Chegada do primeiro comboio a Chaves em 28 de agosto de 1921
O mesmo local da imagem anterior, em 2005
Ainda dentro da celebração do centenário da chegada do comboio a Chaves, que, se fosse “vivo”, festejaria hoje os seus 100 anos, vamos deixar aqui um pequeno resumo sobre a linha do Corgo (1906-1921), aquela que nos servia e ligava à rede ferroviária de todo o Portugal e que, após 25 de abril, acreditou-se e tinha-se esperança de que a via estreita da linha do Corgo passasse a linha larga e fosse modernizada, no entanto, todos sabemos, que aos poucos, um troço aqui, outro ali, às vezes pela calada da noite, foram fechando e o que sobrou, é uma triste imagem da ferrovia portuguesa. E quem foram os culpados!? – É fácil apontar o dedo aos políticos e políticas de Lisboa, e na realidade são eles os últimos a decidir, mas também são culpados os autarcas locais pelo seu silêncio e também, todos nós, que em geral, a manifestarmo-nos, já o fazemos depois da procissão há muito ter saído do adro, quando está quase a terminar, ou seja, tarde e a más horas quando já não há retorno possível. Por outro lado, todas as decisões de Lisboa são tomadas com base no poder do interesse económico, de alguns com força para decidirem o que querem, e com força para fazer decidir os outros, os que finalmente decidem aquilo que já estava decidido. Dai a ferrovia nacional, sendo do estado, estar fora dos interesses dos que têm interesses. Malabarismos que escapam aos interesses do zé povinho, que por não serem sensacionalistas, nem catastróficos, com mortes e cabeças rachadas, também não interessam à imprensa que temos, e enquanto entretidos com futebóis e as novelas da televisão (as reais e as fictícias) o nosso Portugal vai mudando de rumo, e assim, em a rede de ferrovia nacional foi sendo reformada e trocada pela rede de autoestradas nacional, um autêntico disparate, que nos saiu e continua a sair do bolso, sem nos servir convenientemente. Mas haja esperança, como os grandes interesses rodoviários já terminaram, agora é a vez de partimos para os interesses de uma nova rede de ferrovia, que só esperamos que não seja feita de disparates e que seja feita para servir que realmente necessita de ser servido, o interior de Portugal.
Antiga estação da CP em 2006
Depois desta longa introdução, vamos aos propósitos deste post, que hoje na celebração do Centenário da chegada do comboio a Chaves, pretende mostrar o que resta do troço da linha do Corgo que nos servia, o troço do concelho de Chaves que entrava com o primeiro comboio a circular até à estação de Vidago em 1910, passando pela estação de Loivos (que fica isolada no meio do monte – disparates da altura), e passava pelo apeadeiro de Oura.
Mas antes a cronologia do nascimento desta linha do Corgo, com inicio na Régua e fim em Chaves, que teve o primeiro comboio a circular em 12-05-1906 entre a Régua e Vila Real, depois em 15-07-1907 chegou às Pedras Salgadas, em 20-03-1910 chega a Vidago. Curioso que demorou 4 anos até chegar a Vidago, e de Vidago a Chaves, um pequeno troço com menos de 20 km, demora 11 anos, e acho que tivemos sorte…Pois é, mas antes chegou ainda à estação do Tâmega (Curalha), em 20-06-1919 e finalmente, dois anos depois, em 28-08-1921, chega a Chaves, e assim continuou a chegar e a partir durante 68 anos, idade, pelos vistos, em que os comboios se reformam, pelo menos em Chaves deu a última apitadela de chega e partida no último dia do ano da sua (des)graça de 1989. Poderíamos dizer que descanse em paz, mas pelas saudades que deixou (ou soudades, como com frequência se diz no Facebook), esperamos bem que não descanse em paz e que um dia destes, ressuscite e no apite de novo nas partidas e chegadas à cidade de Chaves.
Está então na hora de fazer esta viagem em imagem no troço da linha do Corgo do concelho de Chaves, com aquilo que, hoje, resta dela, a partir da entrada em Chaves, pela seguinte ordem:
- Estação de Loivos (isolada no meio do monte)
- Apeadeiro de Oura
- Apeadeiro de Salus
- Estação de Vidago
- Apeadeiro de Campilho
- Estação de Vilarinho das Paranheiras
- Estação de Vilela do Tâmega (na aldeia de Moure)
- Estação do Tâmega, em Curalha
- Apeadeiro da Fonte Nova, em Chaves
- Estação de Chaves
Estação de Loivos (isolada no meio do monte)
Apeadeiro de Oura
O único (do concelho de Chaves) construído totalmente em madeira.
Apeadeiro de Salus
Estação de Vidago
Antiga estação de Vidago - em 2012
Antiga estação de Vidago - em 2011
Antiga estação de Vidago - em 2010
Antiga estação de Vidago - em 2016
Apeadeiro de Campilho
Estação de Vilarinho das Paranheiras
Estação de Vilela do Tâmega (na aldeia de Moure)
Estação do Tâmega, em Curalha
Casa da antiga passagem de nível com guarda
Composição de um comboio e antiga estação - Propriedade privada
Apeadeiro da Fonte Nova, em Chaves
Antigo apeadeiro e passagem de nível com guarda
Estação de Chaves
Antiga estação da CP em 2016
Núcleo do Museu Ferroviário
Para terminar, aquilo que do comboio ficou em Chaves para sua memória, uma espécie de museu ferroviário ou um Núcleo do Museu Ferroviário. Cá fora há dois troços de via (estreita) com os seus carris e travessas sobre os quais estão estacionados dois com dois vagões de carga de bordas baixas.
Dentro das antigas oficinas estão as locomotivas a vapor E41 (1904), E161 (1905) e E203 (1911), um quadriciclo motorizado, um vagão (ambulância) correio. Algumas fotografias, um relógio, etc. Pena não ter pelo menos duas carruagens de passageiros, uma de 2ª classe e outra de primeira, ou seja, pena não haver uma composição completa de um comboio, com a locomotiva e os vagões de passageiros, do correio e de carga, com vagões abertos e fechados.
Ao longo do espaço da antiga estação ainda existem alguns dos antigos edifícios, como armazéns, oficinas, etc. agora convertidos e com outras funções, a poço giratório das locomotivas e o depósito e fonte abastecedora de água, todos com novas funções ou como elementos decorativos do Centro Cultural de Chaves, instalado no espaço da antiga CP.
E é tudo por hoje, um dia que excecionalmente teve aqui dois posts sobre o mesmo tema, mas penso que são merecidos e depois, eu, embora não seja saudosista também tenho saudades do velho texas, ou então será da juventude que então tinha, nas frequentes viagens que fazia nos comboios das velhas locomotivas de vapor, e depois já de motor a diesel, mas as de vapor tinham outro encanto…
Por último, um agradecimento ao Humberto Ferreira por nos ter disponibilizado o seu trabalho para publicar neste blog, pois à exceção do presente post, todo o trabalho dos 100 posts publicados nos últimos 100 dias sobre o centenário do comboio foi dele, que disponibilizou para todos, tal como a sua coleção de fotografias de comboios da linha do Corgo. Obrigado Berto e ao teu blog “Viagens no Tempo”, pois com ele viajamos mesmo.