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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

11
Jun23

Alminhas, nichos, cruzeiros e afins... Freguesia de Lamadarcos

Lamadarcos e Vila Frade


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Habitualmente nesta rubrica das alminhas e outros símbolos religiosos, trazemos aqui uma aldeia do concelho de Chaves. Hoje, excecionalmente, vamos deixar aqui uma freguesia com as suas duas aldeias, isto porque nos surgiu uma dúvida, pois não sabíamos a qual das aldeias da freguesia deveríamos atribuir a “pertença” de um pequeno santuário que existe na freguesia, assim, e como supomos que “pertence” a ambas as aldeias, embora mais próximo de uma delas, fazemos um post dedicado a toda a freguesia, pensamos que é o mais justo, e assim, da nossa parte, ficamos com o assunto resolvido e a consciência tranquila.

 

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Santuário de Santa Marta

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Igreja espanhola de Lamadarcos

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Igreja "portuguesa" de Lamadracos

Então a freguesia é a de Lamadarcos e as aldeias são a própria aldeia de Lamadarcos e a de Vila Frade, onde no total existem três igrejas, um pequeno Santuário com devoção a Santa Marta, um cruzeiro e um conjunto de cruzes a encimar um pombal com uma arquitetura muito curiosa a fazer lembrar uma coroa monárquica.

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Santuário de Santa Marta

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Igreja de Vila Frade

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Interior da Igreja de Vila Frade

 

Estes elementos de arquitetura religiosa estão assim distribuídos:

Em Lamadarcos temos duas igrejas, a Igreja Matriz cuja padroeira é a Nossa Senhora da Conceição, também conhecida pela igreja portuguesas, isto porque a outra igreja é conhecida como a igreja espanhola, isto por causa da origem de ambas que remonta ao tempo em que  Lamadarcos era uma aldeia promíscua, isto é, tinha duas nacionalidades, sendo dividida a meio pela linha de fronteira que separava os então reinos de Espanha e Portugal, daí existir em cada um dos lados da aldeia uma igreja, e assim foi até  o tratado de fronteiras de 1864 em que as três aldeias promíscuas então existentes no concelho de Chaves (Soutelinho da Raia, Cambedo e Lamadarcos) passaram a pertencer apenas a Portugal em troca do Couto Misto que passou na totalidade para Espanha.

 

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Igreja espanhola de Lamadarcos

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Interior Igreja espanhola de Lamadarcos

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Interior Igreja espanhola de Lamadarcos

Em Vila Frade por sua vez existe uma igreja, um cruzeiro e as tais cruzes que encimam o atrás mencionado pombal.

 

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Pombal em Vila Frade

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Igreja Matriz de Lamadarcos (portuguesa)

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Igreja espanhola de Lamadarcos

O pequeno Santuário com devoção a Santa Marta está isolado e relativamente distante de ambas as aldeias, embora mais distante de Lamadarcos e fica no limite da freguesia que confronta com a freguesia de Vila Verde da Raia.

 

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Igreja portuguesa de Lamadarcos

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Cruzeiro de Vila Frade

Tal como relembramos sempre nesta rúbrica, para a levarmos a efeito apenas recorremos àquilo que temos em arquivo das visitas que fizemos às aldeias, então ainda sem esta rubrica existir, ou seja, então não tínhamos a preocupação  de andar à procura deste elementos religiosos, daí poder falhar algum, mas como habitualmente, prometemos que na próxima visita a cada uma das aldeias já levaremos essa preocupação e se alguma coisa falhou hoje, em tempo oportuno reporemos a verdade com um post extra à freguesia ou à respetiva aldeia.

 

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Imagens do interior da Igreja de Vila Frade

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Para finalizar fica o nosso mapa de localização/inventário devidamente atualizado.

Resto de um bom fim de semana.

 

 

13
Ago22

Alminhas, nichos, cruzeiros e afins... - Parada

Aldeias do Concelho de Chaves


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O nosso destino de hoje é feito de dois destinos, um é a aldeia de Parada e o outro é o São Gonçalo, um pequeno santuário na foz do rio Mousse, santuário esse que é partilhado com a aldeia de Orjais, pelo menos nas celebrações dos atos religiosos que lá se praticam, isto pela sua localização geográfica de ficar equidistante das duas povoações.

 

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Contando com o Santuário de São Gonçalo, onde existe uma pequena capela e um nicho de construção mais recente, hoje podemos contabilizar cinco representações religiosas, contando o santuário como uma delas, mais duas representações em Parada, um cruzeiro descoberto no largo da aldeia, com uma coluna de granito assente num cilindro e encimado por uma cruz simples, sem qualquer imagem. Também sem imagens se encontra um pequeno nicho de granito, incrustado numa parede, aparentemente de uma antiga construção, e que tudo indica terem sido umas antigas alminhas pintadas na própria pedra ou em madeira, mas não existem quaisquer vestígios de tal.

 

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A simplicidade impera em todas estas representações religiosas, incluindo no santuário que outrora se resumia à pequena capela, mas que consta ser muito concorrido pelo pessoal das redondezas e outros forasteiros quando tem a sua festa. Embora localizado num lugar ermo, onde hoje, penso, que não vive ninguém, pelo menos da última vez que passei por lá assim acontecia, vai recebendo durante o ano algumas visitas e residentes temporários, pescadores, mas também outro pessoal que vai para lá, sobretudo de verão, para desfrutar do parque de merendas e das águas do rio Mente, onde desagua o rio Mousse.

 

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Fica também a referência que este santuário está mesmo no limite do concelho de Chaves (Rio Mente) mas também no limite do distrito de Vila Real, pois do outro lado do rio Mente já são terras do concelho de Vinhais, distrito de Bragança. Por sua vez o território da aldeia de Parada também confronta com o concelho de Valpaços.

 

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Para terminar, ficam uma palavrinhas para o pessoal de Orjais, pois eu sei que o São Gonçalo fica no vosso território administrativo da freguesia, como também sei que a partilha com o pessoal de Parada é apenas de celebração, de fé e festa do santo, daí que fica prometido que na passagem desta rubrica pela aldeia de Orjais, o santuário do São Gonçalo não será esquecido.

 

Por último fica o nosso mapa/inventário devidamente atualizado.

 

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Resto de um bom fim-de-semana!

 

 

23
Jul22

Alminhas, nichos, cruzeiros e afins... Nogueirinhas

Nogueirinhas - Chaves - Portugal


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Ao longo da vida deste blog, os sábados, têm sido reservados para o nosso mundo rural flaviense. Já fizemos várias rondas pela totalidade das nossas aldeias, quer com posts simples, pelo menos um post completo por aldeia, depois fizemos a ronda do post vídeo, em que cada aldeia teve direito ao seu vídeo e, ultimamente, estamos com a rubrica “Alminhas, nichos, cruzeiros e afins”, em que a ideia inicial era fazer jus ao título e deixar as capelas e igrejas para uma segunda série só a elas dedicada. Mas, embora os temas iniciais deem panos para mangas a verdade é que, mesmo assim, algumas aldeias iriam ficar de fora desta ronda, pelo que, vimo-nos obrigado a alargar a temática às capelas e igrejas, dividindo as igrejas em românicas e restantes.

 

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Estes posts tentarão ser completos para cada aldeia, ou seja, trazerem aqui tudo que nas aldeias existe sobre a temática, mas, pois há sempre um mas, o post poderá não ser completo, por uma razão, a de que no nosso arquivo poderemos não ter registos de todos esses símbolos religiosos, isto porque quando fizemos as nossas visitas às aldeias, e a última já lá vai há uns anos, esta rubrica ainda não existia e daí não termos tido a preocupação de andarmos à procura deles ou perguntar nas aldeias se tais existiam. Hoje e nos próximos tempos fazemos fazendo os posts com aquilo que temos em arquivo, mas fica prometido que haverá uma nova ronda pelas aldeias flavienses e aí já teremos em atenção esta temática.

 

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Acrescentámos e alterámos também na legenda do nosso mapa de localização/inventário os símbolos das capelinhas e capelas, igrejas, igrejas românicas e cruzes/padrões funerários, estas(es) últimos não são os dos cemitérios, onde naturalmente abundam, mas antes aquelas cruzes/padrões que aqui e ali se vão erguendo à beira dos caminhos e estradas, ou outros locais, assinalando mortes violentas, devido a acidentes viários, atropelamentos, afogamentos ou mesmo assassinatos. Mortes que em geral são de pessoas mais jovens, que aconteceram fora de tempo e do seu meio mais familiar. Estes símbolos funerários são também um dos traços da cultura portuguesa, erguidos pelos familiares das vítimas em sua homenagem e lembrança, apelam também orações aos crentes implorando pela salvação dos que aí morreram. Cruzes/padrões funerários que alguns são erguidos sem qualquer registo de identificação dos que aí tombaram, mas que noutros têm os nomes das pessoas, o dia da morte e às vezes até fotografias, assemelhando-se em tudo uma lápide fúnebre de cemitério.    

 

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Depois desta introdução explicativa e mais longa que o habitual, entremos então nas Nogueirinhas, onde já para trás deixamos em imagem a sua capela e uma cruz funerária em cima de uma rocha da barragem das Nogueirinhas. Já de seguida fica um cruzeiro sem cobertura, de construção recente (já deste século), junto à estrada entre as Noguerinhas e Curral de Vacas, que foi construída aquando da construção da barragem, um cruzeiro descoberto, com uma cruz com cerca de 3 metros de altura, em granito, com cristo crucificado numa imagem metálica tridimensional, a cruz é assente numa base também em granito (cubo), assente num pequeno patamar quadrado, servido em todas as faces por dois degraus.

 

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O Santuário de Santa Luzia

 

Já por aqui tinha dado notícia da existência deste santuário em honra de Santa Luzia. Trata-se de um santuário privado, implantado em terrenos privados, mas com acesso público. Pelas informações que então obtive, trata-se de um santuário erguido recentemente (as imagens são de 2016) por uma pessoa natural da aldeia, então residente nas proximidades, e que eu saiba, é mesmo um santuário erguido por devoção dessa pessoa. Se o termo de arte naïf  se pudesse aplicar aos santuários, este seria um santuário naïf, pois embora seja erguido em honra de Santa Luzia, nele temos representada a aparição e Nossa Senhora de Fátima aos pastorinhos, com a imagem da Senhora e dos três pastorinhos sem faltarem as ovelhas, mas pelo meio temos ainda imagens do Cristo Rei, de Santo António e num ponto mais elevado as três cruzes do Calvário, estas simples, em troncos de madeira, sem as figuras de cristo e dos dois ladrões que o acompanhavam na crucificação.

 

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O lugar é bonito, quando lá fomos o verde da erva, bem aparada, cobria todo o chão, pelo meio umas oliveiras e sobreiros compunham o espaço, ao fundo alguns pinheiros rematavam o santuário. As rochas e elevações foram aproveitadas para colocar as imagens, à exceção das ovelhas que estava um pouco dispersas a pastar pelo recinto. A Norte o santuário remata num talude encimado por um caminho de terra batida, excelente para ver todo o conjunto. No meio, existia ainda uma pequena plataforma em cimento, sem degraus, apenas elevado do solo em cerca de 10 cm, coberto com um toldo, que segundo informações era um espaço reservado para celebrações religiosas, onde segundo apurei também na altura da nossa visita, já se celebrou lá missa campal.

 

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Para terminar, fica o nosso mapa de localização/inventário com mais uma capela, um cruzeiro, uma cruz funerária e um “Santuário”.

 

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Resto de um bom fim-de-semana.

 

 

 

14
Mai22

Aldeias de Chaves - Abobeleira

Alminhas, nichos, cruzeiros e afins...


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Para além dos mosteiros, catedrais, igrejas, capelas e capelinhas, os cruzeiros, alminhas, cruzes, calvários, nichos, cruzes dos mortos e santuários, fazem parte das culturas cristãs e católicas, como a nossa, onde quer sejamos mais ou menos religiosos, crentes, menos crentes ou não crentes, vivemos essa e nessa cultura, com as suas celebrações, festas e tradições às quais nos associamos e também celebramos.

 

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Assim, em todo o nosso Portugal, existem estes elementos religiosos construídos pelo homem que desde há mais, ou menos, centenas de anos ou mesmo mais recentes, fazem a arquitetura religiosa que vais desde os grandes mosteiros, catedrais, igrejas, etc que existem em maior ou menor quantidade em todas as localidades, mas também em elementos mais simples, espalhados por todo o nosso território, erguidos ao longo dos caminhos, encruzilhadas, muros, numa curva da estrada ou mesmo em lugares ermos onde ninguém passa ou raramente se vai, como aqui bem perto, no barroso, o São João da fraga erguido lá bem em cima de um pico dos picos da serra do Gerês.

 

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Qual ou quantas(os) das nossas aldeias, caminhos rurais, encruzilhadas, uma curva ou reta de estrada não têm um destes elementos da arquitetura religiosa, como alminhas, cruzeiros ou uma simples cruz que seja a assinalar o lugar da morte de em ente querido.

 

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Elementos de arquitetura religiosa que fazem também parte do nosso património cultural e arquitetónico e que nem sempre é tratado ou preservado como deve ou deveria ser, e que me conste, nem sequer inventariado está, pelo menos na sua totalidade. Coisa que já não é de hoje e ao longo dos tempos, lá vai havendo quem se lembre da sua preservação, pelo menos a julgar por alguns documentos.

 

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Esbarramos sem querer com um desses documentos datado dos inícios do século passado, mais precisamente com a 4ª Série — Tomo X, Nº9 do Boletim da Real Associação dos Architectos Civis e Archeologos Portuguezes, que sobre os pelourinhos e cruzeiros  dirigem uma missiva ao Sua Majestade o Rei de Portugal onde se pode ler:

“«Senhor:

«Não tem o governo de Vossa Majestade descurado da conservação e restauração dos monumentos de maior importancia historica, ou archeologica; existem, porém, dispersos em todo o paiz uns pequenos monumentos, que tambem devem merecer os cuidados do mesmo governo; referimo-nos aos pelourinhos e cruzeiros, muitos dos quaes são de subido merecimento.

«.As camaras municipaes, as juntas de parochia e irmandades fabriqueiras por diversas circumstancias não teem curado delles, como convinha, e por isso muitos se encontram mutilados, e alguns já foram destruidos.

«Para obstar á mutilação ou destruição completa de taes monumentos foi apresentada nesta Associação pelo seu consocio Sebastião da Silva Leal urna. proposta relativa a pelourinhos, a qual se tornou extensiva a cruzeiros por proposta do consocio Monsenhor Alfredo Elviro dos Santos.”

 

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Tal pedido teve os seus efeitos e a Real Associação dos Architectos Civis e Archeologos Portuguezes enviou uma circulara a todas as Câmaras Municipais a pedir o empenho das mesmas para que cuidassem e recuperassem os seus monumentos religiosos e em especial os pelourinhos e cruzeiros.

 

Circular à qual a Câmara Municipal de Chaves de então responde assim:

 

“Chaves, 12 (de janeiro de 1906).— «Accusando a recepção do officio Circular . ... tenho a honra de participar a V. Ex.a que esta Camara o tomou na devida consideração e vae fazer os possiveis esforços no sentido de alguma coisa conseguir, restaurando alguns dos monumentos a que V. Ex." se refere. «Em Chaves existiram, pelo menos, 4 pelourinhos. Se se obtiverem os elementos necessarios para a desejada restauração, esta Camara o noticiará a V. Ex.·»

 

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E a então Câmara Municipal informou e bem (o negrito e sublinhado é nosso “…em Chaves existiram, pelo menos, 4 pelourinhos”. Do mal o menos, pelo menos um desses quatro, ainda o podemos apreciar na praça da República, em Chaves, quanto aos outros, não sei qual o seu paradeiro.  

 

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As imagens de hoje são todas da aldeia da Abobeleira, onde deixamos 2 cruzeiros, um nicho e um santuário, este último não é em honra de uma aparição, milagre ou santo, mas antes fruto do trabalho de um homem que, suponho,  queria um santuário à porta de casa, e como tal não existia, construiu-o.

 

 

05
Jan19

São Caetano - Chaves - Portugal


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Como há anos vem sendo hábito neste blog, os sábados e domingos são para as nossas aldeias, ou melhor, para o nosso mundo rural, tudo aquilo que vai além da cidade, pois as nossas montanhas, rios, paisagens, etc, também têm aqui lugar, mas também os nossos santuários, lugares de culto, que embora pertença de uma freguesia, não são aglomerados populacionais, tal como acontece com o Santuário do São Caetano que hoje vamos ter aqui.

 

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São Caetano que, rara é a semana em que neste blog não é referido, pois é por lá que passamos para a maioria dos nossos itinerários do Barroso. Talvez pela frequência das nossas passagens e das vezes que aqui o mencionamos, o desprezamos tanto sem o desprezar. Eu explico melhor não vá ser mal-entendido. Então é assim, o nosso desprezo está em não fazermos do S. Caetano uma paragem obrigatória quando por lá temos de passar, mas talvez isso sejam ordens do nosso subconsciente, pois quando nos dá para lá parar, há qualquer coisa naquele santuário que nos prende a ele e vamos fincando. Não que haja qualquer mal nisso, apenas, quando por lá passamos vamos com o tino noutro destino e daí o nosso subconsciente sussurrar baixinho ao nosso consciente a dizer: “não pares, não pares!” – Só pode ser assim.

 

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Pois prometo que amanhã, dia de termos por aqui mais uma aldeia do Barroso, vou fazer passar por lá o nosso itinerário e recomendar uma paragem no São Caetano. Claro que terá de ser breve, senão não poderemos cumprir o nosso itinerário pelo Barroso. E eu próprio prometo que na próxima passagem por lá, vou desativar o meu subconsciente e deixar que o meu consciente me permita lá parar, isto, nem que seja e só porque quando hoje abri o meu arquivo de fotografias do São Caetano, corei de vergonha, pois a passar por lá amiúde, a saber que me faltam registar ainda alguns dos seus motivos e verifiquei que a última vez que fiz registo já foi em 2013. Imperdoável.

 

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No nosso concelho de Chaves existem alguns santuários, como o da Nossa Senhora da Saúde em S.Pedro de Agostém, o da Nossa Senhora da Aparecida em Calvão, onde reza a história religiosa apareceu Nossa Senhora, ainda antes dos aparecimentos de Fátima, e temos ainda o Santuário da Senhora do Engaranho em Castelões, no entanto dos quatro mencionados, os que apelam mais a devoção dos crentes, são o Santuário de Nossa Senhora da Saúde e o do S.Caetano, mais este último, pelo menos para a população flaviense, para onde parece ser também o santo preferido para encaminhar as suas promessas, incluindo as promessas de cera que são guardadas em local próprio no santuário.

 

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As caminhadas a pé dos flavienses ao S.Caetano costumam ser habituais durante todo o ano, mas com maior significado na altura da celebração da festa do Santo, aí são aos milhares as pessoas que durante o dia e toda a noite se dirigem ao santuário, por promessa ou meramente por tradição. Festa que se realiza no domingo 7 de agosto ou, quando o 7 de agosto não coincide com o domingo, no primeiro domingo a seguir ao 7 de agosto.

 

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A data da festa do São Caetano coincide com a morte deste Santo italiano, natural de Vicenza.

Caetano de Thiene (Gaetano di Thiene) nasceu em Vicenza, em outubro de 1480 e morreu em Nápoles, a 7 de agosto de 1547 . Foi um sacerdote católico italiano, beatificado em 8 de outubro de 1629 pelo papa Urbano VIII e canonizado em 1671 pelo papa Clemente X.  Formado em Direito, São Caetano ficou responsável pela fundação da Ordem dos Clérigos Regulares da Divina Providência, chamados de "teatinos", uma ordem religiosa católica masculina sob a qual os sacerdotes nada deviam possuir ou pedir. Fundou ainda um hospital para os incuráveis, entre outros atos de ajuda aos mais pobres . É conhecido como o Santo da Providência, Patrono do pão e do trabalho. É ainda padroeiro dos gestores administrativos, das pessoas que procuram trabalho e dos desempregados.

 

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O São Caetano,  lugar de devoção, de culto, de peregrinação e de tradições era um dos lugares que o grande poeta e escritor português Miguel Torga visitava aquando das suas estadias na cidade de Chaves, fazendo nessas visitas alguns registos que constam nos seus diários:

 

São Caetano, Chaves, 12 de Setembro de 1988

Padroeiros da nossa devoção! São tantos, e não chegam para os milagres de que necessitamos.

 

Miguel Torga, in Diário XV 

 

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Chaves, 26 de Agosto de 1990

Visita sacramental a S. Caetano, um santo fronteiriço que tem na terra os serviços administrativos modelarmente organizados. «Meta as esmolas nos petos» — avisam os letreiros. E lá estão as tulhas para os cereais, a grade para os galináceos, e o orifício aberto na parede granítica da capela para encarreirar a pecúnia. Peregrino anual e céptico, não peço ao orago graças que sei que não pode conceder a um mau romeiro. Bebo-lhe a água gelada da fonte de três bicas, regalo os olhos na paisagem aberta e larga, espreito o cemitério visigótico precariamente preservado e fico satisfeito. Mas volto sempre, e sempre com a mesma curiosidade e disponibilidade emotiva. A minha bem-aventurança começou quando abri os olhos no mundo e há-de acabar assim, quando, já cansado de tanto o ver e surpreender, os fechar.

Miguel Torga, in Diário XVI

 

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O cemitério visigótico que Torga atrás refere, segundo o Portal do Arqueólogo, trata-se de uma Necrópole, localizada sob o Santuário de São Caetano, uma importante estação arqueológica romana e medieval. A primeira referência à estação arqueológica é feita pelo Coronel Mário Cardozo que interveio em 1942 quando as obras no santuário puseram a descoberto várias estruturas e sepulturas pertencentes a uma necrópole romana assim como um templo alti-medievo e uma necrópole alto-medieval com 27 sepulturas.

 

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Sem qualquer sombra de dúvidas que o São Caetano é um lugar de atração religiosa, devoção e culto mas que poderia muito bem ser também de atração turística, tanto mais que num raio de 2 quilómetros temos 3 santuários, o do São Caetano, da Srª do Engaranho (Castelões) e da Nossa Senhora da Aparecida (Calvão). Estes dois últimos localizados junto a aldeias bem interessantes, e o São Caetano também bem próximo, além destas últimas duas aldeias, num raio de 3 a 4 quilómetros tem igualmente aldeias interessantes e tipicamente transmontanas, barrosãs e galegas, a saber: Soutelinho da Raia, Couto de Ervededo, Agrela, Torre de Ervededo e Videferre, Espiño e Bousés, estas três últimas galegas. Poderão ver algumas destas aldeias num post que em tempos lhe dediquei neste blog, fica o link:

https://chaves.blogs.sapo.pt/a-galiza-aqui-ao-lado-aldeias-da-raia-1428927

 

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Claro que quando digo que estes locais poderiam ser pontos turísticos por excelência, não bastará indicá-los e localizá-los como tal, longe disso, pois primeiro há que fazer o trabalho de casa. Um trabalho conjunto que teria de envolver municípios e outras entidades, nomeadamente as responsáveis pelo turismo. Digamos que temos assim como um diamante em bruto que precisa de especialistas para o lapidar

 

 

E por hoje é tudo, ficam as referências às consultas:

 

BIBLIOGRAFIA

TORGA, Miguel - Miguel Torga Obra Completa, Diário (Volumes XIII a XVI), Circulo de Leitores, Rio de Mouro, 2001.

 

WEBGRAFIA

http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/index.php?sid=sitios.resultados&subsid=55983

 

 

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