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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

10
Set22

Alminhas, nichos, cruzeiros e afins...

A Capela de Vilar de Izeu


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Na nossa ronda pela arquitetura religiosa que existe nas nossas aldeias, no caso, do concelho de Chaves, hoje vamos até Vilar de Izeu, uma pequena aldeia das terras de Monforte, já na pendente que desce para terras de Valpaços (Nozelos e Tinhela).

 

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Arquitetura e símbolos religiosos que rara é a aldeia que não os tem, em geral do domínio público municipal ou propriedade da igreja católica, mas às vezes também particulares. Podem não ter cruzeiros, nichos, alminhas… mas pelo menos uma capelinha ou capela têm sempre, é o caso de Vilar de Izeu onde, do nosso conhecimento, apenas tem uma capela.

 

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Capela que hoje apresentamos aqui em dois dos seus momentos, um num registo de imagens que fizemos em 2008 e outro, num registo de 2015, com algumas diferenças de realce, as que resultaram de um restauro da capela, com limpeza das paredes de pedra, pinturas das carpintarias e restauro do telhado com colocação de telha nova e uma nova cruz na torre sineira, esta última, no meu entender foi único pecado cometido neste restauro, por não ser a original, que apenas estava torta, apenas por nova é nova, e por lhe faltar a arte do pico manual. Desculpável porque a intenção pela certa que foi boa, e sendo assim, é apenas um pecadinho que nem precisa de absolvição.

 

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Para finalizar fica o nosso mapa/inventário com mais a localização desta capela.

 

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Resto de um bom fim-de-semana.

 

 

04
Abr20

Vilar de Izeu - Chaves - Portugal


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Vilar de Izeu, é a nossa aldeia de hoje, mais uma das aldeias do planalto de Monforte, já no limite do concelho de Chaves com terras de Valpaços (Nozelos e Lebução).

 

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É uma das terras altas do nosso concelho, a rondar os 800 metros de altitude, tem como aldeia mais próxima Bobadela de Monforte, a cerca de 1 km de distância, e a Bolideira logo a seguir, a cerca de 2 km, tal como a EN103, por onde podemos fazer o acesso a esta aldeia a partir da cidade de Chaves. Um dos acessos possíveis.

 

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O outro acesso à aldeia, a partir de Chaves, é também via nacional 103, mas quando chegarmos às Assureiras do Meio, abandonamos a EN103 em direção às Avelelas, depois é só seguir a estrada principal, passamos pelas Avelelas, depois por Oucidres e logo a seguir é Vilar de Izeu.

 

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Vilar de Izeu é uma pequena aldeia tendo como largo principal um cruzamento de caminhos, a partir da qual se desenvolveu seguindo a direção desses mesmos caminhos. Aldeia com um núcleo mais antigo de aglomerado mais ou menos concentrado, e algumas construções mais recentes, um pouco dispersas pela periferia da aldeia.

 

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A estrada de acesso à aldeia, que a atravessa em toda a sua extensão (cruzando com o caminho que faz o seu largo principal), separa também os terrenos da aldeia em duas partes distintas. A parte mais baixa, de terras mais ou menos planas, entre a estrada e o limite do concelho, são terras dedicadas à agricultura, batata e centeio, o costume nestas terras mais altas.

 

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O outro lado da estrada é mais de floresta e mato, sobretudo giestas. São os terrenos do planalto de Monforte que existem entre a aldeia e o Castelo de Monforte.

 

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E é tudo, aproveitando este post para deixar mais algumas imagens inéditas de Vilar de Izeu que escaparam às nossas anteriores seleções, aquando dos posts que lhe fomos dedicando ao longo da existência deste blog.

 

E agora sim, o vídeo com todas as imagens da aldeia publicadas até hoje neste blog.

 

 

Posts anteriormente publicados, dedicados a Vilar de Izeu:

 

https://chaves.blogs.sapo.pt/308855.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/15860.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/16076.html

 

 

 

10
Jul10

Hoje poderia discursar


 

Oucidres

.

 

 

Hoje bem poderia discursar

Sobre as pedras

Aquelas que à mão

pedra a pedra

se ergueram para

contrariar o rigor dos invernos e

sombrear os infernos do verão

 

.

 

Vilar de Izeu

.


 

Também poderia discursar

Sobre escadas

De pedra

Que sobem sem resguardo

Para portas fechadas

 

Poderia ainda discursar

Sobre janelas

Que já não se abrem

Chaminés

Que não deitam fumo

E lares

Sem a chama da vida

 

.

Bobadela

.


 

Poderia discursar sobre isso

E muito mais

Mas hoje não tenho tempo.

 

 

 


21
Set08

Vilar de Izeu - Chaves - Portugal


 

.

 

Agora que estão na moda as rotas de tudo e mais alguma coisa, acho que por aqui no blog, os fins-de-semana, também os vou baptizar como “ Na Rota do Despovoamento”, pois de aldeia em aldeia que vou percorrendo, o filme é o mesmo, a fotografia vai variando um pouco mas também se serve do mesmo argumento.

 

Hoje vamos até mais uma aldeia de montanha, que por sinal no concelho de Chaves, à excepção de meia dúzia de aldeias agarradas à veiga e à cidade, todas elas são de montanha. Pondo de parte uma ou outra particularidade, no essencial todas são iguais e, entenda-se como essencial, a sua vida e a vida de aldeia, que em todas está seriamente molestada por essa doença do despovoamento.

 

.

.

 

Já sei que me estou a tornar repetitivo cada vez que abordo uma aldeia e que as minhas palavras caem em saco roto, e aliás, mesmo que não caíssem, já são tardias, pois para a maioria das aldeias já não há volta atrás e o seu fim está mesmo ditado. É apenas uma questão de anos.

 

.

.

 

De visita a Vilar de Izeu, a nossa aldeia de hoje, calhei em conversa com uma senhora que para lá andava a cortar umas silvas numa poula que já tinha estado arranjadinha e que como horta dava de tudo para a casa. A senhora, embora seja uma resistente, estava apenas de passagem, de “férias”, a cortar silvas porque lhe metia impressão ver o estado em que aquilo estava. Apenas isso, pois mal vire costas, as silvas vão continuar a crescer. Em conversa soube que agora já não reside na aldeia, estava sozinha e lá arranjou maneira de entrar para o lar de Travancas. Filhos tem seis, todos fora. Uns na França, outros na Suíça e dois estão cá, mas no Porto e Mirandela. “Estão todos bem e vêm cá quase todos os anos à festa, depois partem, claro, têm lá as suas vidas” dizia-me ela. Então e quem é a santa e quando é a festa?, ia eu alimentado a conversa.  “ São Tomé. Não sabe quando é!?, pois já diz um “ditajo belho” – “No São Tomé mata-se o porco pelo pé”, é em Dezembro, mas agora fazem uma festa em Agosto para os emigrantes que em Dezembro não está cá ninguém… só rezam a missa”.

 

.

.

 

Claro que tinha ali conversa para toda a tarde, e muito a aprender, pois os resistentes têm muitas estórias da vida para contar e, é mais ou menos esta a história de todos eles, com muitos filhos mas que foram obrigados a partir em busca de melhor vida e “hoje estão bem, graças a Deus”, dizem as mães, contentes ou pelo menos – conformadas.

 

.

.

 

Vilar de Izeu segundo o Censos de 2001 tinha 62 habitantes residentes, mas mesmo assim ainda não é das piores aldeias, pelo menos a julgar pelos números, pois em 2001, dos 62 habitantes, 15 tinham menos de 20 anos e 6 menos de 10. Não tenho dados comparativos de outros censos, mas sei que no último ano lectivo ainda havia 4 crianças em idade escolar que eram transportados diariamente para a escola de Águas Frias.

 

.

.

 

Vilar de Izeu pertence à freguesia de Oucidres e fica a 17 quilómetros de Chaves, ali mesmo à beirinha do concelho de Valpaços, aliás as encostas das montanhas por aqueles lados já descem todas para o concelho vizinho, tal como as vistas que se perdem no amontoado de montanhas já da terra quente. Talvez por isso mesmo as suas terras sejam ricas, só lhes falta mesmo é braços para a trabalhar, mas as que são trabalhadas dão boa batata, centeio, castanha e pastos. Batata vi e registei que ainda  há por lá, em qualidade e quantidade (onde a cultivam), pastos também, inclusive vi um rebanho de duas ovelhas, sem pastor, mas cada uma com um cão pastor ao lado e os castanheiros quase se pode dizer que são eternos, pelo menos, a grande maioria dos soutos que conheço no concelho, têm castanheiros com largas dezenas de anos de idade e alguns (sem qualquer exagero) são centenários.

 

.

.

 

Quanto a escritos poucas ou nenhuma referência encontrei sobre esta pequena aldeia, no entanto penso não ser uma aldeia muito antiga mas mesmo assim com origens anteriores à época medieval, pois na baixa idade média seria uma das aldeias que integrava o extinto concelho de Monforte de Rio Livre, que se desenvolvia em redor do Castelo de Monforte. A dedução é minha, pois como disse não encontrei qualquer referência escrita à aldeia para além de uma lenda, mas pelo menos sabe-se que na freguesia não há vestígios de estações arqueológicas que os liguem a povoamentos muito antigos.  A referência mais antiga que vi na aldeia está inscrita na padieira de uma porta com o ano de 1794.

 

.

.

 

A tal lenda a que me referi atrás está ligada ao padroeiro da aldeia e à sua capela de devoção, o São Tomé. Pois então conta a lenda que este Santo e Santo André (padroeiro de Oucidres) eram irmãos, e que um dia, este último, muito aborrecido com a preguiça dos habitantes da sua freguesia, resolveu abandonar o altar para ir procurar outra freguesia melhor. Quando chegou ao sítio das Almas, no caminho para Vilar de Izeu, encontrou Santo André, que tinha procedido de igual forma e pelos mesmos motivos. Conversaram um com o outro e concluíram que o melhor era mesmo continuar nos seus templos, a missionar e lutar contra a preguiça, porque afinal os paroquianos sofriam todos do mesmo mal. Decidiram conserva-se nos seus postos onde permanecem até aos dias de hoje.

 

.

.

 

Pois é, lenda é lenda e os Santos ficaram. Que não esteve pelos ajustes foi mesmo grande parte dos seus paroquianos, que esses sim, partiram.

 

Também eu estou de partida, por hoje, para voltar já amanhã com o rescaldo deste fim-de-semana tão rico em acontecimentos em Chaves. Só para ficarem com um cheirinho, no desfile medieval de ontem até uma limosine desfilou, tal foi o rigor histórico!

 

Para hoje, temos a “tradicional” festa da Nossa Senhora das Graças, recuperada da memória e que afinal não é da Conceição como disse há dias atrás. Tal é a tradição que até me engano no nome das Santas…

 

Acho que é o melhor é ficar-me por aqui,  e agora sim, “bou-me” mesmo embora!

 

Até amanhã.

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