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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

31
Jan10

Ruralidades, desertificações e despovoamentos em balanço


Agradecido a quem agradece, hoje trago aqui três olhares sobre Bobadela de Monforte. Apenas os olhares, pois as palavras, são de outras cenas, nas quais Bobadela também poderia entrar, mas não entrou.

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Dia em que continuam os Sabores e Saberes de Chaves, mas poucos, pois faltam os sabores e saberes da maioria das freguesias do nosso concelho.

 

Estive atento ao que se disse e vi na RTP, a quem os organizadores dos sabo(e)res devem estar agradecidos por a RTP ter feito a festa de ontem da feira e, por terem levado a cidade de Chaves a todo o Portugal e comunidades Portuguesas. Até eu, ou o orgulho flaviense, me(se) ia rendendo à “grandeza” da festa, animada como convém, pela música pra pular portuguesa, com o animador mor da pimbalhada. Até ia desculpando as incorrecções do discurso político dos entrevistados como o da desertificação de um concelho que cada vez está mais cheio da matização dos verdes acastanhados do mato que invade antigas terras de cultivo, mas que, mesmo com a confusão, amargamente agradou-me saber, que sabem, que o concelho rural (sem perigo de desertificar) está tristemente despovoado, mesmo que, para os seus sabores e saberes se trabalhe 365 dias por ano. Talvez fosse melhor trabalhar menos e melhor, digo eu, que gosto de apostar na qualidade…

 

Com o cair da noite, fui caindo também em mim e, já a frio, com o orgulho flaviense já arrefecido, fui-me dando conta do tal poder que a televisão e as objectivas têm para deturpar verdades e realidades.

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Que ninguém me interprete mal. Sei de longe que o nosso presunto é o melhor, que as alheiras são feitas ao nosso gosto e não existem outras iguais, que as linguiças fazem crescer água na boca, que os pasteis, mesmo com todas as variantes e reivindicações de genuinidade não encontram igual em Portugal, que a batata sorri para quem a come, que as couves não se dispensam e, já nem quero falar do grelo de Chaves,  senão perco mesmo a cabeça…mas também temos muitos saberes, que ainda se sabem, mas infelizmente não se praticam. Em suma, quase todos os flavienses que estiveram nesta feira, estiveram lá por direito próprio, sem qualquer favor, pois os produtos que lá levaram, são do melhor que há. A minha mágoa, não vai para esses expositores e produtos, mas para todos aqueles que deveriam estar por lá e não estiveram e para outros que por lá estiveram (de fora) e que nada contribuem para travar a tal desertificação que até é despovoamento.  Em suma, em vez de se abrir a porta para o repovoamento, cada vez se fecha mais.

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Há ainda muito trabalhinho de casa para fazer, incentivos, certificações (sem as quais não vamos a lado nenhum), pois tal como o Presunto de Chaves, não basta ter a fama, tem que se lhe tirar o proveito e, só há proveito, se houver presunto de CHAVES. Engraçado, é que embora o presunto de Chaves , que vai existindo para consumo próprio, não chegue para ser comercializado, vai fazendo as delícias das ementas de muitos restaurantes do país e da capital… milagres que não sei explicar!

 

A frio, vi também que o sucesso do dia de ontem se deveu à pimbalhada e palhaçadas de mestre e estou em crer, que o pessoal que por lá estava, debitava mais interesse às palhaçadas que ao próprio certame. Pimbalhada musical que substituíram os verdadeiros saberes musicais do concelho, dos nossos músicos e das nossas bandas filarmónicas e, em sua substituição, aparece como representante flaviense, a Senhora Dona Agata. Atenção que estou a falar de música e não dos nossos grupos ou ranchos folclóricos, pois esses, ainda foram passando pela feira.

 

30
Jan10

Poucos Sabores, menos saberes


Hoje deveria ir até uma aldeia do nosso concelho, mas como por cá está a decorrer  a Feira dos Sabores e Saberes de Chaves 2010, não poderia deixar de passar por lá e também fazer algumas considerações, as habituais que,  de tão habituais que são, poderia muito bem copiar o post do ano passado, colá-lo aqui e prontos! Assunto resolvido, pois nem sequer uma palavra alteraria àquilo que disse no outro ano. Siga o link para saber o que disse, sob o título de “Os sabores e Saberes de São Tomáz”  aqui

 

Mas vamos ao programa deste ano:

 

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Como facilmente se percebe pelo programa impresso, o destaque de todos os eventos, acontece hoje, sábado,  às 21H30. Pela aragem se vê que vai na carruagem. Claro que também não faltam os habituais “Rapazões da Venda Nova”. Diz o carimbo apenso no programa:  Qualidade – Onde a tradição tem gosto… é bem verdade que sempre houve gostos para tudo!

 

Mas este programa apenas pretende animar a feira ou certame dos Sabores & Saberes, que esses estão distribuídos por 74 espaços no interior do pavilhão gimnodesportivo.

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Mas antes de ir até esses espaços, queria aqui recordar um pouco da história deste certame. Se bem se lembram, há coisa de 10 anos atrás, realizava-se em Chaves uma feira do artesanato, de verão, ao ar livre, no velho Jardim Público. Era uma feira que trazia a Chaves muito do artesanato que se fazia na região e no país, onde apareciam também alguns dos nossos produtos locais. Com o decorrer dos anos (pois durou alguns anos) a feira foi crescendo e era um verdadeiro sucesso, não só em participantes, na variedade, mas também em número de visitas. Penso que essa feira era organizada pela ADRAT em colaboração com a Câmara Municipal. Com a mudança política da Câmara Municipal, esta retirou o apoio a essa feira e na sua substituição propunha uma nova feira, num novo espaço, com “Produtos da Terra”. Penso que era assim que se chamava, e pretendia trazer à cidade, todos os produtos que se produziam no concelho. A ideia era engraçada e tinha pernas para andar, mas era necessário muito trabalho prévio para que os tais produtos da terra descessem à cidade. A feira foi um fracasso.

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Há 2 ou 3 anos atrás, uma nova ideia de feira composta com os Sabores & Saberes da terra saía a público. Mais uma vez, pessoalmente, pensei ser uma boa ideia, pois pelo que se publicitava, pretendia trazer a Chaves/Cidade os sabores da nossa gastronomia rural aliada aos seus saberes, tradições e  artesanato. Pelo menos eu assim o entendi. Mas continuou a faltar o trabalho prévio de uma feira de Sabores e Saberes da terra. Em vez dessa tal feira, temos uma idêntica à que a ADRAT realizava há 10 anos atrás, mas com menos artesanato e menos participação e de sabores da terra ou de Chaves, poucos há, saberes, muito menos, sem qualquer desprestígio, antes pelo contrário, para os poucos representantes dos produtos da terra, que todos sabemos que são de qualidade, como é com gosto que vejo lá representado o nosso fumeiro e presunto de algumas aldeias, entre outros produtos, que por serem tão poucas, merecem ter aqui o seu nome escrito:

Cozinha Regional da Quinhas- Fumeiro  – Agostém

Manuel da Silva Ferreira – Fumeiro – Vila Verde da Raia

Conceição Santos Sá Pinto – Fumeiro – Travancas

José Amaro Aleixo – Fumeiro – Vila Verde da Raia

Quinta de Arcossó – Vinho – Arcossó

José João Barros Capela – Produtos Agrícolas – Santo Estêvão

Luísa Gomes Carvalho – Fumeiro – Valdanta

Dinis Cunha - Cestaria de Vilar de Nantes – Vilar de Nantes

Cozinha Regional Felizardo – Fumeiro – Estrada do Seara

Cozinha Regional da Lurdes – Fumeiro – Cimo de Vila da Castanheira

Grupo Tradicional de Ventuzelos – Produtos Regionais – Ventuzelos

Artefumo – Fumeiro – Izei

Mel Raínha – Região do Alto Tâmega

Emília Dores Oliveira Batista – Pintura em tecido e tela – Oura

Olívia – Adelaide – Lurdes – Artesanato – Loivos

Imbambas – Artesanato – Stº Estêvão

Bomb Xplosion Art – Bijutaria e artesanato – Vila Verde da Raia

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Ou seja, 17 espaços compostos com sabores e saberes das nossas aldeias, onde das 150 existentes, apenas 13 aldeias estão representadas, mas o que mais me dói, é o que está ao lado destas nossas aldeias, misturado com os sabores e saberes da terra, há coisas de:

Mira Daire

Rio Tinto

Sever do Vouga

Bragança (3)

Constância

Macedo de cavaleiros

Custóias

Marinha Grande

Barcelos

Esmoriz

Porto

Matosinhos

Caldas da Rainha (2)

Penafiel

Vila do Conde (2)

Sousel

Lourosa

Vila Nova de Gaia (2)

Lousã

Figueira – Penafiel

S.Mamede de Infesta

Vilarandelo

Vilar de Perdizes (2)

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Ou seja, uma feira de sabores e saberes de Chaves infestada de sabores e saberes de fora, ou sejam 28 expositores. Desculpam-se os de Vilarandelo e Vilar de Perdizes, que por serem próximos são como nossos. Para estar completo só faltam mesmo os de Vila Real e a olaria preta de Bisalhães, já que os barros pretos de Vilar de Nantes, também não entram nesta feira. Mas ao que consta, ainda temos que ficar agradecidos à gente e aos produtos de fora, pois sem eles esta feira não se realizava…

 

Das barracas institucionais, realço a da Confraria dos Pavões de Chaves, que dizem ter nascido para promover os produtos do concelho e que em dois anos de existência apenas conseguiram promover um jantar de aniversário com os seus confrades , e nem sequer esta feira conseguiram organizar, tal como prometiam e está escrito no seu sítio oficial na net, pejada por sinal de publicidade de coisas de fora. Já agora, que é uma instituição tão nobre e feita com tanta pompa e circunstância, também lhes ficava bem pedirem autorização e mencionarem o autor de algumas fotografias que estão publicadas no seu site, para além da gastronomia representada numa delas, mais propriamente o presunto, não ser de Chaves. Mal vai uma confraria que quer promover os nossos produtos e nem sequer conhece o verdadeiro presunto de Chaves.

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Concluindo. Esta feira, que para a imprensa da terra e para quem a organiza vai ser um sucesso, a mim deixa-me um amargo de boca por se perder mais uma oportunidade de promover os nossos produtos e a nossa região e por estar tão fracamente representada (em número) pelas nossas aldeias e freguesias. Temos pena, mas lá vai dizendo a sabedoria do povo “que não há pior cego do que aquele que não quer ver” , como também diz que “não  adianta bater mais nos ceguinhos”. O povo é que sabe e, era precisamente essa sabedoria do povo que eu gostaria de ver neste certame dos Sabores & Saberes de Chaves. Mas enfim, como dizia o outro – o burro sou eu – em preocupar-me com estas coisas enquanto os que realmente deveriam estar preocupados, ficam satisfeitos e felizes com estes eventos. Antes das feiras, primeiro, há que “trabalhar” os produtos, pois já vai, longe, o tempo em que Chaves era o Centro Comercial de compra e venda dos produtos da região (disse região e não concelho).

 

Até amanhã, e não esqueça que mais logo, à noite,  ROBERTO LEAL, eia!

12
Dez09

Chaves Rural e os Sabores dos Saberes


Estes

são os sabores e saberes da terra

os saberes da semente arrecadada

os saberes de a depositar na terra

os saberes de deixar passar os dias

os saberes dos tempos certos

os sabores das colheitas

os saberes e sabores

do chão e do grão

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Loivos - Chaves

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Se pudessem dispensar o corpo

Bastavam-lhe o saber das mãos


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Gondar - Chaves

 

E com os sabores e saberes da terra

Tiram saberes da semente arrecadada

E com saberes a fazem farinha

Com saberes ela é amassada

e no saber do deixar passar as horas

dos saberes dos tempos certos

dão aos sabores das colheitas

os sabores dos saberes

do grão que entra e sai do chão

que amassado  entra no forno

para colher o sabor do pão

 

 

Tronco - Chaves

 

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