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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

08
Jan23

O Barroso aqui tão perto...

O Barroso minhoto


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Serra da Cabreira – Cabana dos Poços

1600-o barroso de vieira do minho.jpg

 

Nesta rubrica de “O Barroso aqui tão perto” hoje vamos fazer apenas a introdução ao Barroso que nos fica mais longínquo e que sai fora das fronteiras dos concelhos de Montalegre e Boticas, bem como sai das fronteiras do distrito de Vila Real e da província de Trás-os-Montes, pois na realidade trata-se do Barroso que entra no Alto Minho, no distrito de Braga e no Concelho de Vieira do Minho, mas em apenas duas das suas antigas freguesias, que por sinal, com a última reorganização administrativa passou a ser uma freguesia, a freguesia de Ruivães e Campos.

 

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Ruivães em primeiro plano vista desde a Serra da Cabreira, ao fundo a Serra do Gerês

 

A inclusão desta freguesia no Barroso, aparentemente, parece não ter muita lógica, no entanto esta pertença ao Barroso tem as suas razões históricas e culturais, mas também geográficas. As razões históricas conhecidas são as de que o antigo concelho de Vilar de Vacas, hoje Campos e Ruivães, é mencionado nos documentos mais antigos como sendo território do Barroso. As coisas começam a baralhar-se um pouco com a Reforma Administrativa de Silva Passos, decretada em 6 de Novembro de 1836, e mesmo que essa reforma não tivesse sido definitiva nem foi no seu todo bem sucedida, promoveu mesmo assim a extinção de uns concelhos e a criação de outros, havendo concelhos que viram o seu território diminuido, enquanto outros viram o seu território aumentado, sofrendo diferentes alterações até 1853 e no que diz respeito às Terras de Barroso prolongou-se mesmo até 1898.

 

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Em primeiro plano aldeias e montanhas de Montalegre, ao fundo a Serra da Cabreira, a meio o rio Cávado e do lado direito a Serra do Gerês

 

Ainda conforme reza a história o antigo concelho de Vilar de Vacas (Ruivães) pertenceu à Casa de Bragança e à província de Trás-os-Montes, era uma das «Sete Honras de Barroso» e constituiu, em conjunto com a freguesia de Campos, o Couto de Ruivães, tendo sido vila e sede de concelho até 31 de Dezembro de 1853, data em que foi extinto. Em 1836 pertencia à comarca de Chaves e, em 1842, como julgado e concelho, reunia as freguesias de Cabril, Campos, Covelo do Gerês, Ferral, Pondras, Reigoso, Ruivães, Salto, Venda Nova e Vila da Ponte. Com a extinção do concelho em 1853, as freguesias foram divididas pelos concelhos de Montalegre e Vieira do Minho, ficando Campos e Ruivães a pertencer a Vieira do Minho e as restantes a Montalegre.

 

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Frades de Vieira do Minho em primeiro plano, rio Cávado ao centro e ao fundo a Serra do Gerês.

 

Para melhor se perceber administrativamente qual o território original  do Barroso e a sua evolução até o estado atual,  ficam os nossos mapas, que já em tempo foram aqui utilizados aquando de um post dedicado à origem do Barroso para o qual deixamos link no final deste post.

 

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Como se a História não bastasse, podemos ainda apontar as razões geográficas para incluir esta(s) freguesias do concelho de Vieira do Minho no Barroso. Como é sabido. em geral, as fronteiras são delimitadas recorrendo-se a elementos naturais para fazerem as divisões/separações administrativas dos territórios de regiões, províncias, países e continentes, elementos tais como rios, serras, lagos, mares e oceanos. Ora o território do Barroso também deitou mãos destes elementos naturais, encontrando-se bem delimitado desde a sua origem por serras e um rio, ou seja, a Norte e Poente pelas Serras do Larouco e a Serra do Gerês, a Sul pela Serra da Cabreira e a Nascente pelo Rio Tâmega, e no meio disto tudo, a serra do Barroso, quase como tendo o ponto, bem no meio dos cornos do Barroso, para espetar a ponta do compasso para fazer a circunferência que delimita todo o Barroso.

 

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Vista parcial do Barroso vista desde a Serra da Cabreira

 

Pois então é precisamente com base nestes limites que a freguesia de Campos e Ruivães, bem como as suas aldeias, são incluídas no Barroso, isto porque quando se recorre à divisão de fronteiras nas montanhas, também em geral e para não haver conflitos entre vizinhos com problemas relacionados com a água, as divisões/fronteiras administrativas fazem-se nos seus pontos mais altos das montanhas onde iniciam as suas vertentes, é o caso desta freguesia do concelho de Vieira do Minho que se localiza na vertente Norte da Serra da Cabreira, ou seja, na vertente para o Rio Cávado, enquanto que a vertente Sul dá origem ao Rio Ave, em que, o mais correto teria sido que o antigo concelho de Vilar de Vacas, todo ele, fosse integrado no concelho de Montalegre. Mas não foi, outros interesses se impuseram, no entanto nem por isso deixa de pertencer ao Barroso, pelas razões já apontadas, culturalmente e também pelo romanticamente, aliás todo este tema do Barroso é assim que tem de ser visto, porque na realidade oficial do Portugal atual, nem sequer temos regiões administrativas, ainda, nem sequer as antigas províncias existem, estando, segundo a Constituição Portuguesa em vigor, apenas as regiões autónomas e o continente, este último dividido em distritos, estes em concelhos e estes últimos em freguesias, e mais nada, ou seja, o Barroso, oficialmente,  não existe, nem sequer nas NUTS consta, NUTS que são a coisa mais parecida com as regiões administrativas, embora não tenham qualquer valor administrativo. Um imbróglio que os senhores da política criaram e não sabem, ou não querem, resolver.

 

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Dois garranos na Serra da Cabreira. Ao fundo a Serra do Gerês (concelho de Montalegre)

 

Ora bolas, então o Barroso não existe!?

Existe sim senhor, e existirá sempre. Estas coisas administrativas e o seu território até são coisas menores, pois o que mais interessa é mesmo o ser do Barroso, o ser barrosão e a cultura barrosã, esses sim é que podem ou estão mesmo em perigo, com o êxodo e despovoamento rural, com a perda de saberes e tradições e com a globalização em que os diferentes se tornam cada vez iguais, e ainda, tal como dizia Torga a respeito da falta de respeito pelas aldeias do Barroso:

Entro nestas aldeias sagradas a tremer de vergonha. Não por mim, que venho cheio de boas intenções, mas por uma civilização de má-fé que nem ao menos lhe dá a simples proteção de as respeitar.

Miguel Torga, In Diário VIII

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Soutelos (Vieira do Minho) em primeiro plano, em baixo o Rio Cávado e ao fundo São Lourenço, Montalegre.

 

Mas para já ainda vai existindo o Barroso e é para lá que este blog continuará a ir aos domingos durante as próximas semanas, para já abordando algumas aldeias do concelho de Vieira do Mino e depois de Ribeira de Pena e ainda estou a pensar se irei incluir, ou não, as freguesias do concelho de Chaves que ficam na margem direita do rio Tâmega, isto em defesa do raciocínio feito atrás em relação às fronteiras geográficas do Barroso.

 

Assim, no próximo domingo entraremos nas aldeias da atual União das Freguesias de Ruivães e Campos.

 

                                                                                                         

 

Para quem interessar aqui fica o link de um post antigo dedicado ao Barroso e as suas origens:

Barroso - Origem, história e território

 

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