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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

26
Set23

Chave de Ontem com um olhar sobre o "Texas"


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Bem sei que hoje é dia de Chaves Antiga, mas como ontem foi a Feira das Cebolas em Vila Pouca, hoje vamos até lá, mas também fica garantida a presença de Chaves aqui, hoje, pois o comboio da imagem partiu em direção a Chaves, de antigamente, possivelmente para dormir cá e partir no dia seguinte para mais uma partida e mais uma viagem em direção à Régua, partidas e chegadas que ainda hoje se poderiam fazer se… deixo-vos da liberdade de terminarem a frase como quiserem.

 

Até amanhã.

 

 

17
Mai23

Um espaço com memórias do antigo "texas"

Cidade de Chaves - Museu do Comboio


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Ao fundo deste pequeno espaço ajardinado, na velha construção, que outrora foi dormitório de pessoal da CP e oficinas, estão algumas memórias do comboio em Chaves, penso que três locomotivas, a carruagem do correio uma motorizada e alguns objetos da vida do comboio. Um espaço interessante que aos mais velhos até pode servir para matar saudades e recordar estórias de viagens,  mas que é ignorado por quase todos, muitos, creio, que nem sabem que este espaço existe…

 

 

 

28
Ago21

Se fosse vivo, fazia hoje 100 anos...

Centenário da Chegada do Comboio a Chaves


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Chegada do primeiro comboio a Chaves em 28 de agosto de 1921

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O mesmo local da imagem anterior, em 2005

Ainda dentro da celebração do centenário da chegada do comboio a Chaves, que, se fosse “vivo”, festejaria hoje os seus 100 anos, vamos deixar aqui um pequeno resumo sobre a linha do Corgo (1906-1921), aquela que nos servia e ligava à rede ferroviária de todo o Portugal e que, após 25 de abril, acreditou-se e tinha-se esperança de que a via estreita da linha do Corgo passasse a linha larga e fosse modernizada, no entanto, todos sabemos, que aos poucos, um troço aqui, outro ali, às vezes pela calada da noite, foram fechando e o que sobrou, é uma triste imagem da ferrovia portuguesa.  E quem foram os culpados!? – É fácil apontar o dedo aos políticos e políticas de Lisboa, e na realidade são eles os últimos a decidir, mas também são culpados os autarcas locais pelo seu silêncio e também, todos nós, que em geral, a manifestarmo-nos, já o fazemos depois da procissão há muito ter saído do adro, quando está quase a terminar, ou seja, tarde e a más horas quando já não há retorno possível. Por outro lado, todas as decisões de Lisboa são tomadas com base no poder do interesse económico, de alguns com força para decidirem o que querem, e com força para fazer decidir os outros, os que finalmente decidem aquilo que já estava decidido. Dai a ferrovia nacional, sendo do estado, estar fora dos interesses dos que têm interesses. Malabarismos que escapam aos interesses do zé povinho, que por não serem sensacionalistas, nem catastróficos, com mortes e cabeças rachadas, também não interessam à imprensa que temos, e enquanto entretidos com futebóis e as novelas da televisão (as reais e as fictícias) o nosso Portugal vai mudando de rumo, e assim, em a rede de ferrovia nacional foi sendo reformada e trocada pela rede de autoestradas nacional, um autêntico disparate, que nos saiu e continua a sair do bolso, sem nos servir convenientemente. Mas haja esperança, como os grandes interesses rodoviários já terminaram, agora é a vez de partimos para os interesses de uma nova rede de ferrovia, que só esperamos que não seja feita de disparates e que seja feita para servir que realmente necessita de ser servido, o interior de Portugal.

 

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Antiga estação da CP em 2006

Depois desta longa introdução, vamos aos propósitos deste post, que hoje na celebração do Centenário da chegada do comboio a Chaves, pretende mostrar o que resta do troço da linha do Corgo que nos servia, o troço do concelho de Chaves que entrava com o primeiro comboio a circular até à estação de Vidago em 1910, passando pela estação de Loivos (que fica isolada no meio do monte – disparates da altura), e passava pelo apeadeiro de Oura.  

 

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Mas antes a cronologia do nascimento desta linha do Corgo, com inicio na Régua e fim em Chaves,  que teve o primeiro comboio a circular em 12-05-1906 entre a Régua e Vila Real, depois em 15-07-1907 chegou às Pedras Salgadas, em 20-03-1910 chega a Vidago. Curioso que demorou 4 anos até chegar a Vidago, e de Vidago a Chaves, um pequeno troço com menos de 20 km, demora 11 anos, e acho que tivemos sorte…Pois é, mas antes chegou ainda à estação do Tâmega (Curalha), em 20-06-1919 e finalmente, dois anos depois, em 28-08-1921, chega a Chaves, e assim continuou a chegar e a partir durante 68 anos, idade, pelos vistos, em que os comboios se reformam, pelo menos em Chaves deu a última apitadela de chega e partida no último dia do ano da sua (des)graça de 1989. Poderíamos dizer que descanse em paz, mas pelas saudades que deixou (ou soudades, como com frequência se diz no Facebook), esperamos bem que não descanse em paz e que um dia destes, ressuscite e no apite de novo nas partidas e chegadas à cidade de Chaves.

 

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Está então na hora de fazer esta viagem em imagem no troço da linha do Corgo do concelho de Chaves, com aquilo que, hoje, resta dela, a partir da entrada em Chaves, pela seguinte ordem:

 

- Estação de Loivos (isolada no meio do monte)

- Apeadeiro de Oura

- Apeadeiro de Salus

- Estação de Vidago

- Apeadeiro de Campilho

- Estação de Vilarinho das Paranheiras

- Estação de Vilela do Tâmega (na aldeia de Moure)

- Estação do Tâmega, em Curalha

- Apeadeiro da Fonte Nova, em Chaves

- Estação de Chaves

 

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Estação de Loivos (isolada no meio do monte)

 

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Apeadeiro de Oura

 

O único (do concelho de Chaves) construído totalmente em madeira.

 

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Apeadeiro de Salus

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Estação de  Vidago

 

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Antiga estação de Vidago - em 2012

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Antiga estação de Vidago - em 2011

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Antiga estação de Vidago - em 2010

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Antiga estação de Vidago - em 2016

 

Apeadeiro de Campilho

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Estação de Vilarinho das Paranheiras

 

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Estação de Vilela do Tâmega (na aldeia de Moure)

 

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Estação do Tâmega, em Curalha

 

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Casa da antiga passagem de nível com guarda

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Composição de um comboio e antiga estação - Propriedade privada

 

 

Apeadeiro da Fonte Nova, em Chaves

 

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Antigo apeadeiro e passagem de nível com guarda

 

Estação de Chaves

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Antiga estação da CP em 2016

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Núcleo do Museu Ferroviário

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Para terminar, aquilo que do comboio ficou em Chaves para sua memória, uma espécie de museu ferroviário ou um Núcleo do Museu Ferroviário. Cá fora há dois troços de via (estreita) com os seus carris e travessas sobre os quais estão estacionados dois com dois vagões de carga de bordas baixas.

 

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Dentro das antigas oficinas estão as locomotivas a vapor E41 (1904), E161 (1905) e E203 (1911), um quadriciclo motorizado, um vagão (ambulância) correio. Algumas fotografias, um relógio, etc. Pena não ter pelo menos duas carruagens de passageiros, uma de 2ª classe e outra de primeira, ou seja, pena não haver uma composição completa de um comboio, com a locomotiva e os vagões de passageiros, do correio e de carga, com vagões abertos e fechados.

 

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Ao longo do espaço da antiga estação ainda existem alguns dos antigos edifícios, como armazéns, oficinas, etc. agora convertidos e com outras funções, a poço giratório das locomotivas e o depósito e fonte abastecedora de água, todos com novas funções ou como elementos decorativos do Centro Cultural de Chaves, instalado no espaço da antiga CP.

 

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E é tudo por hoje, um dia que excecionalmente teve aqui dois posts sobre o mesmo tema, mas penso que são merecidos e depois, eu, embora não seja saudosista também tenho saudades do velho texas, ou então será da juventude que então tinha, nas frequentes viagens que fazia nos comboios das velhas  locomotivas de vapor, e depois já de motor a diesel, mas as de vapor tinham outro encanto…

 

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Por último, um agradecimento ao Humberto Ferreira por nos ter disponibilizado o seu trabalho para publicar neste blog, pois à exceção do presente post, todo o trabalho dos 100 posts publicados nos últimos 100 dias sobre o centenário do comboio foi dele, que disponibilizou para todos, tal como a sua coleção de fotografias de comboios da linha do Corgo. Obrigado Berto e ao teu blog “Viagens no Tempo”, pois com ele viajamos mesmo.

 

 

 

08
Jun16

14 – Era uma vez um comboio


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“O Nosso Comboio”

 

Tudo é negro. Os edifícios têm veias escuras que lhe escorrem pelos alçados, as crianças têm rostos enegrecidos. Tudo é negro do fumo das fábricas, do ferro utilizado na cidade, da angústia iminente que a sufoca. O ar é tão denso que mal se respira, a poluição e desgraça entra-nos pelos pulmões como uma película viscosa que asfixia. Os sons da cidade misturam-se numa cacofonia irritante que eu já não consigo reconhecer. Mas no fundo, lá bem ao fundo eu ouço. Ouço um som que reconheço. Não me traz boas memórias mas, no meio da perdição, traz-me uma lembrança. Ouço os sons estridentes, metálicos, quase sofríveis. O fumo sai negro, tenebroso, expelido de forma violenta. À medida que me aproximo vejo a velha estação ferroviária, em ferro retorcido, onde o comboio engole impiedosamente aqueles que partem.

 

Algumas crianças riem, excitadas, ansiando pela viagem. Os adultos, esses, choram em silêncio pelos que ficam e pelo que deixam. Fazem-se promessas, que sabem que ninguém vai cumprir, dão-se beijos e abraçados, tentam-se aquecer corações já há muito gelados, destinados a estilhaçar.

 

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O comboio apita, estala e geme quase obscenamente no meio de tanta dor. Os revisores correm e gritam ordem, quase tão automaticamente quanto a velha máquina metálica ruge, desejosa de partir. De olhos vidrados, num rosto apagado pela angústia, já não se permitem ver o que se passa em redor, sentir o sofrimento dos passageiros. Tudo o que veem, tudo o que ouvem, perde-se nesse vazio sentimental que todos aprendemos a ter. E é assim que continuam, dia após dia, a encaminhar os passageiros para o comboio, como se de um carrasco se tratasse. Apáticos, tristes, miseráveis como todos nós.

 

Por fim, a maquineta maquiavélica já engoliu todos os seus passageiros. Contrastando com o metal enegrecido, veem-se bracinhos alvos de crianças a acenar, rostos lívidos de quem parte e já não volta. Rostos de revolta, de sofrimento, de uma saudade ainda precoce.

 

O comboio arranca, sacudindo as suas almas fervorosamente. A paisagem desvanece-se rapidamente pela janela, sem termos tempo de a absorver nos sentidos, para que, um dia mais tarde se nos for permitido, a possa recordar. Lembro-me de ter aberto uma janela e timidamente esticar-me para sentir o cheiro dos campos, o cheiro da chuva na terra acabada de plantar, o cheiro da minha cidade.

 

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Depois fiquei, junto a tantos outros, cabisbaixo a matutar, enquanto os soluços do comboio embalava o meu próprio choro e me roubava à minha vida.

 

 

PS: O texto pretende transmitir o ponto de vista de pessoas que tiveram de partir para outras cidades e outros países de comboio. Refere-se, sobretudo, às fugas consequentes da Segunda Guerra Mundial, altura em que o medo e a opressão sugavam a felicidade das pessoas. Esta visão, pesada e triste acerca de um comboio, pretende transmitir o lado negativo de uma invenção que trouxe muitas mais-valias. No entanto, como há sempre o reverso da medalha, há que evidenciar também as coisas más para que nunca nos esqueçamos que nem tudo é perfeito.

 

Numa visão claramente exagerada, pode-se também ilustrar um problema actual e cada vez mais comum – a emigração. Retrata aqueles que trabalharam para construir uma vida, num país que amam, junto aqueles que amam e têm de abandonar tudo porque já nada é certo.

Nordeste.AL.

 

 

In “Memórias de uma Linha – Linha do Corgo – Chaves”, Agosto de 2014

Edição Lumbudus – Associação de Fotografia e Gravura

 

Fotografias – Propriedade e direitos de autor de Humberto Ferreira (http://outeiroseco-aqi.blogs.sapo.pt)

Gentilmente cedidas para publicação neste post.

 

 

20
Mai16

12 - Era uma vez um comboio


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Comboio

 

Primeiro, o sonho, a ousadia, a vontade de unir terras e aproximar pessoas

- “Faça-se!”

E fez-se!

Pás, picaretas, força de braços a rasgarem novos caminhos

Pontes, túneis, carris, estações e apeadeiros

Finalmente, a máquina, carruagens e vagões…

Milhares de viagens, milhares de sonhos

Histórias, peripécias, amores e desamores

Partidas e chegadas

Gente subindo, gente descendo…

Outro mundo para lá dos horizontes da terra de sempre…

A todos serviu, cruzando vales, rios e serpenteando montanhas

A todos encantou…

- “Feche-se!”

E fechou-se!

 

                                                                                               Luís dos Anjos

 

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CP0041 – Locomotiva: CP E202, Data: Não datado, Local: Chaves, Portugal, Slide 35 mm

 

 

In “Memórias de uma Linha – Linha do Corgo – Chaves”, Agosto de 2014

Edição Lumbudus – Associação de Fotografia e Gravura

 

Fotografias – Propriedade e direitos de autor de Humberto Ferreira (http://outeiroseco-aqi.blogs.sapo.pt)

Gentilmente cedidas para publicação neste post.

 

 

29
Abr16

10 - Chaves, era uma vez um comboio


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Poema de José Carlos Barros

in O Uso dos Venenos,

edições Língua Morta,

Lisboa, Agosto de 2014

 

NO TEMPO DOS POEMAS

 

Deixávamos as moedas no carril e ficávamos à espera a

olhar com o fascínio de quem é surpreendido num fim de

tarde pela presença de naves alienígenas num espaço de

silêncio e rarefacção a ver as rodas metálicas do comboio a

espalmá-las até ficarem assim nas mãos em concha de um

de nós como se tivéssemos recolhido enfim a prova irrefu-

tável dos milagres. Foi/

há tantos anos/

a senhora da bandeirinha vermelha perguntava se nunca

tínhamos visto um comboio/

lembro-me era no tempo dos poemas/

um verso podia ser também a moeda espalmada nos carris

da estação do caminho de ferro de Vidago/

tudo se misturava na mesma nuvem volátil de irrealidade

e sobressalto.

 

 José Carlos Barros

 

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In “Memórias de uma Linha – Linha do Corgo – Chaves”, Agosto de 2014

Edição Lumbudus – Associação de Fotografia e Gravura

 

Fotografias – Propriedade e direitos de autor de Humberto Ferreira (http://outeiroseco-aqi.blogs.sapo.pt)

Gentilmente cedidas para publicação neste post.

 

 

29
Mar16

8 - Chaves, era uma vez um comboio…


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Texas  o comboio   kimvoio

 

Vi-o a primeira vez  ainda na penumbra dos amanheceres,  a passar no fundo do estradão, a minha mãe de futuro em riste, levava a Zé por volta das sete e tal da manhã  à estação das Pedras, para ir para o colégio de Vila Pouca estudar, grande feito à época, bem  admirado bem invejado  o andar, andar a estudar e andar de comboio.

 

Lembro-me da ternura da Sra. Albertina  que morava no figueiredo e dizia que a mãezinha, a d. Aninhas tinha ido buscar a Zeizinha ó Kimvoio… E era assim… Como se o comboio,  além das pernas rodas nos carris, tivesse também braços e desse às mães vindos de um abraço ou colo qualquer,  os filhos sempre em segurança, num devagar se vai ao longe…

 

Sempre me fascinaram as rodas nos carris, num movimento para mim espiral que quase me fazia trocar os olhos por conseguirem  ir todas ao mesmo tempo, a meu ver eram elas  a voz e o instrumento  da orquestra que geravam o som tac a tac a tac o tal pouca terra pouca terra pouca  terra, gerando nas carruagens um movimento de samba folclórico ou de risadinhas constantes por cócegas.

 

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 CP0029 – Locomotiva: Não identificada, Data: 1977, Local: Vidago, Portugal, Slide 35 mm

 

Depois das rodas, a máquina, ora altiva cheia de soberba por ir à frente e puxar as carruagens como quem traz de arrasto os filhos distraídos, ora histérica em guinchos ensurdecedores  a exigir atenção de algum incauto que saia desgarrado  e ocupe a sua linha. Fumadora compulsiva, na altura, creio, mata ratos ou definitivos,  carvão direto aos pulmões   deixando no percurso lufadas de fumo, ambulantes nuvenzinhas de sonho esvaído num implacável céu.

 

À conta da sua falta de pontualidade a Nélia a Kika e o Nelo ainda levaram uma boa reprimenda, a Nélia umas boas chineladas no rabo, por assustarem as pessoas nas madrugadas dentro de um lençol com uma pilha, além de colocarem cartazes escritos das caixas de papelão, nas portas das pessoas fazendo jus às suas alcunhas.

 

Ouvia falar dele com frequência sazonal aquando de passeios de grupos , algumas criticas à sua lassidão.

 

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 CP0005  – Locomotiva: CP E209, Data: Não datado, Local: Régua, Portugal, Slide 35 mm

 

Um dia aí para uns  35 anos , vim da régua  com ele, trouxe-me direitinha com calma que mais valia chegar tarde neste mundo, que mais cedo ao outro, cheguei  a casa meio fusca com algumas faúlhas que se escaparam para nos enfarruscarem à socapa, sabendo que só dávamos conta quando chegássemos a casa, pois não dispúnhamos de espelhinho ali à mão.O balanço foi positivo, gostei, mas naquele tempo eu não sabia ainda o seu valor acrescentado , eu só tinha pressa, ele não estava ara aí virado para as pressas.

 

Lembro-me sempre com um arrepio na espinha de um senhor desesperado que decidiu atirar-se à linha quando ele passou, além das sistemáticas ameaças de senhoras que no auge da deceção pensavam alto em matar-se com a ajuda dele do kimvoio , do texas.

 

Às vezes era o bode expiatório para justificar a presença de indigentes na cidade , dado ser  em Chaves o fim da linha, os viajantes peregrinos tinham de sair e ficar à espera ,surgindo por uns tempos como estranhos na cidade.

 

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 CP0037  – Locomotiva: CP E209, Data: 1973, Local: Não identificado, Portugal, Slide 35 mm

 

O Mestre Nadir a propósito do meu apelido Seixas contou-me que no seu tempo de estudante  de faculdade quando regressava do Porto, o revisor de nome Seixas mandava sair as pessoas nas subidas do comboio texas e pedia ajuda aos homens para empurrar, entrando  todos os passageiros novamente nas descidas. Foi sempre algo incompreendido, talvez por  deixar tempo aos passageiros para irem às frutas e  às vinhas do caminho  buscar uvas para comer, enquanto brincavam às corridinhas  com o texas que se deixava facilmente apanhar, ainda foi protagonista de excursões a Vidago levando miúdos e graúdos a ver a paisagem  numa alegria intemporal…

 

Depois com o tempo envelheceu, reformou-se e jaz nas memórias, além da carruagem atrás da antiga Estação e da máquina recuperada por algum saudosista perto da linha de Curalha.

 

E a nós deixou-nos  o  memorando  de o lembrar aos nossos filhos e netos se os tivermos…

 

Isabel  Seixas

 

In “Memórias de uma Linha – Linha do Corgo – Chaves”, Agosto de 2014

Edição Lumbudus – Associação de Fotografia e Gravura

 

Fotografias – Propriedade e direitos de autor de Humberto Ferreira (http://outeiroseco-aqi.blogs.sapo.pt)

Gentilmente cedidas para publicação neste post.

 

 

23
Fev16

5 - Chaves, era uma vez um comboio…


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Memórias

 

Em boa verdade, apenas no início da década de oitenta, altura em que completei dezoito anos e fui continuar os meus estudos para Coimbra é que, conscientemente, me apercebi da existência de comboios regionais, rápidos, foguete, intercidades, de linha férrea larga, etc., tendo então inferido que o comboio liderado pela sua máquina a vapor, e que servia a minha cidade natal, era uma autêntica relíquia.

 

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 CP0185 – Locomotiva: CP E207, Data: 1973, Local: Pedras Salgadas, Portugal, Slide 35 mm

 

1 - A primeira, e única vez, em que tive o privilégio de nele viajar, e da qual me lembro perfeitamente, tinha apenas cinco anos. Foi um dos dias da minha existência em que mais madruguei. Embora não possa precisar a hora exata, estimo-a entre as 4 e as 5 horas da madrugada.

 

Acompanhando a minha mãe, com o entusiasmo e excitação de menino pequeno que ia fazer uma longa viagem, para conhecer novas terras e novas gentes, apanhei o comboio na belíssima estação de caminhos-de-ferro de Chaves, ainda noite cerrada, rumo a Coimbra e à sua universidade, onde iria assistir à cerimónia (vulgo, rasganço) da formatura do meu pai na faculdade de direito.

 

Daquela viagem, desde Chaves até Peso da Régua (primeiro local de transbordo do comboio, sendo o segundo no Porto), recordo o cheiro a carvão, o apito estridente e o fumo lançado pela locomotiva, bem como o característico barulho que fazia de cada vez que, em qualquer estação ou apeadeiro, parava e arrancava, nalguns troços a velocidade muito lenta, e a beleza das paisagens que ia vislumbrando à medida que o dia clareava.

 

Da Régua em diante, lembro-me apenas que os comboios melhoravam gradualmente em rapidez e conforto, mas já não havia apito, cheiro a carvão, fumo, nem os lamentos de pouca-terra... pouca-terra...

 

Face à “idade dos porquês” que atravessava, comecei a disparar perguntas, tendo-me a minha mãe explicado que o comboio que partia de Chaves funcionava a carvão e a automotora que saía da Régua, e o comboio do Porto, funcionavam a eletricidade. Questão após questão, e respetivas respostas, com uma certeza fiquei: o comboio de Chaves era diferente dos outros.

 

Apreendi mais tarde, quando cheguei à idade de ver filmes de índios e cowboys no cineteatro, que o nosso comboio, por muitos apelidado de Texas, era um verdadeiro cavalo-de-ferro.

 

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 CP0032 – Locomotiva: CP E202, Data: Não datado, Local: Não identificado, Portugal, Slide 35 mm

 

2 - No ano de 1984, convidei dois condiscípulos, um natural de Coimbra e outro de Paços de Ferreira, para virem passar comigo uns dias de verão a Chaves, cidade que não conheciam. Optaram pelo comboio, meio de transporte que usavam habitualmente para se deslocarem, sem nunca suspeitarem que da Régua até Chaves iriam circular num com máquina a vapor.

 

Quando os fui esperar ao apeadeiro da Fonte Nova, perto da casa onde na altura habitava, apesar de cobertos de gotículas de suor vinham a rir-se a bandeiras despregadas. Contaram-me que tinham, inocentemente, perguntado ao revisor onde ficava o bar do comboio, e que este, julgando que estavam a mangar com ele, lhes terá respondido em tom azedo: “Bar? Deem-se por felizes se o comboio não empanar até Chaves, que ontem estivemos parados duas horas na linha devido a uma avaria”.

 

Confessaram-me que apreciaram a beleza da paisagem, que se sentiram noutro mundo ao viajarem naquele comboio e que não estavam arrependidos da opção que tomaram mas, dado o desconforto e morosidade da viagem, o regresso iria ser feito de autocarro.

 

Ainda hoje, quando esporadicamente nos encontramos, aqueles amigos relembram com saudade a viagem no comboio até Chaves que, com toda a certeza, não deixarão de contar aos seus netos.

 

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 CP0071 – Locomotiva: CP E211, Data: Não datado, Local: Não identificado, Portugal, Slide 35 mm

 

3 - Mas a lembrança que imediatamente me assalta quando se fala na extinta linha e comboio a vapor que serviram Chaves até 1990, que julgo ser a primeira recordação da qual tenho ainda uma ténue memória, e que pelo significado que tem para mim guardei deliberadamente para o fim, reporta-se ao momento em que, perto dos meus três anos de idade, conheci o meu pai.

 

Por imposição do regime fascista do Estado Novo, quase logo de seguida ao meu nascimento nesta cidade de Chaves, o meu pai, após ter aqui concluído o cumprimento do serviço militar, foi chamado, e obrigado, a partir para Moçambique, dizia-se que para defender as nossas colónias no ultramar.

 

Assim fui crescendo, aprendendo a caminhar e a falar, com a noção de que o meu pai estaria lá para um lugar chamado “tropa”.

 

Próximo dos meus três anos, recebi a notícia, dada pela minha mãe e pelos meus avós maternos, com quem vivia, que o meu pai ia, finalmente, chegar da tropa.

 

Chegou. Fomos todos esperá-lo às Pedras Salgadas.

 

Foi a primeira vez que vi o meu pai.

 

E o comboio.

 

Durante os vários anos da minha meninice, vá lá saber-se porquê, repetia a cada passo: “A tropa é má... o comboio é bom”.

Francisco Preto

 

 

In “Memórias de uma Linha – Linha do Corgo – Chaves”, Agosto de 2014

Edição Lumbudus – Associação de Fotografia e Gravura

 

Fotografias – Propriedade e direitos de autor de Humberto Ferreira (http:outeiroseco-aqi.blogs.sapo.pt)

Gentilmente cedidas para publicação neste post.

 

 

12
Jan16

2 - Chaves, era uma vez um comboio…


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Depois da apresentação desta crónica na semana passada, é tempo de passarmos aos textos que constam no livro “Memórias de uma Linha – Linha do Corgo – Chaves”, publicado em Agosto de 2014 pela Lumbudus, Associação de Fotografia e Gravura, bem como as fotografias que o ilustram. Hoje fica a introdução ao livro que, em resumo, conta um pouco da história dos caminhos de ferro em Portugal e em particular da Linha do Corgo, que iniciava na Régua e terminava em Chaves.

 

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CHAVES

 

Cedo divulgado como meio de transporte de pessoas e bens o caminho de ferro surgiu em Portugal na segunda metade do século XIX pela necessidade de construção de vias de comunicação, tal como já vinha sucedendo em diversos países europeus.

 

Em 1844 surge a Companhia das Obras Públicas cujo principal objectivo era dotar o país de meios de comunicação capazes de ligar Portugal à Europa. O caminho de ferro foi o meio que obteve maior consenso por parte da sociedade política, económica e intelectual portuguesa.

 

É, em 1851 com Fontes Pereira de Melo, que se encontram reunidas as condições para o início deste modo de transporte em Portugal, cuja inauguração decorreu em 28 de Outubro de 1856, entre Lisboa e o Carregado, na distância de 36 km.

 

Em 1877, com a construção da Ponte Maria Pia pela Casa Eifell, o Porto e Lisboa ficaram ligados por comboio.

 

A rede ferroviária a norte do rio Douro, construída pelo Estado – Direcções do Minho e do Douro – iniciou-se em 1875, com a abertura das Linhas do Minho e do Douro.

 

A Linha do Corgo como complementar da Linha do Douro foi construída em via métrica. Em 1907, o comboio chega a Pedras Salgadas, em 1910 a Vidago e finalmente a Chaves, em Agosto de 1921.

 

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 CP0002 – Locomotiva: CP E205, Data:1972, Local: Chaves, Portugal, Slide 35mm

 

Recentemente, o Município de Chaves recuperou e valorizou o antigo espaço ferroviário local, transformando o antigo edifício da estação em espaço sócio-cultural e o cais de mercadorias em galeria de exposições.

 

O museu aqui integrado ocupa uma antiga cocheira de carruagens.

 

A estação de dois pisos, edifício emblemático da arquitectura ferroviária, é decorada com azulejos de motivos florais que contornam a base do edifício e enquadram a fachada da estação.

 

O visitante inicia o seu percurso no espaço exterior, tomando contacto com os componentes de via estreita e material circulante para mercadorias, dois vagões de bordas baixas.

 

No interior o visitante encontra material a vapor que circulou na linha do Corgo.

 

A locomotiva de via estreita E 161 construída em 1905 pela Henschel & Sohn que inaugurou o primeiro troço da Linha do Corgo entre Régua e Vila Real em Abril de 1906.

 

A Locomotiva E41 foi construída em 1904 por Hohenzollern que foi utilizada nos trabalhos de construção da Linha do Corgo. Podemos ver os vários componentes da locomotiva, bem como os instrumentos de lubrificação.

 

A Locomotiva E203 foi construída pela Henshel & Sohn, em 1911 adquirida pelos Caminhos de Ferro do Estado (Minho e Douro), e da qual podemos observar alguns pormenores.

 

Em 1927 a CP procede ao arrendamento das Linhas dos caminhos de Ferro do Estado - Minho e Douro e Sul e Sueste e subaluga a Linha do Corgo à Companhia Nacional dos Caminhos de Ferro.

 

Em 1947, num processo de gestão unificada do caminho de ferro nacional, todas as linhas passaram para a CP, com a excepção da Linha de Cascais, que continua alugada à Sociedade Estoril.

 

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CP0001 – Locomotiva: CP E205, Data:1972, Local: Não identificado, Portugal, Slide 35mm

 

Exemplo das múltiplas funcionalidades e contributos do caminho de ferro na vida das populações e do país, a Ambulância Postal, conhecida como comboio correio de 1954. Destinava-se ao transporte do correio. Durante a viagem os funcionários, que pertenciam aos CTT, procediam à separação do correio por localidades, funcionando este comboio como uma verdadeira estação de correios.

 

Intrínseca à circulação ferroviária, a inspecção da via é retratada no quadriciclo a motor fabricado na Alemanha no início da década de 30, utilizado pelo Inspector de Via.

 

Utensílios oficinais como uma bigorna, macaco fazem parte da colecção do museu e induzem no visitante o ambiente oficinal.

 

O chefe da estação e os utensílios a ele relacionados estão patentes na recriação de um gabinete.

 

A segurança, indissociável do modo de transporte ferroviário, é representada pela sinalização.

 

Armando Ginestal Machado, ferroviário que estará para sempre associado à museologia ferroviária, contribui para a preservação e valorização do património ferroviário nacional.

 

Por força da directiva comunitária 440/91, a infra-estrutura ferroviária e a exploração do transporte por caminho de ferro, passam a ter gestões separadas, invertendo-se o sentido da Lei 2005 - lei da Coordenação de Transportes de 1945.

 

Em 1997 a infra-estrutura passou a ser gerida pela REFER, e a exploração foi confiada à CP. Ao mesmo tempo, autonomizam-se várias actividades e surgem as Unidades de negócio.

 

É a abertura de um novo ciclo no caminho de ferro, numa época de globalização, que exige novas formas de gestão, de parcerias e de cultura, em que o passado é uma referência histórica e um cumular de experiências dignificado pela museologia.

 

No Museu, nós damos-lhe tempo… Um tempo histórico – referência cultural e afectiva do transporte do futuro que honra e preserva um passado que nos conduziu até hoje!

 

Texto cedido por Ana Sousa – Comboios de Portugal, E.P.E.

 

In “Memórias de uma Linha – Linha do Corgo – Chaves”, Agosto de 2014

Edição Lumbudus – Associação de Fotografia e Gravura

 

Fotografias – Propriedade e direitos de autor de Humberto Ferreira ( http:outeiroseco-aqi.blogs.sapo.pt )

Gentilmente cedidas para publicação neste post.

 

 

07
Jan16

1 - Chaves, era uma vez um comboio…


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1 - Chaves, era uma vez um comboio…

 

No sangue dos flavienses, para além do rio Tâmega, há outros rios que contribuem para a sua fluidez. Um que corre feito com um tantinho de nevoeiro e outro tanto de água das caldas, outro com um cheirinho do Brunheiro e os aromas de um pastel de Chaves, entre outros ingredientes q.b. para temperar o sangue deste vale. A contrariá-lo só mesmo os maus ventos, e não são aqueles que costumam andar na boca do povo: - “de Espanha, nem bons ventos, nem bons casamentos”. Esses são castelhanos. Os nossos, quando muito seriam galegos, que sim, fazem um frio de rachar quando à galega lhe dá para parir, os mesmos que ajudam a fazer a cura dos nossos presuntos e fumeiro, pelo que até devemos ficar agradecidos por esse frio de rachar, que, se chegassem até Lisboa, a capital entrada logo em estado de emergência de alerta VERMELHO, mas que nós suportamos por estarmos habituados. Não, nenhum desses ventos nos incomodam a têmpera, os únicos que incomodam são os que sopram de Sul, dos fecha a roda de Vila Real, tanto, que até o nosso Tâmega quando chega a Vidago começa a desviar-se para o Minho, só para não ter de passar por lá.

 

1-chaves - 1921.jpgChegada a Chaves do primeiro comboio – 28 de agosto de 1921

 

Mas o que é que todo este palavreado tem a ver com o comboio? – Calma que já lá vamos. Regressemos de novo aos fecha a roda. Quis o destino que quando fui mobilizado para o serviço militar obrigatório o meu destino fosse Vila Real. Como se não bastasse ser obrigado a ir à tropa, ter de interromper os estudos e abandonar a minha cidade, das largas dezenas de destinos possíveis, tinha de me calhar logo Vila Real. Azar o meu, mas por pouco tempo, pois havia um destino mal amado, onde só iam parar os castigados, contestatários e afins que por sinal aceitava voluntários – os Açores. A decisão não foi difícil de tomar, pois entre ter de ficar em Vila Real a 60 km de casa e a de ter de ir para o meio do Atlântico a 2000 km de casa, optei pelo mar, e lá fui eu de voluntário para Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira.

 

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Bom, direis vós outra vez, e o que é que isto tem a ver com o comboio? – Pois, além de ter ido de comboio de Vila Real até Lisboa para apanhar o avião para a Ilha Terceira, nada ou quase nada, porque os Açores nem sequer têm comboio e é aí que eu queria chegar. Então é assim: Um certo dia uma camarada meu de tropa, natural a ilha de S.Miguel foi mandado para o continente para tirar um curso qualquer, que não recordo, e que até nem tem importância para a história. Curso esse que era ministrado em Coimbra. Da Ilha Terceira a Lisboa a viagem de avião C-130 Hercules não era novidade nenhuma para quem entre ilhas estava habituado a viajar de avião, a novidade só chegou quando o meu camarada de tropa teve de apanhar o comboio de Lisboa para Coimbra e vice-versa, no regresso. Tanta foi a novidade que quando ele, no bar da tropa, se punha a falar do comboio do continente, havia logo uma roda de camaradas de tropa para ou ouvir falar dos encantos do comboio. – “Aquilo tem bar, corredores, casas de banho e vai a uma velocidade que se olharmos para fora até perdemos o tino e vemos tudo a andar…”. Para rematar, quando eu estava por perto, ainda acrescentava: - “ e eu, quando vou para a minha terra, costumo ir na varanda do comboio”. Embora fosse verdade, penso que nunca me levaram a sério. Ora finalmente chegamos ao comboio e ao que falta no primeiro parágrafo deste texto, é que para além do rio Tâmega, do nevoeiro, dos pasteis, do presunto e das águas das caldas, também o comboio fazia parte do nosso ser flaviense e, embora texas, sentíamos orgulho por termos comboio e fazermos parte da rede ferroviária nacional. Mas de pouco nos valeu, pois o comboio foi o primeiro roubo que Lisboa (Cavaco Silva) nos fez, e a linha do Corgo, em vez de ser modernizada como se pedia,  foi das primeiras a fechar para dar lugar ao negócio das autoestradas e outros negócios dos amigos dos transportes.

 

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Hoje do comboio para além das saudades e das recordações, resta-nos um museu e a antiga Estação convertida em edifício municipal. Um museu que, pelo significado que o comboio teve para Chaves, merecia mais dignidade, mas, fiquemos agradecidos só por existir.

 

 

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Chaves, oficinas, 1972

 

Com isto inicio aqui uma nova crónica no blog Chaves, que não irá ter dia marcado, antes, irá colmatar a ausência de uma ou outra crónica que não chegou até nós no dia marcado. Também não sei quanto tempo durará, mas pelo menos ficam garantidas 14 crónicas, tantas quantos os textos que constam do livro “Memórias de uma Linha – Linha do Corgo – Chaves”, publicado pela Lumbudus – Associação de Fotografia e Gravura em agosto de 2014, com fotografias cedidas por Humberto Ferreira, que detém os direitos de autor sobre as mesmas.

 

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O comboio a passar junto ao antiga matadouro, com Chaves ao fundo

 

Pois então, quando menos esperarem, cá estarei de novo com mais comboio, o nosso velho e saudoso texas, e pela certa que iremos além daquilo que está publicado em livro.

 

 

 

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