SEXO
OCASIONAIS
*SEXO*
Há muitos muitos anos, aí pelos meios dos «cinquenta» do século passado, li (provavelmente num livrinho das * Selecções Reader's Digest*) a recomendação de um autor: - «se queres ter a certeza de que lêem o que escreves, põe-lhe o título de «Sexo».
Fui-me a uma máquina de escrever, com teclado *HCESAROPS*, do pai de uma colega, funcionário no Tribunal; coloquei três folhas ripadas da *Sebenta*, separadas por papel químico, e escrevi um conto, cheio de primaveras, flores e passarinhos, a descrever as aventuras de um jogo de Hóquei em patins entre Portugal e Espanha, «acontecido», como de costume, no «pavilhão» do “Cemitério Velho*, lá, na «Bila», onde uns mais velhos diziam ser o «Jesus Correia» ou o «Correia dos Santos», e outros, «o Adrião», o «Bouçós» ou o «Velasco».
Os «sticks» eram feitos com os trochos das giestas seleccionadas com muita aventura no, então, arborizado «cañon» entre o Corgo e o Cabril. A bola era muito especial: fabricada com meias dos «famigerados» atletas do Liceu Camilo Castelo Branco.
Passei as folhas da Sebenta para as mãos de uns colegas, pedindo-lhes que depois as trespassassem para outros.
Dois ou três ainda lhe pousaram os olhos.
Ninguém comentou.
Peguei nas folhas. E no cimo de cada uma, seguindo o conselho do autor evocado arriba, escrevi em letras gordas e vermelhas: SEXO.
No Portão da *Entrada dos Rapazes* coloquei uma; num dos galhos daquela árvore lá ao fundo do *pátio do Recreio* (dos Rapazes), que servia para avaliar a nossa capacidade de salto a pé junto, a distâncias variáveis sinalizadas com um risco na terra do *Pátio*, e na qual tínhamos de ficar pendurados e depois fazer umas «elevações», outra; e uma terceira na parede perto da Entrada para as Aulas.
Perante o amontoar de malta e o burburinho «estrondoso», lá veio, mais que apressado, o CARMINÉ, o contínuo jagunço, sempre à espreita da mínima oportunidade para importunar a rapaziada e ameaçar queixa ao Reitor, na altura o distinto Professor e autor da Gramática de Alemão, Martinho Vaz Pires.
O resto?!...
Passei a ser um escritor famoso!
M., trinta de Janeiro 2024
Luís Henrique Fernandes, da Granginha