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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

23
Jun18

Paradela de Monforte - Chaves - Portugal


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Dita a ordem alfabética que hoje toca a vez á terra dos fidalgos de Paradela de Monforte, que pelo apelido do topónimo será fácil deduzir que fica por ali pelas terras de Monforte onde existe o castelo com o mesmo nome, porque de facto é daí que lhe vem o apelido, mesmo porque segundo reza a História, Paradela de Monforte até 31 de Dezembro de 1853, pertenceu ao extinto concelho de Monforte de Rio Livre.

 

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Terra dos Fidalgos ou pelo menos assim são conhecidos, e tudo, ao que a História ou as lendas contam, graças à fidalguia ligada ao Castelo de Monforte e à lenda dos fidalgos que estiveram na origem do topónimo de Paradela.  

 

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Pois para a origem do topónimo, reza assim a lenda:

 

" Dois irmãos cavaleiros à maneira de exploradores ou fugitivos da sociedade, toparam um alto donde se lhe deparou um vale.

- Que linda e ampla veiga aqui se encontra!

- Pára nela, disse-lhe o outro num gesto de desdém...

- Pois hei-de parar.... e como disseste “pára nela”, há-de ser esse o nome do nosso acampamento."

E daqui veio - dizem os naturais - por mudança do N em D, o nome de Paradela. E daí também os naturais de Paradela se autointitularem, Fidalgos de Paradela.

 

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Mas lendas são lendas e valem o que valem, contudo há outra(s) teoria(s) para a origem deste topónimo:

Pode referir-se a um tributo ou um foro, a que se dava o nome de Parada, foro esse que o povo pagava aos senhores da terra quando nela apareciam e que consistia em certa quantidade de mantimentos ou dinheiro, para mantença ou aposentadoria deles e da comitiva. Era um dos foros pagos entre os séculos XII a XV, pelo que a aldeia, a ter aí a origem do seu topónimo, terá também no mínimo essa antiguidade.

 

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Refira-se também que o topónimo Paradela é muito comum em Portugal, existe aqui no nosso concelho, mas também e Montalegre, Barcelos, Miranda do Douro, Penacova, Trofa, Águeda, Aveiro, e pela certa mais concelhos terão a sua Paradela. Na "Toponímia do Barroso", por exemplo, a respeito do Topónimo Paradela, diz-se o seguinte:

“De “parada + ella”. (…) “parada” do latino > parata, topónimo topográfico, isto é, significa um “alto” ou paragem para descanso nas árduas viagens das gentes medievais, romanas, célticas, pré-históricas e até actuais. Estes topónimos relacionam-se obviamente com o tempo de “paragem”. Na Paradela o tempo de paragem é curto, daí o diminutivo, e dá para seguir viagem; (…)”.

 

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Ora a lenda que atrás deixámos, encaixa em parte nesta última possível origem do topónimo.

 

Então se for por terras de Monforte faça o favor de parar nesta aldeia que dá pelo topónimo de Paradela de Monforte, mas antes, aprecie-a vista de longe, depois entre na sua intimidade onde poderá apreciar ainda algumas das construções típicas transmontanas, o seu património e arquitetura religiosa, patente em pelo menos numa igreja, numa capela e numa capelinha localizada num alto (se calha foi neste que pararam os cavaleiros da lenda).

 

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Igreja Paroquial, em estilo barroco, bem simples, com uma bela pia baptismal manuelina; tem por padroeira a Senhora das Neves cuja festividade se celebra em 5 de Agosto e é conhecida pela festa dos casados. É tradição, cada casal cuidar um ano da manutenção da Igreja, o homem servindo de sacristão e a mulher zelando a limpeza e asseio das instalações. Decorrido o ano, o casal organiza uma festa que inclui a elaboração de um ramo enfeitado com variados produtos da região, entre eles um frango, uma cabaça de vinho, um cacho de uvas, uma melancia e as chaves da Igreja. Realizam se algumas cerimónias religiosas, e este ramo é entregue ao casal destinado a desempenhar as funções de mordomo no ano seguinte. A festa termina com um baile, à porta do novo casal.

 

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A capela da Senhora do Rosário dotada de uma galilé. Tem como remate uma artística cruz latina e na sua base está inscrita a data de 1730. Pequena mas interessante, mas não tão pequena como a pequeníssima capela localizada num alto nos limites da aldeia, de onde se avista toda a aldeia e vale da freguesia.

 

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Este alto da capelinha é um autêntico miradouro com vistas que se prolongam até ao vale de Chaves e se perdem num longínquo mar de serras e montanhas. Capelinha ou capela pequena, mas com direito a festa e um espaço envolvente bem interessante que ficou a ganhar com a nova ligação da aldeia a Mairos. Local de visita obrigatória, pois embora a capela seja pequena impõe-se pela sua localização e simplicidade e depois, as vistas que dali se alcançam, são um pequeno paraíso visual que fará as delicias a qualquer fotógrafo.

 

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Paradela de Monforte onde nós também já parámos algumas vezes para tomar umas fotos, algumas, poucas, ainda antes de este blog existir, pois segundo o registo são fotos de 2002, no entanto a primeira recolha para o blog foi feita em 2006 e posteriormente em janeiro e maio de 2010, ou seja, há oito anos que não recolhemos por lá imagens.

 

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E para última imagem fica a imagem do forno que penso será o forno comunitário da aldeia. Este fornos sem qualquer dúvida que fazem parte do património cultural das nossas aldeias, não só pelas estórias que se poderão contar das passagens por eles, mas principalmente pela magia daquilo que sai pela pequena porta do forno, do melhor que há em iguarias da nossa terra, não só o tradicional pão centeio, mas também os folares e os assados em dias de festa, onde os leitões, cabritos, cordeiros, perus e tudo que la entra, sai transformado naquilo que há de melhor à mesa transmontana, deliciosas iguarias sem igual. Pena que estes fornos com a modernidade tivessem caído em desuso, ou do uso comum que noutros tempos era quase, senão, diário.

 

E é tudo, por hoje.

 

 

 

19
Mai18

Oucidres - Chaves - Portugal


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Nesta nova ronda pelas aldeias de Chaves, hoje toca a vez à aldeia de Oucidres, uma das aldeias que com a reorganização administrativa das freguesias perdeu o seu estatuto de sede de freguesia para passar a pertencer a uma freguesia mais alargada, que adotou o nome de Planalto de Monforte – União das freguesias de Oucidres e Bobadela.

 

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Como facilmente se depreenderá estamos também nos “domínios” do Castelo de Monforte que, curiosamente, até nem pertence a esta freguesia. Ficou sem castelo que comunga do mesmo topónimo, mas ganhou ou continuou com a pedra mais famosa da região – a Pedra da Bolideira, esta sim, no Lugar da Bolideira.

 

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Quanto a Oucidres continua por lá. É uma das aldeias que muitas vezes nos calha em caminho, um deles, precisamente para se ir até ao Castelo de Monforte, mas pode ser também uma alternativa à EN 103 ou que nos pode ficar na passagem para irmos até Vilar de Izeu, Vila Nova de Monforte, Avelelas ou Sobreira.

 

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Embora nos calhe amiúde em caminho, à última vez e única que tomámos alguns olhares de Oucidres já foi há 12 anos, mais precisamente em setembro de 2006. Não é caso único, pois como passamos por lá muitas vezes, vamos sempre deixando para a próxima, mas não só por isso, pois recordo que há três anos decidi-me ir até Oucidres, com passagem pela Bolideira e com a intenção de também lançar mais uns olhares a Vilar de Izeu e Vila Nova. Na Bolideira ainda fui ver se a pedra continuava a abanar, mas quando finalmente me comecei a dirigir para Oucidres, nas proximidades, além da aldeia, uma forte coluna de fumo indicava haver incêndio nas proximidades. 29 de agosto de 2015 foi a data que ficou registada no exif das fotografias do dia, que além de meia dúzia de olhares sobre a Bolideira, apenas ficaram para memória futura registos do incêndio que lavrava entre Sobreira e Avelelas.

 

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Assim lá temos que recorrer, mais uma vez, às imagens de arquivo e fazer a promessa de um dia destes regressarmos a Oucidres para registo de novos olhares. Embora esta promessa de nova recolha de imagens às nossas aldeias já comece a ser um lugar comum aqui no blog, contamos cumpri-la. Só não sabemos quando, mas havemos de lá ir novamente. Entretanto ficamos com aquilo que temos em arquivo e com aquilo que é mais icónico na aldeia, como a sua igreja, com torre sineira dupla, a sua capela, as alminhas no largo, por sinal umas das mais bonitas do concelho e um pouco do seu casario mais típico. O resto fica para quando de novo formos por lá. Fica prometido e por aqui as promessas costumam ser cumpridas.  

 

 

 

 

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