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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

05
Jan19

São Caetano - Chaves - Portugal


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Como há anos vem sendo hábito neste blog, os sábados e domingos são para as nossas aldeias, ou melhor, para o nosso mundo rural, tudo aquilo que vai além da cidade, pois as nossas montanhas, rios, paisagens, etc, também têm aqui lugar, mas também os nossos santuários, lugares de culto, que embora pertença de uma freguesia, não são aglomerados populacionais, tal como acontece com o Santuário do São Caetano que hoje vamos ter aqui.

 

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São Caetano que, rara é a semana em que neste blog não é referido, pois é por lá que passamos para a maioria dos nossos itinerários do Barroso. Talvez pela frequência das nossas passagens e das vezes que aqui o mencionamos, o desprezamos tanto sem o desprezar. Eu explico melhor não vá ser mal-entendido. Então é assim, o nosso desprezo está em não fazermos do S. Caetano uma paragem obrigatória quando por lá temos de passar, mas talvez isso sejam ordens do nosso subconsciente, pois quando nos dá para lá parar, há qualquer coisa naquele santuário que nos prende a ele e vamos fincando. Não que haja qualquer mal nisso, apenas, quando por lá passamos vamos com o tino noutro destino e daí o nosso subconsciente sussurrar baixinho ao nosso consciente a dizer: “não pares, não pares!” – Só pode ser assim.

 

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Pois prometo que amanhã, dia de termos por aqui mais uma aldeia do Barroso, vou fazer passar por lá o nosso itinerário e recomendar uma paragem no São Caetano. Claro que terá de ser breve, senão não poderemos cumprir o nosso itinerário pelo Barroso. E eu próprio prometo que na próxima passagem por lá, vou desativar o meu subconsciente e deixar que o meu consciente me permita lá parar, isto, nem que seja e só porque quando hoje abri o meu arquivo de fotografias do São Caetano, corei de vergonha, pois a passar por lá amiúde, a saber que me faltam registar ainda alguns dos seus motivos e verifiquei que a última vez que fiz registo já foi em 2013. Imperdoável.

 

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No nosso concelho de Chaves existem alguns santuários, como o da Nossa Senhora da Saúde em S.Pedro de Agostém, o da Nossa Senhora da Aparecida em Calvão, onde reza a história religiosa apareceu Nossa Senhora, ainda antes dos aparecimentos de Fátima, e temos ainda o Santuário da Senhora do Engaranho em Castelões, no entanto dos quatro mencionados, os que apelam mais a devoção dos crentes, são o Santuário de Nossa Senhora da Saúde e o do S.Caetano, mais este último, pelo menos para a população flaviense, para onde parece ser também o santo preferido para encaminhar as suas promessas, incluindo as promessas de cera que são guardadas em local próprio no santuário.

 

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As caminhadas a pé dos flavienses ao S.Caetano costumam ser habituais durante todo o ano, mas com maior significado na altura da celebração da festa do Santo, aí são aos milhares as pessoas que durante o dia e toda a noite se dirigem ao santuário, por promessa ou meramente por tradição. Festa que se realiza no domingo 7 de agosto ou, quando o 7 de agosto não coincide com o domingo, no primeiro domingo a seguir ao 7 de agosto.

 

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A data da festa do São Caetano coincide com a morte deste Santo italiano, natural de Vicenza.

Caetano de Thiene (Gaetano di Thiene) nasceu em Vicenza, em outubro de 1480 e morreu em Nápoles, a 7 de agosto de 1547 . Foi um sacerdote católico italiano, beatificado em 8 de outubro de 1629 pelo papa Urbano VIII e canonizado em 1671 pelo papa Clemente X.  Formado em Direito, São Caetano ficou responsável pela fundação da Ordem dos Clérigos Regulares da Divina Providência, chamados de "teatinos", uma ordem religiosa católica masculina sob a qual os sacerdotes nada deviam possuir ou pedir. Fundou ainda um hospital para os incuráveis, entre outros atos de ajuda aos mais pobres . É conhecido como o Santo da Providência, Patrono do pão e do trabalho. É ainda padroeiro dos gestores administrativos, das pessoas que procuram trabalho e dos desempregados.

 

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O São Caetano,  lugar de devoção, de culto, de peregrinação e de tradições era um dos lugares que o grande poeta e escritor português Miguel Torga visitava aquando das suas estadias na cidade de Chaves, fazendo nessas visitas alguns registos que constam nos seus diários:

 

São Caetano, Chaves, 12 de Setembro de 1988

Padroeiros da nossa devoção! São tantos, e não chegam para os milagres de que necessitamos.

 

Miguel Torga, in Diário XV 

 

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Chaves, 26 de Agosto de 1990

Visita sacramental a S. Caetano, um santo fronteiriço que tem na terra os serviços administrativos modelarmente organizados. «Meta as esmolas nos petos» — avisam os letreiros. E lá estão as tulhas para os cereais, a grade para os galináceos, e o orifício aberto na parede granítica da capela para encarreirar a pecúnia. Peregrino anual e céptico, não peço ao orago graças que sei que não pode conceder a um mau romeiro. Bebo-lhe a água gelada da fonte de três bicas, regalo os olhos na paisagem aberta e larga, espreito o cemitério visigótico precariamente preservado e fico satisfeito. Mas volto sempre, e sempre com a mesma curiosidade e disponibilidade emotiva. A minha bem-aventurança começou quando abri os olhos no mundo e há-de acabar assim, quando, já cansado de tanto o ver e surpreender, os fechar.

Miguel Torga, in Diário XVI

 

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O cemitério visigótico que Torga atrás refere, segundo o Portal do Arqueólogo, trata-se de uma Necrópole, localizada sob o Santuário de São Caetano, uma importante estação arqueológica romana e medieval. A primeira referência à estação arqueológica é feita pelo Coronel Mário Cardozo que interveio em 1942 quando as obras no santuário puseram a descoberto várias estruturas e sepulturas pertencentes a uma necrópole romana assim como um templo alti-medievo e uma necrópole alto-medieval com 27 sepulturas.

 

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Sem qualquer sombra de dúvidas que o São Caetano é um lugar de atração religiosa, devoção e culto mas que poderia muito bem ser também de atração turística, tanto mais que num raio de 2 quilómetros temos 3 santuários, o do São Caetano, da Srª do Engaranho (Castelões) e da Nossa Senhora da Aparecida (Calvão). Estes dois últimos localizados junto a aldeias bem interessantes, e o São Caetano também bem próximo, além destas últimas duas aldeias, num raio de 3 a 4 quilómetros tem igualmente aldeias interessantes e tipicamente transmontanas, barrosãs e galegas, a saber: Soutelinho da Raia, Couto de Ervededo, Agrela, Torre de Ervededo e Videferre, Espiño e Bousés, estas três últimas galegas. Poderão ver algumas destas aldeias num post que em tempos lhe dediquei neste blog, fica o link:

https://chaves.blogs.sapo.pt/a-galiza-aqui-ao-lado-aldeias-da-raia-1428927

 

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Claro que quando digo que estes locais poderiam ser pontos turísticos por excelência, não bastará indicá-los e localizá-los como tal, longe disso, pois primeiro há que fazer o trabalho de casa. Um trabalho conjunto que teria de envolver municípios e outras entidades, nomeadamente as responsáveis pelo turismo. Digamos que temos assim como um diamante em bruto que precisa de especialistas para o lapidar

 

 

E por hoje é tudo, ficam as referências às consultas:

 

BIBLIOGRAFIA

TORGA, Miguel - Miguel Torga Obra Completa, Diário (Volumes XIII a XVI), Circulo de Leitores, Rio de Mouro, 2001.

 

WEBGRAFIA

http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/index.php?sid=sitios.resultados&subsid=55983

 

 

06
Ago09

 

 

Medalha de meados do século XX alusiva ao Santuário de S. Caetano (nome aportuguesado de Gaetano, o gentílico dos naturais de Gaeta, na região do Lácio, Itália), na freguesia de Ervededo, e à festa que aí se celebra anualmente, no segundo domingo do mês de Agosto.

 

Tendo o culto a Gaetano da Thiene (1480-1547) sido consideravelmente difundido e consolidado após o final do longo (1545-1563) e decisivo Concílio Tridentino (que marcou definitivamente o afastamento entre a Igreja Católica Apostólica Romana e as práticas e os conceitos Protestantes de Lutero e Calvino), o beato teve o seu processo de canonização concluído em 1671. A data do seu falecimento, ocorrido a 7 de Agosto, foi então escolhida para a sua evocação no calendário litúrgico. 

 

As medalhas de temática religiosa são genericamente conhecidas como veneras ou verónicas, por alusão a um dos atributos simbólicos de Sta. Verónica, que é o véu onde surge reproduzida a "verdadeira" (ou vera, daí o nome Verónica) efígie de Cristo.

 

 

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