Hoje rendo-me ao nosso verde.
Nunca faço uma viagem, por pequena que seja, sem uma máquina fotográfica, não só pelo gosto de fazer o registo por onde se vai passando e conhecendo, mas também com a esperança de encontrar bons motivos fotográficos que me permitam momentos de apreciação futuros. Às vezes, até encontro motivos interessantes ou, pelo menos, diferentes daqueles que habitualmente encontro por cá. Quanto mais conheço e viajo, mais me dou conta de que afinal, para fotografias interessantes, não preciso de sair de Chaves, do concelho, da região ou de Portugal, pois dentro do nosso pequeno território temos de tudo que há de interesse e de interessante para fotografar e, com uma diversidade quase inesgotável. Mar, vales, Rios e montanhas, rural e urbano, história e modernidades, riqueza e pobreza, folclore, glamour e luzes da ribalta…talvez nos falte um bocadinho de selva, mas se a procurar-mos, também a encontramos, quer no seu ambiente quer mesmo nas cidades…
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Couto de Ervededo
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Infelizmente vai sendo uma riqueza que temos e que pouco sabemos explorar, principalmente hoje em dia, na era digital, em que cada pessoa é um fotógrafo em potência e digo infelizmente, porque pouco cuidamos e sabemos cuidar daquilo que temos de bom, do melhor.
Ardem-nos as florestas e não há políticas eficazes e sustentáveis para a reflorestação, tal como não há políticas interessadas, acertadas e sustentadas para o repovoamento, para combater a desertificação, para proteger o património histórico, arquitectónico arquitetónico e tradicional, para poupar o nosso verde e azul, para preservar o nosso folclore, usos, costumes e até a gastronomia feita com produtos genuínos e de qualidade. Esquecemos o que temos de melhor, o passado com que poderíamos fazer o futuro e cedemos irresponsavelmente ao fácil e ao breve de políticas irresponsáveis e subsidiadas, pois hoje em vez de se atacar o cerne do problema, subsidia-se, ou seja, prolongam-se letargicamente os problemas sem os resolver.
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Vila Verde de Oura
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Hoje deixo-vos imagens do nosso verde que cada vez abunda menos e, temos pena. Pena por os responsáveis (leia-se politicas e políticos que as fazem) andarem entretidos com modernidades, negócios e outros devaneios e, no nosso caso em particular, deixarem esquecido aquilo que temos de melhor, ou seja, as coisas nobres da nossa ruralidade e simplicidade com tudo que a elas tem associada, sem esquecer todo um património natural, histórico, arquitectónico arquitetónico e urbano que está à beira da agonia final e de se perder para sempre.
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Santiago do Monte
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Para salvar a nossa ruralidade e o nosso património, é necessário descer a ela(e), ter orgulho dela(e) e sem vergonha, deixar a gravata de lado, arregaçar as mangas e transpirar um bocadinho por quem um dia transpirou por eles…enfim, assumir as faces rosadas das origens que só nos ficam bem, isto, se quisermos preservar aquilo que temos de melhor – o nosso património e identidade.
Eu voto no verde dos campos, no azul das montanhas e do mar, na transparência dos rios, nas faces rosadas, queimadas do sol e quero que a modernidade subsidiada, irresponsável e iluminada se …
Até amanhã!