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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

13
Fev24

O Carnaval de Chaves chama-se Entroido


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Entrudo ou carnaval? Quando era puto, falava-se mais em entrudo, hoje em dia, o carnaval é mais popular, mas, ao fim e ao cabo, a coisa é a mesma, refere-se ao 47º dia antes da Páscoa que calha sempre numa terça-feira, e quanto ao significado de cada um, temos que regressar à origem da palavra, ao latim no caso do Entrudo, a derivar da palavra latina introitus que significa entrada, neste caso – entrada na quaresma. Já quanto à origem do Carnaval como evento carnavalesco de festas profanas não é muito clara, embora também com origem no latim, carne vale, que significa “adeus carne”, certo é que para ambos as palavras, o dia marcado é o de terça-feira gorda como fim do pagão e das festas profanas, para no dia seguinte, quarta-feira de cinzas, se entrar no costume cristão do jejum, sem festas até ao dia de Páscoa.

 

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Seja como for, Entrudo ou Carnaval, em Chaves se quisermos festa temos que lhe chamar entroido, e de ir até Verin, lá sim, há festa e é grande, prolongando-se a longo dos dias (semanas) que antecedem a terça-feira gorda, em várias etapas, entre as quais a noite dos compadres, a noite das comadres, o domingo corredoiro e o remate final com o grande desfile de terça-feira, com os cigarróns a encherem a avenida  principal com o seu colorido e chocalhar, para além de outras e diversas alegorias, folias e copas. Bem vistas as coisas, é a Eurocidade Chaves-Verin a funcionar, onde Verin fica com o lado da festa pagã, e Chaves fica com o período cristão do jejum. Tá bem, e com esta me bou...

 

Até amanhã sem chicha!

 

 

 

03
Fev22

Reino Maravilhoso - Verin e Eurocidade

Douro e Entre os Montes


VERÍN - EUROCIDADE CHAVES-VERÍN - GALIZA

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cabecalho

 

Já há algum tempo que não vínhamos aqui com esta rubrica do Reino Maravilhoso – Douro e Entre os Montes que tal como anunciámos desde o início visa ser uma proposta para um dia de passeio a partir da cidade de Chaves, num raio máximo de pouco mais de 100Km de modo a abranger terras a norte do Rio Douro e sua vizinhança, mas também a entrar na Galiza que nos é mais próxima.

 

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Assim, hoje vamos para um passeio aqui à mão de semear, e que embora já na Galiza nem precisamos de sair de casa, isto se em vez de considerarmos a nossa cidade de Chaves no seu conceito histórico, consideramos a nossa cidade ao nível europeu, ou seja a Eurocidade Chaves-Verín, ou seja, vamos até ao lado galego da nossa cidade, até Verín.

 

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Claro que este passeio nem precisa de ser recomendado aos flavienses, pois desde sempre que os flavienses frequentam com regularidade Verín, diria que com uma regularidade diária, mesmo no tempo em que Portugal e Espanha estavam dominados pelas respetivas ditaduras de Salazar e Franco, tal já acontecia, inclusive, havia duas vezes por ano em que a fronteira levantava as suas barreiras para a população, de um e outro lado, passar livremente sem qualquer controle. Tal acontecia por altura da Feira dos Santos em Chaves, e das festas do Lázaro em Verín.

 

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Festas do Lázaro, que penso que ainda se realizam, mas sem a importância de então, pelo menos no levar flavienses até lá. Aos poucos, a festa de Verín passou a ser a festa do Intróido (entrudo/carnaval) e dos cigarróns, que hoje são às centenas e que durante mais de 15 dias levam milhares de pessoas até Verín para desfrutarem e participarem nos vários dias e noites temáticas e respetivos desfiles (noite das comadres, dos compadres, domingo corredoiro, domingo e terça feira de carnaval, etc). Hoje em dia, se ainda existisse fronteira entre as duas localidades, teria de ser nesta altura que elas tinha de abrir livremente.

 

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E o que nos leva até Verín? Ora aquilo que sempre nos levou, ou seja vamos para as suas festas, às compras mas também pela gastronomia ou passeios gastronómicos, ou sejam, as mesmas razões que trazem os de Verín a Chaves.

 

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Continuo a afirmar que este post e passeio não se destina a flavienses, pois esse vão por lá quando precisam ou lhes da na gana. É antes para quem nos visita, para quem visita a cidade histórica de Chaves, saber que tem mais ofertas dentro da nossa Eurocidade Chaves-Verín, com o lado galego a apenas 20km de Chaves, com percurso em autoestrada ou estradas nacionais, bastando seguir a veiga de Chaves ou o rio Tâmega em direção a Norte e/ou nascente, respetivamente.

 

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Em Verín, para além das suas festas de Intróido, recomendamos fora destas, uma visita pelo seu centro histórico, que também o tem, uma visita ao castelo de Monterrei e já que está por lá, embarque numa de provar as suas tapas galegas sem esquecer o pulpo (polvo) à galega. Os vinhos das proximidades também se recomendam.

 

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Assim, se vier com tempo em passeio por Chaves, dedique uma manhã, ou uma tarde ou até o dia todo a um passeio até Verín, e no regresso, aproveite e ateste o depósito do seu popó, que sempre poupa uns euros. Ah! E problemas com a língua, não há, nem vale a pena tentar falar castelhano ou galego, fale-lhes em português corrente que eles entendem-nos perfeitamente.

 

 

Ligações recomendadas:

https://www.visitchavesverin.com/

25
Fev21

Reino Maravilhoso - Castelo de Monterrei - Galiza

Douro e Entre os Montes


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Em duas pequenas colinas que nascem no mesmo vale ergueram-se dois castelos, o de Chaves no então Reino de Portugal e o de Monterrei, mesmo ao lado de Verin, no Reino de Espanha, ambos com vistas privilegiadas para o mesmo ponto do vale onde ele estreita, precisamente onde se encontra a raia entre Portugal e a Galiza.

 

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Do nosso castelo flaviense apenas resta a Torre de Menagem e parte das muralhas que o protegiam, por seu lado, o de Monterrei mantém-se na íntegra com a sua Torre de Menagem, o Paço dos Condes (hoje convertido em museu), a Torre das Damas e a Igreja de Santa Maria Gracia.

 

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Destacado deste conjunto temos ainda o Hospital do Peregrinos e a Atalaia, no estremo oeste, esta em ruinas e tinha como objetivo defender a acrópole das investidas vindas de oeste.

 

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Pois a nossa proposta desta semana é uma visita a todo este conjunto, mas para ver exterior e interior, sem perder a belíssima igreja de Santa Maria Gracia, erguida na primeira metade do século XIV, e toda a arte sacra nela existente, também digna de ser apreciada.

 

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E desta vez não deixamos o roteiro para lá chegar, pois basta atravessar a raia de VilaVerde da Raia/Feces de Abajo para o Castelo de Monterrei se mostrar, depois basta segui-lo com o olhar até lá chegar, ou seja, terá de ir até Verin e na avenida principal que atravessa Verin, vira à esquerda em direção a Orense e no sentido contrário a Madrid e logo a seguir a Verin tem o desvio para o Castelo. Também pode ir a pé a partir de Verin. Se gosta de caminhadas, deixe o popó em Verin, atravesse o Tâmega e junto à Casa do Escudo há um caminho pedonal que nos leva direitinhos ao Castelo, que fica a apenas 600m de distância (mas sempre a subir).   

 

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Para ficar a saber mais sobre este castelo e conjunto, dê uma vista de olhos ao que está na wikipédia, pois lá conta-se quase toda a história deste conjunto. Ah!, falta referir apenas, que a partir da cidade de Chaves, basta uma manhã ou tarde para conhecer todo o conjunto, ainda fica com o resto do dia para as tapas e copas…

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Castelo_de_Monterrei

 

 

16
Fev21

Entróido, Entrudo e Carnavais

Entróido de Verin e Entrudo de Podence


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Já sabemos que este ano não tivemos carnaval, e não me venham com o virtual, porque esse não vale, pois, o carnaval ou no nosso caso o entrudo, só se faz com as malandrices que traz associadas, embora nós, flavienses, até nem nos podemos queixar por perdemos o dia de entrudo, pois por cá não há tradição, embora até seja uma contradição, pois se tivermos em conta a Euro Cidade de Chaves-Verin, aí sim, temos um dos maiores, senão o maior entrudo da península ibérica, mas como todos sabemos, esse carnaval, só em Verin é que acontece. Independentemente da Euro Cidade, sem qualquer dúvida que o Entróido dos Cigarróns de Verin, é o nosso entrudo.

 

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Assim, mesmo sem carnaval/entrudo nas ruas, o seu dia maior aconteceria hoje, não o tivemos nas ruas, mas temos imagens dos outros anos, e recordar também faz partes das nossas vidas. Ficam então duas imagens dos cigarróns de Verin, do outro lado da raia, mas na Galiza e já sabemos que a Galiza, culturalmente falando, incluindo na língua, é muito próxima de nós, e uma das provas, está precisamente na tradição do entrudo/entróido, incluindo nos disfarces e malandrices, tradições a ele associados, com base num entrudo de malandrices, sujo, bem longe do samba nas ruas.

 

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Como tal trazemos também duas imagens de um entrudo que nos é também próximo, não tão próximo como o de Verin (estamos a falar de distâncias no terreno), mas é em Trás-os-Montes, e que se repete um pouco por algumas localidades do distrito de Bragança, no caso das imagens, é o entrudo de Podence.

 

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E é tudo, só falta mesmo localizar no tempo as imagens que aqui deixamos, as dos cigarróns de Verin são do entróido de 2015 e a dos caretos de Podence são do entrudo de 2018.

 

 

01
Mar17

E venha a Páscoa que o Carnaval já lá vai


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Venha então a Páscoa que o Carnaval já lá vai. Aliás cá na terrinha se não fosse tradição gastronómica associada ao Carnaval, nem dávamos por ele, isto se nos referirmos só à cidade de Chaves. Agora se quisermos presumir e dizer que somos da eurocidade Chaves-Verin, aí a cantiga já é diferente, pois ali ao lado os nosos irmáns galegos, não brincam com o carnaval  ou entroido, levam-no a sério, ou seja, brincam muito e divertem-se ainda mais com ele, e não é coisa para um dia, mas praí uns 15 dias de loucura.

 

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Talvez seja por esta falta de tradição do carnaval em Chaves que é uma das festas que a mim, pessoalmente, pouco ou nada me diz, a não ser pelas iguarias que vão à mesa e seria um dia como outro qualquer.

 

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Venha pois a Páscoa que, verdade se diga,  é outra das festas que também nada me diz, isto se é que podemos considerar a Páscoa uma festa. Claro que há as iguarias ligadas à Páscoa, como o folar e mais recentemente por força da publicidade comercial os chocolates. Também aqui como não sou lá grande amante do folar nem dos chicolates, a festa da mesa também me passa ao lado, ainda pra mais que hoje em dia, folar,  há-o  todos os dias nas padarias da cidade e ainda por cima é caro comó coiso! Mas o que chateia mesmo é que agora começa aquela cena do jejum, uma chatice. Está claro que ninguém me obriga a jejuar, mas que remédio eu tenho, pois como não cozinho as minhas refeições, tenho que me render àquilo que põem  à mesa ou está disponível na ementa, mas com um bocadinho de sorte temos uma bacalhoada e a coisa fica mais composta.

 

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E tudo se comporia se a seguir à Páscoa tivéssemos por cá uma grande festa, mas nada, desde o Natal (festa que eu gosto) até à Feira dos Santos, cá na terrinha em termos de festas é como é um grande deserto que temos de atravessar, quando muito há umas sardinhas acompanhadas de uns copos e umas modinhas musicais populares lá para o S.João e S.Martinho, mas em pequenas festas de amigos ou familiares, e mais nada. Se não fosse pela abundância de grandes superfícies comerciais e armazéns dos chineses, Chaves seria uma tristeza ou como diz o meu amigo escritor, seriamos uma “Crónica triste de névoa”, cheia de macambúzios deprimidos.

 

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Ah!, ainda ao respeito do parágrafo anterior e dos nossos sítios de diversão, temos a vantagem de estarem abertos aos sábados e domingos, senão o que seria de nós aos fins-de-semana, desejosos e ansiosos pelas segundas-feiras para irmos trabalhar, pois enquanto estamos ocupados não pensamos nessas coisas que só acontecem nos tempos livres ou tempo de lazer, como o pessoal das ciências humanas gosta de chamar. Um direito, dizem!

 

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Já quase pareço um queixinhas. Agora a sério, a verdade é que não necessitamos nada dessas coisas de festas de rua onde se mistura de tudo, com gente a tresandar a suor, bêbados, os casas de cinema com gente a comer pipocas e fazer barulho que nem deixam ver um filme, ou teatros para nos armarmos em intelectuais quando toda a gente gosta de cinema, ou concertos musicais onde só vão putos bêbados e drogados com música de furar os tímpanos, foguetes no ar que só poluem a atmosfera e assustam os passarinhos…

 

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Para quê querer isso tudo se agora temos tudo em casa, o que quisermos, sentados comodamente no nosso sofá. Basta ter um televisor, um computador e uma ligação à internet et voilá, ora estamos a ver um bom filme, a assistir a um bom concerto musical ao vivo com a vantagem de podermos ir comentando com os mais de mil amigos que temos no facebook, além de muita mais coisa que se pode fazer, que eu bem sei. Convém é ter umas bejecas no frigorifico, não vá dar-nos sede a meio da noite… Ah! ainda com a vantagem de que em casa, onde houver mais gente além de nós, não somos obrigados a assistirmos todos ao mesmo, pois cada um no seu sítio, com  a sua televisão, o seu portátil, tablet ou até telemóvel, desde que haja Wi-fi, e está tudo resolvido e se tivermos filhos daqueles que ainda nos obedecem, de vez em quando podemos mandar-lhes uma mensagem para o telemóvel do género: “ Vai ao frigorífico e traz-me uma cerveja que não quero interromper o filme”, ou então se formos mais responsáveis, uma do género: “ vê se te deitas que amanhã tens de te pôr a pé cedo”. Uma vez mandei esta à minha filha e ela respondeu-me: “ Ó pai, acordaste-me, já estava a dormir!”…

 

E com esta me vou!

 

As fotos são do Domingo Corredoiro de Verin.

 

 

22
Fev17

Cinco imagens da época - Entroido e cigarróns


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Hoje ainda vamos ter mais uma carta para o Comendador, mas como o carteiro ainda não chegou, vai ficar para mais tarde. Para já ficamos com mais cinco imagens da época, mais propriamente do carnaval que, como vem sendo habitual, aqui por perto, se o quisermos temos de ir até Verin, aqui ao lado, do outro lado da raia, na Galiza, que por muito que se possa ansiar por uma eurocidade Chaves-Verin, em termos de festas e cultura, cada um tem as suas, aliás como sempre teve.

 

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Mas como a cidade de Chaves está zangada com festas, o carnaval em Chaves também não é exceção e se em tempos a juventude ainda ia brincando com as bombas de carnaval, as rabichas, os “estrelotes” as seringas, a farinha e o carvão, com meia dúzia de caretos, agora nem isso e se queremos folia à séria,  lá teremos que ir até às dos vizinhos, que quase do nada, ao longos das últimas dezenas de anos, conseguiram fazer festa de invejar, já tradicional, com vários momentos nesta época de carnaval, como o Domingo Corredoiro (do qual deixo imagens) mas também as grande noites dos compadres, das comadres e os grandes desfiles de domingo e terça feira de carnaval, momentos que levam a Verin milhares de forasteiros.

 

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E se os cigarróns são a imagem oficial da festa, que de ano para ano vão crescendo, sendo já centenas deles,  há lugar para todos viverem  a festa do disfarce, basta quererem, mesmo quando o dia é dos cigarróns, como o domingo corredoiro, há lugar para todos, tal como hoje fica documentado. Momentos aos quais às vezes até as mascaras dos cigarróns não ficam indiferentes.

 

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Ficam algumas imagens desses “penetras” que fazem as festa à sua maneira, contribuindo também para ela, sendo como mimo, como extra-terrestre, como palhaço, ou como lhes der na gana.

 

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Da nossa parte já há anos que somos fãs da festa de Verin,  e nos nossos sonhos gostaríamos também de ser fãs de uma festa alargada à cidade de Chaves, onde com o pretexto da eurocidade, os sonhos se poderiam tornar realidade, mas não, continua tudo como dantes…

 

Amanhã há mais!

 

 

 

 

21
Fev17

3 do Entroido galego de Verin


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  Ele aí está na rua, o entroido galego de Verin, com algumas imagens do Domingo Corredoiro em que os cigarrons saiem à rua pela primeira vez.

 

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Cigarróns e aspirantes a cigarróns, já são às centenas nas ruas de Verin.

 

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Para já ficam três imagens, mas durante a semana iremos deixar aqui mais umas tantinhas.

09
Fev16

O Introido da Eurocidade Chaves-Verín


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Como hoje é terça-feira de Carnaval mal seria se não fizéssemos aqui referência a este dia de folia que vai sendo celebrado e festejado por esse Portugal fora mas também um pouco por todo o mundo. Mas em Portugal também é festa grande nalgumas cidades, vilas e aldeias, tanto que nesta terça-feira, salvo no regime neoliberal assanhado, sempre houve tolerância de ponto, um quase feriado que hoje em dia já se começa a falar em oficializá-lo.

 

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Chaves, não sei por que razão, nunca ligou muito a este dia. Antigamente ainda havia o queimar e rebentar de uma rabichas e bombas de carnaval, uns peiditos chocos e seringas de água na mão da canalhada, agora nem isso. Chaves é definitivamente uma cidade de costas viradas para as festas, sem festas da cidade, sem carnaval, sem grandes festivais de música, também ela parece governada por neoliberais assanhados em que o povo só serve para trabalhar e pagar taxas e impostos. Festa e cultura são coisas da intelectualisse de esquerda que só pensa na boa vida… Chaves é definitivamente a cidade triste da névoa… Assim, se queremos carnaval, ou nos vingamos à mesa de nossas casas com as iguarias do fumeiro e do reco que são tradicionais nesta quadra ou então vamos a Verin ver, aí sim, a festa do intróido e dos cigarróns, com vários pontos e dias altos de festa ao longo de mais de 15 dias de folia.

 

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Tive esperança que na tal Eurocidade de Chaves – Verín, com projeto reconhecido e premiado pela União Europeia, passasse a existir realmente uma eurocidade, que é muito bonitinha no papel, naquilo que se diz à imprensa e esta reproduz, mas que na realidade Chaves continua como era antes da Eurocidade e Verís, por sua vez, continua como era Verín antes da Eurocidade. Nas notícias (por exemplo em: http://www.rtp.pt/noticias/cultura/eurocidade-chaves-verin-sera-a-primeira-zona-franca-social-da-europa_n865641#sthash.QTNXK4za.dpuf ) diz-se (o sublinhado é meu):

Oito anos depois de Chaves e Verín terem iniciado o projeto, com apoio de fundos da política comunitária de coesão, os dois municípios veem reforçada a possibilidade de criarem, em conjunto, "a primeira zona franca social", com os cidadãos das duas margens do rio Tâmega "a circularem livremente e a utilizarem os serviços" públicos de saúde e educação de um ou de outro concelho, como mais lhes convier”.

Que maravilha, não fosse no meio ter as palavras “A possibilidade de criarem”, pois nada disto existe. Existe, isso sim aquilo onde se diz:

A eurocidade Chaves-Verín já partilha um cartão de cidadão que dá acesso a piscinas, bibliotecas, eventos, formações ou concursos, bem como uma sede, uma agenda cultural, instalações desportivas e recreativas e atividades conjuntas.

É verdade sim senhor, mas se não tiver o dito cartão tem na mesma acesso a esses locais. Para rematar, também é verdade onde se diz:

António Cabeleira sublinhou que os dois lados da eurocidade já partilham uma agenda cultural comum

Sou testemunha disso e até tenho uma agenda dessas em casa, mas este comum não quer dizer que sejam atividades conjuntas da Eurocidade, mas sim Chaves deixa na agenda as suas atividades e Verin deixa na agenda as atividades que Verin promove. Não há cá misturas, cada um com o seu, sem intercâmbios nem realizações conjuntas, cada um trata das suas coisinhas como sempre aconteceu e mais nada, a agenda apenas as anuncia – Já é qualquer coisa. E foi assim que fiquei a saber que hoje em Verín desde as 11h00 (não sei se de lá se de cá) vai haver o Martes de Entroido organizado pelo Concello de Verín. Agora bonito-bonito são…, ou aliás, era ver os Cigarróns a correr também as ruas de Chaves.

 

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Mas enfim, là teremos que ir a Verin para termos Carnaval, como todos os anos e do qual eu até sou freguês já há uns bons anos, mesmo antes da Eurocidade já o era, só que este ano não me dá jeito ir por lá, assim, ficam as fotos do Carnaval (Introido de Verin) do ano passado. Eu não posso ir, mas quem puder, que vá, pois vale a pena lá ir, com ou sem cartão da Eurocidade, pois a festa lá, é de todos e para todos.

 

 

 

 

14
Out15

Chá de Urze com Flores de Torga - 100


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Curral de Vacas, Chaves, 11 de Abril de 1974

 

O Auto da Paixão num pobre lugarejo transmontano transfigurado numa Galileia imaginária, a fonte de Jacob, o Jardim das Oliveiras e o Sinédrio reduzidos a uma bacia cheia de água, a meia dúzia de ramos espetados no chão, a um palanque de feira. Mas nesse cenário ingénuo e sumário, tudo se passou como no verdadeiro — um Cristo do mundo a sofrer as injustiças e agruras do mundo. Pilatos era qualquer regedor, presidente da Câmara ou juiz poltrão a lavar as mãos na hora da verdade; Caifás, o influente poderoso e rancoroso, quem não é por nós é contra nós; Judas, o mau vizinho que muda os marcos e jura peitado; e a turba judaica, a multidão que assistia, mata, queima, esfola, conforme a onda emotiva. Não havia vedetas. Nem o próprio Redentor tentava ultrapassar a medida humana. Todos faziam diligentemente o seu papel, a debitar o texto e a gesticular como a rudeza era servida. A tarde estava de rosas, e essa doçura da natureza emoldurada harmoniosamente aquela lúdica catarse colectiva, teatro e realidade misturados, festa e pesadelo, agonia fingida e vivida. O povo tem isso: sabe encontrar o meio-termo feliz, o equilíbrio entre as exigências da alma e as fraquezas do corpo. A tragédia do Calvário é a nossa própria tragédia. Mas Deus é Deus, um ser absoluto. Pode sofrer absolutamente. Nós somos criaturas relativas... Por isso, a esponja de fel que desta vez o Centurião chegou aos lábios de Cristo era um naco de pão-de-ló ensopado em vinho fino...

Miguel Torga, in Diário XII

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Curral de Vacas

Chaves, 3 de Setembro de 1974

 

Fui rudemente sincero, mas há horas em que só assim. As pessoas afivelam uma máscara, e ao cabo de alguns anos acreditam piamente que é ela o seu verdadeiro rosto. E, quando a gente lha arranca, ficam em carne viva, doridas e desesperadas, incapazes de compreender que o gesto violento foi a melhor prova de respeito que lhes podíamos dar.

Miguel Torga, in Diário XII

 

Verin, 4 de Setembro de 1974

 

Cada povo rem mesmo um perfil singular, inconfundível, que a fronteira recorta. Um modo próprio de ser e de proceder, que se não pega, que se não transplanta, que o cosmopolitismo esfuma mas não apaga, que é uma maneira vital específica de estar no mundo. Comparo as duas realidades que a raia separa. E entro em melancolia. Que diferença de clima humano! Tudo, deste lado espanhol, tem autenticidade, sabe a verdadeiro. As paixões, o patriotismo, a magnanimidade e o brio. Tudo se faz aqui a sério. Ou revoluções verdadeiras, ou contra-revoluções verdadeiras.

Miguel Torga, in Diário XII

 

 

09
Set15

Chá de Urze com Flores de Torga - 95


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Verin, 2 de Abril de 1968

 

No alto da torre do castelo de Monterrey, a pairar sobre a veiga do Tâmega, iço ao sol primaveril de Espanha a bandeira do patriotismo instintivo, e arreio-a logo a seguir, racionalmente. O guarda confiou-me a chaves do baluarte — quem o diria noutros tempos! —, e não pude evitar o impulso irreflectido. Teve o bom senso de me chamar à ordem. Lá em baixo, na cidade, milhares de patrícios, que vieram a um desafio de futebol, abarrotam os carros de contrabando. Bacalhau, bananas, farinha triga, pão, conhaque, queijo, compotas, rebuçados. Um saque inconsciente, pago com pesetas do mercado negro. «A fome…», penso com os meus botões. A fome que todo o português teve, tem, ou teme vir a ter. A fome que nos levou à Índia, ao Brasil, e nos faz chafurdar agora nos esgotos de Paris. Fome que não é desonra, quando confessada, mas que nenhum de nós confessa, como não confessamos outras misérias. Fomos civilizar, emigramos por amor à aventura, sabe-nos bem iludir o fisco. Mais nada. E é essa nossa falta de humildade que agora me pesa arrobas na consciência, a contemplar o desdém da grandeza castelhana e a ouvir o rumor da pilhagem. Ora assim peado da alma, que posso fazer mais do que enrolar no coração o altivo estandarte da independência pátria, e resignar-me a pertencer a uma comunidade de lazarados, convencidos de que têm o rei na barriga?

Miguel Torga, In Diário X

 

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Chaves, 8 de Abril de 1968

 

Quanto mais apertado me sinto na prensa da vida, a estalar de desespero por todos os lados, mais necessidade tenho de escrever. Os desafios de viva voz — que a raridade de ouvidos atentos e compreensivos vão, de resto, tornando impossíveis — nada resolvem, e sã até contraproducentes. Saem da boca às golfadas, intempestivamente, e deixam na alma uma penosa sensação de esvaziamento sem alívio. De tão informe, a lava apenas testemunha a ígnea actividade do vulcão. Mas, na escrita, os sentimentos ordenam-se na ordem das palavras. O que se diz, adquire, na disciplina da frase, a claridade e a economia que faltavam ao impulso comunicativo. EW a consciência encontra repouso nesse rigor e nitidez, que dão transparência e inteligibilidade ao próprio rosto absurdo da vida.

Miguel Torga, In Diário X

 

Chaves, 9 de Abril de 1968

 

Deixo cair a tarde

Nos olhos fatigados.

O dia foi de luz intensa e demorada,

Nevada nas alturas,

Guardei o que podia.

Agora quero a noite

E a brancura das horas

Sem lembrança.

Trevas de claridade

Inconsciente.

Longe daqui, e sempre aqui

Presente,

Quero sonhar apenas o que vi.

Quero ver o que vi mais transparente.

                                    

                                              Miguel Torga, In Diário X

 

 

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