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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

28
Ago22

O Barroso aqui tão perto - Freguesia de Sapiãos

Freguesias do Barroso - Concelho de Boticas


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Freguesia de Sapiãos - Boticas

 

Como vem sendo habitual, a seguir à abordagem das aldeias de uma freguesia do concelhio de Boticas, deixamos aqui um resumo da freguesia, com alguns dados respeitantes à freguesia que não foram abordados nas suas aldeias. Assim como as duas últimas publicações diziam respeito às aldeias de Sapiãos e Sapelos, cuja sede de freguesia é a aldeia de Sapiãos, aqui fica o resumo dessa freguesia.

 

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Neste resumo, as imagens já foram todas publicadas nos artigos dedicados a cada uma das aldeias. Hoje fica apenas uma seleção com imagens das duas aldeias, Já os mapas, embora também tivessem sido publicados, têm algumas alterações de modo a adaptá-los à freguesia, nomeadamente o itinerário para chegar até à freguesia de Sapiãos, sempre a partir da cidade de Chaves, que, uma vez que Sapelos fica a caminho de Sapiãos, será apenas um.

 

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Claro que quando abordamos uma aldeia, em geral, deixamos aqui imagens das paisagens das aldeias/freguesia, do seu casario, de alguns pormenores de ruas e alguns dos seus motivos de interesse, mas as aldeias são feitas à imagem das pessoas que a habitam, a sua população. Mas hoje em dia essa imagem está um bocadinho deturpada, pois quase sempre a imagem da aldeia no seu conjunto, não corresponde à da sua população, isto é, ao contrário do que acontecia há umas dezenas de anos atrás, em que havia menos habitações, mas muitos habitantes, hoje, relativamente, acontece o contrário, há mais habitações, mas menos habitantes.

 

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E esta freguesia de Sapiãos até tem sido um bocadinho atípica em relação ao comportamento da população das restantes freguesias, isto porque entre os anos de 1864 e 1950 manteve mais ou menos a mesma população residente, mesmo nos Censos de 1920 em que quase todas as freguesias viram a sua população residente a diminuir consideravelmente, isto devido a três fatores, I Grande Guerra, emigração e a pandemia da gripe espanhola ou pandemónica, na freguesia de Sapiãos apenas perdeu 100 habitantes. No único Censos em que o comportamento é idêntico ao das restantes freguesias, é no de 1960, em que a população cresce em mais de 300 habitantes em relação aos Censos de 1950, atingindo um total de 1.286 habitantes. Já o comportamento pós 1960, embora com uma descida de população considerável, visto que atualmente a população da freguesia é de apenas 488 habitantes, graficamente desceu a pique de 1960 para 1970, mas a partir de aí a descida tem sido suave, ao contrário da maioria das freguesias (do concelho, do Barroso e da região) em que a descida é constante e muito mais acentuada, exceção para as sedes de concelho, vilas e cidades e, um ou outro caso isolado. Os porquês desta descida constante nos últimos 50 anos são conhecidos de todos, primeiro pela emigração para o estrangeiro ou migração das populações rurais para as sedes do concelho e outros grandes centros. Segundo, ainda a ver com a emigração, porque grande parte dos nossos emigrantes atuais já não regressam à sua aldeia de origem, ou simplesmente não regressam, terceiro, o não regresso da maioria dos nossos jovens, e não jovens, com formação académica superior, por não encontrarem na sua aldeia ou mesmo na sede de concelho trabalho compatível com a sua formação. Por último a redução drástica da taxa de natalidade. E sobre o assunto, ficamo-nos por aqui, pois hoje o tema é a freguesia de Sapiãos.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Quanto às nossas considerações pessoais sobre Sapiãos e Sapelos, bem como outras características próprias de cada uma das aldeias, já as fomos deixando nas publicações que fizemos para cada uma das aldeias, daí, chegamos àquela parte em que passamos a transcrever o que se diz na “Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas” - separata da freguesia de Sapiãos. Desde já fica o aviso que se trata de uma edição da Câmara Municipal de Boticas do ano do mês de maio de 2006, pelo que há informação que poderá não estar atualizada, nomeadamente no que respeita a associações existentes e população atual. Só uma nota explicativa para a localização/itinerário que se vai fazer para as duas aldeias, pois enquanto que a nossa (que ficou atrás) é feita com o ponto de partida desde a cidade de Chaves, no texto que se vai seguir, o ponto de partida é a feito desde a vila de Boticas.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Freguesia de Sapiãos

 

A freguesia de Sapiãos, localizada a Este da vila de Boticas, confronta com várias freguesias: a Norte com Bobadela e Ardãos, a Este com Redondelo do concelho de Chaves, a Sul com Pinho e a Oeste com Granja e Cervos do concelho de Montalegre.

 

É constituída pelas aldeias de Sapiãos, sede de freguesia, e Sapelos, o acesso viário faz-se seguindo pela EN 312 até aparecer a indicação Sapiãos, por seu lado, para Sapelos segue-se pela EN 103 em direcção a Chaves.

 

A aldeia de Sapiãos encontra-se disposta na encosta Sul da Serra do Leiranco e a aldeia de Sapelos junto à encosta Norte da Serra do Facho. Protegidas a toda à volta por serras e montes, os seus pastos e campos de cultivo estendem-se ao longo da planície do Terva.

 

A freguesia ocupa uma área total de 21,1 Km2.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

O desenvolvimento da população desta freguesia de Sapiãos acompanhou o movimento demográfico que caracteriza toda a região de montanha no Norte de Portugal tipificada por uma diminuição progressiva da população, com uma pirâmide etária invertida, onde os grupos etários mais baixos são diminutos e a população envelhecida aumenta.

 

Actualmente, tem aproximadamente 526 habitantes, sendo uma das freguesias com mais população o que em parte se explica dada a proximidade relativamente à sede do concelho. Todavia, seguindo a tendência que se verifica na generalidade das freguesias do concelho, esta freguesia tem vindo a assistir ao decréscimo da sua população, sendo que nos últimos 40 anos perdeu aproximadamente 59,1% da sua população residente. O gradual decréscimo da população que se registou, deve-se essencialmente à intensificação dos fluxos migratórios que se verificaram a partir os anos 60. Muitos foram os que partiram para o estrangeiro, para países como os Estados Unidos, Brasil, França e para outras regiões do país, em busca de melhores condições de vida. (E) migrar continua a ser uma opção para a população mais jovem dada a limitação local de ofertas de emprego.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Assim, quem permanece nas aldeias é essencialmente uma população marcadamente envelhecida, apenas um quarto dos 526 residentes tem menos de 25 anos.

 

Os níveis de alfabetização desta população residente são baixos, acompanhando o seu nível de envelhecimento, destacando-se o número elevado de pessoas sem nenhuma qualificação académica. Esta situação excepcional é suportada pelo elevado número de idosos, alguns deles regressados da (e)migração, em situação de aposentados.

 

No que se refere à área de actividade, a maior parte da população local, continua a dedicar-se à agricultura, essencialmente te de subsistência e à pecuária. Alguns trabalham na construção civil e no pequeno comércio local e outros na área dos serviços em instituições do concelho (Município de Boticas, Euronet, Santa Casa da Misericórdia etc.).

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Na freguesia existem vários restaurantes, mini-mercados, cafés e pequenos salões de jogos onde os mais jovens se distraem.

 

Nas horas de ócio e sempre que o tempo permite as pessoas, especialmente os mais idosos, ainda têm o hábito de se juntarem nos principais largos das aldeias e junto aos cafés a conversar.

 

Em termos associativos existem na freguesia a Associação Cultural, Recreativa e Desportiva da Serra do Leiranco - Sapiãos, o Sporting Club de Sapiãos, a Associação Filarmónica, Cultural e Recreativa de Sapiãos e o Motoclube Unidos do Barroso.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

MARCAS DO SEU PASSADO

 

Não é fácil conhecer o dia primeiro da origem da maioria das paróquias e freguesias. Excluindo uma ou outra que vem identificada nos documentos antigos, a maioria das aldeias têm origem desconhecida no tempo. Umas mais antigas outras de origem mais recente, sabe-se que a maioria destas aldeias são formadas a partir do agrupamento de famílias unidas por laços de parentesco ou afinidades económicas e profissionais que se organizaram em comunidade. Muitas das aldeias de Barroso têm a sua origem histórica no movimento de reconquista e povoamento do território iniciado com a formação do Reino de Portugal em 1143 e posterior fixação de uma ou mais famílias de povoadores. Teve particular desenvolvimento a partir dos finais do século XIII. Estes povoadores eram atraídos por contratos de aforamento cujos termos eram favoráveis à sua fixação, traduzidos em pagamentos de foros de valor acessível. Estes contratos são conhecidos como o processo de enfiteuse e eram promovidos indistinta mente pela Coroa e/ou pelas Casas Nobres e Senhorios Eclesiásticos.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

São conhecidos alguns contratos de aforamento para as terras de Barroso o que nos permite pensar que a grande maioria das suas aldeias e povoados tiveram origem neste modo de povoamento[i]. Alguns contratos de aforamento são disso testemunho como é o caso do aforamento da "Póvoa" de Lavradas, feito nos finais do século XIII (1288 da era Cristā), no tempo do Rei D. Dinis, e que, tudo o indica, está na origem da actual aldeia de Lavradas[ii].

 

Sapiãos parece enquadrar-se neste modelo de ocupação e povoamento do território embora haja vestígios de ocupação civilizacional mais remota. Perto de Sapelos, entre esta aldeia e a de Nogueira, da freguesia de Bobadela existem vestígios de uma extensa escavacão mineira de ouro levada a cabo pelos povos árabes e romanos - O Poço das Freitas - que, certamente, deu lugar a determinadas formas de povoamento entretanto extintas. A doação do foral de Sapiãos em 1251 configura uma região. então despovoada, que era preciso ocupar e desenvolver como nele determina: que vós e toda a vossa posteridade tenhais a dita herdade e a povoeis[iii].

 

Em 1527 aparecem identificadas no “Numeramento” mandado fazer por D. João III, as povoações de Sapelos com 13 moradores, isto é fogos, e a de Sapiãos com 42 o que dá um número aproxima do de duzentas pessoas[iv].

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

OS CASTROS DE SAPIÃOS E OUTROS VESTÍGIOS ARQUEOLÓGICOS

 

No termo da freguesia de Sapiãos existem monumentos proto-históricos, romanos e medievais.

 

Os Castros do Muro (Casas dos Mouros) junto à EN 103 (Chaves-Braga) e o Castro da Cerca (Sapelos) com as mu ralhas ainda bem visíveis, são um testemunho da ancestralidade daquela aldeia. Dos romanos chegam-nos as pequenas vias de acesso à grande Via Romana, que ligava Bracara Augusta a Aquae Flaviae, seguindo depois para Asturica Augusta, em Espanha.

 

A atestar a antiguidade da povoação estão ainda as várias sepulturas antropomórficas escavadas na rocha e a sua igreja românica datada do século XIII.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

O FORAL DE SAPIÃOS

 

Algumas comunidades rurais tinham o reconhecimento régio ou senhorial de escolherem os seus próprios governantes através da carta de foral que lhes concedia o privilégio de constituírem os órgãos do seu governo. Daí sobrevieram várias formas de autonomia mais ou menos amplas. Eram expressas em cartas de foral ou outras formas de reconhecimento como os concelhos, que tomavam o nome de honras, coutos, concelhos, vilas e cidades, correspondendo a cada uma destas designações uma determinada dignidade municipal normalmente expressa na composição dos órgãos e corpos municipais. Mais simples nas primeiras e mais complexos nas últimas embora com estrutura e organização diversifica da de concelho para concelho[v].

 

Por concelho deve entender-se uma comunidade de moradores vizinhos dotados de autonomia administrativa, uma identidade colectiva de população e território. Uma ou mais aldeias e freguesias que juntas se governam por um conjunto de acórdãos, que comprometem e integram toda a actividade da população nos dominios económico, judicial, religioso e administrativo.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Ainda que tenhamos feito uma pesquisa não exaustiva do foral de Sapiãos não parece ter resultado uma autonomia municipal como vulgarmente se julga em relação à outorga de uma carta de foral. A verdade é que o Foral de Sapiãos tem o título de "foral que el rei D. Afonso concedeu ao concelho de Sapiães" o que prefigura a existência de concelho. Os documentos posteriores é que não confirmam a existência de uma comunidade com governo próprio e órgãos municipais constituídos. O referido Numeramento de 1527 é disso testemunho pois na descrição do “titulo da vila de Mõte Alegre de Barroso não refere a existência do concelho de Sapiãos ainda que o faça para os então existentes concelhos de Vilar de Vacas ( que mais tarde toma o nome de Ruivães), e o couto de Dornelas[vi]. Situação que se verifica também nos meados do século XVIII quando Sapiãos é referida como estando sob a autoridade do juiz de fora de Montalegre..

 

Alexandre Herculano verificou efetivamente que muitas cartas de aforamento de herdades reais a um ou mais foreiros, passadas por D. Afonso III, se transformaram em povoações. Parece ser o caso de Sapiãos que, como o foral prescreve, consta de uma herdade que o rei doa a um casal com a obrigação de a conservar e a povoar tendo por recompensa a protecção real[vii].

 

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

UM DOCUMENTO DE 1758

 

No ano de 1758 o Rei D. José através do seu ministro Marquês de Pombal desenvolveu um inquérito a todas as paróquias do Reino de Portugal continental que hoje se encontram no IAN/TT.  Este inquérito que foi respondido pelos párocos das freguesias era composto de três partes. A primeira respeitante à paróquia onde se tratava de saber da sua história, produções agrícolas, população, instituições locais, igreja e capelas com suas devoções e romagens, a segunda tratava da serra e das suas características, se tinha lagoas e nascentes, monumentos, capelas, caça e a terceira perguntava sobre os rios e ribeiros que nela existissem assim como das levadas, represas, moinhos, pisões e culturas nas suas margens. É graças a este inquérito que se pode obter uma visão mais ou menos completa de como era a freguesia de Sapiãos nos meados do século XVIII como abaixo se pode ver. Esta memória paroquial é particularmente rica de informação o que nos permite até imaginar como seria a vida desta comunidade paroquial.

É a resposta dada pelo pároco da freguesia de Sapiãos nesse ano o Padre Domingos Gonçalves que adiante apresentamos. Para melhor leitura foi actualizado o Português naquelas palavras que consideramos necessário, introduzindo-se-lhe pontuação e parágrafos.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Padre Domingos Gonçalves, Reitor da Paroquial Igreja de São Pedro de Sapiãos, termo da vila de Montalegre.comarca de Chaves, Arcebispado de Braga Primaz. Em virtude de uma ordem correr que do Reverendo Senhor - Doutor Bento Carvalho de Faria, Vigário Geral desta comarca de Chaves, - me foi apresentada com o edital dos - interrogatórios juntos, para lhes responder.

 

Faço certo constar esta freguesia de - São Pedro de Sapiãos de dois lugares: Sapiãos um e Sapelos outro, situados ambos num vale. Conta toda esta freguesia, de cento e sessenta e cinco fogos e pessoas nela existentes quinhentas e oitenta e três pessoas mais ou menos.

 

É do termo de Montalegre e sujeita à justiça do juiz de fora dessa vila e da Sereníssima Casa de Bragança, Provincia de Trás-os-Montes.

 

A paróquia desta freguesia, cujo orago e e o Apóstolo São Pedro, está situada na  estrada da Veiga que fica entre os ditos dois lugares. Tem três altares: um na capela-mor do dito Santo Apóstolo e dois colaterais, um da Senhora do Rosário e  outro do Santissimo Nome de Deus. No altar da Senhora do Rosário está a irmandade da mesma Senhora. Não tem naves- algumas.

 

 O pároco desta igreja é Reitor e de colação ordinária provida por concurso.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Poderá render de um ano para o outro cento e quarenta mil réis de certos e incertos, pouco mais ou menos. Não há conventos, beneficiados, hospitais, nem casa de Misericórdia nesta freguesia.

 

Nesta freguesia há quatro capelas. Uma no lugar de Sapelos, da invocação de Santo Amaro, fabricada pelos moradores do mesmo lugar. Tem a mesma capela três altares: um de Santo Amaro, da Senhora do Amparo um e de S. João Batista outro. No lugar de Sapiãos há três capelas. Uma do Senhor, onde está o tabernáculo do Santíssimo Sacramento, é fabricada pelos fregueses excepto o azeite para a lâmpada que alumia o sacrário, que se dá pelos frutos da comenda, de que é comendador o ilustrissimo e excelentissimo senhor Marquês de Marialva. Tem a dita capela três altares: um do Senhor, outro do São Caetano e outro das Almas. Nesta há irmandade das mesmas almas, instituída autoridade ordinária. Há outra capela da invocação da Senho ra dos Anjos e de São Domingos, com um só altar, administrada pelo Reverendo António Alves Monteiro, Reitor da igreja de São Miguel de Bobadela. A outra capela, com um só altar, é da invocação da Nossa Senhora da Conceição, é administrada pelos herdeiros de Gonçalo Monteiro deste mesmo lugar e freguesia. Não há romagens nesta freguesia nem outras coisas dignas de especial memória.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Os frutos que nesta freguesia se colhem em mais abundância são o centeio, milho, castanha e algum vinho. Fica distante da cidade de Braga, capital do Arcebispado, doze léguas e meia, e da de Lisboa, capital do Reino, setenta e duas léguas. Utiliza o correio de Chaves distante desta freguesia duas léguas e meia.

 

 Até ao vigésimo sétimo interrogatório não há nesta mais que responder por já estar respondido.

 

No distrito desta freguesia de São Pedro de Sapiãos há a norte uma serra chamada Leiranco, que terá duas léguas de comprido e, em algumas partes, uma de largo. Confina a norte com a freguesia de Santa Cristina de Cervos. Não há nela coisa alguma digna de memória das que se perguntam nos treze interrogatórios. Como apenas tem muitos penedos e pedras com algum mato de carqueja, ervideiros e urzes; é muito agreste, nela se criam alguns coelhos e perdizes.

 

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Sapelos

 

Pelo distrito desta freguesia de São Pedro de Sapiãos corre um rio do nascente para o poente, um rio que nasce na freguesia de Santa Maria de Calvão, desta comarca de Chaves e se chama rio Terva. Não corre caudaloso, por ser a terra plana, e pequeno, quase seca no Verão. Vai desaguar no rio Tâmega por baixo de Mosteirão, freguesia de Santa Maria de Curros. Há no dito rio uma ponte de pedra de cantaria que fica na estrada pública que vem da província do Minho para a praça de Chaves, desta província de Trás-os-Montes, essa ponte fica entre Sapiãos e Sapelos, lugares que compõem esta freguesia de Sapiãos.

 

No termo desta freguesia não há moinhos no dito rio. Os peixes que cria são algumas bogas pequenas. Ao que se pergunta nos vinte interrogatórios não tenho mais que responder por não haver no tal rio coisa notável de que se possa dar notícia.

 

Por ser verdade passei esta que assinei com os Reverendos António Dias Monteiro, vigário da paroquial igreja de Santa Marta de Pinho, e Manuel Dias, Vigário da paroquial igreja de São Salvador do Eiró. Ambas anexas desta matriz de São Pedro de Sapiãos e na forma dita a juro in verbo sacerdotis.

 

Sapiãos, 9 de Março de 1758.

Domingos Gonçalves

O Vigário de Santa Marta de Pinho António Dias Monteiro

O Vigário de São Salvador do Eiró Manuel Dias

 

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Sapelos

 

E por hoje é tudo, apenas nos falta deixar o vídeo que também será resumo, com as imagens de hoje e os links para os posts dedicados a Sapiãos e Sapelos.

Aqui fica, espero que gostem:

 

 

 

E já sabe que agora também pode ver este e outros vídeos no:

 

MEO KANAL Nº 895 607

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Ficam então os links para:

- Sapiãos 

- Sapelos 

 

 

 

 

 

 

[i] BORRALHEIRO, Rogério, 2005, Montalegre. Memórias e História, Ed. Câmara Municipal de Montalegre, pp. 80-87.

[ii] Ver Separata da Freguesia de Beça.

[iii] COUTO, Artur Monteiro do, 1998, Património hisrico de uma aldeia transmontana, Boticas, p. 32.

[iv] Tendo por base o índice de 4 a 5 pessoas por fogo. Arquivo Histórico Português. Vol. nº7, Julho de 1909, p. 272

[v] A título de exemplo veia-se que até 1834 a Câmara de Montalegre era composta por 3 vereadores e um procurador já a câmara de Tourém era composta por um juiz ordinário e 2 vereadores a do Couto de Dornelas por um juiz ordinário por 1 vereador e 1 procurador.

[vi] Arquivo Histórico Português, Vol. VII, no 7, Julho de 1909, p. 272.

[vii] Este foral esta publicado por COUTO, Artur Monteiro do, 1998, Património histórico de uma aldeia transmontana. Sapiãos Ed. Câmara Municipal de Boticas, pp 31-33.  

 

14
Ago22

O Barroso aqui tão perto - Sapiãos

Aldeias do Concelho de Boticas


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Sapiãos - Boticas

 

Iniciamos hoje a abordagem de mais uma freguesia do concelho de Boticas, a freguesia de Sapiãos, constituída por duas aldeias, a de Sapiãos que é sede de freguesia e a de Sapelos, ambas localizadas no vale do Rio Terva, a primeira na sua margem direita e a segunda na sua margem esquerda do rio que no vale vai descendo a caminho do Rio Tâmega, entre as serras do Leiranco à qual Sapiãos se encosta, e a serra do Facho encostada a Sapelos.

 

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Iniciemos já pelo resto da localização de Sapiãos e o melhor itinerário para lá chegar. E tal como vai sendo habitual para irmos à descoberta de terras de Boticas, exceto paras as freguesias de Ardãos/Bobadela e Pinho, a estrada a seguir para sair de Chaves é a EN103 (Estrada de Braga), e no presente caso não há nada a saber, pois a freguesia de Sapiãos é atravessada a meio por esta estrada, tendo logo à saída do concelho de Chaves (entrada no de Boticas) a aldeia de Sapelos, sendo a aldeia seguinte a de Sapiãos, o nosso destino de hoje. Sapiãos que fica precisamente no entroncamento da N103 com a N312, ou seja onde se saí da N103 para ir em direção a Boticas. Em contas redondas, de Chaves até Sapiãos são 20 Km ou, se preferir, 20 minutos de viagem. Fica o nosso mapa e os da goolge para melhor se entenderem as palavras.

 

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E agora chegamos àquela parte em que os flavienses estão a dizer – "Ah! Sapiãos, conheço, já passei por lá…”. Pois, também eu passei por lá muitas vezes e também conhecia assim Sapiãos, ou seja, conhecia a aldeia, apenas pela sua aparência, por aquilo que se via da estrada, e também pensava conhecê-la, mas estava bem longe de a conhecer e só dei conta disso quando desci à sua intimidade, aí sim, posso dizer que a conheci e que fiquei agradavelmente agradado com o que, mas já lá vamos.

 

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Vamos então até Sapiãos que podemos dividir em três partes:

 

- Uma com um núcleo antigo composto de casario concentrado, ganhando uma forma arredondada, atravessado por uma rua principal para onde convergem as ruas secundárias, que foi crescendo naturalmente do centro para a periferia conforme as necessidades de crescimento.

 

- Outra parte com um povoamento disperso, mais recente, que nasceu ao longo das estradas N103 e N312 e também entre elas, é a aldeia que ficamos a conhecer quando passamos nessas duas estradas.

 

- Por último, uma parte nova, aparentemente loteada e infraestruturada, com vivendas unifamiliares construídas em lotes, esta parte toda acima da N103, já na encosta da serra.

 

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Pois sem desprezarmos a aldeia mais recente, vamos realçar em imagens a aldeia mais antiga, aquela com o casario mais antigo, onde temos a igreja paroquial e as capelas, os cruzeiros e a alma da aldeia, ficando de fora deste conjunto apenas três apontamentos dignos de realce, como o é a Igreja do Cemitério, o Calvário e as sepulturas Antropomórficas, estas três fora do perímetro da aldeia mais antiga.

 

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Os dois cruzeiros da aldeia, o do largo do cruzeiro mais imponente e o outro um pouco menos e muito mal-acompanhado. Aliás já é costume as companhias de eletricidade e telecomunicações não terem nenhum respeito por aquilo que as rodeia, às vezes era só um jeitinho em afastar os seus postes destes motivos de interesse, mas pelo que nós pagamos e pelos lucos que essas companhias têm, vem podiam nestes núcleos históricos das aldeias com interesse público e turístico, fazer estas infraestruturas enterradas. Fica uma imagem com o que temos e, com um pouco de Photoshop, como deveria ser e gostaria de ver.

 

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Claro que os nossos olhos ficaram deliciados com as duas capelas, a capela de Nossa Senhora dos Anjos e ainda mais com a da Nossa Senhora da Conceição, pena esta última estar tão degradada. A Igreja Paroquial de São Pedro também mereceu a nossa atenção, não só pela própria igreja e torre sineira, mas também pelo arranjo feliz do largo onde se encontra implantada. Também o casario em geral e algum em particular mereceu a nossa atenção, tal como aconteceu com Casa dos Queirogas.

 

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Assim, e ainda antes de passarmos ao que se diz na documentação disponível dobre a aldeia, fica a nossa apreciação geral sobre a mesma. Uma aldeia que manteve o seu núcleo antigo sem grandes disparates pelo meio, e com muitos pormenores e motivos de interesse, com as partes novas que cresceram para onde tinham de crescer, sem interferir com o núcleo antigo. Uma aldeia ainda com muita vida e movimento e que, sem qualquer dúvida, é de visita obrigatória porque é uma das mais interessantes do concelho de Boticas.

  

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E agora vamos ao que nos dizem os documentos sobre a aldeia de Sapiãos, nomeadamente os que vêm na “Preservação doa Hábitos Comunitários das Aldeias do Concelho de Boticas”, uma edição da Câmara Municipal de Boticas de 2006, e aqui a data é importante porque passados 16 anos da sua edição, embora seja pouco tempo, pode significar muito em termos de perdas de hábitos comunitários e outras tradições, principalmente devido ao sucessivo despovoamento das nossas aldeias por parte da população mais jovem, que afinal são os que cumprem hábitos e tradições e lhes dão continuidade. Daí, que alguns dos hábitos comunitários de Sapiãos que a seguir serão transcritos, poderão não existir atualmente.

 

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Assim, segundo o que consta no documento atrás referenciado temos quanto a:

 

Património Arqueológico

- Castro do Muro ou Casas dos Mouros (Sapiãos)

- Povoado do Cemitério de Sapiãos

- Sepulturas Antropomórficas

- Sepulturas de Pássaros (Necrópole)

 

Património Edificado

- Alminhas

- Cruzeiros (Sapiãos)

- Forno do Povo de Sapiãos

- Igreja Paroquial de São Pedro

- Igreja Românica de Sapiãos - Património Classificado

- Capela particular do séc. XVIII

 

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Marcas da História Antiga

Castro do Muro ou Casas dos Mouros

 

Designação: Castro do Muro / Casas dos Mouros/ Muro

Localização: Sapiãos

Descrição: o Castro do Muro fica ao lado e acima da EN 103, sentido Braga a Chaves, cerca de 400 m adiante de Sapiãos.

O “Muro” de Sapiãos é um castro de encosta, quase assente na base da ladeira do monte fundeiro do Leiranco. O perímetro da muralha é de 270 m. Nalguns sítios vêem-se os paramentos externo e interno da muralha que tem 3,50 m de largura. Na sua maior parte está derruida e é assinalada por fiada de pedras em amontoado caótico. A maior parte do recinto intra muralha é, por assim dizer, penedia. Distinguem-se dois pequenos terreiros sem penedia, um na base e outro a meio. A eira dos mouros é um espaço quadrilátero com quase 40 m de comprimento na linha E/W, e de contorno subtrapeziodal, que vai alargando de cima para baixo. No alto tem 16 m de largura, a meio 21 m e quase no fundo 26 m de largura. No local do castro foram encontrados restos de cerâmica.

 

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Em geral, a população rural ainda é muito religiosa e crente, e a julgar pelo número de capelas, igrejas, cruzeiros e calvário que existe em Sapiãos, esta aldeia não será uma exceção e é na fé e as crenças que muitas vezes se apoiam na sua proteção mas também para a proteção das suas colheitas agrícolas e animais, assim acontece com o  Porquinho de Santo António, que em Sapiãos é (ou era), alimentado por toda a aldeia, inicialmente andava de casa em casa, mais tarde passou a ter uma corte própria e era alimentado por todos os agregados familiares, num sistema de rotatividade pelas casas da aldeia. Por altura das matanças, era vendido e o dinheiro revertia para a Igreja, a favor do Santo António, para que protegesse os gados da aldeia.

 

 

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Em Sapiãos, as pessoas ainda têm o hábito de colocar um lareiro junto à fornalha do forno, sinal que indica que alguém vai aquecer o forno e cozer. Normalmente, quando alguém coze, as outras pessoas aproveitam a quentura do forno e cozem a seguir, pois desta forma já não gastam tanta lenha

 

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O Cantar dos Reis, dia 5 de janeiro à noite

 

Em Sapiãos, costumam cantar:

Aqui estão os Reis à porta

Dispostos p’ra se cantar

Se o Senhor nos der licença

Os Reis vamos começar

 

Aqui vimos, aqui estamos

Hoje é dia de alegria

Viva o senhor desta casa

E a sua companhia

 

Se nos querem dar os Reis

Venham-nos os dar com tempo

Estamos com os pés à geada

Corre um arzinho de vento

 

Se nos querem dar os Reis

Não nos mande a sua criada

Qu’ela tem a mão pequena

Parte pequena talhada

 

Se o presunto está duro

E a faca não quer cortar

Faça-lhe um frrum, frrum, frrum

Nas beiças do alguidar

 

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As Festas do Corpo de Deus

 

O Corpo de Deus em Sapiãos

Nesse dia, as mulheres enfeitam as principais ruas da aldeia, onde mais tarde irá passar a procissão, com um tapete formado por rosmaninho, giestas e pétalas de flores.

Assinala-se este dia com uma missa, sermão e procissão com o “Corpo de Deus”, acompanhada por uma banda de música.

Para além desta componente religiosa, a festa tem também uma componente profana com conjuntos que animam a noite num arraial popular, a que não falta também o tradicional festival de fogo de artifício.

 

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Casamento

Em Sapiãos, onde, no dia antes do casamento, o noivo ia com os seus amigos fazer uma serenata à noiva:

(…)

S’estás a dormir, acorda

Vem ouvir a serenata

Guitarras com cordas d’ouro

Trilhadas por mãos de prata

Dáva-te o meu coração

Se o pudesse arrancar

Arrancando sei que morro

Morto não te posso amar

 (…)

 

No dia do casamento as famílias iam ter a casa de cada um dos noivos. Depois, o noivo e a sua família iam a casa da noiva buscá-la para irem para a igreja. As raparigas que fossem ainda virgens para o casamento, consideradas pela comunidade como puras, levavam nesse dia um arco branco a acompanhá-las, os rapazes eram acompanhados por arcos de folhas verdes. Colocavam-se também arcos pela rua, desde a casa da noiva até à entrada da igreja. Depois, seguiam em cortejo pela rua até à igreja, como nos descreveu um informante: “À frente ia a noiva com o padrinho debaixo do arco de flores brancas. A seguir, ia o noivo com a madrinha debaixo de um arco verde feito de arbustos e flores e atrás iam os restantes convidados. Entravam na igreja também por essa ordem, a noiva primeiro.”

 

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E como não há casamentos sem namoro

 

O Namoro

 

Quando um rapaz de fora namorava com uma rapariga da aldeia tinha que pagar o vinho aos da terra, como indemnização simbólica por “roubar” a rapariga, considerada “propriedade” da aldeia. Se em algumas aldeias apenas pagavam remeias de vinho, noutras além do vinho tinham que pagar também o equivalente à sua altura em pão e bacalhau; ou então, em vez de pagar o vinho, levavam-no até junto de um tanque e obrigavam-no a beber sete chapéus de água. Quem se recusasse a pagar o vinho, metiam-no na corte com o Boi do Povo como castigo, ou atiravam-no a um tanque da aldeia.

 

 

 

E com estas de casamentos e namoros, vamos dando por terminado este post, apenas nos falta deixar aqui o vídeo com todas as imagens publicadas neste post.

Aqui fica, espero que gostem:

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL Nº 895 607

 

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E quanto a aldeias de Boticas, despedimo-nos até ao próximo domingo em que teremos aqui a aldeia de Sapelos.

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