vários anos, com vários momentos que pretendem demonstrar (para quem não conhece as festas e tradição) um pouco dos que elas são. Tal como já dissemos atrás ambas iguais, ambas diferentes e já agora, ambas e as duas bem interessantes, embora, na minha opinião, aquela que dá mais nas vistas e é mais frequentada em número de pessoas em simultâneo, é a da Vila Grande, mas também é a mais breve, só acontece de manhã. A festa das Alturas do Barroso aproxima-se mais das festas tradicionais, à exceção da parte comunitária em que recebem e oferecem a todos que passam por lá e queiram, a comida e bebida, enquanto que na Vila Grande, também oferecem comida, mas não a bebida, nem tem talheres, por isso, se quiser ir por lá, não se esqueça de levar o garfo e a faca, pois vão ser necessários, a não ser que queria fazer como os chineses e comer com dois pauzinhos.

 

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Vila Grande - Couto de Dornelas

Outra diferença entre as duas festas aqui abordadas, nas Alturas do Barroso o comer e oferecido debaixo de telha, no local onde cozinham os alimento, já na Vila Grande, o comer é servido num longa mesa, contínua, com umas centenas de metros (penso que à volta dos setecentos metros) que se prolonga pela rua principal desde a entrada até ao centro da aldeia, a terminar no largo do cruzeiro, junto à igreja.

 

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Vila Grande - Couto de Dornelas

E não digo mais, se quiserem vão lá ver como é, pois uma coisa são palavras e imagens, e outra é viver a festa in loco, e neste caso faz toda a diferença. Se for por lá não se esqueça também, de além dos talheres, levar roupinha no corpo, bem quente, pois por lá quando faz frio, é mesmo frio, tanto que se fosse em Lisboa disparava logo o alerta vermelho, no Barroso, como já estão habituados, basta uma capa de burel, pelo menos dizem, embora saibamos que não é bem assim, pois o frio, quando aparece, é como o sol, é para todos. A de estarem habituados, ou estarmos, pois, as minhas três terras também são frias e, embora o estarmos habituados seja verdade, também é uma treta, pois o frio sente-se na mesma… o hábito não aquece. E com esta me bou, já a caminho do São Sebastião… Até mais logo ao fim do dia, isto se chegar a tempo da edição da noite, senão, as imagens do São Sebastião 2023 ficam para amanhã. Logo se verá. Agora é que me bou mesmo!

 

 

 

 

 

21
Jan20

As Festas Comunitárias de Barroso

Mesinha de São Sebastião - Vila Grande - Boticas


 

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Ontem, dia 20 de janeiro, como todos os anos, um pouco por todo o lado, mas principalmente no Barroso de Boticas e de Montalegre, festeja-se o São Sebastião com festas comunitárias. Este ano fomos a uma delas (Vila Grande de Dornelas), e passámos por outras duas (Cerdedo e Alturas do Barroso). Pois, muito resumido, mesmo muito, deixamos aqui a Festa da Mesinha de São Sebastião da Vila Grande, freguesia de Dornelas, concelho de Boticas, em cinco olhares da festa, mais um extra.

 

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Como sempre a primeira imagem é a da chegada à aldeia e descida para a “casa dos potes”. Dependendo do ano, esse troço de rua logo pela manhãzinha, recebe-nos com chuva, com céus carregados, com geada e leves neblinas, com neve ou com sol radiante como foi o caso deste ano, mas com um frio de rachar, ou pelo menos com essa sensação, coisa que acontece sempre quando os ares vêm de norte, da Galiza. Claro que logo pela manhãzinha, poucos são os que andam por lá para além dos que estão (já há dias) a trabalhar para a festa e que na “casa dos potes”, têm sempre um pote cheio de sopa para servir aos mais madrugadores, como nós, que já somos fãs dela (da sopa, nem tanto do madrugar). Posso-vos dizer que é a melhor sopa do mundo… e se não for, para mim é a que melhor me sabe, até nos esquecemos do frio enquanto a comemos.

 

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Depois da sopa, há que fazer a obrigatória visita à “casa dos potes” este ano contei 23,  e não são potinhos, são “potões” tamanho XXL. Esta casa, para além dos potes, dá abrigo também ao pão, que durante duas semanas foi sendo cozido para ser servido na mesinha do santo ou para quem quiser levar para casa. É também nesta casa dos potes e do pão que tudo se faz (arroz e carne), para servir o almoço a todos os forasteiros, que ao meio dia já serão milhares ao longo da rua principal da aldeia, em frente à mesa mais comprida que conheço, com “apenas” uns 470 metros, mais metro, menos metro. Claro que toda esta comida, antes de ser servida, é benzida após a missa das 11 (horas), e só depois vai à mesa sobre toalha de linho.

 

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Lá diz o povo “merenda comida, companhia desfeita”, e todos sabemos que o povo tem sempre razão. Aqui também não é exceção, após degustado o pão, o arroz e o naco de carne, a Vila Grande volta à normalidade dos dias, ou quase, pois é preciso levantar, encartar e guardar a mesa para o próximo ano, lavar os potes, arrumar a casa… enquanto isso, os forasteiros dirigem-se quase todos até à festa mais próxima, nas Alturas do Barroso, onde os espera um pão, um copo de vinho e uma feijoada, e esta festa, sim, entra pela noite dentro até não haver mais forasteiros na rua. Mas há ainda os que depois passam por Salto. Desta não vos posso dar informações, pois apenas sei que existe, mas nunca lá fui. Para que conste, a primeira destas festas comunitárias acontece em Cerdedo, a poucos quilómetros da Vila Grande e igualmente do concelho de Boticas. Passámos por lá na hora da missa, mas quase nem parámos, por isso, também não tenho pormenores, apenas sabemos que existe e aquilo que nos contaram, mas nós gostamos de deixar aqui o relato da nossa experiência ou viver da coisa. Talvez para o próximo ano fique por aqui Cerdedo.

 

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Em geral regressamos a casa já bem de noite, mas como já conhecemos bem os cantos das festas da Vila Grande e das Alturas do Barroso, resolvemos regressar mais cedo, ao anoitecer, ainda com tempo para uma passagem e paragem em Montalegre e depois sim, o regresso a casa, que gostamos de fazer sempre via Pedrário, onde não resistimos a fazer uma paragem sempre que a mesma nos é solicitada por um olhar diferente. O de ontem, a coincidir com a última foto do dia, é um olhar sobre o anoitecer da Serra do Larouco.

 

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E como as promessas são para cumprir, para o ano lá estaremos “se Deus quiser”, tal como diz o povo, e nunca esqueçam que o povo tem sempre razão...

 

 

 

 

20
Jan19

São Sebastião na Vila Grande - Couto de Dornelas


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Este ano não fomos até esta festa comunitária que se realiza na Vila Grande, freguesia do Couto de Dornelas em Boticas, sempre no dia 20 de janeiro. Não pudemos lá ir mas como temos imagens em arquivo, deixamos aqui quatro olhares sobre esta festa.

 

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Olhares sobre o mais significativo que vai desde a festa religiosa com a respetiva missa, bênção do pão e o beijar do santo. A lado pagão da festa também sempre presente com a música dos bombos e concertinas que nunca faltam em todas as edições.

 

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Mas o que mais atrai nesta festa, é mesmo a festa comunitária de dar de comer a todos quantos lá vão, com o pão, a carne de porco e o arroz que é distribuído de vara a vara a longo de uma mesa com centenas de metros ao longo da rua principal da aldeia.

 

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O nosso lamento, deste ano, vai apenas para o termos quebrado a promessa de lá ir em carne e osso, mas cumprimos a promessa aqui ao irmos lá em imagem, de arquivo, do ano passado. Para a ano lá estaremos de novo.

 

 

 

 

20
Jan13

São Sebastião, Blogues e Fotógrafos Lumbudus no Barroso


 

Hoje, para a blogosfera flaviense aderente, fotógrafos Lumbudus, amigos e convidados,  todos os caminhos vão dar às festas comunitárias do Barroso, mais propriamente à Vila Grande do Couto de Dornelas e às Alturas do Barroso, é lá que se vai realizar o XVIII Encontro de Blogues e Fotógrafos Lumbudus, como sempre, em convívio com as nossas terras e nossas gentes.

 

Embora as festas sejam em honra do São Sebastião, vamos esperar que o São Pedro também dê uma ajuda.

 

21
Jan12

O São Sebastião na Vila Grande e Alturas do Barroso


A mesa à espera que os visitantes cheguem

 

Tal como prometi, este blog vai começar a andar por aí a olhar também as festas, tradições, saberes e pontos de interesse da região do Alto Tâmega e Barroso.

No ano passado fomos à tradicional festa de São Sebastião ou “Mesinha de São Sebastião” na freguesia de Couto de Dornelas. Já lhe conhecíamos a fama de festa comunitária há muitos anos, mas uma coisa é aquilo que nos contam e outra é estar na festa e ver com os próprios olhos. Vi e gostei tanto que fiz promessa de ir lá sempre que puder.


Durante dias cozeu-se o pão que irá ser servido à mesa


As imagens de hoje vão tentar mostrar um pouco da tradição. As palavras também vão tentar ajudar a compreender esta festa, a tradição e a lenda.

Comecemos pela lenda:


A Lenda
 
REZA A LENDA, ... que há muitos, muitos anos...

Houve nesta região um ano de muita fome e peste, que também atingiu os habitantes do “COUTO”.


É destes potes que sai o arroz e a carne de porco para todos os visitantes


Foram tantos os mortos, que os mais crentes apelaram a S. Sebastião para que os protegesse de tal flagelo:
“Se a doença se afastasse, se os doentes melhorassem e os animais escapassem, prometiam realizar anualmente, a 20 de Janeiro, uma festa onde não faltasse carne e pão para quantos a ela comparecessem.”

Como o Santo não faltou, cumpriu-se o prometido e assim se fez ao longo dos tempos...


Antes de comer há que agradecer ao santo


...Mas, com o passar dos anos, o povo foi ficando esquecido, desleixado e possivelmente mal agradecido. Um ano, não se sabe por que motivo, a festa não se realizou. O povo ficou assim, sem a protecção do santo, advogado da fome, da peste e da guerra registando-se graves problemas nesta localidade...


O peditório não faz a festa, mas ajuda


...Conta ainda a lenda, que em 1809 (ano em que Napoleão, imperador de França, mandou invadir pela segunda vez Portugal) as tropas entraram por Chaves, a caminho do Porto, passando pelas terras do “Couto”. A má fama dos invasores já tinha chegado às nossas gentes, que atemorizadas pela eminente invasão e suas consequências (pilhagens, mortes, violações, etc.) saíram às ruas com a imagem de S. Sebastião e acolhendo-se à sua protecção, renovaram a promessa:


O Sol tem ajudado à festa, mas é traiçoeiro


«… Se os invasores não entrarem no Couto faremos todos os anos, dia 20 de Janeiro, uma festa em tua honra, onde não faltará comida a toda a gente que a ela vier…»

Diz a lenda que caiu tal nevão à volta do Couto, que obrigou os invasores a desviarem-se do seu caminho deixando em paz estas “gentes”.

Lenda ou não, a verdade é que se tem mantido a tradição e todos os anos, dia 20 de Janeiro, os habitantes do COUTO de DORNELAS renovam a promessa cada vez mais convictos do amparo do Mártir São Sebastião.


A festa faz-se ao longo de toda a rua


Pois não sei se é por São Sebastião estar grato por manterem-lhe a gratidão que o dia de ontem, tal como o do ano passado, lá pelo Barroso mais alto o dia parecia de verão.

Mas passemos à descrição da festa.


A toalha de linho cobre toda a mesa


Durante uns dias coze-se o pão milho e armazena-se numa sala para que no dia da festa não falte pão para todos os visitantes. São umas centenas de pães. Na madrugada do dia 20 acende-se a fogueira, poem-se os potes ao lume (23 conto-os na foto) e coze-se a carne de porco e mais tarde o arroz que depois de prontos e devidamente benzidos serão servidos à ora do almoço a todos os visitantes. Para tal é disposta uma mesa ao longo da rua principal da aldeia – a Vila Grande.


Há que aproveite para vender os produtos da terra e quem compra, agradece


Saliente-se que esta festa é festa da freguesia de Couto de Dornelas do concelho de Boticas,  à qual pertencem, além da Vila Grande, as aldeias de Gestosa, Vila Pequena, Espertina, Antigo, Lousas e Casal.


Mas íamos na mesa ao longo da rua principal da aldeia, que atinge um comprimento de cerca de 400m onde é colocado, de vara em vara (é esta a medida), um pão milho, uma caçarola com arroz e um pedaço de carne de porco. O resto fica por conta dos visitantes, ou sejam os talheres e as bebidas.


O vai e vem de tabuleiros de arroz e gigas de pão


A montagem e o serviço desta mesa não é tão simples assim como atrás é descrito, pois durante a noite são montadas as pranchas de madeira ao longo da rua e, se pela manhã, de manhãzinha, as ruas e as mesas se encontram despovoadas de gente, por volta das 8 da manhã começam a compor-se com os visitantes vindos da freguesia mas também um pouco de todo o lado, com muita gente do Minho, da região do grande Porto, de Chaves também há fiéis seguidores, entre outros locais que não pude apurar. Apurei os companheiros do lado aos quais agradeço, pois desprevenido fui só armado com câmara fotográfica e eles dispensaram-me os talheres, um prato e o vinho. A festa é comunitária e como tal ninguém sai de lá sem comer e beber. Obrigado companheiros de Stº Tirso que também têm promessa de vir a esta festa todos os anos.


Os companheiros de Santo Tirso fizeram promessa de vir todos os anos


Voltemos à mesa. Coladas as pranchas, chegado o pessoal, começam a marcar lugar ao longo da mesa e se de manhazinha a rua e a mesa estão despovoadas, ao meio dia estão repletas de  gente, mas há sempre lugar para mais um.


Uma vara de medida


Benzida a comida, começa-se a servir, mas antes há que por a toalha de linho que irá cobrir todos os 400 metros de mesa que é seguido do beijar do São Sebastião, o peditório para o santo, um pão, uma caçarola de arroz, um pedaço de carne, mais uma vara de medida (que tem cerca de 1,20m) e mais um pão, uma caçarola de arroz e um pedaço de carne e assim sucessivamente até se chegar ao fim da mesa. O abastecimento é feito com corridas sucessivas de vai e vem à “cozinha” com grandes tabuleiros de arroz, uma caçarola enorme de cobre cheia de carne e gigas de pão. Em menos de uma hora todos os visitantes são servidos e, segundo as minhas contas, estimo que sejam cerca de 15.000 os que comunga desta refeição. Basta olhar para o preencher das ruas, saber o comprimento da mesa e fazer as contas.


 

400 metros de mesa para 15 mil pessoas


Claro que festa é festa e quem vem de excursão à festa, e são muitos, faz-se acompanhar de outras iguarias e manjares para acrescentar à mesa, mas não só, pois não faltam as concertinas, danças e cantares que se vão servindo também ao longo da rua, com os grupos que vêm de fora e começam logo a atuar à saída dos autocarros.


Excursões da gente do minho alegram a festa


Quanto à iguaria, há que prová-la para se poder deliciar. Garanto-vos que é coisa boa, com sabor à tradição da carne curada e fumada, com um arroz que é único acompanhado de pão milho caseiro…que mais dizer!? Talvez que falta o copito de vinho, mas esse aparece sempre.


Lumbudos barrosões em ação


Claro que há quem vá lá não só pelas iguarias e pela festa mas também para o registo da tradição. As televisões e a imprensa escrita costumam marcar presença, mas as câmaras fotográficas e de filmar também se vão repetindo nas mãos dos visitantes mas também as de outros fotógrafos, que embora amadores, vão fazendo da fotografia uma arte de mostrar e registar, como as de alguns Lumbudus da Associação de fotografia com sede em Chaves ou da Associação de Fotografia do Porto – Portografia, e alguns autores de blogs que se iam acotovelando amistosamente com um “desculpa” constante para não perder nenhuma cena e registo.


 

Em alturas do Barroso ninguém sai sem comer


Sai-se sempre de lá com espirito de festa cumprida e com vontade de voltar para o próximo ano, mas a festa não acaba ali na Vila Grande, pois esta tradição comunitária do São Sebastião não é exclusiva da Vila Grande da freguesia de Couto de Dornelas. Uns quilómetros mais à frente ou ao lado, conforme se aborde, há outra festa comunitária de São Sebastião, esta na aldeia de Alturas do Barroso, que, feita em moldes diferentes e sem o aparato da mesa ao longo da rua, não deixa que nenhum visitante saia de lá sem comer um prato de feijoada, um pão e um copo de vinho. Dizem que só fecham a cozinha quando já não houver mais nenhum visitante sem comer e assim, a “mesa”, prolonga-se por toda a tarde e entra pela noite dentro.


Em Alturas do Barroso um prato de feijoada, um pão e um copo de vinho é a dose


Bem, se a iguaria da Vila Grande era um petisco apreciado por todos, a pratada das Alturas de Barroso conforta qualquer estomago e, não pensem que é uma feijoada onde os feijões são reis e senhores, nada disso, vêm com todos os pertences e não são de plástico como os dos restaurantes da cidade, pois por lá têm os sabores do Barroso. Claro que embora tivesse sido a primeira vez que fui ao São Sebastião de Alturas do Barroso também fiz promessa de voltar lá sempre que puder.

 

 

O São Sebastião dá as boas vindas à entrada - Alturas do Barroso

 

A juntar a isto tudo há o apreciar único da paisagem e temas barrosões e a visita a algumas aldeias e locais que não se podem perder, como Vilarinho Seco, os Cornos do Barroso e um passeio de regresso ao longo da Barragem dos Pisões e das suas povoações, já por terras de Montalegre.


Fica-se sempre à espera que o 20 de Janeiro surja de novo no calendário. São aquelas datas fixas que a juntar às Sextas-Feiras 13 de Montalegre devem constar obrigatoriamente na nossa agenda.   


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