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Ausente por um dia, as minhas desculpas, mas foram mesmo os Santos da casa que ocuparam o meu tempo e me tornaram ausente, mas isso são contas de outro rosário que para aqui não interessam. Interessa, isso sim, que estamos de volta com o resumo do (meu) primeiro dia da Feira dos Santos 2014.
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Pois bem, como já vem habitual combina-se no dia anterior com os amigos do costume o ponto de encontro para a romagem ao concurso do gado. Logo pela manhã, mais ou menos pelas 9 horas, coisa e pico, chega bem, embora a feira das barracas já vá adiantada. Como somos animais de hábitos, tentamos o estacionamento no lugar do costume onde felizmente há sempre um à nossa espera. De seguida a reunião da malta. Beijos, abraços e mãozadas e lá vamos nós em direção ao gado do concurso. Pelo caminho, as habituais recolhas de momentos, que embora pareçam repetições dos anos anteriores, as personagens que aparecem no filme, são sempre diferentes.
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Já no recinto do concurso do gado, na zona dos camarins, vamos assistindo ao embelezamento dos vitelos e vitelas, vacas e bois das três raças a concurso – Barrosãs, Maronesas e Mirandesas. Deixo as raças por ordem alfabética porque, se para nós que vamos assistir ao espetáculo aquilo é uma festa, para quem é concorrente, leva a coisa a sério, e então se o concorrente é local, só um (e viva Seara Velha, porque é de lá), não entende muito bem como é que as barrosãs fazem o cartaz quando vêm do minho… e embora até nem tenha razão porque a escolha obedeceu a outros critérios, acaba por ter razão na questão bairrista, onde eu, pessoalmente (pois por aqui é tudo opinião pessoal) até concordo que deveria haver um prémio para os concorrentes da terra.
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Mas ia eu abordar o embelezamento dos verdadeiros atores(as) . vitelos e vitelas, vacas e bois, que é um espetáculo que só in loco se pode apreciar. Eles são penteados, besuntados (sei lá com que misturas) para ficarem mais brilhantes, massajados pata ficarem mais calmos e confiantes e até, imagine-se, lhes limpam rigorosamente os traseiros para não entrarem no desfile com mau aspeto. É uma delicia assistir aos preparativos, já não o é tanto para tomar imagens, pois com tantos curiosos ou apreciadores destes momentos, torna-se complicado tomar uma imagem limpa, sem interferências da passagem de um vulto qualquer. Mas vai-se tomando aquilo que é possível, pois a festa é de todos.
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Depois começa o desfile. Em cima dos muros do fosso do Forte de S.Neutel fica a tribuna dos espectadores, em baixo no fosso, os concorrentes e respetivos acompanhantes, a tribuna de honra com os engravatados do costume e os fotógrafos, filmadores e jornalistas.
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Desfile que para uns corre ordeiramente mostrando a graça da sua raça mas que para outros, mais jovens e rebeldes, semeiam o pânico no fosso, pois embora jovens, com a sua genica, tornam-se em verdadeiras e perigosas bestas. Assim, e tal como diz o povo há que estar “com um olho no peixe e outro no gato” mas sobretudo aos tilintares dos chocalhos, pois quando um da espécie se excita, todos ficam excitados e depois convém não esquecer que por ali há muito boi com mais de 500 kg, com eles no sítio, que gostam de marcar território e que, se lhes dessem liberdade, era uma batalha campal. Demos graças aos homens das varas e às próprias varas que vão mantendo a ordem. Alguns, pois nem todo o conseguem.
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Depois é os prémios, a parte mais interessante para quem participa no concurso mas nem tanto para quem vai em apreciação. Assim, começa a retirada, pois não é por nada mas a barriguinha começa a pedir aconchego e ali, mesmo ao lado, o pulpo à galega já há muito que fumega nos caldeirões e, não há nada pior que um homem desconsolado que passou toda a manhã a trabalhar, por isso há que ir ao consolo, de um pulpo, uns pedaços de pão e um bom vinhinho. É suficiente para de novo levantar o ânimo.
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Claro que de barriguinha satisfeita, já sem pressas, dão-se largas às conversas, que por tradição acabam sempre nos mesmo temas, divagações e cortes de costura de fazer arder as orelhas a muitos, claro, se fossem decentes, mas como não o são, nem dão por isso. Mas de pouco importa, pois o que importa mesmo é a conversa e a digestão, pois há todo um mar de barracas para atravessar, que, chega para durar toda a tarde e entrar pela noite dentro. É, a multidão saiu à rua e depois há os cumprimentos e as necessárias para por as novidades em dia, principalmente com os amigos ausentes ou aqueles que já não vemos há muito tempo.
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E na travessia do mar de barracas, há que comprar os artigos programados. As botas que sempre se compro nos Santos para atravessar o inverno, mas este ano, também a boina para entrar na irmandade da boina flaviense. Tentei roubar o pretinho da sorte, como mandava a tradição há uns anos atrás, mas já não tenho lata para isso. Assim, comprei o pretinho com o pontinho vermelho entre pernas e aproveitei para comprar umas andorinhas para ocupar as ausentes que na entrada partiram com as limpezas.
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Os socos ficam para amanhã, mas ainda comprei dois cintos que parecem bons e estavam a bom preço e dois pares de meias de lã, branca, daquelas que antigamente picavam mas que agora vêm sem picos. Modernices, mas mesmo assim parecem quentinhas.
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Pelo caminho, além das barracas, há também os peditórios do costume, com uns a mostrar as suas maleitas e deficiências, com outros a angariar fundos para as suas causas e outros ainda com uma mostra das suas artes, como os músicos da América do Sul, os palhaços dos balões ou o rapaz e o cão da concertina, entre outros.
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E com isto já a noite caiu e o cansaço apodera-se do corpo, pois os anos já começam a pesar um pouco. Está na hora de regressar à casinha, mas antes há que recolher as crias pois os Santos quando chegam cá à terrinha é para todos e eu, felizmente, ainda tenho memória dos meus tempos de cria e de como gostava destes dias de diversão que se repartiam entre carrosséis e os matraquilhos, a empreitada de roubar o pretinho enquanto se comprava a bolinha de serrim com elástico e o deambular pela feira para cima e para baixo na companhia dos amigos de escola. No entretanto, não deixamos que o olhar se distraia e há sempre um momento de poesia a registar.
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Chegada a noite, o sofá convida para o repouso, mas antes, há de novo que levar as crias à noite dos Santos, hoje já com a liberdade que a idade lhes permite para mais tarde recolher.
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E só falta falar do tempo deste ano que, para o primeiro dia de Santos, começou meio fresco, mas ainda com tempo de quase verão. A meio da manhã aqueceu e foi indo assim até meio da tarde, quando começo a refrescar, mas, agora, neste preciso momento, chove a bom chover, mas pode ser que seja só durante a noite, pois para amanhã ainda há feira, ainda tenho de ir comprar os socos, ainda tenho de tomar umas fotos, ainda tenho de ir espreitar as Freiras e, às 17H30 tenho encontro marcado na Adega do Faustino para inauguração dos “30 Olhares Sobre a Romana”. Apareçam, pois estão todos convidados.
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Claro que hoje deixo apenas alguns olhares, dos muitos olhares registados, de barracas e mais barracas, gente e mais gente, pormenores, arte e artistas, entre outras coisas interessantes que foram despertando um clique, mas para já, ficam estes.
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E por hoje é tudo. Amanhã, com chuva ou sem chuva, há mais, no dia em que os nuestros amigos galegos ajudam à festa, mas também a televisão (não sei qual, mas é uma delas) com toda a tarde a transmitir em direto desde as Freiras.