Excepcionalmente, hoje, o mosaico da freguesia terá um formato diferente, motivado por uma dívida fotográfica que tinha com esta aldeia/freguesia.
Assim, além do mosaico propriamente dito e, dos habituais mapas do concelho e gráfico da população da freguesia, teremos mais algumas imagens.
Em texto, seguiremos o habitual, iniciando pela localização da freguesia.
.
.
Localização:
A 15 km da cidade de Chaves, a Sul desta, e a 3 Km de Vidago, localização na margem esquerda do Rio Tâmega, com o qual confronta.
Confrontações:
Confronta com o Rio Tâmega que o separa da freguesia de Anelhe e ainda com as freguesias de Arcossó, Vidago, Selhariz, Vilas Boas e Vilela do Tâmega.
Coordenadas: (Adro da Igreja)
41º 39’ 37.72”N
7º 34’ 00.85”W
Altitude:
Variável – entre os 325 e os 400m
Orago da freguesia:
São Francisco
Área:
3,80 km2, a para da freguesia de Cela, com igual área, são as freguesias mais pequenas do concelho.
Acessos (a partir de Chaves):
– Estrada Nacional 2 ou A24 até ao nó de Vidago.
Acessos (a partir de Vidago):
– Estrada Nacional 2
.
.
Aldeias da freguesia:
- Vilarinho das Paranheiras é a única aldeia da freguesia.
População Residente:
Em 1900 – 404 hab.
Em 1920 – 419 hab.
Em 1940 – 575 hab.
Em 1960 – 426 hab.
Em 1981 – 313 hab.
Em 2001 – 220 hab.
Ao contrário da maioria das aldeias do concelho (não confrontantes com o vale de Chaves), Vilarinho das Paranheiras começa a perder população a partir de 1940, ano em que atingiu o pico de população com 575 habitantes residentes (dados CENSOS), mas tal como as outras aldeias, até à presente data, tem vindo sempre a perder população, atingindo o seu ponto mais baixo nos últimos CENSOS de 2001.
.
.
Principal actividade:
- A agricultura, com algumas terras férteis junto ao Tâmega.
Particularidades e Pontos de Interesse:
Sempre que oiço falar de Vilarinho das Paranheiras, associo-a ao bom vinho que se produz nas suas vinhas, aliás, conjuntamente com as freguesias de Anelhe, Arcossó, Vidago e Oura, faz parte de uma pequena região onde se produzem vinhos de muita qualidade e a par dos melhores vinhos nacionais. Pena que estas freguesias não aproveitem esta dádiva para sustentadamente terem na vinha e no vinho uma das suas principais riquezas e meio de actividade. Claro que também faltam os incentivos, os apoios, informação e formação, pois os responsáveis por tal, pela certa, andam entretidos com outras coisas. Entretanto, a população vai envelhecendo e abandonando as aldeias. Mas vai havendo raras excepções que nos honram com a qualidade do vinho que produzem.
.
.
Vilarinho das Paranheiras também sempre foi uma aldeia de passagem quase conhecida por todos os flavienses mas também de muita gente de fora que utilizava a Nacional 2 como principal via de ligação a Vila Real, mas também a Guimarães, Porto e Lisboa.
Com a construção da Auto-Estrada, que também passa pela freguesia, mas ao lado da aldeia, a Nacional 2 perdeu a importância nas ligações às cidades atrás citadas, mas já nos anos 80, a Nacional 2 também deixo de contornar a aldeia, com uma variante executada e que deixava a aldeia com outras vistas, bem menos interessantes do que as que tinham com o velho troço da EN2.
.
.
Curioso é também o seu topónimo de Paranheiras que a torna conhecida, para o qual não encontrei ainda explicação convincente. Há no entanto quem diga que terá qualquer ligação etimológica num qualquer privilégio antigo, mas do qual não existe qualquer documentação. Dizem também outros, que o topónimo terá a ver com “chaminés”, pois dizem também que por essas terras chamavam (ou chamam) “paranheiras” às chaminés. Confesso que, popularmente, nunca ouvi o termo para além da sua aplicação no nome da aldeia e freguesia.
.
.
Mas é natural que o topónimo Paranheiras tenha mesmo origem muito antiga, como antiga se julga ser o seu povoamento, pelo menos a partir das referências que o Abade de Miragaia faz à existência de restos de muros antiquíssimos no chamado Castro da Ribeira, que estudos mais recentes, fazem referência a um presumível povoado fortificado proto-histórico com o achado de restos cerâmicos de vasos finos e lisos, tégulas e ímbrices, que segundo também as referências. Referências de um historiador local, J.B.Martins, diz ter detectado nas proximidades um povoado da idade do ferro e da Romanização, conhecido pelo curioso nome de “cidade” de Limões, cujo topónimo poderá sugerir uma hipotética presença colonizadora de povos “limianos”.
Há ainda referência a que na freguesia se recolheram machados de pedra polida, de tradição neolítica, sugerindo-se assim ocupações mais remotas. No entanto tudo isto são coisas que vêm nos livros e vários escritos dispersos, pois no terreno não há nada que ateste estas hipóteses, por isso não vale a pena irem por lá há procura da história, mas não deixem de lá ir, mas pela aldeia e pelas suas características, ainda com casario interessante das construções rurais típicas, um cruzeiro bem interessante e também por alguma história, mas mais recente, como a que está associada ao final da época medieval e à religião ligada à Paróquia de Santa Maria de Moreiras, cujos testemunhos só terminam mesmo na freguesia de Arcossó.
.
.
A sua Igreja Paroquia, é no entanto mais recente, em honra de São Francisco, é uma igreja de dimensões razoáveis e cuja data de conclusão se aponta para 1805. A frontaria ostenta um pórtico rectangular rematando em frontão triangular, este interronpido no vértice por duas interessante volutas logo encimadas por um óculo quadrilobado e, rematando o vértice cortado da empena. Termina com um altivo campanáro de dupla sineira. No interior, tem vários altares de belíssima talha dourada entre os quais se abriga interessante imaginária entre as quais a invulgar imagem de Santa Senhorinha que dizem associada à Ponte da Misarela de Montalegre. Diz-se também que a igreja estaria associada à irmandade do Salvador do Mundo, o que a faria recuar pelo menos um Século é relação à sua conclusão. Em suma, um templo que merece uma visita atenta para quem gosta deste tipo de arte.
.
.
Historiadores locais referem também momentos difíceis que a população teria passado nas II Invasões Francesas, quando a guarda avançada, depois de “enxotar” (o termo é meu) o Gen. Silveira para terras de Vila Pouca, atravessou o Tâmega nesta aldeia para se juntar ao grosso das tropas napoleónicas que já se encontravam em terras de Alturas de Barroso. Este relato é mais uma achega para a heroicidade do General Silveira, que ao que parece, tão adorado é em Chaves pelos nossos historiadores e ultimamente, também os políticos. Leiam, o que quiserem ler, tal como eu leio e interpreto os documentos que há sobre o assunto… Agora já não me custa nada acreditar que a população de Vilarinho das Paranheiras tivesse passado momentos difíceis com a passagem da guarda avançada das tropas francesas, que mesmo sendo pouca, a população não tinha ninguém para os defender… pois as estratégias ditavam que se deixasse a população entregue a si própria…
E por falar em abandonos, que sempre são tristes, temos a acrescentar o abandona a que está dotada a antiga Estação dos Caminhos de Ferro, também entregue ao desprezo e a si própria, como desprezada foi há muitos anos a belíssima e saudosa Linha do Corgo, no tempo em que Chaves e as freguesias tinham comboio, hoje até difícil de imaginar pelas crianças…
E sobre Vilarinho das Paranheiras vai estando quase tudo dito, o possível, mas se um dia em passeio for até Vidago pela Nacional 2, deixe-a por instantes e entre na aldeia, ou pelo menos, faça o velho troço da E.N.2, pois o bonito da aldeia, está mesmo dentro dela.
Linck para os posts neste blog dedicados à freguesia:
- http://chaves.blogs.sapo.pt/230370.html