O Barroso aqui tão perto - Beça
Aldeias do Barroso - Concelho de Boticas
BEÇA - BOTICAS
Hoje abrimos uma nova freguesia de Boticas, Beça, e com ela todas as aldeias desta freguesia, pela ordem alfabética, que por coincidência é a aldeia sede de freguesia – Beça.
Vamos então até Beça, aldeia e sede de freguesia, do concelho de Boticas. Beça que à vezes também aparece grafado como Bessa, cujo topónimo é também o nome do rio, Rio Beça, também ele às vezes grafado como Bessa, rio este que atravessa toda a freguesia, vindo da nascente na Serra do Barroso, perto de Sarraquinhos, concelho de Montalegre, um rio todo ele Barrosão que no seu percurso de cerca de 45 quilómetros, passa por Cervos, Beça, Vilar e Canedo indo desaguar na margem direita do Rio Tâmega perto de Ribeira de Pena.
Iniciemos já pela localização de Beça e o melhor itinerário para lá chegarmos a partir da Cidade de Chaves. Pois Beça fica a aproximadamente 6km de Boticas, a partir da qual podemos ir até à aldeia, mas desta vez, vamos tomar a EN103 (estrada Chaves-Braga) mas ao chegarmos a Sapiãos, em vez de virarmos para Boticas, continuamos pela EN103, mas apenas mais 6Km, aí, à esquerda, teremos o desvio para Beça, quase em frente ao desvio para a Serra do Leiranco. Mas fica o nosso mapa como uma pequena ajuda. Ao todo, de Chaves até Beça são 28,8Km.
Logo ao entrámos na estrada em direção a Beça, CM1037, a cerca de 3Km, temos a aldeia de Pinhal Novo, a única aldeia de colonos que Salazar mandou construir no concelho de Boticas, mas integradas nas aldeias dos colonos do Barroso. Aldeia que também faz parte da freguesia de Beça, mas que nós já abordámos em tempo conjuntamente com as restantes aldeias dos colonos do Barroso, numa série de posts em que contámos toda a história ligada a estas aldeias. Embora Pinhal Novo também seja abordado nesta freguesia, fica aqui já adiantado o que dissemos sobre ela nas aldeias dos colonos de Salazar, que alguém com um romantismo sem equivalência real, chamou de “Aldeias Jardim”.
Mas Pinhal Novo hoje fica só como uma referência na nossa passagem para Beça, que fica logo a seguir, apenas mais meia-dúzia de retas e outras tantas curvas, abre-se a aldeia e o seu vale a descair ligeiramente para a margem esquerda do Rio Beça, mesmo em frente a Carvalhelhos, mas esta, na margem direita do rio.
Pois Beça é um topónimo que já nos soa nos ouvidos há muito tempo, desde miúdo, mas a verdade se diga, já não sei porque. Sei, isso sim, que a primeira vez que lá fui, já foi em visita fotográfica com um grupo alargado de fotógrafos, isto já em 2011, aliás algumas, poucas, das fotos de hoje são desse dia (28-05-2011), as restantes são mais recentes, mas também já lá vão dois anos desde o dia em que as fizemos (1-06-2018).
E ainda bem que fomos por lá segunda vez com a intenção de fotografar, pois da primeira vez apenas nos ficámos pelo largo da igreja, e dado o calor do dia, penso que passamos mais tempo no bar que a fotografar. Fica uma imagem desses momentos, já de 2011, não vão pensar que a fotografia é recente e que que está nela está a confraternizar sem os cuidados que o bicho (Corona vírus ou covid-19) nos exige.
O que dizer sobre a aldeia!?, pois é uma aldeia já com dimensões para se poder considerar uma aldeia grande, não muito grande, mas grande, com um núcleo mais antigo, ainda com muitas construções tradicionais e mais antigas, algumas reconstruções pelo meio feitas com algum gosto na preservação, outras nem tanto, mas o casario novo aparece ao longo de novos arruamentos e da estrada que nos leva até à Carreira da Lebre/Boticas, ou seja, a que nós indicámos para se ir até Beça.
Claro que uma aldeia quanto mais preservada estiver, mais interessante é para quem a visita e para chamar novos visitantes, principalmente agora que o turismo local se recomenda, mas para isso, já há muito que se deveriam tomar as medidas preventivas necessárias, que nem sempre são bem aceites e compreendidas pelas populações locais. Depois também é uma questão de exemplo, principalmente nestas aldeias do Barroso onde o parece bem ou parece mal, ainda se vai tendo em conta, ou seja, se um vizinho restaura uma construção e ficou bem, o seu vizinho tende a fazer o mesmo e a partir de aí, todos lhe vão seguir o exemplo, e ninguém se atreverá a construir um mamarracho novo no meio, pois vai parecer mal… e o que parece mal, é a própria aldeia que critica o “prevaricador”, mesmo que dentro da lei.
Mas sejamos sinceros, os primeiros a prevaricar, muitas das vezes, são as Juntas de Freguesia e a própria autarquia, primeiro pela ausência de medidas preventivas, depois por alguns arranjos, ou construções públicas que não seguem a traça do típico na região, começando logo pelos materiais (novos) que aplicam. Mas não só, também a EDP, a PT e outras empresas de fornecimento e abastecimento de infraestruturas às aldeias, são as que mais as destroem visualmente falando, principalmente a EDP que às cegas coloca postes e armários de eletricidade (plásticos ou coisa parecida) em frente a monumentos, igrejas, capelas, nichos e outros de interesse histórico e turístico, sem o mínimo de respeito pelo que há por perto. Deixo-vos a seguir um exemplo, que até nem é dos piores, pois ali ainda cabia pelo menos mais um post e por cima do armário, uma cabina telefónica daquelas azuis que a PT agora anda a colocar nas aldeias do Barroso, que já as vimos colocadas em fachadas de capelas e dos tradicionais fornos do povo barrosões, aqueles cobertos com lajes de granito. No caso desta foto, são apenas umas alminhas, bem interessantes por sinal e que até são consideradas um dos traços da cultura portuguesa.
Mas isto que tenho vindo a dizer, à exceção do último parágrafo, até nem se aplica a Beça, embora também não esteja livre de alguns, mas já vimos aldeias bem interessantes com atentados que são de bradar aos céus. Mas deixemos as desgraças e passemos às graças, àquilo que Beça tem de interessante e que é de visita obrigatória na aldeia.
Pois a primeira é mesmo a beleza do conjunto e a harmonia dos campos envolventes, com muito verde no qual o Rio Beça também tem alguma responsabilidade. Campos verdes que se estendem até às aldeias vizinhas mais próximas (Carreira da Lebre e Carvalhelhos). Em segundo lugar punha a vida que esta aldeia ainda tem. Pela certa que também muita gente já a abandonou, é quase inevitável que tal não tenha acontecido, mas a proximidade de Boticas e mesmo à cidade de Chaves, com bons acessos (embora pudessem ser melhores), com certeza que têm a ver com a preservação de alguma dessa vida.
De interesse também a Igreja da Nossa Senhora da Apresentação e a Igreja de São Bartolomeu, santo que também é o orago da freguesia. A residência paroquial também mereceu a nossa atenção.
A ponte medieval da Pedrinha também é uma referência para a freguesia, mas essa, e outros pontos de interesse da freguesia irão ser tratados nos próximos posts, um deles dedicado à Carreira da Lebre que embora não conste (oficialmente) como uma localidade da freguesia, penso que já tem condições para tal, pelo menos para merecer um post nosso.
E vai sendo tudo. Só nos resta dizer que que no final da abordagem de todas as aldeias da freguesia de Beça, regressaremos novamente a esta aldeia, com o post da freguesia, mas primeiro passarão por aqui todas as aldeias, sendo a próxima, a aldeia de Carvalhelhos.
E o vídeo com todas as imagens da aldeia de Beça que foram publicadas até hoje neste blog. Aqui fica:
Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL Nº 895 607