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Hoje vamos até mais uma aldeia de montanha – Santa Ovaia.
Vamos começar precisamente pelo nome desta aldeia, pois uma questão se levanta. Será Santa Ovaia ou Obaia!?. Bom, toda a documentação consultada me leva a crer que seja Ovaia, inclusive é esse o nome da padroeira da aldeia e da capela, no entanto na placa que se encontra à entrada da aldeia, entre o ferrugem do costume, lê-se Obaia.
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Definitivamente é até Santa Ovaia que vamos e deixamos de parte o erro da placa, que embora não seja importante é lamentável e pela ferrugem, já há uns bons anos que engana que o lê.
Santa Ovaia pertence à freguesia de Santa Leocádia e fica a 17 quilómetros de Chaves, distância oficial, pois depende do caminho que se tome até chegarmos à aldeia. Quero com isto dizer que há mais que um caminho para se chegar à aldeia a partir de Chaves. Curiosamente e como é costume, todos eles passam pelo tão já conhecido Peto de Lagarelhos. Pois é a partir deste que se tem de tomar a grande decisão da escolha do caminho que poderá ser via Seixo/Matosinhos, via Loivos, via terras de Agrações, ou seguindo a (também famosa EN 314) via Adães ou então mesmo-mesmo no limite do concelho, já depois de Fornelos, via Vale do Galo.
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Com tanto acesso (só a partir de Chaves) podemos ser levados a pensar que se trata de uma populosa e importantes aldeia de montanha, mas é puro engano, pois a aldeia é pequena e tal como a grande maioria sofre do mal do despovoamento, sendo mesmo uma das sérias candidatas (se tudo continuar até aqui) a ser das primeiras onde se verifique o despovoamento total.
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Na minha visita à aldeia encontrei 4 resistentes, gente simpática de uma aldeia também simpática, aberta e luminosa, com uma pequena veiga fértil e protegida pelas encostas. Fora isso, muitas casas abandonadas a caminhar a passos largos para a ruína ou já em ruínas e onde não há as tradicionais casas novas de emigrantes. Não que não haja emigrantes, pois há-os como em todas as aldeias, mas adivinham-se as razões porque não investem na aldeia e que são as mesmas do costume e comuns a todas as aldeias de montanha, ou sejam, além do rigor dos Invernos, as aldeias, para além do valor sentimental, não têm nada que os possa prender a elas e onde possam ganhar (pelo menos) o pão de cada dia.
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Perguntei na aldeia quantos eram ao todo: - P’raí uns trinta, só já restam os velhos!, foi a resposta, que só vem confirmar os números dos Censos 2001, pois nessa altura existiam 43 habitantes, dos quais só 4 tinham menos de 20 e mais de 13 anos. Actualmente, segundo apurei também na aldeia, existe apenas uma criança que ainda não está em idade escolar e graças a um casal jovem e resistente, vamos ver também por quanto tempo.
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Sinceramente e é sentido, que me revolta ver morrer assim as aldeias e não critico, de maneira nenhuma, quem as abandona, pois a isso são ou foram obrigados. Critico sim e cada vez com mais revolta, as mentes iluminadas que nos governam, que há muito têm conhecimento destes acontecimentos e que nada fazem por estas populações e por contrariar o despovoamento das aldeias, antes pelo contrário, pois com as políticas de centralismo que tomam, ainda me admira como há resistentes nas nossas aldeias. Ou seja, os tais de Lisboa (os da politica e do dinheiro) estão-se, democraticamente, a borrifar para nós. Os grandes negócios de TGV’s e Aeroportos, para não falar também do grande negócio da água e associados à água entre outros, são bem mais interessantes que uns pacóvios provincianos que não existem para os grandes interesses económicos, que mandam e sempre mandaram, seja qual for o regímen instalado ou político e partido no poder. Apetecia-me dizer uma dúzia de asneiras seguidas e apelidar com uns tantos nomes feios toda essa gentalha de Lisboa…
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Um pequeno parênteses a respeito desta revolta e sobre essa gentalha de Lisboa, pois quando assim me refiro, não estou a meter os de Lisboa todos no mesmo saco, mas apenas os políticos e os que mandam neles, os homens do dinheiro, os banqueiros e também (associados a estes últimos) aqueles que dominam a opinião pública, ou seja, um outro poder (que o são) como as televisões e imprensa e também alguns falsos defensores do povo. O engraçado nisto tudo, é que a nível local (embora a outra escala) também se brinca a fazer de “senhores de Lisboa”. Ou seja, a meu ver que nada percebo destes assuntos, está instalada a social democracia dos interesses em que tudo que seja intere$$ante, tem intere$$e para políticos e para o dinheiro, e os papalvos como nós provincianos e todos que estão de fora deste esquema, vamos tendo a impressão que decidimos os desígnios do país com o nosso voto democrático. Pura ilusão, pois eles fazem o que querem e ainda lhes sobra tempo para gozarem connosco!
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Mil desculpas para Santa Ovaia que despertou em mim toda esta revolta ou raiva, mas dá pena entrar por uma aldeia tão bonita e ver as ruas sem gente, sem a brincadeira das crianças e as casas abandonas ou em ruínas.
Mas vamos até mais um bocadinho desta aldeia, que já pertence à região agrícola da boa castanha, que ainda vai dando algum para a sobrevivência.
Em termos históricos não encontrei referência sobre a aldeia. Em termos religiosos, de tradição e festivos, há a realçar as festas que se faziam em honra de S.José, no dia 19 de Março, e disse bem – faziam – pois nos últimos anos, para além da missa, nada mais há.
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De realçar também e, é comum a todas as aldeias, que podem ter as ruas desertas, as casas a cair e sem gente, mas a capela ou a igreja da aldeia, continuam a manter a dignidade e beleza que sempre tiveram, por mais humilde que seja.
Mais uma vez desculpas a Santa Ovaia pelos meus desabafos, revoltas e até alguns devaneios.
Até amanhã, com mais uma aldeia de Chaves.