Está a aproximar-se a festa grande de Chaves, a verdadeira festa flaviense – a Feira dos Santos.
É uma feira e festa que faz parte do imaginário e da tradição flaviense, a única que consegue (para além das religiosas como o Natal e a Páscoa) trazer a Chaves os flavienses ausentes.
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Como todos os anos, faço por aqui os meus considerandos e renovo o sonho de uma verdadeira festa de Chaves, que já é grande, mas que poderia ser muito mais e afirmar-se mesmo como uma grande festa a nível nacional e internacional, mas… enfim, as ideias por aqui pouco mais conseguem de ir além dos bombos e concertinas…
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Mas vamos ao documento oficial que saiu da habitual conferência de imprensa de apresentação da feira. A Azul o documento, a sépia e itálico - após cada parágrafo - os meus considerandos, pois não resisto….
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A cidade de Chaves vai, mais uma vez, estar em Festa com a tradicional Feira dos Santos, sem dúvida um dos maiores eventos no plano sócio económico e cultural do Norte do país. O evento foi apresentado em conferência de imprensa, no passado dia 18 de Outubro.
Concordo, sim senhor, que esta é uma festa de tradição em Chaves. Agora quanto ao ser um dos maiores eventos no plano sócio económico e cultural do Norte do país…bem, lá diz a sabedoria do povo – “presunção e água benta, cada um toma a quer” – Como já disse atrás - poderia ser!...se…
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A Feira realizar-se-á nos dias 30 e 31 de Outubro e 1 de Novembro, mantendo-se a localização das actividades da Feira, à semelhança dos últimos anos.
Fico grato em saber que a feira se mantém nos dias 30 e 31 de Outubro e 1 de Novembro, conforme manda a tradição. Quanto à localização, há o senão da feira do gado ser em “cascos de rolha” e o concurso no fosso do Forte de S.Neutel, ou seja, separam a feira do concurso quando o público alvo é o mesmo…mas na falta de melhor, apenas faço o apontamento (lamento de muitos) sem nada a opor.
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A par das tradicionais “barracas” e dos stands de artesanato, os visitantes poderão contar mais um ano com a tradicional Feira do Gado, que decorrerá no Mercado de Gado de Chaves (na Zona Industrial, junto à Munível), com a 8.ª edição do Concurso Nacional Pecuário, que se realizará no fosso do Forte de S. Neutel como habitualmente e com o habitual Festival Gastronómico do Polvo.
Como do gado já falei, aqui só comento o sublinhado que vou repetir: «a par das tradicionais “barracas”».
Concordo sim senhor, plenamente e ainda bem que a organização o admite, pois o programa da feira tem sido (todos os anos) uma autêntica “barraca”, sem inovar, sem olhar ao essencial, que seria promover a região e os seus produtos, a sua história, o turismo, a cultura, os sabores e saberes. Mas não, é preenchido quase na totalidade com as coisas que naturalmente acontecem na feira, só falta mesmo acrescentar alguns itens ao programa, como a venda de farturas no monumento, a venda de meias à dúzia na rua do estádio, o serviço de refeições nos restaurantes, a actuação musical dos índios no Bacalhau, a roupa contrafeita junto ao Forte de S.Neutel, a venda de calçado no Bairro dos Fortes e até a passagem do rio Tâmega por baixo das pontes flavienses, entre muitos outros itens que poderiam constar no programa, tal como consta a Feira Gastronómica do Polvo… e já agora, o que é feito da Feira Gastronómica do Presunto de Chaves!? ou do Pastel de Chaves. Porquê o polvo à galega e ainda por cima caro “comó caralho”! – Desculpem o palavrão, mas não encontrei um termo que encaixasse melhor. Feira Gastronómica sim, mas com a nossa gastronomia, Há que abrir os olhos e Feira dos Santos seria uma boa oportunidade para uma feira gastronómica com as nossas iguarias. Mas enfim, já que a “barraca” é tradicional…
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Pelo terceiro ano consecutivo, o comércio tradicional irá sair à rua, associando-se aos “Santos 2010” através da iniciativa da Procentro – Associação para a Promoção do Centro Urbano de Chaves - “STOCK OUT – O Comércio Sai à Rua”. Esta acção pretende envolver o comércio local da cidade, através da colocação dos seus “stocks” na rua, no sentido de facilitar o seu escoamento, contribuindo também por essa via para a animação e dinamização dos negócios e do próprio certame.
Concordo plenamente! E depois, alguma iniciativa há de ter a Procentro para justificar a sua existência…
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O programa da Feira dos Santos 2010 conta este ano com algumas novidades ao nível da animação. A organização da feira decidiu-se pela realização apenas de animação de rua, com bombos, concertinas, gaiteiros, música tradicional e folclore, considerando por um lado o carácter tradicional da feira e por outro a instabilidade das condições climatéricas, que muitas vezes inviabilizam os espectáculos ao ar livre durante a Feira. Ainda no capítulo da animação, a organização envolveu este ano também as discotecas locais, procurando assim prolongar a animação da Feira noite adentro, nos estabelecimentos de diversão que a cidade oferece.
Aqui não sei se hei-de rir ou chorar (de pena e riso ao mesmo tempo) – novidades ao nível da animação!? – apenas animação de rua …por causa da instabilidade das condições climatéricas!!!! (boa!) Há aqui qualquer coisa que não bate certo. Então por causa do possível mau tempo não se fazem actividades ao ar livre, mas fazem-se na rua. Será que a animação de rua não é feita ao ar livre? Ou vão cobrir as ruas? Assim, põe esta ordem de ideias também se parte do princípio que se estivesse bom tempo garantido, as actividades eram de interior…..
Depois vem o envolvimento das discotecas…ao que parece, lá as convenceram a abrir portas durante os dias de Santos…pois tudo indica que nos anos anteriores fechavam durante este período dos Santos e se assim não foi, parece, pelo texto, parece… ingratos!
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O evento, designado por “Santos da Noite 2010” marcará a noite do dia 31 e irá contar com a participação de quatro discotecas locais: “Amiça Bar”, “Platz”, “Press Disco Bar” e “Vanity Club”, que oferecerão uma bebida e a entrada sem consumo obrigatório (em cada um dos espaços) a quem apresentar a pulseira identificativa da festa. A pulseira custará 5€ para compra antecipada e 7,5€ para quem optar pela compra no próprio dia e será vendida nas discotecas aderentes, ACISAT, Associação Chaves Viva, Procentro, na sede ACISAT em Valpaços (Av. 25 Abril), em Vila Pouca de Aguiar na “Foto Nova Era” (Urbaguiar) e em Montalegre no Quiosque Estrela Norte (Largo Luis de Camões).
Esta ainda é melhor, senão vejamos: “O evento, (…) irá contar com a participação de quatro discotecas locais (…) que oferecerão uma bebida e a entrada sem consumo obrigatório (…) a quem apresentar a pulseira identificativa da festa. A pulseira custará 5€ para compra antecipada e 7,5€ para quem optar pela compra no próprio dia” – Bom, afinal em que ficamos!? – é de borla ou a pagar 5 ou 7€ por bebida!? Pois se oferecem uma bebida por 5 € , se calha até era melhor nem ter feito acordo nenhum com as discotecas, talvez ficasse mais barato. Já agora, para quem é o dinheiro das pulseiras?
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Bom, obrigado pelo texto oficial da feira, pois já há algum tempo que não tinha oportunidade de ler um texto cómico tão bom. O autor que se cuide, que vá fazendo as malas, pois qualquer dia ainda é contratado pelas “Produções Fictícias” para escrever para o “Gato Fedorento” ou para o Herman José!
Já agora um conselho (sem pulseira e tal como as discotecas não levo nada por ele): – Os responsáveis máximos pela feira deveriam começar a ler os textos oficias antes de serem publicados, o mesmo digo ao Sr. Presidente da Câmara, pois foi da página oficial da Câmara que o retirei. Não é por nada, mas quem fica mal no retrato, são sempre os responsáveis! E o povo, já sabemos, gosta de ver os seus representantes a sorrir no retrato.
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Já agora, fazer uma conferência de imprensa para dizer que tudo vai ser na mesma, com as habituais “barracas” nos dias 30 e 31 de Outubro e 1 de Novembro, até nem era necessário, pois isso, já toda a gente o sabe. Nas conferências de imprensa lançam-se novidades e a não ser pela fotografia para os pasquins da terra, a manter-se tudo igual, nem valia a pena fazê-la. Mas, enfim, já que têm os fatos e as gravatas, há que lhes dar uso. Estão perdoados. Ah! E desta vez não chamei pavão a ninguém – que conste em acta.
Mas adiante – Vamos finalmente ao programa e, a par das tradicionais “barracas”, às novidades anunciadas em conferência de imprensa:
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FEIRA DOS SANTOS – CHAVES 2010
Dia 30 de Outubro
10h30 – Arruada de Bombos e Concertinas
15h00 - Arruada de Bombos e Concertinas
16h00 – Sessão de Abertura, Biblioteca Municipal de Chaves
Open Internacional de Xadrez, Intalações da Toyota, Organização: Clube e Xadres de Chaves
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Dia 31 de Outubro – Feira do Gado
8h30 – Feira do Gado, Zona Industrial (Junto à Munivel)
10h00 – 8º Concurso Nacional Pecuário, Forte de S.Neutel
10h30 – Arruada de Concertinas
12h00 – Festival Gastronómico do Polvo, Estádio Municipal de Chaves
14h00 – Festival de Folclore, Largo General Silveira
15h00 – Arruada de Concertinas
15h00 – Chega de Bois, Forte de S.Neutel, Organização dos bomveiros Voluntários de Salvação Pública
23h30 – “Santos da Noite 2010” – Amiça Bar, Platz, Press Disco, Vaniy Club
Uma pulseira, quatro espaços, qautro bebidas (Pré-venda: 5€; Dia:7,5€)
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Dia 1 de Novembro – Dia de Todos os Santos
10h30 – Arruada de Gaitas
14h00 – Festival de Folclore, Largo General Silveira
15h00 – Arruada, Grupo Musical Tradicional
Todos os Dias
STOCK OUT “ O Comércio sai à Rua”
Feira de Stocks do Comércio Local
Deixando para trás a publicidade enganosa do cartaz, pois o designer recorre aos foguetes para ilustrar o cartaz, porque até o designer sabe que não há festa sem foguetes, vamos lá um comentário breve, pois o programa não merece mais.
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É sem dúvida alguma, desde que a Feira dos Santos tem programa, o programa mais pobre de todos os tempos. Bem espremidinho, é igual a nada, vergonhoso e até insultuoso à dignidade flaviense. É sem dúvida alguma a habitual “barraca” aumentada e agravada corrida com bombos e concertinas à boa maneira da festa de antigamente para povo ignorante aplaudir – só falta o vinho e regressavam todos felizes a suas casas. Só que, meus senhores, já estamos no século XXI e a coisa não vai lá com bombos e concertinas a toda a hora. De novidade mesmo, só o open de xadrez e, neste, sejamos sinceros, nada tem a ver com a feira, a tradição e muito menos com um ambiente festivo de feira. Não estou a ver ninguém a vir à feira para perder horas a ver um jogo de xadrez. O xadrez, tem o seu ambiente, calmo e silencioso por natureza.
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Nada mais digo a não ser, que talvez pudessem pedir emprestado o programa dos putos da UTAD, que sem meios e experiência, promovem em simultâneo a Semana Académica com actividades festivas que, qualquer uma delas, mete todo o programa da feira num chinelo quando esta feira, espante-se, é organizada e colaboram, a saber: a Câmara Municipal de Chaves, a ACISAT, a Chaves Viva, a Procentro e a Cooperativa Agrícola de Chaves – toda esta massa intelectual e associativa para trazer a Chaves Bombos e Concertinas, pois o resto (e até estes), fazem parte da feira naturalmente, pois mesmo que não fizessem parte do programa, aconteciam na mesma.
Há que ter vergonha e eu, como flaviense, sinto-me insultado com um programa vergonhoso (que nem digno de uma aldeia é), incompetente e insultuoso, pois se não o é, parece, que querem fazer de nós parvos.
Programa à parte, felizmente, a tradição manda mais alto e a Feira dos Santos continua a ser a grande festa da cidade de Chaves e da Região que, a não ser aproveitada pelos seus responsáveis para promover Chaves e o concelho, dispensava bem os disparates de um programa oficial, em que tudo que nele consta para além da tradição da feira secular (feira do gado, o comércio das barracas e as diversões/carrosséis), é areia para os olhos que em vez de animar uma festa, é um festival de desanimação.
Ai como eu gostava de elogiar um programa da Feira dos Santos!
Para finalizar deixo aqui o que tenho dito nos anos anteriores, sem alterar uma palavra, pois continua actual:
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Desde há anos que digo e continuarei a dizer que a Feira dos Santos é a festa por excelência e com tradição da cidade de Chaves e, que seria uma boa oportunidade para, a par da festa da feira que se faz sozinha, promover Chaves e a região, quer turisticamente, quer nos produtos de qualidade que a terra e a região produz, como também na recuperação dos afamados produtos (marca de Chaves) que estão em vias de extinção (presunto de Chaves, olaria de barro preto, a cestaria, etc.), mas ainda o termalismo e sobretudo na gastronomia, a montanha a natureza etc.
A par da feira comercial e tradicional (que se faz sozinha), exigia-se a promoção de Chaves e um verdadeiro programa de festa, com empenho também das associações desportivas e culturais, do pólo da universidade, das escolas, etc. Bastava um bocadinho de imaginação e empenho dos organizadores, que afinal até seriam eles os primeiros beneficiários dos “lucros” que esta feira poderia gerar.
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A par da feira, também a cultura, a arte, a música, a história tão rica que temos, poderia marcar presença, com exposições, colóquios e conferências, mas não… assim não pensam os organizadores e eu, tenho pena. Destas cenas, a feira só conhece uma. Uma conferência de imprensa que por sinal se fez para dizer que na Feira dos Santos “há pouco a inovar” (1) . Está tudo dito, aliás nem sei para que se faz a conferência de imprensa, se tudo continua igual, pois a não ser pelos organizadores gostarem de sair no retrato, bem se poderia dispensar.
(1) – O texto é do ano de 2009. Este ano não foi dito que “há pouco a inovar” mas foi dito “A par das tradicionais “barracas”
Já agora, e é mesmo o remate final, se alguém quiser fazer um xixizinho nos espaços da feira, onde o pode fazer!? – Já sei que para os homens uma parede ou um tronco de qualquer árvore - serve (não deveria ser assim, mas no aperto que remédio) mas, e as mulheres!? Aqui nem sequer têm mar para dar razão ao poeta Ruy Belo no seu poema “Na Praia”:
Raça de marinheiros que outra coisa vos chamar
Senhoras que com tanta dignidade
À hora que o calor mais apertar
Coroadas de graça e majestade
Entrais pela água dentro e fazeis chichi no mar?
Ruy Belo in “homem de palavra[s]
Já chega! e o o mar, e o mar....