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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

03
Set21

O Barroso aqui tão perto - Solveira

Aldeias do Barroso - Concelho de Montalegre


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SOLVEIRA - MONTALEGRE

 

 

Continuando a cumprir a nossa falta para com as aldeias que, aquando dos seus posts neste blog, não tiveram o resumo fotográfico em vídeo, trazemos hoje esse resumo para a aldeia de SOLVEIRA, concelho de Montalegre.

 

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Hoje podemos dizer que vamos para o Barroso aqui tão perto, mesmo bem perto, a apenas meia hora de viagem que, mais ou menos devemos demorar para percorrer os 28 km que nos separam desta aldeia do Alto-Barroso. Para lá chegarmos, basta tomar a estrada do São Caetano, passar por Soutelinho da Raia (a última aldeia do concelho de Chaves), entrar no concelho de Montalegre, passar por Meixide, depois ao lado de Vilar de Perdizes e finalmente Solveira. Atenção que é preciso sair da estrada principal, pois já foi tempo que esta passava por Solveira, foi assim até a construção de uma variante à aldeia, mas basta ir com atenção à placa (um desvio para a direita), que fica logo a seguir ao Santuário da Nossa senhora da Saúde de Vilar de Perdizes.

 

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Solveira é uma das grandes aldeias do concelho de Montalegre, hoje mais em casario que em população, que esta, tal como na grande maioria das aldeias do interior, principalmente os mais jovens, procuraram outros destinos para fazer as suas vidas, mas mesmo assim, há que nunca abandone o berço, e a terra que o viu nascer, é ou foi a terra que o viu viver e que lhe há de dar sepultura quando morrer. Gente interessante, por sinal, como o Sr. Jaime um artista de trabalhar o ferro e com o ferro, com amor à profissão de ferreiro quando necessário, como de serralheiro quando era preciso ou de arranjador de coisas em ferro, fechaduras, máquinas, geringonças, e outros mecanismos de ferro que avariavam. Hoje (passámos por Solveira em março de 2016 pelo que espero que o Sr. Jaime esteja ainda com vida e de boa saúde) continua a trabalhar, embora reformado, agora trabalha por prazer, repara máquinas e outras que vai juntando e colecionando, até malhadeiras, disse-nos ter 7, todas a funcionar, mas maioritariamente é o seu próprio cliente, sem prazos de entrega, pois o que arranja é para ficar numa espécie de museu de antiguidades onde passa e dedica os seus dias. Um armazém que foi oficina, está repleto de tudo, algumas peças subiram à sua habitação e hoje servem de decoração, mas funcionam, outras hão de subir, ou não. Pois foi um prazer termos conversado com este Senhor, o Sr. Jaime que nos recebeu na sua oficina e na sua casa, com muitas estórias para contar para todo o dia de muitos dias, assim houvesse oportunidade para as contar. Ouvimos algumas, mas tínhamos de partir à descoberta da restante aldeia e das outras aldeias do Barroso.

 

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Em geral, no levantamento fotográfico das aldeias, costumamos estar à volta de 45 minutos a 1 hora, ou menos, mas em Solveira foi diferente, não só pela aldeia ser grande, mas também pela conversa com o Sr. Jaime pelo qual soubemos que haveria nessa tarde um ato religioso na aldeia, o percurso do calvário. Acontece que era 25 de março de 2016, nesse ano, sexta-feira santa onde os atos religiosos deste dia se repetem um pouco por algumas aldeias. Ficámos por lá à espera, e fomos mantando o tempo com cliques, a tudo, até a absurdos e alguns disparates e contrates, um deles a forma como a EDP fere as paisagens rurais e estes núcleos populacionais rurais, implantando postes, fios, armários, PT’s, etc., onde lhes dá a gana ou mais jeito, sem qualquer respeito pela aldeia e pelos seus monumentos com as aberrações que praticam.

 

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Solveira implantada em terras alta do Alto-Barroso, com o Larouco mesmo ao lado, vai recebendo com frequência os nevões de inverno, coisa bonita de ver para quem não tem de viver dias a fio debaixo de um nevão em que imobiliza as aldeia e as suas vidas, mas há sempre afazeres que os obriga a andar ao frio e na neve, principalmente os criadores de gado que ficam sem pastagens e têm de alimentar o gado, nas cortes, quando o frio chega a doer e têm de aquecer as casas para poder sobreviver, não com a eletricidade da EDP cujo custo é um luxo, mas com lenha nas lareiras e salamandras. Talvez dias felizes para as poucas crianças que a aldeia ainda tem, mas nem tanto para que a neve lhes tolhe os dias. Mas que é bonito ver estas aldeias debaixo de um manto de neve, lá isso é.

 

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E está na hora de fecharmos as portas a este post, o qual aproveitámos para deixar mais imagens de Solveira que escaparam à seleção anterior, aquando deixámos aqui o post completo dedicado à aldeia. Post esse para o qual fica link no final, após o vídeo.

 

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E agora sim, vamos ao vídeo que afinal é a principal razão deste post, Vídeo onde reunimos todas as imagens até hoje publicadas aqui no blog e estratos de um vídeo (mesmo vídeo) que fizemos numa passagem pela aldeia, a caminho de Montalegre. Espero que gostem.

 

Aqui fica:

 

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL Nº 895 607, já está online.

 

Post do blog Chaves dedicados à aldeia de SOLVEIRA:

 

https://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-solveira-1364977

 

E quanto a aldeias de Montalegre, despedimo-nos até à próxima sexta-feira em que teremos aqui a aldeia de TABUADELA.

 

 

 

27
Mar16

O Barroso aqui tão perto... Solveira


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Cá estamos de novo no Barroso, em mais uma aldeia a caminho de Montalegre, esta dá pelo nome de Solveira.

 

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Mas vamos à história, primeiro a minha, a que retenho de Solveira. Embora hoje Solveira nos fique no caminho de Montalegre, nem sempre foi assim. Graças à minha família da parte materna ter toda origem em Montalegre, desde muito cedo que a Vila estava nos meus destinos do Natal e do Sr. da Piedade, mas também parte das férias grandes. Decorriam então os anos 60 e 70 do Séc. passado e as idas a Montalegre eram feitas nas carreiras de Braga, pela Nacional 103. Primeiro de Chaves até ao Barracão, e depois noutra camioneta do Barracão até Montalegre. Só muito mais tarde, já em finais dos anos 70 e anos 80 é que começámos  a utilizar a “estrada de Soutelinho da Raia”, e aí sim, descobri também pela primeira vez a aldeia de Solveira, com a estrada a passar pela a aldeia.

 

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Contudo os arranjos da estrada entre Montalegre e o concelho de Chaves fez com que em Solveira a estrada tivesse uma variante, a passar ao lado da aldeia, e de novo Solveira ficou apartada das nossas vistas e das nossas passagens. Ia mantendo na memória uma aldeia interessante no seu casario, cheia de vida, pelo menos na estrada (rua) que então a atravessava, onde havia sempre muita gente e animais e daí a passagem por lá se fazer com velocidades muito reduzidas.

 

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Pois há dois dias fui à procura dessa aldeia que retinha na memória e embora quase tudo se mantenha como quando a conheci, falta-lhe a essência, ou seja, a vida nas ruas mas também nas casas. Solveira é também uma das aldeias que sofre do mal que mais as afeta hoje em dia – o despovoamento e envelhecimento da população.

 

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Mas ainda tem alguma vida que até ainda mantém algumas tradições de pé, como a via-crúcis ou via-sacra que consiste na sexta-feira santa os fiéis percorrerem as estações (ou passos) da via sacra, quinze no total, representando a caminhada de Jesus a carregar a cruz desde o Pretório de Pilatos até o monte Calvário, em suma com a primeira estação na representação da condenação à morte de Jesus e a última em representação de Jesus a ressuscitar dos mortos. Em Solveira a via-crúcis faz-se precisamente ao longo da antiga estrada que ligava Montalegre a Chaves.

 

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Há dois dias, sexta-feira santa, quando por lá fomos (a Solveira), soubemos do acontecimento e fomos fazendo sala até que o mesmo acontecesse. Sorte nossa a de termos encontrado o antigo ferreiro da aldeia, hoje reformado mas que se dedica ainda com amor e carinho às coisas de “ferro” e em “ferro”, como quem diz de qualquer metal. Engenhos, geringonças, antigos utensílios domésticos ou de trabalho, aparelhos, ferramentas. Um autêntico museu do metal, mas não só, pois há também as malhadeiras, penso que sete, todas a funcionar.Não as vimos mas ficaram programadas para uma próxima visita. Mas não é só o museu e o juntar peças de metal, pois o Sr. Jaime quer tudo como deve de ser e coisas avariadas ou que não funcionam não têm lugar no seu museu e daí, passar o seu tempo livre, agora todo, no concerto e arranjo das peças, e se tiver de as construir/fabricar, constrói-as ou fabrica-as, tal como aconteceu com a fechadura para a chave gigante que comprou na cidade de Chaves na feira das velharias.

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Junto a um dos largos principais da aldeia, aquele que tem o grande tanque e fonte comunitárias, onde o longo lavadoiro corrido ao longo de todo o tanque nos faz imaginar a vida que o largo não teria quando o mesmo era utilizado pelas mulheres a lavar a roupa de casa, onde suponho que em frente o Sr.Jaime teria a sua oficina de ferreiro, no tal sítio onde hoje abriga o seu museu. Teríamos conversa e apreciação das peças de museu do Sr. Jaime para toda a tarde, mas havia a via-crúcis à nossa espera, mas já se sabe que em terras do Barroso e um pouco por todos os Trás-os-Montes, as boas regras da hospitalidade mandam oferecer e beber um copo com as visitas que também teria daquelas coisas boas como bucha se não fosse dia de jejum, que por estas bandas se cumpre com o rigor que a Igreja manda.

 

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Por falar em copos, curiosamente e coisa rara no Barroso, Solveira produziu (não sei se ainda produz) vinho. Com o Larouco ali bem perto, mas goza ainda do tal microclima de que já falámos em Vilar de Perdizes, e daí o vinho e daí também alguns lagares que vimos em algumas adegas em ruínas.

 

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Por falar em Vilar de Perdizes, para quem vai de Chaves para Montalegre, ainda antes de chegar a Vilar de Perdizes a estrada atravessa um rio que “corre ao contrário”. O Rio segundo apurei nas cartas disponíveis, incluindo as militares,  e nas pesquisas que fiz, o rio dá pelo nome de Rio Assureira. Pois este rio que hoje também trago aqui porque também passa ao lado, bem perto, de Solveira além de correr ao contrário na maior parte dos escritos que encontrei, dão-no como sendo natural e a percorrer terras do Parque Natural de Montesinho, no distrito de Bragança. Mesmo nos quadros dedicados aos rios, o Rio Assureira é sempre mencionado como sendo de Bragança. Assim ou há dois rios com o mesmo topónimo ou então qualquer coisa está aqui errada, tal como correr ao contrário. Mas esta do correu ao contrário, coisas do relevo, até tem explicação.

 

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Geralmente os nosso rios nascem em Portugal e vão desaguar ao mar ou são afluentes de outros rios e, correm de norte para sul ou de Nascente para Poente. Se nascem em Espanha, acabam por seguir os mesmos caminhos e acabam por entrar em Portugal para seguirem o caminho do mar. Pois este nosso rio, o Rio Assureira, nasce em Portugal na Serra do Larouco, bem próximo da nascente do Rio Cávado. Embora inicialmente, tal como os outros,  tome a direção do mar, dá uma reviravolta para passar a correr em direção da Galiza, servindo mesmo de fronteira entre Portugal e Espanha (Galiza) ao longo de alguns poucos quilómetros (perto de 4km) para logo entrar em Espanha onde acaba por morrer quando se torna afluente de um outro Rio, também nascido no Larouco, o Rio Babul que, próximo de Verin, também é afluente do nosso Rio Tâmega. Curiosa as voltas que as águas dos rios dão, daí não admirar que o nosso Tâmega, em Chaves, em tempo de cheias, se enfureça e engrosse tanto, pois além das águas que o vale do Tâmega recolhe na Galiza, recolhe ainda grande parte das águas do Larouco e do planalto do Alto Barroso.

 

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Mas voltemos a Solveira, que embora hoje muito despovoada se nota ter sido uma grande aldeia, onde se destacam algumas construções, como a Igreja, o tal tanque comunitário, uma curiosa torre sineira utilizada para, noutros tempos, chamar as vezeiras. Segundo informações da aldeia a torre sineira não se encontra no seu sítio original. Há ainda o forno comunitário do povo para turista ver e fotografar, o cruzeiro e tanque/fonte anexa, uma fonte de mergulho com pátio pavimentado e o tradicional casario do barroso, algum ainda com a estrutura em pedra das antigas coberturas de colmo.

 

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Quanto a alguns dados oficiais da aldeia, recolhidos na página oficial da C.M. de Montalegre, na internet, a população presente de Solveira (Censos 2011) é de 150 habitantes, o Orago é Stª Eufénia e é a mais recente freguesia de Montalegre, saída de Vilar de Perdizes. O seu topónimo muito antigo provém do étimo sorbu + aria – sorbaria, planta semelhante ao buxo muito utilizada em obras de marcenaria.

 

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Acrescenta ainda a pág. da internet da C.M. de Montalegre: “o território desta freguesia foi habitado há muitos séculos. Aliás, a toponímia circundante certifica-o. Primeiro o sítio das Antas que nos levam até à pré-história; depois o próprio assentamento da povoação no Outeiro – altarium; depois o castro do Soutelo, a Cidadonha e finalmente Paio Mantela, uns e outros tradicionalmente considerados locais habitados. Solveira ao fazer parte da honra de Vilar de Perdizes estava abrigada a mandar homens à guarda do Castelo da Piconha, pelo menos até ao reinado de D. João I, mas há quem pense que a obrigação durou até à Restauração. Entre 1841 e 1853 pertenceu ao concelho de Ervededo que foi couto criado por D. Afonso Henriques para o seu amigo Arcebispo D. Paio Mendes, em 1132, tal como fizera ao Couto de Dornelas”.

 

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E prontos, tal como se costuma dizer por cá quando a coisa está concluída. Hoje ficam 14 imagens de Solveira, mas com muitas mais em arquivo para numa próxima oportunidade ficarem por aqui mais algumas. Restam os agradecimentos ao Sr. Jaime por nos ter recebido e mostrado o seu museu mas também à simpatia da população com quem fomos falando e um abraço para um seguidor nosso, natural de Solveira e emigrante em França, o Sr. João André que ainda há dias nos pedia Solveira. Pois aqui está, tal como prometemos, a caminho de Montalegre. Depois logo se verá. Para a semana contamos ir até Stº André. Até lá.

 

 

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