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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

31
Ago19

Travancas - Chaves - Portugal


1600-travancas (11-13)

 

Seguindo a metodologia desta nova abordagem pelas aldeias de Chaves, a ordem alfabética, a seguir à Torre de Moreiras segue-se Travancas, é para lá que vamos hoje.

 

1600-Travancas (43)

 

Mais uma vez para terras altas de montanha, mas sem grandes vertentes inclinadas, pois na realidade estamos num planalto, o mais alto do concelho de Chaves, sendo Travancas e Fornelos as duas aldeias mais altas do concelho, acompanhadas de perto pela aldeia do Carregal e da Dorna, todas localizadas acima dos 900m de altitude.

 

1600-Travancas (17)

 

São apenas pormenores que têm a devida importância, pois são terras de invernos rigorosos onde o gelo e a neve são visitas habituais, mas também são terras de sol, principalmente quando ao nevoeiro lhe dá para recolher todo, apertadinho, ao vale de Chaves.

 

1600-travancas (233)

 

Mas o orgulho de Travancas é mesmo ser terra da batata, aliás dizem e anunciam-no a entrada da aldeia ser a Capital da Batata, e verdade se diga, é batata de qualidade que não me importava de ter à mesa em todas as refeições.

 

1600-Travancas (60)

 

Batata que vai alternado com o centeio,as duas principais culturas do planalto, mas também havendo lugar a outras culturas, principalmente hortícolas, estas mais juntas à aldeia e habitações, como convém, sem esquecer que também é terra de castanha, embora em menor escala que a sul do concelho. Por aqui, tal como já dissemos, é mais a batata que lhe dá fama.

 

1600-Travancas (204)

 

Travancas que foi sede de freguesia à qual pertenciam as aldeias de Argemil e São Cornélio e que com a reorganização administrativa do território das freguesias de 2013,  anexou também a freguesia de Roriz, sendo hoje União das Freguesias de Travancas e Roriz.  

 

1600-Travancas (200)

 

Travancas é também aldeia da raia, com a galiza ali ao lado, a apenas 1,5km de distância, sendo a aldeia galega mais próxima, a aldeia de Arzádegos, a 3,5 km.

 

1600-Travancas (128)

 

Ser aldeia da raia significa também que até à abolição das fronteiras foi também terra de guarda-fiscal e contrabandistas mas também de passagem de peles(1). Contrabandistas que embora não fizessem do contrabando a sua principal profissão, acabava por ser um complemento económico para as famílias que a ele se dedicavam, que tinham como único rendimento aquilo que a terra dava, sendo também uma forma de escoar aquilo que produziam nas próprias terras.

 

1600-Travancas (10)

 

Esta das peles é mencionada  por Miguel Torga no seu Diário:



Chaves, 18 de Setembro de 1964

 

Onde pode chegar o aviltamento humano!

— Entregas-me as peles em Mairos.

— A que horas?

— Às onze.

As peles eram emigrantes clandestinos.

 

Miguel Torga, in Diário X



1600-Travancas (107)

 

Digamos que a abolição das fronteiras foi uma má notícia para as aldeias da raia, pois ficaram sem mais uma fonte de rendimento sem em troca a abertura das fronteiras lhes trazer qualquer benesse, nem a de atravessar a fronteira livremente, pois era coisa que já o faziam antes da fronteira ser abolida, pois este circular da população entre aldeias vizinhas,  de um e outro lado da raia, no caso entre Travancas e Arzádegos, era conhecido e consentido pelas autoridades, mesmo algum contrabando menor para uso próprio da habitação ou agricultura, isto desde que fosse entre a população local, aliás os de fora, duvido que se atrevessem a tanto.

 

1600-Travancas (80)

 

Já com grandes quantidades de contrabando, aí a estória já era diferente, contrabando que em geral se fazia nos dois sentidos, levando fardos de material conforme as necessidades e os preços de ambos os lados da fronteira, que podiam ir desde os produtos agrícolas, a gado, ao café, bacalhau,azeite,  bananas, tabaco, tecidos, etc,  

 

1600-Travancas (5)

 

Estórias de andar na vida do trelo(2) para contar nestas terras da raia, também não faltam, começa a faltar é quem as conte, de ambos os lados, quer da fronteira quer dos intervenientes /Guarda-fiscal/contrabandistas), pois por parte da guarda-fiscal os postos de fronteira fecharam, rumando os guardas para outras paragens, acabando mesmo por esta força militarizada ser extinta, mas também, porque com a passagem do tempo e o abandono e o despovoamento das aldeias, só os mais idosos as poderão contar, até um dia…

 

1600-Travancas (64)

 

 E o que dizer sobre Travancas. Ora para nós, quando vamos para aquelas bandas, é quase ponto obrigatório de paragem no café do Sr. Gustavo, talvez o travanquense que, para além de alguns colegas de Liceu,  conheço há mais tempo naquela aldeia, tudo porque o Sr. Gustavo além do café, era taxista e Presidente da Junta e, em finais dos anos setenta, inícios de oitenta, aquando eu era monitor de futebol infantil da DGD(3) e organizava torneios de futebol de 7 para o concelho, o Sr. Gustavo nunca faltava com o sua equipa de Futebol de Travancas. Bons tempos do fomento do desporto infantil em que o Estado apostava na prática do desporto em todo o país e em todas as modalidades, financiando estes torneios e deslocações dos equipas participantes, saindo deles alguns atletas para a alta competição, tal como aconteceu em Chaves, pelo menos no atletismo.

 

1600-Travancas (53)

 

Pois parar no café do Sr. Gustavo, nos últimos anos já com o filho à frente do negócio, tornou-se um hábito sempre que vou para aquelas bandas e além delas, como é o caso de terras de S.Vicente da Raia.

 

1600-Travancas (47)

 

Também a viagem até Travancas é diferente, principalmente na primavera e verão, ali quando se entra no planalto, logo a seguir à Pedra da Bolideira, é um regalo olhar para os campos cultivados, cujo cultivo só termina (quase) onde os asfalto da estrada começa e sempre com a particularidade de haver por ali uma águia pousada nos fios elétricos junto à estrada. Pena que não se deixem fotografar.

 

1600-Travancas (8)

 

Mas também de inverno quando a neve ou as geadas cobrem de branco todo todo o horizonte,  o planalto ganha outro encanto, bem mais bonito de ser visto que vivido, a não ser desde dentro do calor das casas.

 

1600-Travancas (42)

 

Embora já fosse deixando ficar umas dicas quanto à localização de Travancas, para quem não conhecer e quiser visitar a aldeia, não há nada que enganar. Para lá é só tomar a  EN103 em direção a Vinhais/Bragança, passa-se Faiões, as 3 Assureiras, passa-se ao lado de Águas Frias e quando chegar ao alto da Bolideira deixa a EN103 e vira à esquerda. Logo a seguir pode fazer uma paragem e ir abanar a Pedra da Bolideira. Uma só pessoa chega para por umas toneladas valentes de rocha a abanar.

 

1600-Travancas (41)

 

Depois é retomar a estrada municipal, sempre em frente e logo a seguir entra no grande planalto para pouco depois a estrada bifurcar, onde estão duas placas com indicação de 15 aldeias, 8 seguindo a estrada da esquerda e 7 seguindo a da direita. Deve tomar a estrada do lado esquerdo conforme indicação da placa. Mais à frente, cerca de 2km, aparece-lhe um desvio para Roriz, ignore o desvio e siga em frente. Desde esse ponto já deve começar a avistar Travancas, pois fica apenas a 1,5 km deste desvio para Roriz.

 

1600-Travancas (29)

 

Quem me acompanha nestas andanças do blog ou mesmo no terreno, sabe que não gosto de regressar pelo mesmo caminho. Assim, no regresso a Chaves, devemos sair da aldeia por onde entramos, mas logo a seguir encontramos à direita um desvio para S.Cornélio. Nesta aldeia, há lá um local de onde se avista todo o vale de Chaves (ou quase), vale a pena parar, então se for por altura do pôr-so-sol, o espetáculo é garantido. Depois desce até Mairos, passando antes pela pequena albufeira. Após Mairos entra num outro planalto, intermédio entre o Vale de Chaves e o de Travancas. Depois de atravessar todo o planalto entra em Curral de Vacas, desce a Vila Verde da Raia e já toda a gente sabe onde está, mas no cruzamento, tome a estrada que tomar, vão todas dar a Chaves, uma via Stº Estêvão (a da esquerda), outra via Outeiro Seco (em frente) e outra pela auto estrada (à direita). 

 

1600-Travancas (7)

 

E para finalizar, tal como vem sendo hábito, fica um vídeo com todas as imagens publicadas aqui no blog até à presente data. Nele está também incluído um pequeno vídeo de uma procissão realizada em Travancas aí pelos finais dos anos 60 ou inícios dos anos 70, Uma relíquia que chegou até nós há uns anos por mãos de um travanquense. Vale a pena ver e recordar.     

 

1600-Travancas (6)

 

Para quem quiser partilhar ou ver o vídeo diretamente no youtube, basta seguir este link, caso contrário, para ver aqui no blog, o vídeo fica logo a seguir ao link:

 

https://youtu.be/gEX-jEAgkzQ

 

 

(1) - Espécie de nome de código dado nos anos 60/70 do século passado,  à passagem clandestina da fronteira por emigrantes com destino a países da Europa, principalmente França.

(2) - Andar no trelo,  o mesmo que andar no contrabando.

(3) - DGD - Direção Geral de Desportos

 

02
Mar14

Travancas e Terras de S.Vicente da Raia até à Galiza


 

Por várias vezes que parti de Chaves com destino a uma das aldeias de montanha, mas nem sempre conseguia lá chegar e isto porque, nas opções que me iam surgindo, tomava outro destino. Era assim como um clique que por uma qualquer razão despertava em mim um outro caminho a seguir. Quantas não foram as vezes que ao chegar ao conjunto de placas que se vê na primeira foto de hoje virei à esquerda quando o destino seria virar à direita e, o contrário também é verdadeiro.

 

 

Contudo no último fim-de-semana em que tomei as fotos que hoje vos deixo ia cumprir uma missão a Travancas e assim não houve qualquer hesitação em tomar o caminho da esquerda,   e, cumprida a missão que me levou por lá,  já que lá estava, aproveitei para ir enriquecendo o arquivo fotográfico, mesmo porque o dia soalheiro, embora frio, convidava a sacar do saco a câmara fotográfica.

 

 

Claro que sempre que estou em Travancas, aproveito e vou um pouco mais à frente, até àquele que chamo  - o miradouro do mar de montanhas -  de onde se avistam terras de S.Vicente da Raia, da Galiza e de Vinhais, onde por muito que a paisagem avistada seja sempre a mesma, tem o dom de ser sempre diferente, dependendo da época do ano, da luz do dia ou da falta dela, do céu azul ou nublado. Desta vez as serras mais altas (galegas) pintadas de branco faziam a diferença.

 

 

Satisfeito o olhar regressei a Travancas, passando, claro, por Argemil. À entrada de Travancas (quando se vem de Argemil) o ferrugem de uma placa chamou-me a atenção. Deveria ser uma placa informativa que hoje já pouco informa, pois nela, já esteve escrito: ESPANHA – ARZADEGOS 6Km, mas se nos demorarmos a leitura na placa ainda se consegue ler alguma coisa, o que para mim nem era necessário, pois já é um caminho que tomei algumas vezes e quase sempre pelas mesmas razões, mas principalmente por três razões. Uma delas porque a meio do caminho de Espanha se tem uma panorâmica sobre todo o vale de Chaves e sobre um outro mar de montanhas, de pelo menos três concelhos vizinhos (Montalegre, Boticas e Vila Pouca), para além das de Chaves que aparecem em primeiro plano. Outra razão é na tentativa de descobrir um caminho para uma curiosa construção isolada na croa dum monte, que não há meio de o descobrir.

 

 

A outra razão é a de ir à raia ver se os marcos estão no sítio ou então é pelos ares da Cota de Mairos, que é onde termina (do lado português) este pequeno troço de estrada de 6 km que em tempos do contrabando teria feito a diferença, ou talvez não, pois as boas acessibilidades geralmente não eram muito amigas do contrabando.

 

 

E com isto já estava em finais de tarde e lá no alto o ar não é muito convidativo a longas estadias. Assim, voltei à cidade, a casa onde sempre que posso a primeira coisa a fazer é descarregar e arquivar as fotos que fui tomando. Quando abro a pasta de Travancas deparei-me no meio da fotos com um ficheiro de vídeo que fui guardando ao longo destes anos para numa oportunidade o poder trazer aqui. Pensará quem mo disponibilizou (um filho de Travancas) que eu já o teria esquecido, mas não. Esqueci foram algumas palavras que vinham com o mail que acompanhava o vídeo, embora recorde  que algumas delas se referiam à dificuldade que houve em recuperar este pequeno vídeo de um filme mais longo só conseguido em laboratório da especialidade em Madrid, mas o vídeo chegou finalmente a este blog. Pessoalmente não reconheço ninguém mas pela certa que o pessoal de Travancas vai conhecer muita gente. Também não sei localizar no tempo as filmagens, mas suponho que sejam dos anos 70 do século passado. Espero que gostem e as desculpas por só hoje ser publicado.

 

(para ver o vídeo, por favor corte o som do rádio cotonete, na barra lateral).

 

 

 

31
Jan09

 

Localização:

A 20 km de Chaves, localiza-se na orla setentrional do concelho, no grande planalto, fazendo fronteira a Norte com a Galiza-Espanha.

 

Confrontações:

Confronta com as freguesias de S.Vicente da Raia, Roriz, Cimo de Vila da Castanheira, Paradela e Mairos, a Norte com a Galiza e toca num ponto apenas, nas freguesias de Tronco e Águas Frias.

 

Coordenadas: (Largo da Aldeia junto ao Coreto)

41º 49’ 45.02”N

7º 18’ 21.31”W

 

Altitude:

Variável – Entre os 850m (em S.Cornélio) e os 980m (Junto à fronteira). Travancas (aldeia)  ronda a média dos 900m.

 

Orago da freguesia:

São Bartolomeu.

 

Área:

12.73 km2.

 

Acessos (a partir de Chaves):

– Estrada Nacional 103 até à Bolideira, virar à esquerda e seguir sempre em frente. A primeira aldeia (a aproximadamente 7 km da Bolideira) é Travancas e a segunda é Argemil da Raia.

 

Alternativa: Estrada Nacional 103-5 até Vila Verde da Raia, seguir em direcção a Curral de Vacas (Stº Ant. de Monforte), Mairos, e eis S.Cornélio, aldeia da freguesia de Travancas..

 

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Aldeias da freguesia:

            - Travancas;

            - Argemil da Raia;

- São Cornélio;

 

População Residente:

            Em 1900 – 670 hab.

            Em 1920 – 611 hab.

Em 1940 – 858 hab.

            Em 1960 – 1038 hab.

            Em 1981 – 886 hab.

            Em 2001 – 519 hab.

 

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Principal actividade:

- Actualmente a agricultura, sendo conhecida pela sua batata de qualidade, intitulando-se mesmo a “Capital da Batata”, mas também o centeio tem uma palavra a dizer e as restantes culturas de proximidade e típicas das terras altas da região, também com alguma castanha.

 

Até a abolição das fronteiras também o contrabando e as “peles” (passagem clandestina de pessoas para Espanha) fizeram parte das actividades e vidas da freguesia.

 

Particularidades e Pontos de Interesse:

São vários os pontos de interesse desta freguesia, realçando em termos de  vistas lançadas sobre o Vale de Chaves e o casario tradicional a aldeia de São Cornélio. Refere ainda alguma literatura (embora não conheça pessoalmente) a existência nesta aldeia de um outeiro castrejo que atestará uma ocupação protohistórica, atribuível ao âmbito cronológico da idade do ferro. Na aldeia (S.Cornélio) poderá apreciar também um castanheiro centenário (orgulho da população) e o forno comunitário.

 

São Cornélio e Argemil da Raia foram em tempos freguesias independentes, pelo menos em 1706 assim era, como documenta o Padre Carvalho da Costa em “Corografia Portuguesa”.

 

A origem da freguesia é antiga havendo referência à antiga “villa” (uma propriedade rústica) de Travancha, já em 1160.

 

Administrativamente falando, a freguesia ao longo dos tempos andou ora pra cá ora pra lá. Durante os séculos XI-XII andava por terras de Chaves e Montenegro. Posteriormente integrou o Concelho de Monforte de Rio Livre, até à sua extinsão em 1853.  Quanto ao domínio eclesiástico foi curato anexo a S.João da Castanheira.

 

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Vista aérea de Travancas disponibilizada por Google Earth

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No campo administrativo, já anda no ar uma nova reorganização do território nacional, por isso, e tendo em conta também o despovoamento das aldeias e as actuais políticas centralistas e economicista,  não será de admirar se nos anos mais próximos, esta e outras freguesias, passem a ser pertença de… ou a ela venham a ser acrescidas as aldeias de… Vou gostar de assistir à reorganização administrativa a ditar desde Lisboa sem conhecimento das realidades locais, vou querer estar por cá para aplaudir!

 

Mas voltando à actual freguesia, refere-se ainda (Grande Enciclopédia) que em toda a freguesia têm aparecido vestígios da romanização local, restos de tégulas e utensilagem doméstica, entre outros.  

 

Como festividades da freguesia, salienta-se as que se realizam em honra de S.Miguel, de S.Cornélio, de São Bartolomeu e do Senhor dos Aflitos.

 

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Vista aérea da freguesia de Travancas disponibilizada por Google Earth

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Link para os posts neste blog dedicados às aldeias da freguesia:

 

            - Travancas

 

- Argemil da Raial

 

            -  São Cornélio

 

Mas ainda não termino por aqui, pois a freguesia já tem também os seus sítios e blogs na NET, ficando aqui os links para os mesmos, além de já constarem na barra lateral deste blog.

 

            - http://www.argemildaraia.eu/

 

            - http://travancas-capitaldabatata.blogspot.com/

 

E dando agora uma volta pela Net acabo de descobrir mais um Blog, o TRAVANCAS DA RAIA, cujo autor desconheço, mas que se apresenta como transmontano, português, european e citoyen du monde cujo link também fica aqui, além de a partir de hoje constar da lista de blogs na barra lateral:

 

            - http://travancasdaraia.blogspot.com/

 

 

Para fazer o pleno da freguesia só falta mesmo a página ou blog São Cornélio. Não haverá um voluntário!?

 

Até amanhã, com mais uma aldeia do concelho de Chaves.

06
Set08

Post Extra - Três novos blogues - Uma aldeia, um artista da terrinha e Mapas


Ainda antes de passarmos à nossa aldeia de hoje, tenho o grato prazer de anunciar mais um blogue de uma das nossa aldeias – TRAVANCAS, Capital da Batata já tem blog e está a dar os primeiros passos na NET pelas mãos de um já nosso conhecido no flickr com o Nick de Bolideira mas que vai contar também com a ajuda de outras gentes e autores de Travancas. Parabéns Travancas por esta entrada na NET, que claro passará a ter linck neste blog que poderá visitar desde já em :

 

http://travancas-capitaldabatata.blogspot.com/

 

E já que estous a anunciar novos blogues cá da terrinha, hoje entra também para os links mais um blog de um artista flaviense: - Nuno Duque que passará a ter link na secção de artistas flavienses e que poderá desde já visitar em:

 

http://www.conceitodearte-galeria.blogspot.com/

 

E por último (com o devido pedido de desculpas ao autor pela demora) um blog, ou melhor uma página bem interessante com a cartografia (mapas) da terrinha. Autor que está também ligado ao blog de Faiões que foi também remodelado (link ao lado)

 

http://chavesmapas.googlepages.com

 

Já a seguir a nossa aldeia de hoje: Moreiras

26
Jul08

Travancas - Chaves - Portugal


 

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Travancas, Chaves, Portugal, o planalto ecológico, a capital da batata. É esta a nossa aldeia convidada de hoje.

 

Pela apresentação já se entende que Travancas é uma das terras do grande planalto de Chaves, com as terras galegas como fronteira a Norte, terra de contrabandistas e guardas-fiscais, vizinha das freguesias de Mairos, Paradela de Monforte, Cimo de Vila da Castanheira, Roriz e S.Vicente da Raia e que seja num único ponto, toca ainda nas freguesias de Águas Frias e Tronco.

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Travancas é uma freguesia com características únicas, quer na sua paisagem de planalto, com os seus campos sempre verdes e amarelos, numa paisagem que se perde de vista na transição entre o grande vale de Chaves e o mar de montanhas da freguesia de S.Vicente da Raia, que ainda assume um pouco deste planalto.

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Travancas é sede de freguesia, à qual pertencem as aldeias de S.Cornélio e Argemil, fica a 20 quilómetros da cidade de Chaves e está colada à Galiza, tendo como aldeia mais próxima galega a aldeia de Arzádegos do concellho de Vilardevós, terra dos Guardas-Fiscais, dizem popularmente, porque também era terra de contrabandistas e terra com visibilidade, pois através do seu seio passava-se não só para as terras de S.Vicente da Raia mas também para Espanha, vivendo com (e da) salutar promiscuidade com a Galiza, tal como todas as aldeias da raia, promiscuidade de duas nacionalidades, promiscuidade de guardas, carabineiros e contrabandistas, promiscuidade com alinhados e desalinhados do sistema e do regime, que, como terra de pulo, recebia e hospedava com a cumplicidade e hospitalidade com que o nosso povo tão bem sabia e ainda sabe receber.

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Com certeza que em coisas de contrabando, das passagens a pulo das “peles”, e da hospedagem de “clandestinos” com pensamentos diferentes do instituído,  Travancas tem muita história e terá (ou teria) muito para contar,, e que seriam dignos de muitos romances ou filmes de encantar, tal como a “Balada da Praia dos Cães”, de Cardoso Pires, que também veio a Travancas buscar um pouco do enredo e personagens.

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Talvez por ter sido uma aldeia tão importante em termos de raia e contrabando, de Guardas-Fiscais e contrabandistas que tinham por lema estudar e formar os filhos, hoje, com a abolição da fronteira e a extinção da GF, Travancas esteja entregue a alguns, (poucos) resistentes e a muitos (a maioria) de uma população idosa, que embora não seja muito notório no cultivo dos campos, que continuam a ser cultivados com a boa batata e o centeio, Travancas não deixa de ser uma aldeia despovoada e com a sua população envelhecida.

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Despovoamento que é notório também no seu casario, com muitas casas “esborralhadas”, pouca construção nova e algumas recuperações, dos tais filhos da terra que se formaram e sentimentalmente preservam a casa dos pais, mas só para passagens ocasionais de um fim-de-semana de Inverno, ou-um-ou-outro fim-de-semana quando calha ou o sentimento dita. Claro que na sua gente (formada e não formada)  há filhos da terra que são excepções, tal como o actual  Presidente da Junta, o Gustavo (é assim que é conhecido, pelo nome próprio) um autêntico dinossáurio da política das freguesias que desde o 25 de Abril só não foi Presidente da Junta num mandato e, que tem sido ao longo destes 34 anos de democracia um fiel representante de freguesia, já desde os bem longínquos  tempos de há vinte e tal anos atrás em que o conheci, quando então eu era monitor da DGD, onde podiam falhar todas as aldeias do concelho, mas onde o Gustavo marcava sempre presença com uma equipa de futebol de Travancas com os “putos” da freguesia.  Outro nome que sempre esteve também ligado à freguesia (este formado e médico), é o Dr. Vaz (também é assim que é conhecido de todos, quer na freguesia quer na cidade), actualmente presidente da Assembleia de Freguesia e que sempre manteve uma ligação estreita à aldeia, quer como filho dela, quer como amigo, quer como médico, ao qual todos reconhecem as suas qualidades de homem e médico, com uma forte ligação a povo das aldeias, mas também da cidade.

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Não poderia passar por Travancas sem realçar estas duas figuras que tão bem a representam e das quais tenho a honra de conhecer, ser amigo e respeitar já há longos anos.

 

Mas mesmo a freguesia estando entregue em boas mãos, não deixa por isso de sofrer dos males das aldeias, o despovoamento. Segundo o Censos de 2001, Travancas possuía 168 habitantes residentes (dados só para a aldeia). Para a freguesia, nos mesmo Censos, Travancas reunia 520 habitantes, contra os 872 habitantes de 1981. Claro que já nem comparamos com dados mais antigos, como os dos anos 60 em que a diferença seriam bem mais acentuada. Mas na análise dos números, o despovoamento da freguesia deve-se principalmente a Travancas e pelo tal “fenómeno” de ter estudado e formado os seus filhos em tempos passados e os mesmos não encontrarem na aldeia qualquer modo de vida compatível com as suas profissões. Aliás a única profissão que ainda por lá prevalece, é a de agricultor e graças a uma agricultura mais extensiva daquilo que é costume no concelho e que está a cargo de meia dúzia de famílias, como por exemplo a família Maldonado, porque a não ser assim, também muitas das suas terras já estariam abandonadas, terras quase na totalidade agrícolas e que se estendem por 12.73 km2 de área, onde a batata é rainha e o centeio marca a sua importante presença e se perdem de vista no planalto e que dão a freguesia a tal paisagem singular.

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Alguns castanheiros, milho, e gado, além das culturas típicas e de proximidade das aldeias, as culturas das hortas, da cebola, alface, tomates, pimentos, feijão e de tudo quanto a casa precisa diariamente, também se fazem sentir no alinhamento das pequenas e bem tratadas hortas.

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Travancas é também uma aldeia que conhece o rigor dos Invernos e do frio, da neve (quando toca!) e tudo graças a sua altitude de 900 metros, num extenso planalto que de Inverno assume um aspecto agreste. É a aldeia, que se situa à maior altitude, na região.

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O Abade Baçal defendia mesmo que o seu topónimo derivava da palavra trabanca, termo espanhol que significa obstáculo ou coisa impeditiva de trânsito. É da mesma origem o termo atravancar. Possivelmente este povoado do alto da serra e do grande planalto impediria o avanço de invasores,  seria ponto estratégico da antiga arte militar e talvez local onde, em tempos passados, se travaram sangrentas batalhas entre mouros e cristãos (dizem os entendidos das universidades públicas ou não).

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A noroeste da povoação, até há poucos anos, era possível observar vestígios de fossos ou trincheiras, que teriam sido abertos por ocasião da guerra da independência.

 

 

O povoamento primitivo era no local de Palheiros, do qual há pouca documentação ou referências escritas.

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A sua Igreja paroquial, da devoção a S. Bartolomeu, de linhas muito simples, tem gravado no dintel a data de 1811, que poderá situar a época do último restauro e acrescento. A festa ao padroeiro celebra-se a 24 de Agosto, no entanto é a festa do Sr. dos Aflitos, a festa da freguesia, que reúne mais força e mais tradição, esta a realizar no último domingo de Agosto, junto à capela localizada nas redondezas da aldeia, no meio dos campos de centeio e batata, pacato, calmo e agradável, além da festa natural de Agosto que está associada às naturais férias dos emigrantes e da sua visita à terrinha.

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E para terminar, só me resta mesmo dizer que sempre que vou para estas bandas, Travancas é ponto de paragem obrigatório, para refazer forças ao caminho, com um café ou uma água que seja, pois nas redondezas não há outro café que seja ou esteja sempre aberto e, publicidade à parte, mesmo porque não tem concorrentes, é o Café Central, que, claro, tinha que ser do Gustavo, o Presidente da Junta.

 

E por hoje é tudo e amanhã cá estarei, com algumas aldeias e outras coisas que merecem destaque neste blog.

 

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