Santa Cruz da Castanheira - Chaves - Portugal
E cá estamos com mais uma aldeia do concelho de Chaves, ainda por terras santas, pelo menos no topónimo que foi adotado para a aldeia, e embora esta nem seja de santo ou santa em forma de gente, é-o em forma de cruz, ou seja, vamos até Santa Cruz, que por ser de terras da castanheira, leva ainda com o seu apelido – Santa Cruz da Castanheira, o que até dá jeito para a distinguir da outra localidade do concelho de Chaves com o mesmo topónimo – Santa Cruz, esta sem apelidos. Refiro-me a Santa Cruz da freguesia de Santa Cruz, Trindade e Sanjurge.
Desta vez trocamos aqui as voltas. Hoje deveríamos ter aqui uma aldeia do Barroso, pois a de Chaves, deveria ter sido ontem, no entanto para este blog ter imagens, de vez em quando, temos que ir à caça delas, e como ontem foi dia de caça, não nos pudemos dedicar ao blog. Não pôde ser ontem, mas pode ser hoje. A aldeia do Barroso, fica para o próximo domingo.
Vamos então até Santa Cruz da Castanheira que em imagem começámos com uma vista geral sobre a aldeia, tomada, se não me engano, desde a aldeia vizinha de Sanfins da Castanheira. Aldeia que tem uma igreja (ver primeira imagem) com uma torre sineira muito singular. Eu, em tom de brincadeira e sem qualquer ofensa, costumo dizer que é do estilo pombalino, mas não é bem o que Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782), o Marques de Pombal, utilizou na reconstrução de Lisboa, não, não é esse, este é mesmo estilo de pombal de pombas, senão repare-se na imagem seguinte onde estão duas torres pombais, existentes e localizadas a 900 metros a poente da igreja.. Da duas uma, ou a torre da igreja foi beber inspiração aos pombais ou estes o foram beber à torre da igreja. Isto é apenas uma curiosidade, mas que a torre sineira é singular, lá isso é, o que até é bom, pois é diferente de todas as outras.
Mas entremos em Santa Cruz da Castanheira, uma das aldeias que já conheço desde os anos setenta do século passado, tudo por causa da sua festa e de uma família amiga que temos nesta aldeia, pela qual fomos então convidados, mais precisamente uns colegas de liceu que simultaneamente também moravam no meu bairro.
Mas dessa Santa Cruz da Castanheira pouco recordo, a não ser uma aldeia longe de Chaves, que afinal não é assim tão longe, mas os acessos da altura faziam-na mais longe. A verdadeira descoberta da aldeia já é mais tardia. A primeira vez que lá fui em recolha de imagens foi em 2007, depois em 2008 e as últimas lá recolhidas são de 2012, mas já passei por lá muitas mais vezes, por é de passagem obrigatória para ser ir a outra aldeia, Parada, ou mesmo pró São Gonçalo, embora este último tenha a alternativa voa Orjais. Curiosamente as imagens de hoje são todas de 2007 e 2008. Ou seja, todas com mais de 10 anos, o que faz com que os rapazes que aparecem na próxima imagem, hoje já tenham barba e já andem a rondar os vinte anos de idade.
Rapazes que na altura não me ligaram puto, eles andava pra lá nas suas brincadeiras e isso é que interessava, e muito bem, embora se possa brincar toda a vida, em criança e jovem adolescente as brincadeiras têm outro sabor, então as brincadeiras de rua tem sabor reforçado e o mais engraçado é que na maioria das vezes se brinca ou brincava sem brinquedos, pelo menos com brinquedos convencionais, quando muito uma bola já chegava e qualquer cantinho da rua servia, de preferência se não houvesse envidraçados por perto, mas às vezes lá calhava e lá ia um ou outro vidro à vida. Os rapazes não me ligaram puto, mas fiquei agradado por ver que em Santa Cruz da Castanheira a rapaziada ainda brincava na rua.
Mas não era só os rapazes que andavam na rua, as pitas pedreses também andava e igualmente, também não me ligaram puto, lá continuaram a esgaravatar o chão à procura de migalhas e bicharocos ou mesmo gãos de areia para o seu papo. Também são do meu tempo estas raparigas pedreses e estava-lhes sempre reservado um fim especial, penso que era para alheiras, mas sei que dava sempre uma boa canja.
Já as vacas, o cavalo e os burros que também lá estavam mas não ficaram na imagem, embora vedados, gozavam toda a liberdade do lameiro e igualmente não me ligaram puto mas também não ligavam puto ao guardador, que nem era necessário, penso que estava lá mais numa de meditação do que de guardador, quando muito estava à espera que as reses enchessem o bandulho para as levar de volta à corte, mas não o sei, pois eu também andava na minha vida…
Enfim, uma verdadeira aldeia que além disso tinha um café onde parávamos para uma mini fresquinha ou mesmo um simples café, mas era também pretexto para dar dois dedos de conversa com o seu proprietário que por sinal era primo dos meus amigos de liceu. Estou a conjugar os verbos no passado porque como já não vou por lá há mais de 10 anos não sei se o café ainda existe, suponho que sim, mas 10 anos numa aldeia de hoje é muito tempo, só mesmo os resistentes se conseguem manter por lá tanto tempo.
E foi tudo por hoje, mas estou em crer que não será a última vez que Santa Cruz da Castanheira estará por aqui, aliás quando esta ronda por todas as aldeias do concelho terminar, já há projeto para outra ronda, remodelada e um pouco diferente, mas ainda só está em projeto. Garantia é que os fins-de-semana deste blog são do mundo rural, o nosso do concelho de Chaves, mas também um pouco mais distante, onde o da região e concelhos vizinhos também têm lugar. Andamos a tratar disso, assim tenhamos saúde e condições para o fazer, pois este blog veio para ficar.