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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

08
Out20

Crónicas Estrambólicas

Crónicas de um Primeiro-Ministro sobre o Barroso - 12


1600-larouco (155)

estrambolicas

 

Crónica de um Primeiro-Ministro sobre Barroso 12

 

Mais uma crónica do antigo Primeiro-Ministro António Granjo, um ilustre flaviense. É a uma das 15 crónicas sobre Barroso publicadas no jornal A Capital em 1915. A crónica está escrita como foi publicada, no português da altura, incluindo gralhas tipográficas.

 

Mais uma vez o Granjo a mostrar grande sensibilidade pela natureza, coisa que não vejo por aí nos dias que correm. Das coisas que mais me chateiam em Barroso é a quantidade exagerada da marca dos homens na natureza, sendo a maioria completamente desnecessárias. Mas como me parece que quase ninguém pensa assim, nem vou adiantar muito mais porque não adianta. Acho que há um grande exagero de poluição visual, sonora, luminosa, e outras, em Barroso. Parece-me que os rurais perderam as suas referências e guiam-se apenas pelo que a cidade e os camones vão ditando. Se eu vier para aqui queixar-me que já não consigo ver a Via Láctea em Boticas ou que detesto ser acordado todos os dias por um muito barulhento soprador a gasolina que é usado para “varrer” as ruas, ainda me chamam excêntrico, por isso mais vale estar calado. Também parece que caíram umas 3 árvores na minha rua porque agora as raízes são aparadas para não estragarem os passeios! Que é que interessam umas árvores quando comparadas com umas rachadelas nuns urbanos passeios em cimento?! A mentalidade de coca-cola em centro-comercial chegou a Barroso para ficar e não vejo maneira de mudar isso. Como é que se pode gozar a melhor esplanada de Boticas se mesmo ao lado há um ruidoso e citadino repuxo a estragar uma das melhores coisas da vida no campo que é o silencio? Há uns tempos também tive que fugir da esplanada do Aurora porque aquele ruído do repuxo das Freiras é insuportável. Se as pessoas gastam muitos milhares de euros a fazer merdas dessas e ficam todas orgulhosas do resultado, quem sou eu para dizer que está mal?

 

Luís de Boticas

 

 

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A SUBIDA À SERRA DO LAROUCO

Um espectáculo indescriptivel, a 1.500 metros de altitude

 

O céu era uniformemente cinzento. Só para os lados de Chaves, onde a trovoada grunhia, tomava uns tons plumbeos ou acobreados. Pela encosta do Larouquinho descia lentamente a vezeira. O Larouco, inteiramente descoberto, parecia prolongar-se indefinidamente.

 

Acima!

 

As bestas chapinham na lamaceira do Campo do Padrão, e, logo adeante, no Campo da Roda, a paisagem se alarga como n'uma mutação cenographica.

 

O trovão já vem de cima: parece rolar à superfície da terra. As nuvens envolvem novamente toda a serra, e enquanto para a direita os relâmpagos como que derretem a athmosfera de chumbo, na frente faz-se uma immensa clareira até se verem as cumiadas longinquas das serras da Padrela e de Nogueira, e à esquerda o sol aloira as agulhas e coruchéos do Gerez.

No Campo da Roda, entre uns penedos que têem a forma vaga de uma casa, há uma escavação recente. O guia explica: É ali — a Casa dos Moiros. Uma velha sonhara trez noites seguidas com riquezas fabulosas lá escondidas e alguns pobres diabos tinham vindo lá cavar toda a noite, ao clarão do luar, à procura dos maravilhosos thesouros.

 

O guia aponta com o lodão outros penedos, à esquerda. São as Fenteiras.

 

Há ali uma fonte d'água claríssima, que empoça em rocha. Era nessa fonte que os moiros se vinham lavar. Conta-se que já do seio da rocha uma vez sahiram dois feadouros d’oiro e acredita-se que dentro esteja encantada uma princeza moira, havendo à entrada do palácio que está dentro da montanha um cavallo todo d’oiro. Ha-de ser n’esse cavallo que um dia o cavalleiro que lhe quebrar o encanto ha de fugir com a linda moira encantada.

 

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Acima!

 

Quem sabe se será o bafo do meu cavallo cego que ha de ir quebrar o encanto da linda moira, e se dentro de alguns instantes a triste besta tropega se não transformará n'um cavallo alado, de ventas fumegantes e olhos resplandecentes, atravessando os ares em direcção às praias da Felicidade Perfeita e carregando no dorso os meus 100 kilos e a princezinha moira, de olhos de diamantes e lábios de rubis...

 

Acima! Acima!

 

Atravessamos o campo d'Arrestre, onde uma larga queimada parece uma enorme mancha de lepra, e estamos na Facha. A Facha é uma fortaleza completa. Tem as suas muralhas, a sua torre de muragem com ameias e esculcas, os seus fossos, a sua ponte levadiça, a sua poterna. Os caprichos da erupção vulcânica anteciparam-se à engenharia militar. É na Facha que os pastores dormem, nas noites de estio, emquanto a rez pasta pela serra.

 

A trovoada ronca abaixo de nós. O trovão já não rola à superfície da terra: parece vir de dentro da montanha. São duas horas da tarde. Da Facha, durante alguns minutos, goso o mais admirável espectáculo que os olhos ávidos e exigentes do espectador moderno pode contemplar.

 

Sobre o valle, em baixo, forma-se a névoa branca, rolando como vagas de algodão em ramas, e à qual os franceses chamam la mère blanche. Para nascente, além de Soutelinho da Raia, cujos castanheiros se distinguem, nitidamente, vêem-se os relâmpagos descrever os seus ângulos de fogo sobre Chaves. O Brunheiro, a Cota de Mairos afogam-se sobre uma espécie de crepúsculo de chumbo. De repente, a névoa sobe, envolve n'um minuto toda a montanha. Deixamos de ver os objectos mais próximos e precisamos de gritar uns pelos outros para adquirirmos a certeza de que alguma força desconhecida se não apoderou de nós e nos não arrastou para algum precipício misterioso.

 

A tempestade estala agora para o norte, para os lados da Gironda, e parece que toda a natureza esperava esse sinal para as côres, as linhas e os planos tomarem os seus novos lugares. A névoa desfaz-se. Um enorme resplendor de oiro desce do céu e vem poisar sobre a cabeça do Larouco. Até perder de vista, para o sul, as serras succedem-se, como que apertando-se umas contra as outras n'um gesto instintivo de defesa. Sobre as terras centeeiras, as nuvens roçam os ventres enormes. E o trovão, mais próximo, deixou de ser um presago ruido subterraneo, e tomou-se como a própria voz da montanha, dominando o immenso espaço, fazendo tremer as coisas e os seres, reduzindo a natureza e a vida a uma especie de infinito lago silencioso, sobre o qual se agitam as sombras.

 

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Acima!

 

Estamos no planalto. 1.500 metros acima do nível do mar. Acima de nós só a ventania solta e o seu rugido. Tudo, o próprio céu está abaixo dos nossos pés. Para o norte e nascente a athmosfera crepuscular em que a tempestade se debate tapa o horizonte; mas desde a Padreia ao Maráo e ao Gerez, a amplidão está livre. Sentamo-nos nas Barreiras Brancas. As palavras cessam.

 

É fácil encher um volume com a descrição d'um jardinzito japonez, e alguns espíritos se têem deleitado em semelhantes tarefas. Mas há-de ser difícil que se encontrem as duas dúzias de palavras precisas para definir a impressão que nos produz todo um mundo visto do meio das nuvens. O vocabulário humano foi feito para as coisas mínimas. É perante o insignificante que nos sentimos grandes, e por isso temos sempre para cada ideia que as coisas insignificantes nos surgiram como um lexicon. Quando defrontamos com a verdadeira grandeza, com a montanha ou com o mar, a língua fica-nos preza, como o braço nos fica desarmado.

 

Desisto de dizer banalidades. Seria um sacrilégio. Quando voltasse encostado ao meu lodão, como um peregrino, a subir a montanha, a tempestade já não teria razão para nos fazer gentilmente as honras da visita, acompanhando-nos de longe com a sua voz prophetica, antes teria justo motivo para fazer cahir às centenas, sobre a minha cabeça inerme, os raios vingadores.

 

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Nada que dê tanto a impressão da magestade do Larouco do que a inscripção romana que lá foi encontrada. Chamavam os romanos ao Larouco Ladikus. Resolveram erguer um templo a Júpiter no cimo da montanha e no frontão do pequeno templo lavraram esta inscripção:

 

IOVI LADICO

 

Esses homens, que conquistaram o mundo e deram à sociedade humana a base eterna do direito, sentiam-se pequenos perante a grande serra, e entenderam que seria uma prova de vaidade fazerem elles, míseros transeuntes, a offerta do templo ao pae dos deuses. E assim resolveram que fosse a própria serra que offerecesse o templo a Júpiter.

 

A Júpiter offerece este templo o monte Ladico

 

Como somos effectivamente pequeninos, em face d'esses legionários, que, ao nascer do sol, quando marchavam pela via militar, de Caladunum a Pinctum, saudavam a montanha, como se fosse uma divindade!     

 

Antonio Granjo

 

 

23
Jul20

Crónicas Estrambólicas

Crónicas de um Primeiro-Ministro sobre o Barroso - 11


1600-larouco (47)granjo XI

estrambolicas

 

 

Crónica de um Primeiro-Ministro sobre Barroso 11

 

 

Mais uma crónica do antigo Primeiro-Ministro António Granjo, um ilustre flaviense. É a uma das 15 crónicas sobre Barroso publicadas no jornal A Capital em 1915. A crónica está escrita como foi publicada, no português da altura, incluindo gralhas tipográficas.

 

Podia fazer alguns comentários à crónica mas prefiro que os leitores tirem as suas conclusões. Reparem só na descrição da interacção do autor com as personagens do povo mais simples. Só uma pessoa com tanta classe age daquela maneira.

 

Luís de Boticas

 

 

UMA TROVOADA EM BARROSO

 

A previsão do burro – A solução d'unz enigma – A subida ao Larouco

 

 

Passa debaixo da varanda um velhote montado n'um burro. A caravana está prestes. A mula carrega as provisões, o cavallo está devidamente albardado, e o guia prescuta o céu, onde as derradeiras estrelas fecham as pupilas azues.

 

E o velhote vê-nos preparados para a marcha, tira o lenço da cabeça, cumprimentador e humilde, e lança prophecia:

 

— Não se mettam ao caminho. Temos ahi a trovoada!

 

No céu não havia uma núvem. Corria uma brisa fresca. Nada fazia pressentir a approximação da trovoada.

 

— Homem, você não acordou bem da cabeça... — returque o guia.

 

E o velhote observa:

 

— Repare para as orelhas do meu burro.

 

E o burro arrebitava as orelhas, voltando os pavilhões para o norte, encolhia a cauda entre as pernas e dilatava ruidosamente as ventas.

 

1600-seara (27)granjo XI

 

Olhamos uns para os outros, e enquanto o velhote ageitava o lenço de Alcobaça, atado na forma de turbante, às fontes encanecidas, as gargalhadas estugiram, fazendo vir às janellas das casas vizinhos alguns rostos estremunhados.

 

Lá de longe, o velhote ainda gritou:

 

— Tenham cautela!

 

À esquerda ficam as touças de Meixide. A luz como que se esfarpa entre as galhas. Uma andorinha voa alto. Em frente o Larouco. Uma grande columna de fumo se ergue, em espiral, da base da montanha até ao anil desmaiado da madrugada. De vez em quando a brisa faz oscilar a columna e vêem-se duas linhas de fogo, uma recta, outra convexa, caminhando em sentido contrário. A serra arde. Uma torga que os carvoeiros deixaram em brasa e que ao sopro do vento se converteu em chamma, uma faúlha que se escapou d'um lume de pastores e que cahiu n’uma moita secca, a ponta de cigarro d'um viajeiro, incendiaram a montanha. Soube, adeante, em Solveira, que o incêndio tomara durante a noite proporções phantasticas. Nas povoações vizinhas da serra, portuguezas e gallegas, tocou-se a rebate e para apagar o fogo chegaram a desviar-se inutilmente regatos e levadas, e a fazer-se debalde profundos valados. O incêndio lavrava sempre, queimando carvalhos e urzeiras e torturando os pastos. O reverbero das chamas chegava a Solveira e em Santo André e Villar de Perdizes andava-se nas ruas como de dia.

 

incendio avel.jpg

 

Os olhos vão-nos presos na columna de fumo e só damos fé de que as nuvens comem já o valle quando em volta de nós cahem as primeiras pingas grossas, levando o pó e trazendo-nos às narinas o cheiro terra.

 

Sempre tivemos a impressão de que o burro é um animal calumniado. Não só o burro é um animal elegante e inteligente, em contrário do que se affirma commumente, como é em regra dotado de aptidões que falham à maioria das creaturas humanas. As orelhas do burro do bom velhote valem bem todas as prendas de certos homens, que por bem conhecidos se não individuam, e que por andarem com as mãos pelo ar imaginam que têm direito a desfazer nos burros.

 

1600-sanabria (67)grnjo-XI

 

Apressamos o passo. O guia encadeando os rr, ou fazendo estoirar o lodão nas retrancas da mula, faz ir tudo de escantilhão. A plaina continua, intermina e monótona. Alguns lavradores fazem as sementeiras. Aqui e além, uma mulher de capucha, um homem de polainas de junco e de crossa, espargem os montículos de estrume.

 

A chuva cae em cordas grossas. Alcançamos Solveira e respiramos.

 

Acolhemo-nos a uma taberna, onde faz de banco um cortiço de abelhas.

 

O torvão ronca. Passam carvoeiros, com as caras escondidas nas capuchas de saragoça e os socos ferrados batendo as pedras.

 

A mula e o cavallo abrigados n'um pateo contemplando melancholicamente a rua, onde cae agua dos colmos. O cavallo é cego d'um olho.

 

O guia propõe-nos o seguinte enygma:

 

— Qual dos dois vê mais, a mula ou o cavallo?

 

E mordiscando a porta do cigarro, o guia assume um ar importante.

 

É o taberneiro quem decifra o enygma, depois de eu ter demonstrado mais uma vez à minha absoluta incapacidade.

 

— Vê mais o cavallo, porque tendo um só olho vê dois olhos à mula, e esta, com os seus dois olhos, vê só um olho ao cavallo.

 

A chuva começa a levantar. O sol deixa-se quasi ver por cima da egreja, em cuja torrela branca poisam duas pombas. Debaixo d'um alpendre, um serralheiro ambulante concerta um objecto de cozinha.

 

Sobre o Larouco as nuvens galopam. São as Walkirias que passam.

 

granjo XI larouco

 

Aproveita-se a aberta e giramos até Gralhas.

 

Segundo o «ltinerário» de António, o Pio, e segundo as «Memórias para a história eclesiástica do arcebispado de Braga, primaz das Hespanhas», pelo padre D. Jeronymo Contador d'Argote, seria aqui Caladunum, a primeira «mantion» que as legiões romanas encontravam na via militar de Aqua Flaviae a Bracara Augusta. Há, effectivamente, perto da povoação um sítio, a «Ciada», onde têem apparecido columnas, moedas, objectos de uso comum, aras, inscripções, materiaes de construção romanos, restos de um aglomerado urbano ou de uma estação militar.

 

Alguns vizinhos ficam abismados quando tropeçam com a «tegula» romana, o que acontece a cada passo, quando abrem um sulco ou escavam um poço. Põem-se a magicar, os pobres diabos, no facto de serem actualmente todas as casas cobertas de colmo e há tantos annos ter havido ali casas cobertas de boa telha, e ficam-se scismando se o mundo não terá andado par traz e não estará perto do dia do Juizo Final.

 

Uma escavação quasi à superfície desenterraria alguns trechos de muralhas e permittiria a reconstituição da «mantio». Mas não vale a pena preocuparem-se com isso nem os governos, nem os municípios, nem os sábios das tantíssimas academias que pululam em Portugal e cujos diplomas podiam muito bem substituir as antigas cartas de conselho.

 

A trovoada ronda em volta do Larouco. Dir-se-hia que as penedias veem aos rebelourões pela serra abaixo.

 

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Uma moça loira, os olhos verdes refletindo, como pequeninos vitraes, as imagens, e que a chegada da caravana attrahiu à tabemoria, fia na roca, inclinando de vez em quando o pescoço branco para molhar com os lábios carnudos e frescos o fio de lã.

 

O guia deita a cabeça de fora, espreitando inquieto o horizonte.

 

A moça sorri e adverte:

 

— A trovoada é como o lobo: morde e passa.

 

A sentença agrada-me,

 

— Menina podemos ir ao Larouco?

 

As pupilas verdes fixam-me. O fuso pára um momento.

 

— Quando o trovão ronca no vale O sol canta na serra.

 

E o fuso começa novamente a girar entre os dedos brancos como a lã.

 

Não hesito um momento. A pitonisa falou.

 

— Rapazes acima.

 

O guia torce o nariz. O photographo, olhando a machina, medita sobre as consequências da aventura. A moça continua a sorrir. No seu sorriso parece-me ver um fundo de ironia.

 

— Acima!

 

 

Antonio Granjo

 

 

 

07
Abr19

O Barroso aqui tão perto - Viva a neve!


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Serra do Larouco

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O mau tempo para este fim de semana estava anunciado para todo o país, alerta laranja aqui para os nossos lados, frio, muita chuva, vento e neve acima dos 800 metros de altitude, ou seja, para nós que “estamos habituados”, são dias normais de Inverno, pois já sabemos que por cá só há duas estações no ano, os tais 9 meses de Inverno e os 3 de Inferno (julho, agosto e setembro). Não quer isto dizer que temos todos os dias chuva, neve e tempestades, não senhor, mas acontece com frequência e nos dias em que não acontece até vai havendo sol mas o frio, esse, não aquece ao sol…

 

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Montalegre - Pormenor do Castelo

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Serra do Larouco vista desde Soutelinho da Raia

Pois devido ao mau tempo, à última hora, tive um compromisso cancelado o que me deixava a tarde livre. Como ainda não tinha saído de casa, abri um bocadinho a porta de saída para a rua, espreitei e deitei o nariz de fora, não para cheirar, mas antes para sentir o ar para saber como íamos de tempo (meteorológico).  O ar era de neve. Subi ao andar de cima e espreitei para o Brunheiro, estava limpo de neve, fui espreitar para Norte e a ponta da Cota de Mairos estava com neve, mas não o suficiente para chegar aqui ao vale o seu ar, para Sul não valia a pena espreitar, pois aí só há neve quando ela chega até ao vale de Chaves, só podia ser a Poente, ou seja, no Barroso, e lá estava ela a cobrir o Leiranco e um bocadinho ao lado, via-se a serra de Castelões também com neve, ou seja, pelo menos o Larouco e terras altas até Montalegre a neve era garantida.

 

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Serra do Larouco

 

Há uns anos atrás, agarrava nos putos e dizia-lhes – Vamos ver a neve! Com os putos já crescidos e temporariamente fora de casa a estudar, agarrei nas máquinas fotográficas e disse-lhes na mesma — Vamos ver a neve! E lá fomos, felizes e contentes como se fosse a primeira vez…

 

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Serra do Larouco

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Montalegre - Rotunda da Corujeira

 

Claro que poderia inventar uma desculpa qualquer, mais séria e científica, como a de ir observar e registar se com esta coisa do aquecimento global a neve mantinha o seu grau reduzido de temperatura, se a sua brancura se mantinha, se continua sem ter sabor, etc. Mas não, a verdade é que eu sou mesmo um puto que gosta de ir para a neve, e prontos!

 

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Vista geral de Montalegre (Vila)

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Rio Cávado e Moinho - Donões

 

E havia neve, e nevou pelo caminho, e fez sol, e choveu, e nevou novamente, e de novo fez sol, sempre de pouca dura, uns minutos, apenas pequenas abertas, mas lá fomos indo, não era um daqueles nevões-nevões, mas havia neve, com a estrada limpa. Primeira paragem no sítio do costume de contemplação da Serra do Larouco. Segunda paragem no Miradouro Corujeira, pois das várias vezes que fui por Montalegre à neve, nunca tinha conseguido ir à Corujeira, mas desta vez cheguei lá. É um cliché dos dias de neve em Montalegre, faltava-me para a coleção. Outro cliché é o do moinho de Donões, ali sobre o Cávado com o Castelo de Montalegre de fundo, também ainda não o tinha com neve, que embora pouca (terras mais baixas) ainda havia uma amostra.

 

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Vista geral de Montalegre (Portela)

Depois havia que fazer os outros clichés, o Larouco, Padornelos, ir ao lado à aldeia mais alta de Portugal (Sendim), etc. Eu fui a todos, ou quase, pelo menos até onde pude, pois no Larouco, mais uma vez fui enganado, embora lá tivesse ido, com a estrada limpinha, muitos pais a brincar (ainda naquela fase dos filhos putos), carros parados aqui e ali para fotos do pessoal na neve, incluindo selfies, etc., e eu lá ia galgando estrada até chegar ao cimo do Larouco e de repente, a seguir a uma curva, ZAZ! a estrada desapareceu, andaria ali pelo meio do Larouco, impossível continuar, mesmo para um tt.  

 

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Serra do Larouco (o fim da estrada...)

 

Não me voltam a enganar… pois a solução num caso destes é mesmo só uma, meter o rabinho entre as pernas e voltar para trás desiludido…Mas já que andava por lá,  entrei na aldeia de Padornelos, fiz o mesmo em Sendim e ainda deu tempo para entrar na Galiza só para dizer que entrei, pois dei logo a volta, tomei um cafezinho nas bombas de gasolina da fronteira e comprei umas garrafas de vinho verde branco e, ala para Chaves que se faz tarde.

 

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Padornelos

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Padornelos

E tudo teria corrido bem se não fosse um palerma com umas 4 lata velhas todas Kitadas que ia dois carros à minha frente e que ao entrar no concelho de Chaves resolveu fazer todo o trajeto ao esses a desvia-se de todas as protuberâncias e pequenas depressões que a estrada tinha, sempre a 30 ou 40 km/h, primeiro ainda pensei que também tinha ido ao vinho nas bombas de gasolina, mas depois apercebi-me que era mesmo uma paixão assolapada pelas suas 4 latas kitadas. Pelo menos foi uma forma, embora obrigatória, de vir de vagar. Quando chegámos a Chaves, parecia uma procissão de carros a vir da neve, mas curiosamente ninguém tentou ultrapassar nem protestar, eu penso mesmo que o pessoal de trás estava a pensar que o mariola da frente ia com os copos!

 

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Sendim - a aldeia mais alta de Portugal

E terminamos com uma imagem da aldeia mais alta de Portugal – Sendim. Hoje, calhou assim, em vez de uma aldeia trouxemos neve, fresquinha, de ontem à tarde, mas tivemos ainda tempo de ir a Padornelos, a Sendim e ao moinho de Donões, três aldeias que já aqui tiveram o seu devido post mas que, se quiserem rever, basta procurar na barra lateral do blog, estão lá todas as que por aqui passaram, por ordem alfabética.

 

E é tudo. Até amanhã!

 

 

 

03
Fev19

O Barroso aqui tão perto - Serra do Larouco


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A pergunta de hoje era: Há neve no Larouco?

 

Pois pelo ar frio, tudo indicava que sim, e parece que havia mesmo. Parece, pois não fomos lá, nem sequer fomos espreitar a um alto para ver se a pontinha do Larouco estava pintada de branco, ou então subir mais um pouco, até Soutelinho da Raia ou até à Serra do Leirando para ver se a pintura descia até ao planalto.

 

Fica uma imagem desde a Serra do Leiranco, com a aldeia de Arcos em primeiro plano, mas não se iludam com a foto, pois a neve que se vê já há muito derreteu. Acontece que a foto é de arquivo, do ano passado, mais propriamente do dia 12 de janeiro de 2018. Já agora a imagem que serve de cabeçalho a esta rubrica, foi tomada desde Soutelinho da Raia, e esta já e velhota, não verifiquei, mas sei que tem mais de 15 anos.

 

 

02
Set18

O Barroso aqui tão perto - Montes, Montanhas e Serras


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Mais um sábado que passei pelo Barroso de Montalegre para amarrar umas pontas soltas do nosso levantamento fotográfico sobre as aldeias e outros lugares, com muitas paragens para registos que iam surgindo pelo caminho, como um arranque de batatas em Medeiros, um ângulo diferente sobre a ponte de Vila da Ponte, as inevitáveis e agradáveis conversas que vamos provocando com os residentes resistentes.

 

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Um sábado em cheio onde não faltaram as subidas às croas dos montes, montanhas e serras do Barroso, com muito calor, mesmo lá em cima onde a temperatura apenas descia uns míseros 2 ou 3º. Um almoço como os que costumam ser os almoços do Barroso, todos os ingredientes para chegarmos a casa de rastos com o corpinho a pedir, pelo menos, um pouco de sofá e a frescura das casas.

 

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Quero com isto dizer que com estas andanças pelo Barroso, depois ficamos sem tempo para preparámos mais uma aldeia para deixar aqui no “Barroso aqui tão perto”, mas o espaço existe e alguma coisa tínhamos que deixar por aqui, e nestes casos temos de facilitar a tarefa e preparar algo mais genérico. Porquê não os montes, montanhas e serras de onde todo o Barroso se avista e todas as montanhas e serras se dão a conhecer. Pois são essas as imagens de hoje, imagens do nosso reino maravilhoso.  

 

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E quando se fala em Reino Maravilho temos que evocar Torga. Fui, dentro do blog, à procura de Torga e do Reino Maravilhoso e encontrei por lá isto que não resisto a transcrever:

 

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“Chegado a casa, abriu-me o apetite para reler o “Reino Maravilhoso” de Torga, o mesmo de que tantas vezes se fala e se faz a citação das primeiras palavras do texto… “Vou falar-vos de um reino maravilhoso (…) fica no cimo de Portugal, como os ninhos ficam no cimo das árvores (…)  Vê-se primeiro um mar de pedras (…)— Para cá do Marão, mandam os que cá estão!... “ e nunca aparece o texto por inteiro, e é pena, pois todo ele é um poema que nos deixa nus perante a nossa identidade transmontana, o nosso ser, um retrato fiel daquilo que somos e que todo o transmontano tem obrigação de conhecer.”

                                         In https://chaves.blogs.sapo.pt/564005.html onde está transcrito o texto integral de “O Reino Maravilhoso” de Miguel Torga – Se é transmontano é de leitura obrigatória, se não o é,  também o deve ler para ficar a saber quem somos

 

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Quanto às imagens de hoje são de uma das pérolas desse “Reino Maravilhoso”, esta dá pelo nome de Barroso, com as suas serras e montanhas, com vistas que são vistas desde os seus pontos mais altos e desde onde as três principais serras do Barroso se avistam umas às outras, sendo que duas fazem um dos limites do Barroso (Serra do Larouco e Serra do Gerês) e a outra, está bem no coração do Barroso e dá pelo nome, como não poderia deixar de ser, de Serra do Barroso, todas acima dos mil metros de altitude.

 

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Pois são estas as nossas imagens de hoje, um pouco misturadas, mas todas elas tomadas desde a Serra do Larouco, desde a Serra do Barroso ou desde a Serra do Gerês, onde algumas são tomadas dentro delas para elas próprias, como acontece no caso da Serra do Gerês em alguns locais onde nada mais se vê para além do céu e da própria serra.

 

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E para a semana, próximo domingo, cá estaremos de regresso a mais uma aldeia do Barroso de Montalegre, nesta rubrica de “O Barroso aqui tão perto” quando levamos já mais 100 postagens dedicadas ao Barroso, aos seus lugares e aldeias ou temas do Barroso, e se pensam que isto terminará um dia, desenganem-se, pois o Barroso tem, de interesse, lugares, temas e motivos para toda uma vida.

 

 

04
Jun17

Barroso e Larouco


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Hoje ainda vamos ter por aqui a habitual rubrica dos domingos de “O Barroso aqui tão perto” com mais uma aldeia do Barroso de Montalegre.  As imagens já foram selecionadas, mas ainda falta o texto, assim, só lá para o final da noite é que aqui estará, mas não só, pois hoje também temos uma missão a cumprir em terras barrosãs. Para já fica mais uma imagem do Barroso tendo de fundo a Serra do Larouco, imagem captada desde a aldeia que hoje teremos aqui.

 

Até logo.

 

 

21
Ago16

O Barroso aqui tão perto... Olhando para e desde o Larouco


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Como vem sendo hábito aos domingos temos por aqui o Barroso, geralmente com uma das suas aldeias, mas nem sempre o nosso tempo disponível dá para prepararmos um post sobre uma aldeia e temos de lançar mão a outras ofertas do Barroso.

 

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A água, as montanhas, as paisagens, a flora e por aí fora, a oferta é variada e assim não nos é difícil arranjarmos uma alternativa a uma aldeia, que pela certa estará aqui no próximo domingo.

 

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Desta vez optamos por três imagens entre Soutelinho da Raia e a Serra do Larouco, com olhares lançados para e desde o Larouco. Imagens de arquivo, por isso não estranhem em ver o Larouco com neve.

 

 

15
Jul10

Elite de Pilotos de Parapente na Serra do Larouco (Montalegre) de 15 a 18 de Julho


 

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Ora aí está um evento a não perder por todos os amantes do parapente, quer para os que gostam de voar lá em cima, quer para os que cá de baixo (como eu) gostam de os ver voar.

 

São 4 dias de competição marcados para o Larouco e céus do Barroso mas também com possíveis largadas desde a Serra do Brunheiro para os céus de Chaves. O tempo e os ventos é que ditarão os melhores céus.


A WIND, Escolas de Parapente - Portugal, em conjunto com o Clube Papaventos,  traz mais de 70 pilotos de parapente a Montalegre.

De 15 a 18 de Julho a elite nacional de pilotos de parapente vai disputar a penúltima prova do Campeonato nacional da modalidade no cenário idílico da Serra do Larouco, de cujas escarpas partirão os atletas inscritos, entre os quais se encontram o Campeão Nacional (Cláudio Virgílio), a Campeã Nacional (Sílvia Ventura), o nº1 do Ranking Nacional (Nuno Virgílio) e o Recordista Nacional de distância livre (Pedro Moreira) desta modalidade que desafia os homens pela audácia dos campeões e reproduz a elegância dos falcões.


Esta prova, creditada pela Federação Portuguesa do Voo Livre e apoiada pela Câmara Municipal de Montalegre, conta para o campeonato nacional e para o ranking nacional e ainda, como prova da categoria FAI2, para o ranking mundial e proporcionará momentos de ímpar beleza enquadrados numa renhida competitividade desportiva.

 

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Foto de Arquivo (temos pena, mas agora está sem neve)

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Este evento desportivo contará ainda como Pré-Taça do Mundo, numa  candidatura de Portugal (Montalegre) à organização da Taça do Mundo de Parapente no próximo ano, demonstrando que Portugal conseguirá e merecerá organizar este evento maior do Parapente Mundial.


Durante os 4 dias de competição haverá um programa de lazer desenhado para cativar iniciados e público interessado para a prática do Parapente, mostrando que é um desporto atraente, seguro e não excessivamente caro, podendo ser uma prática lúdica ao alcance de muitos.


Todos os interessados e curiosos serão muito bem-vindos e terão acesso a um conjunto de profissionais que trabalham nesta área e que lhes poderão fornecer todos os conselhos para se iniciarem no voo livre e no parapente.


Em cada um dos 4 dias de competição a saída efectuar-se-á do pavilhão Multiusos de Montalegre para o local de voo.


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No último dia deste Open Internacional os melhores entre os melhores serão distinguidos na cerimónia de entrega de prémios, agendada para o final Domingo, dia 18, no Hotel Quality Inn de Montalegre.


De Trás-os-Montes ao sonho de voar como o mais ágil dos pássaros.

 

Para mais informações e contactos sobre o evento, basta seguir os links:


Contacto: Lino Miguel Teixeira (960429595/915341855)

linomiguelteixeira@gmail.com

 

Informações do evento:

Site do Evento: http://www.sam-cam.com/Montalegre/

Site da WIND, Escolas de Parapente de Portugal: http://sam-cam.com/

Site da Câmara Municipal de Portalegre: http://www.cm-montalegre.pt/

Fotos de Parapente: http://www.sam-cam.com/galeria.htm

 

 

 


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