O prometido é devido e cá estamos a cumprir, com algumas imagens e palavras sobre as festas comunitárias do Barroso à volta do São Sebastião, que tal como todos os anos acontecem no dia 20 de janeiro, salvo exceções por motivos de força maior como foi o caso dos dois últimos anos devido à pandemia, e este ano, na aldeia das Alturas do Barroso, por motivo de a aldeia estar de luto.
Pois muito resumidamente a nossa “promessa” deste ano ficou-se pelo São Sebastião da Vila Grande (Couto de Dornelas) onde chegámos mais tarde que habitualmente, mas ainda a tempo de comer a malga de caldo, de assistir à “procissão” entre a igreja e a cozinha da festa, de assistir a brindes da natureza, ao encher e esvaziar das ruas, a deliciarmo-nos com a oferta do comer, a estar com alguns amigos de sempre e amigos da fotografia que por lá encontramos sempre, e depois, no regresso, o parar nas capelinhas que encontramos pelo caminho, que não sendo muitas, pelo menos uma é de paragem obrigatória, a de Vilarinho Seco.
Dois barrosões de gema, dignos representantes do Barroso, um do concelho de Montalegre e o outro de Boticas
Este ano como não íamos fazer a peregrinação até às Alturas do Barroso, resolvemos ficar pela Vila Grande e fazer o encerramento da festa, pelo menos até ao levantar da toalha de linho que este ano aconteceu por volta das duas da tarde, mas quase apenas nós ficámos para o encerramento, a não ser um punhado de retardatários que lá atrasaram a partida por alguma razão, ou porque, a festa à margem da festa, ainda não tinha terminado, como foi o caso de uma entre amigos minhotos e barrosões, onde, por ter-mos lá alguma gente amiga e conhecida, também acabamos por parar e comungar.
Só depois iniciámos o regresso a casa, com paragem em Vilarinho Seco e a visita obrigatória à casa do Pedro, que este ano teve de ser breve por força das circunstâncias, afazeres do Pedro que ia ter uma noite complicada pela frente, noite que por sinal já estava à porta, no anoitecer, com as vacas barrosãs e respetivo touro a abandonar a pastagem a caminho da corte e nós também pouco mais demorámos, mas já foi de noite que fizemos o regresso à cidade, com passagem pelas Alturas do Barroso, sem parar, e depois a descida até Carvalhelhos, Boticas e finalmente Chaves. Mais uma promessa cumprida.
Vilarinho Seco
E é tudo por hoje, para amanhã, se ainda tivermos tempo, continuaremos pelo Barroso com a primeira aldeia barrosã do concelho de Vieira do Minho.
Nas últimas semanas trouxemos aqui todas as aldeias da freguesia de Alturas do Barroso e Cerdedo, uma freguesia recente que resulta da união da antiga freguesia de Alturas do Barroso e a freguesia de Cerdedo, ambas extintas com a última reorganização administrativa do território, Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro. Assim os dados que possuímos, são os das antigas freguesias antes da sua união, pelo que, neste resumo, serão abordadas em separado. Mas para iniciar, fica o mapa da atual freguesia e o gráfico síntese com a população total da atual freguesia e das antigas fregiuesias.
Antiga freguesia de Alturas de Barroso
Localização geográfica: Situa-se em pleno coração da Serra do Barroso, na parte Noroeste do concelho.
Distância relativamente à sede do concelho: aproximadamente 18 km
Acesso viário: Pela ER 311, vira-se em direcção a Carvalhelhos e percorre-se a EM 520. Em alternativa, pode seguir-se pela ER 311, vira-se em direcção a Vilarinho Seco e percorre-se o CM 1035 até Alturas do Barroso.
Área total da freguesia: 32,8 km2
Localidades: Alturas do Barroso, sede de freguesia, Atilhó e Vilarinho Seco
População: 444 habitantes
Orago: Santa Maria Madalena
Festas e Romarias
São Sebastião, 20 de Janeiro, Alturas do Barroso.
São Sebastião, Domingo a seguir ao dia 20 de Janeiro, Atilhó.
Santa Cruz, 03 de Maio, Vilarinho Seco
Sto António,* 13 de Junho, Alturas do Barroso e Atilhó
Santa Maria Madalena,* 26 de Junho, Alturas do Barroso
São Paio,* 26 de Junho, Vilarinho Seco
Santa Ana, 26 de Julho* / inicio de Agosto, Alturas do Barroso
Santa Margarida, último domingo de Agosto, Atilhó
Santa Bárbara,* 04 de Dezembro, Atilhó
Santa Luzia,* 13 de Dezembro, Atilhó
(*) Apenas celebração religiosa.
Cruzeiro e tanque em Alturas do Barroso
Património Arqueológico
Castro de Vilarinho Seco / Couto dos Mouros
Castro do Côto dos Corvos
Mamoa da Pedra do Sono / Pedra do Sono
Mamoa de Chã do Seixal / Chã do Seixal
Alturas do Barroso
Património Edificado
Capela de Nossa Sra. de Fátima (Alturas do Barroso)
Capela de Sampaio (Vilarinho Seco)
Capela de Santa Margarida (Atilhó) – Património Classificado (IIM)
Casas de Vilarinho Seco
Forno do Povo de Alturas do Barroso
Forno do Povo de Atilhó
Forno do Povo de Vilarinho Seco
Igreja Paroquial de Santa Maria Madalena (Alturas do Barroso)
Relógio de Sol (Vilarinho Seco).
Vilarinho Seco
Outros locais de interesse turístico
Casas com cobertura de colmo
Miradouros Naturais da Serra do Barroso
Moinhos
Museu Rural de Alturas do Barroso
Parque de Lazer de Peade (Alturas do Barroso)
Aldeias da antiga freguesia de Alturas de Barroso
Alturas do Barroso
Para quem quiser rever mais alguns dados sobre a aldeia de Carvalho, basta seguir este link para o post que lhe dedicámos: Alturas do Barroso
Atilhó
Para quem quiser rever mais alguns dados sobre a aldeia de Carvalho, basta seguir este link para o post que lhe dedicámos: Atilhó
Vilarinho Seco
Para quem quiser rever mais alguns dados sobre a aldeia de Carvalho, basta seguir este link para o post que lhe dedicámos: Vilarinho Seco
Antiga freguesia de Cerdedo
Localização geográfica: A freguesia de Cerdedo situa-se no extremo Oeste do concelho de Boticas.
Distância relativamente à sede do concelho: aproximadamente 25 km
Acesso viário: Pela ER 311 até aparecer a indicação Cerdedo.
Área total da freguesia: 23,9 km2
Localidades: Casas da Serra, Cerdedo, sede de freguesia, Coimbró, Covêlo do Monte e Virtelo.
População: 176 habitantes
Orago: S. Tiago
Festas e Romarias:
Santo Amaro,* 15 de Janeiro, Coimbró
São Sebastião, 20 de Janeiro, Cerdedo
Santo António e S. Lourenço,* Terceiro Domingo de Agosto, Cerdedo
Nossa Senhora da Saúde, Agosto, Coimbró
Senhora do Monte, 08 de Setembro, Cerdedo
(*) Apenas celebração religiosa.
Igreja Paroquial de São Tiago - Cerdedo
Património Edificado
Assento de Lavoura
Capela da Senhora do Monte (Cerdedo)
Capela de N. Sr.ª da Ajuda (Virtelo)
Capela de Santo Amaro (Coimbró)
Casa do Morgado de Coimbró
Casario Tradicional de Coimbró - Património em vias de Classificação
Forno do Povo de Cerdedo
Forno do Povo de Coimbró
Igreja Paroquial de S. Tiago (Cerdedo)
Aldeias da antiga freguesia de Cerdedo
Casas da Serra
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Cerdedo
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Coimbró
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Covêlo do Monte
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Virtelo
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E por hoje é tudo. No próximo domingo iremos até à aldeia de Ardãos, iniciando assim a nossa ronda pelas aldeias da freguesia de Ardãos e Bobadela.
Hoje é a vez de Vilarinho Seco vir a este blog, e para nós, com uma responsabilidade acrescida, isto porque Vilarinho Seco é uma das aldeias de visita obrigatória no Barroso, e a nossa responsabilidade é aqui acrescida porque temos de estar à altura de mostrar o porquê de ser de visita obrigatória.
Ora poderia apresentar várias razões para a obrigatoriedade de uma visita a esta aldeia, poderia dizer como Miguel Torga ao respeito do Reino Maravilhoso “Começa logo porque fica no cimo de Portugal, como os ninhos ficam no cimo das árvores para que a distância os torne mais impossíveis e apetecíveis”, mas não vamos por aí, mesmo porque estas palavras de Torga se aplicam a todas as aldeias de Barroso e ao Reino Maravilhoso de Trás-os-Montes.
Vilarinho Seco é de visita obrigatória pelas suas singularidades, pelos seus pormenores, pela sua vida e tradições, pela gastronomia, pela diferença e pela sua localização, mesmo no meio do Barroso e relativamente distante dos itinerários das estradas principais. É uma daquelas aldeias que se pode apresentar como uma aldeia típica do Barroso. Pois foi assim, que aos poucos, me foram descrevendo Vilarinho Seco ao longo dos tempos, o que ia aumentando a ansiedade de a conhecer.
Irmos para uma terra desconhecida, rotulada com os melhores predicados, tem o seu risco, pois no nosso imaginário costumamos aumentar as expectativas para aquilo que nos espera, e muitas vezes ficamos desiludidos com o que encontramos no destino. É um bocado como quando marcamos férias para terras distantes, em que as fotografias do hotel e da envolvência são paradisíacas e quando lá chegamos vemos como as fotografias são enganosas, como transformam um deserto num oásis e sentimo-nos aldrabados…
Pois eu por aqui não quero aldrabar ninguém, mas uma coisa vos digo, depois de todas as expectativas dilatadas pelo meu imaginário, quando fui pela primeira vez a Vilarinho Seco, fiquei surpreendido, pela positiva, pois o meu imaginário e espectativas tinham ficado aquém da realidade, mas atenção, e recorro novamente às palavras de Miguel Torga para esta chamada de atenção: “Embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade e o coração”.
Claro que se é dos que detesta o interior, as aldeias e o mundo rural, então não vá a Vilarinho Seco, vai detestar ver o gado na rua, enojar-se ao ver que fazem as necessidades em cima da calçada, ruas de casas antigas e velhas todas de pedra e à vista escurecida pelo tempo, e as pessoas que, principalmente em dias escuros e cinzentos de inverno, muito frios que até fazem congelar os tin-tins, com ou neve, saem à rua cobertas com capas esquisitas, todas iguais, de uma lã castanha escura prensada, tosca e áspera que até faz arrepiar, pastagens por todo o lado, e se lançar o olhar para o horizonte, só vê montanhas e mais montanhas, adornadas em primeiro plano por giestas que dá uma flor que cheira mal e pedregulhos, que aqui pela sua dimensão são autênticos penedos… tudo um horror, que dá para qualquer um ficar deprimido p´raí um ano inteiro ou mais… Pois se é desses, é melhor ficar em casa sentado no sofá ou ir dar uma volta pelo centro comercial mais próximo, que esses são sempre interessantes, cheios de luz e cor, com gente perfumada que veste bem…
Ainda para os que detestam aldeias e o mundo rural, fica ainda outro aviso, se enganados caírem no Barroso, nunca caiam na asneira de comer num restaurante, tal como o que existe em Vilarinho Seco, por exemplo, pois esta gente a comer são mesmo alarves, principalmente nos cozidos à barrosã. Esta gente como o reco todo, ou quase, só deita fora as unhas, o pelo e os olhos, o resto vai tudo para o pote, incluindo as tripas do reco, que depois de lavadas as enchem com bocados de carne crua e uns temperos que só eles sabem, poem-nas a secar à lareira com muito fumo, daquele que se entranha na roupa e que nem os melhores perfumes das melhores perfumarias de Paris lhe conseguem retirar ou disfarçar o odor, mas voltando à tripa com carne crua dentro, que depois de passar 15 dias ou um mês ao fumo, a cortam aos pedaços e a comem assim mesmo – crua com um bocado de pão. Um horror. Mas nos cozidos vem de tudo o que o reco tem, as patas, o rabo, as orelhas, o focinho as tripas com carne dentro e a acompanhar, batatas e couves das terras à volta da aldeia, que antes de as plantarem ou semearem, enchem as terras de estrume , para dar outro sabor à batata e à couve.
Enfim! Mas se não é desses esquisitos da cidade ou que, embora não sendo da cidade foram lá parar e já nem sabem o que é um reco (estes pseudo-citadinos são os piores, fazem figura nos restaurante de comida gourmet e ao chegarem a casa, para matar a fome que não saciaram no restaurante, atiram-se a um pedaço de chouriça com pão da encomenda que lhe enviaram da aldeia). Mas ia dizendo, se não é desses esquisitos citadinos, se é dos bôs, então, não deixe de ir a Vilarinho Seco, pois é de visita obrigatória da qual não se arrependerá, e depois, nunca ficará a conhecer o Barroso em todo o seu ser, se não conhecer estas aldeias de referência barrosão, e Vilarinho Seco é uma delas. Ah!, e se for por lá no inverno, não deixe de comer um dos cozidos que descrevi atrás, em que comem o reco todo. Os de Vilarinho Seco dizem ser dos melhores, e se forem lá, não perguntem ou procurem pelo restaurante de Vilarinho Seco, perguntem antes pela casa do Pedro, pois é na casa dele que se come um bom cozido, isto segundo me dizem, pois nunca lá comi, mas acredito que sim, pois no mínimo será igual ou parecido a outros cozidos à barrosã que eu tenho comido por lá, e o melhor, não paga nada por entrar, só paga à saída depois de comer… Se está mesmo a pensar ir lá comer um cozido, na sua época, durante o inverno, convém marcar antes, pois pelo Barroso, nestas casas conhecidas pela sua gastronomia, só marcando com alguma antecedência é que consegue um lugar à mesa, neste caso, à mesa do Pedro.
E quase poderia acabar aqui o post, deixando o resto para as descobertas de quem quiser descobrir Vilarinho Seco, mas vou continuar, pois ainda há mais algumas imagens para mostrar, das centenas de imagens possíveis, pois apenas fica uma seleção abordando um pouco de toda a aldeia, mas também da sua história, usos e tradições. Continuemos então!
Passemos à localização de Vilarinho Seco e como ir até lá, com partida como sempre da cidade de Chaves. Como poderão ver nos mapas que deixo a seguir, Vilarinho Seco fica a 45 quilómetros de Chaves. Tal como acontece com a maioria das aldeias do concelho de Boticas, o nosso melhor itinerário é via estrada nacional 103 (estrada de Braga) até Sapiãos, aí abandonamos a EN103 e rumamos até Boticas. Estando em Boticas, basta seguir as placas indicativas com a saída para Cabeceiras, Ribeira de Pena ou Salto, aliás Boticas só tem três saídas, uma para Chaves e Braga (via EN103, pela qual vamos, mas em sentido contrário), outra também para Chaves, via Vidago, pela N311, e pela mesma N311, em sentido contrário, temos a saída para Cabeceiras, Ribeira de Pena, Salto e também Braga. É por esta que devemos ir, mais acima, lá no alto, atravessamos a Carreira da lebre e continuamos em direção a Salto e Braga. A seguir, sem sair da 311, e pela ordem que vou deixar, vai andando e vendo saídas para Carvalhelhos, Vilar, Campos, Viveiro, Bostofrio, Covas do Barroso e Agrelos, a seguir a esta última aldeia que fica próxima da estrada (Agrelos) a apenas 2,3 km terá uma espécie de cruzamento com saída à esquerda para Espertina e Antigo e à direita para as Alturas do Barroso, é pela saída das Alturas que deve sair, numa segunda placa, mesmo em cima da saída, também aparece Vilarinho Seco e Coimbró.
Ainda antes de vermos o que dizem os documentos que temos sobre Vilarinho Seco, recomendamos como pontos de interesse para visitar em Vilarinho Seco, logo na entrada (seguindo o nosso itinerário) onde a estrada alarga, tem um moinho, bem interessante porque é diferente de todos os que conhecemos. Mais à frente, terá de se decidir por virar à esquerda ou à direita. Vire à direita e logo a seguir verá um passadiço em arco por cima da rua, logo após o qual terá um grande tanque/bebedouro com chafariz e um cruzeiro. Este conjunto está precisamente no centro da aldeia, e que conjunto, digno de se lhe tirar o chapéu. Pare por lá o tempo necessário para apreciar como deve de ser. Depois pode ir até ao fundo da rua principal e apreciar o casario típico de “arquitetura vernacular”, não gosto do termo mas parece que é assim que se diz.
Depois de vista esta parte da aldeia, regresse à casa de partida, quando teve de decidir virar à esquerda ou direita. Mas agora vindo do lado direito siga em frente e esta na casa do Pedro que ocupa todo o lado direito da rua, até ao largo da capela. Em frente à casa do Pedro, existe uma eira com bar, que suponho ser também do Pedro. Aqui é também ponto de paragem obrigatória nem que seja e só para repor forças, isto se estiver aberto, pois pode-se dar o caso de não estar. Como nós passamos por lá sempre no dia 20 de janeiro, nesse dia, quase de certeza que está aberto.
Geralmente é neste último largo, já na saída para as Alturas do Barroso, que se estaciona o popó. Aí podemos ver então a Capela, também interessante, uns espigueiros e as Casas do Pedro, a tal onde se comem os cozidos e outras coisas, pois convém não esquecer que estamos no Barroso os a vitela barrosã também é recomendada. Do outro lado da rua, o tal bar com eira, também é um lugar a visitar e simpático. Mesmo se não comer na cas do Pedro, peça para dar uma vista de olhos à casa, que eles deixam e mostram.
Vamos então às nossas pesquisas, pelo que encontrámos na monografia de Boticas – Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas:
Castro de Vilarinho Seco
Designação: Castro de Vilarinho Seco / Mena / Couto ou Côto dos Mouros
Localização: Vilarinho Seco (Alturas do Barroso)
Descrição: O castro de Vilarinho Seco, também conhecido como Couto dos Mouros, localiza-se a cerca de 1 km da aldeia de Vilarinho Seco, freguesia de Alturas do Barroso.
Quase na base da encosta do Castro, voltada a Poente, encontra-se a habitual fiada de pedras caóticas a assinalarem o alinhamento da muralha, totalmente derruída. Esta primeira linha de defesa começa num grande penedo, no lado Norte, segue para Sul e vai entestar noutro grande penedo. Apenas 2 m de muralha ligam este grande penedo a outro semelhante. Seguem-se 17 metros de ruínas de muralhas que entestam noutro penedo. Entre 20 a 30 metros acima da primeira muralha encontra-se a segunda, também derruída, que segue a crista do monte quase no alinhamento N/S, poucos metros adiante esbarra, no alto, num grande penedo. Nele se vê uma cruz gravada em sulcos pouco fundos. Esta segunda muralha esbarra em dois grandes penedos, sobranceiros a um despenhadeiro quase abrupto da vertente do lado Leste, encosta que é toda penedia contínua, com alguns penedos grandes, com 6 ou 7 metros de altura, encostados uns aos outros.
Continua a monografia com as:
Festas e Romarias
Santa Cruz, 03 de Maio, Vilarinho Seco
Paio,* 26 de Junho, Vilarinho Seco
Património Edificado
Capela de Sampaio, forno do povo, casas e relógio de sol.
Ainda na monografia, os:
Fornos do Povo
Noutros tempos, quando quase todas as casas das aldeias coziam no forno do povo, foram estabelecidas regras de forma a organizar a sua utilização. Em quase todas as aldeias do concelho, onde este bem comunitário existia, havia a obrigação de quentar o forno, que andava à roda pelas casas dos lavradores da aldeia, que eram quem dispunha de meios para ir buscar lenha. Como, por exemplo, acontecia em Alturas do Barroso, “Todo aquele que tivesse uma junta de vacas para fazer o transporte da lenha, para aquecer o forno, era obrigado pelo uso e costume a aquecer o forno.” Era o chamado quentador, forno de quenta, ou cantador pois ele era, também, o responsável pela marcação da vez das pessoas que coziam a seguir a ele.
Assim, quem quisesse cozer, dirigia-se ao quentador, pedia-lhe a vez, para saber atrás de quem iria cozer, e colocava um sinal a marcar a sua vez. O sinal podia ser lenha, mato, etc. e à medida que iam cozendo, cada um tirava o seu sinal de marcação, para as pessoas saberem quem ia cozer a seguir e assim prepararem a massa.
E continua:
Na maior parte das aldeias este uso acabou por desaparecer, são cada vez menos as pessoas que ainda utilizam estes espaços, muitas preferem comprar o pão já feito, a um dos inúmeros padeiros que diariamente percorrem as aldeias do concelho, do que terem que andar com trabalho para fazer a massa e cozer o pão. Assim, quem quer cozer aquece o forno e coze. Em Sapiãos, as pessoas ainda têm o hábito de colocar um lareiro junto à fornalha do forno, sinal que indica que alguém vai aquecer o forno e cozer. Normalmente quando do alguém coze, as outras pessoas aproveitam a quentura do forno e cozem a seguir, pois desta forma já não gastam tanta lenha. Em Valdegas (Pinho) apesar de já não existir a obrigação de quentar o forno, quem o acender é obrigado, pelo costume, a dar a vez aos que quiserem cozer a seguir a ele, durante essa semana.
Todavia, em Vilarinho Seco (Alturas do Barroso) este uso ainda vigora[i]. De quinze em quinze dias, um lavrador, ou seja, quem tem vacas ou tractor, aquece o forno, num sistema de rotatividade pelas casas da aldeia. Antigamente esta obrigação demorava cerca de um ano a dar a volta à aldeia, actualmente demora aproximadamente oito meses, pois apesar de existirem cerca de 30 casas habitadas na aldeia, apenas 15 é que aquecem o forno. O forno tem que ser aquecido entre segunda e quarta-feira, depois quem quer cozer vai pedir a vez a quem o aqueceu.
Fazem broas, bôlas, bôlas de carne e bicas de cereais estremos, apenas milho ou apenas centeio, mistura centeio/milho ou centeio/trigo, a que em algumas aldeias chamam o pão casado, depende dos gostos e do cereal que predomina nas diferentes aldeias. Por altura da Páscoa costumam fazer os folares com carne ou sem carne.
(…)
Em Vilarinho Seco, sempre que o forno coze os vizinhos ainda se juntam lá para conversar.
E continua a monografia com as tradições:
Mas em muitas outras aldeias existia a tradição dos motes do galo[ii], como por exemplo em Vilarinho Seco, cujo testamento do galo transcrevemos a seguir:
Testamento do Galo
Eis aqui o testamento
Que fez elegante galo
Quando tinha no pescoço
Aguda faca para matá-lo
Não haverá quem me console
Venham todos venham ver
O que fez um pobre galo
Quando estava para morrer
Já que estou em meu juízo
Testamento quero fazer
Para meus bens eu deixar
A quem melhor me parecer
Porém antes que se escrevam
As .......... derradeiras
Quero também despedir-me
Das amadas companheiras
Galinhas minhas amigas
Com quem sempre acompanhei
Vinde ver e compreendereis
O estado a que eu cheguei
Estou tão atribulado
Nesta nossa despedida
Que deixar-vos nesta hora
Decerto me custa a vida
Um conselho quero dar-vos
E vos falo bem sisudo
Que fujas quanto puderes
Dessas festas do Entrudo
E se acaso vos chamarem
Pila pila vos disserem
Não vades lá que é engano
Que apilar vos querem
Erguei-vos de madrugada
E a casa não torneis
Ficai estes dias fora
Para a Quaresma vireis
E se vires que há doença
Vede bem como andais
Que também vos pilarão
Quando menos vós cuidais
Daqui a sete semanas
Quando entrar o mês de Abril
Eu já estou a adivinhar
Que morrereis mais de mil
E aquelas que escaparem
Alegres passais os dias
Retirai-vos quanto puderes
Das funções de tais folias
Afirmaivos vede bem
Esta cor da minha crista
Nesta tão triste sorte
Esta noite se escreveu
A minha sentença de morte
Em nome da benta hora
Talvez seja a última vez
Que vós lhe poreis a vista
De mim pena não tenhas
Aos mais galos dai ouvidos
Que assim fazem as mulheres
Quando lhe morrem os maridos
Em tudo quanto vos disser
Tomai sentido e atento
Que eu principio agora
A fazer meu testamento
Deixo a voz da garganta
Aos galos meus companheiros
Para que cantem de noite
Em cima dos seus poleiros
Deixo mais a minha crista
Vermelhinha e tão bela
Ao galo mais lambareiro
Que puder ficar com ela
Deixo as penas do pescoço
De várias cores pintadas
Às meninas desta terra
Para andarem enfeitadas
Deixo as penas do corpo
Que são todas as mais honestas
Para as biatinhas da moda
Se enfeitarem pelas festas
Deixo as penas do rabo
Por serem as mais brilhantes
Para as meninas solteiras
Darem aos seus amantes
Deixo as unhas dos pés
Para as mulheres viúvas
Se arranharem à noite
Quando lhes morderem as pulgas
Deixo as pernas
Por serem cor amarela
Para todos os cães tomarem
Uma grande atacadela
O bico que me ia esquecendo
Deixo ao galo mais fraco
Para quando travar bulha
Fazer mais um bom buraco
O fígado e a moela
E a minha vontade inteira
Que as coma logo assadas
Quem for minha cozinheira
O papo que toda a vida
Me serviu de bom celeiro
Deixo ao homem mais honrado
Para a bolsa do dinheiro
Deixo o miolo das tripas
E toda a mais demasia
À mulher mais rabugenta
Que houver na freguesia
Ainda agora me lembrou
Já me ia esquecendo
Que das barbas não disponho
Mas deixá-las pretendo
E as deixo de boa vontade
Vermelhinha e tão belas
Àqueles mais desbarbados
Que quiserem servir-se delas
E os móveis da casa
Deixo ao meu testamenteiro
Que no meu falecimento
Fique dono do poleiro
Deixo por uma só vez
Que este meu corpo defunto
Não esqueçais de lhe juntar
Boa porção de presunto
Deixo por advertência
Aos mais galos machacázes
Se desviem ser vizinhos
Da escola dos rapazes
E se por acaso desprezarem
O conselho que vos dou
Daqui a vinte anos se verão
No estado em que agora estou
Deixo mais que o meu enterro
Seja feito com carinho
O que hão-de gastar em esmolas
O gastem antes em vinho
Deixo que todo o estudante
Que andar nesta lição
Dê um galo como eu
Que morra nesta função
E se um galo não derem
Dêem um bom coelho
E nenhum seja tão néscio
Que despreze o meu conselho
Agora torno a lembrar-me
E já me ia sendo erro
No nome da sepultura
No lugar do meu enterro
Deixo é minha vontade
Seja minha sepultura
Dentro dos corpos humanos
Que é melhor que na terra dura
Dos mais galos que morreram
Peço a todos em geral
Que não façam testamento
Que este p’ra todos vale
E vós meus estudantinhos
Já que assim o quereis
Degolai-me bem depressa
Que é favor que me fazeis
Todo o pai que tiver filhas
E dote para lhes dar
Meta-as todas num convento
Eu trato de as casar
Agora por nossos pecados
Estamos vendo em cada canto
Que todo o pai que tiver filhas
Logo se lhe faz o cabelo branco
E estamos a chegar ao fim deste post dedicado a Vilarinho Seco. Muito mais haveria para dizer, mas ficará para uma próxima oportunidade, tanto mais que Vilarinho Seco continuará a fazer parte dos nossos itinerários do Barroso, com paragem obrigatória, nem que seja, e só, por alturas das celebrações do São Sebastião, nos dias 20 de janeiro. Esperemos que no próximo 20 de janeiro a pandemia do corona vírus já seja coisa do passado e permita continuar esta tradição que tanto enriquece o Barroso.
E damos por terminado este post, que como de costume termina com um vídeo com todas as fotografias de Vilarinho Seco publicadas até hoje neste blog, mas também com excertos de alguns vídeos das nossas passagens pela aldeia.
Aqui fica, espero que gostem:
E quanto a aldeias do Barroso de Boticas, Chaves, despedimo-nos até ao próximo domingo com a aldeia de Virtelo, mas entretanto, sexta-feira, teremos aqui mais um vídeo da aldeia de Lodeiro D’ Arque, esta do concelho de Montalegre.
BIBLIOGRAFIA
CÂMARA MUNICIPAL DE BOTICAS, Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas - Câmara Municipal de Boticas, Boticas, 2006
TORGA, Miguel, O Reino Maravilhoso – “Portugal”, 1950 .
[i] Nota do blog Chaves – Não apurámos se este uso ainda se mantém na atualidade, pois o documento de onde transcrevemos esta informação é de 2006, e nestes últimos anos, em termos de tradições, muita coisa se perdeu.
[ii] A tradição dos motes do galo e carro do galo, é uma das brincadeiras de entrudo e consiste em juntam-se três rapazes no principal largo da aldeia, um coloca-se no forno do povo, outro no cruzeiro, seguram uma corda com o galo preso no meio e tentam acertar com ele ao que está a ler os motes de forma a atirarem-lhe com o chapéu ao chão. Este, enquanto lê os motes, com uma espada tenta afastar o galo da sua cabeça. No final oferecem o galo e o restante conteúdo do carro do galo. Carro este, um carrito de mão, que é enfeitado com flores levando as suas ofertas que, como manda a tradição, são compostas por um coelho, uma galinha, vinho do porto, doces e um galo. Depois fazem um cortejo com o carro pelas ruas da aldeia. Esta tradição era dedicada ao professor da aldeia pelos alunos da escola primária. Tradição esta que com o encerramento das escolas primárias e ausência de professor, penso que também já não se realiza.
Como já vem sendo habitual nos últimos anos, o 20 de janeiro é dedicado às festas do S.Sebastião no Barroso, daí hoje incluirmos esta reportagem na habitual rubrica dos domingos de “O Barroso aqui tão perto…”, que até aqui tem sido dedicado ao Barroso do Concelho de Montalegre , mas hoje, excecionalmente, vamos até ao Barroso de Boticas com os festejos do S.Sebastião, antecipando um pouco a nossa entrada nas aldeias de Boticas. Assim, hoje, apresentamos também aquele que irá ser o cabeçalho de “O Barroso aqui tão perto…” com uma imagem do concelho de Boticas, para a abordagem que futuramente faremos a todas as suas aldeias.
Então hoje vamos até aos festejos do S.Sebastião da Vila Grande da freguesia de Dornelas e o S.Sebastião das Alturas do Barroso, mas também com uma abordagem à aldeia da Gestosa e Vilarinho Seco, como também um pouco da história do S.Sebastião (Santo) e da mesinha do S.Sebastião (lenda), por partes.
1 - S. SEBASTIÃO
São Sebastião nasceu em Narvonne, França, no final do século III, e desde muito cedo que os seus pais se mudaram para Milão, onde ele cresceu e foi educado. Seguindo o exemplo materno, desde criança São Sebastião sempre se mostrou forte e piedoso na fé.
Atingindo a idade adulta, alistou-se como militar, nas legiões do Imperador Diocleciano, que até então ignorava o facto de Sebastião ser um cristão de coração.
A figura imponente, a prudência e a bravura do jovem militar, tanto agradaram ao Imperador, que este o nomeou comandante de sua guarda pessoal.
Nessa destacada posição, Sebastião tornou-se no grande benfeitor dos cristãos encarcerados em Roma naquele tempo.
Visitava com frequência as pobres vítimas do ódio pagão, e, com palavras de dádiva, consolava e animava os candidatos ao martírio aqui na terra, que receberiam a coroa de glória no céu.
Enquanto o imperador empreendia a expulsão de todos os cristãos do seu exército, Sebastião foi denunciado por um soldado.
Diocleciano sentiu-se traído, e ficou perplexo ao ouvir do próprio Sebastião que era cristão. Tentou, em vão, fazer com que ele renunciasse ao cristianismo, mas Sebastião com firmeza defendeu-se, apresentando os motivos que o animava a seguir a fé cristã, e a socorrer os aflitos e perseguidos.
O Imperador, enraivecido ante os sólidos argumentos daquele cristão autêntico e decidido, deu ordem aos seus soldados para que o matassem a flechadas.
Tal ordem foi imediatamente cumprida: num descampado, os soldados despiram-no, amarraram-no a um tronco de árvore e atiraram contra ele uma chuva de flechas. Depois abandonaram-no para que sangrasse até a morte.
À noite, Irene, mulher do mártir Castulo, foi com algumas amigas ao lugar da execução, para tirar o corpo de Sebastião e dar-lhe sepultura. Com assombro, comprovaram que o mesmo ainda estava vivo. Desamarraram-no, e Irene escondeu-o na sua casa, cuidando das suas feridas.
Passado um tempo, já restabelecido, São Sebastião quis continuar o seu processo de evangelização e, em vez de se esconder, com valentia apresentou-se de novo ao imperador, censurando-o pelas injustiças cometidas contra os cristãos, acusados de inimigos do Estado.
Diocleciano ignorou os pedidos de Sebastião para que deixasse de perseguir os cristãos, e ordenou que fosse espancado até a morte, com pauladas e golpes de bolas de chumbo. E, para impedir que o corpo fosse venerado pelos cristãos, jogaram-no no esgoto público de Roma.
Uma piedosa mulher, Santa Luciana, sepultou-o nas catacumbas. Assim aconteceu no ano de 287. Mais tarde, no ano de 680, as suas relíquias foram solenemente transportados para uma basílica construída pelo Imperador Constantino, onde se encontram até hoje.
Naquela ocasião, uma terrível peste assolava Roma, vitimando muitas pessoas.
Entretanto, tal epidemia simplesmente desapareceu a partir do momento da transladação dos restos mortais desse mártir, que passou a ser venerado como o padroeiro contra a peste, fome e guerra.
As cidades de Milão, em 1575 e Lisboa, em 1599, acometidas por pestes epidêmicas, viram-se livres desses males, após atos públicos suplicando a intercessão deste grande santo.
2 - A LENDA DA MESINHA DE S.SEBASTIÃO
Reza a lenda, que há muitos, muitos anos, houve nesta região um ano de muita fome e peste, que também atingiu os habitantes do “COUTO”.
Foram tantos os mortos, que os mais crentes apelaram a S. Sebastião para que os protegesse de tal flagelo:
“Se a doença se afastasse, se os doentes melhorassem e os animais escapassem, prometiam realizar anualmente, a 20 de Janeiro, uma festa onde não faltasse carne e pão para quantos a ela comparecessem.”
Como o Santo não faltou, cumpriu-se o prometido e assim se fez ao longo dos tempos, mas, com o passar dos anos, o povo foi ficando esquecido, desleixado e possivelmente mal agradecido. Um ano, não se sabe por que motivo, a festa não se realizou. O povo ficou assim, sem a proteção do santo, advogado da fome, da peste e da guerra registando-se graves problemas nesta localidade.
Conta ainda a lenda, que em 1809 (ano em que Napoleão, imperador de França, mandou invadir pela segunda vez Portugal) as tropas entraram por Chaves, a caminho do Porto, passando pelas terras do “Couto”. A má fama dos invasores já tinha chegado às nossas gentes, que atemorizadas pela eminente invasão e suas consequências (pilhagens, mortes, violações, etc.) saíram às ruas com a imagem de S. Sebastião e acolhendo-se à sua proteção, renovaram a promessa: «… Se os invasores não entrarem no Couto faremos todos os anos, dia 20 de Janeiro, uma festa em tua honra, onde não faltará comida a toda a gente que a ela vier…»
Diz a lenda que caiu tal nevão à volta do Couto, que obrigou os invasores a desviarem-se do seu caminho deixando em paz estas “gentes”.
3 - Mesinha de S.Sebastião na Vila Grande
As fotos que têm ficado até aqui são da mesinha de S.Sebastião da Vila Grande, da freguesia de Dronelas. A introdução com a história do Santo e da Lenda apenas se deve a que muitos populares, incluindo da Vila Grande, associam o início destes festejos às segundas invasões francesas. Ora na deslocação deste ano um natural da aldeia puxava o assunto à baila, onde afirmava que teve acesso a documentos em que provavam que os festejos da Vila Grande já se realizavam muito antes das Invasões Francesas. Dada a história do santo, a sua data de nascimento e ao ser venerado como padroeiro contra a peste, a fome e a guerra, entre outros, é natural que os festejos já venham de há longa data, como também é natural que lhe dessem mais significado e importância a partir das segundas invasões francesas.
Quanto à mesinha de S.Sebastião da Vila Grande já nos anos anteriores deixei por aqui o seu funcionamento, mas eu volto a repetir num breve apontamento.
Ao longo da rua principal da aldeia é colocada uma mesa com mais de 500 metros de comprimento, que é coberta com uma toalha de linho onde são colocados um pão, uma caçarola de arroz e um naco de carne de porco, distanciados de aproximadamente um metro. Antes da distribuição há uma missa, depois a bênção do pão e só depois começa a distribuição da comida, antecedida pelo pedido de “esmola” ou ajuda para as despesas (cada um dá o que quer) e o beijar do S.Sebastião.
No entanto o preparar da festa pelas gentes da aldeia começa muito antes. O Pão começa a ser cozido no forno com 4 dias de antecedência, cozendo ininterruptamente durante esses 4 dias fornadas de 35 a 40 pães de cada vez até atingirem os 1200 pães necessários para a festa, dos quais 400 pães são para colocar na mesinha de S.Sebastião e os restantes para vender aos visitantes, pão esse que é composto por uma mistura de milho, centeio e trigo. . Quanto ao arroz, 110 Kg, e à carne, mais de 400 postas, são cozinhados durante toda a noite para começarem a ser distribuídos a partir do meio-dia. A cozedura do pão é feito por turnos de 7 a 8 pessoas durante os 4 dias.
Claro que na noite que antecede a mesinha de S.Sebastião, grande parte da população da Vila Grande envolve-se com os trabalhos da festa para logo de madrugada começar a receber os primeiros peregrinos.
Peregrinos que vêm de todo o lado, principalmente do Norte de Portugal, com maior participação da gente do Barroso e do Minho, individualmente, em grupos de amigos ou mesmo em excursões que aos poucos vão enchendo toda a rua ao longo da Mesinha de S.Sebastião, ao longo da qual vão reservando lugar e petiscando nas merendas que vão trazendo.
Também o pessoal da imprensa nacional e estrangeira (jornais e televisões) não são alheios à festa, mas também um elevado número de fotógrafos amadores individuais ou de associações, como é o caso do nosso grupo de Associados Lumbudus que marcámos sempre presença ou elementos da Associação Portografia do Porto, este ano com pelo menos 5 associados.
Quanto aos preparativos da festa, tal como dissemos, começa pelo menos com 4 dias de antecedência com o cozer do pão. Quanto à Mesinha do S.Sebastião, comido o pão, o arroz e as postas de carne, o pessoal destroça e quase como num milagre, desaparece num instante, tanto que por volta das 2 da tarde a mesa está completamente vazia, mas claro que há uma razão para tal, é que o S.Sebastião não se comemora só na Vila Grande, pois na aldeia vizinha das Alturas do Barroso também há festa e em Salto, um pouco mais à frente, idem aspas. Mas estas com características diferentes. Claro que nós também não somos exceção e acabada a festa na Vila Grande também rumámos os nossos destinos até as alturas do Barroso, mas por etapas.
4 – Gestosa
A caminho das Alturas do Barroso passa-se ao lado da Gestosa. Todos os anos parámos lá num alto onde a aldeia se vê juntinha ao lado de um verdejante vale. Todos os anos ficamos com o apetite de a visitar, mas este ano não resistimos e fizemos o desvio para uma visita breve mas também para ir adiantando trabalho de levantamento fotográfico da aldeia como memória futura para um devido post dedicado à aldeia.
Para já fica a informação de que gostámos daquilo que vimos, pois se lá de cima é interessante, o seu interesse aumenta quando lhe entramos na intimidade, mas descrições ficam para o tal post futuro. Mas gostámos tanto que lhe dedicamos a nossa imagem de arte digital
5 - Vilarinho Seco
Vilarinho Seco é de paragem obrigatória para repor forças, nem que seja só com um café que é sempre bem acompanhado, quer pelos amigos do costume quer pelos improvisados concertos de cantares acompanhados pelas concertinas dos vários grupos minhotos que invadem estas festas.
Mas claro que não resistimos a tomar mais umas fotos daquelas que é uma das aldeias mais interessantes de todo o Barroso, também para memória futura de um post que surgirá quando passarmos definitivamente para o Barroso do Concelho de Boticas. Mas desta vez, além das imagens registámos também em vídeo a improvisada atuação de um duo que tanto quanto entendi era a primeira vez que tocavam juntos.
Claro que a paragem por Vilarinho Seco é sempre breve pois o destino é mesmo Alturas do Barroso par terminar o dia, que ainda só vai a meio.
6 – Alturas do Barroso
Aqui os festejos em honra do S.Sebastião são outros. Em conversa com uma natural das alturas, perguntava-me de qual das festas gostava mais, se a da Vila Grande ou das Alturas. A resposta foi a politicamente correta – Gosto das duas. Mas além de politicamente correta também foi sincera, pois ambas as festas são interessantes, apenas são diferentes, mas há sempre coisas que gostámos mais numa festa do que na outra, mas já lá vamos.
Desde criança que oiço falar das Alturas do Barroso e dos Cornos do Barroso, curiosamente só há anos soube que a aldeia das Alturas está juntinha aos Cornos do Barroso e daí, suponho, a proveniência do topónimo, pois de facto, a aldeia implantada a quase 1200 metros de altitude é a mais alta que se localiza na Serra do Barroso.
Mas como se não bastasse ouvir falar da aldeia desde miúdo, quando comecei a ler a obra de Miguel Torga tropeço com dois momentos registados por torga nessa aldeia, o primeiro data de 1956 que passo a transcrever:
Alturas do Barroso, 27 de Junho de 1956
Entro nestas aldeias sagradas a tremer de vergonha. Não por mim, que venho cheio de boas intenções, mas por uma civilização de má-fé que nem ao menos lhe dá a simples proteção de as respeitar.
Miguel Torga in “Diário XI”
O segundo momento de Torga, mais recente, data de 1991:
Alturas do Barroso, 1 de Setembro de 1991
Incansavelmente atento às lições do povo, venho, sempre que posso, a este tecto do mundo português, admirar no adro da Igreja, calcetado de lousas tumulares, o harmonioso convívio da vida com a morte. Os cemitérios actuais são armazéns de cadáveres desterrados da nossa familiaridade, lacrimosamente repetidos do seio do clã mal arrefecem, cada dia menos necessários, no progressivo esquecimento, à salutar percepção do que significam na dobadoira do tempo. Ora, aqui, cada paroquiano pisa, pelo menos dominicalmente, a sepultura dos ancestrais, e se liga a eles, quase organicamente. Vive, numa palavra, referenciado. Sabe que tem presente porque houve passado, e que, mais cedo ou mais tarde, enterrado ali também, será para os descendentes consciência e justificação do futuro.
Miguel Torga, in Diário XVI
E faço minhas as palavras de Torga, principalmente estas: - “Entro nestas aldeias sagradas a tremer de vergonha”, sim, é verdade e tal como Torga – “Não por mim, que venho cheio de boas intenções,” mas por medo a que as pessoas pensem que as minha intenções não são boas, mas ainda – “Incansavelmente atento às lições do povo, venho, sempre que posso” o que também é verdade, pelo menos desde que descobri esta aldeia, é sempre com gosto que regresso a ela, nem que seja e só por altura do S.Sebastião, mas passo por lá mais vezes.
Pois além da curiosidade que tinha desde miúdo, Torga aguçou-me o interesse em conhecer também esta aldeia e também como ele apreciei a aldeia, o seu povo, o casario e a festa do S.Sebastião.
Pois quanto à festa só lhe conheço o lado profano, aquele do comer e beber, pois nunca tive a honra de assistir à parte religiosa, que suponho que obrigatoriamente existira. Tudo porque os da Vila Grande, como já atrás referi, só têm festa da parte da manhã e assim vamos deixando as Alturas para a parte da tarde, mas fica a promessa que numa das próximas vezes invertemos a ordem.
Pois quanto à parte que assistimos, é em quase tudo diferente da festa da Vila Grande. Começando que a das Alturas é feita debaixo de teto e a ementa é servida em prato. Uma feijoada da boa, um copo de vinho e um pão. Segundo consta, pois nunca estivemos até ao fecho, a festa prolonga-se pela noite adentro, enquanto houver peregrinos com vontade de comer.
Mas claro que a parte do comer é só um breve momento, pois a festa esta lá dentro mas também à porta ou nas ruas da aldeia. Os improvisados concertos de cantares ao som da concertina são uma constante onde menos se espera ou melhor, em todos os lugares.
Uma visita, passeio, pelas ruas da aldeia também é obrigatório e se houver um pouco de conversa com as suas gentes, tanto melhor, e desta vez até fomos felizes nesta parte, pois além de fotos consentidas ainda tivemos direito a uma demonstração de como se lança o peão e uma história das antigas, também com direito a imagens, mas também estas ficam para um post futuro dedicado à aldeia, com o S.Sebastião de parte, embora a referência seja obrigatória.
E quase a terminar há que referir a simpatia das pessoas das Alturas, não só as que estão envolvidas no trabalho de dar de comer e beber a tanta gente mas também da aldeia em geral.
E não só, pois a aldeia também surpreende pela gente jovem, coisa que já vai sendo raro nas aldeias barrosãs e em geral do interior transmontano. Pelo menos do dia de S.Sebastião assim é.
E por fim, ficam as fotos prometidas e consentidas, ah! e já ia esquecendo, este ano o S.Sebastião aconteceu em plena vaga de frio polar, talvez por isso não havia neve como em alguns dos anos anteriores e o sol apareceu com a sua alegria do costume…
Aos sábados aqui no blog é dia da nossa ruralidade, daquela que vai além da cidade e das vilas, a ruralidade mais rural, a das nossas aldeias, não só as de Chaves, mas de toda a região envolvente, incluindo todo o Barroso onde o comunitarismo desde sempre fez parte da sua força para vencer os trabalhos de uma terra quase sempre ingrata. Comunitarismo que se reflete também nas celebrações religiosas e que se transforma em festa envolvendo toda a aldeia e comunidade. Mas há festas comunitárias e festas comunitárias que o são mesmo, abertas a toda a comunidade que nela queira participar. São assim as de S.Sebastião no Couto de Dornelas e das Alturas do Barroso, ambas do concelho de Boticas. Festa que desde que a descobrimos fizemos promessa de lá voltar todos os anos.
As imagens de hoje são dessas mesmas festas comunitárias que vão sendo apresentadas pela sua ordem cronológica, em que a primeira imagem que vos deixo coincide com a nossa chegada ao Couto de Dornelas à Mesinha de S.Sebastião. E assim vai sendo, com o decorrer da manhã e do dia até entrarmos na noite, já noutra aldeia. Mas lá chegaremos.
Comecemos então pelo Couto de Dornelas, topónimo pelo qual é vulgarmente conhecida a aldeia, mas penso que não é bem este o seu topónimo, pois o oficial é mesmo a Vila Grande de Dornelas.
Mas falemos da festa onde gostamos de chegar logo pela manhã para não perder pitada, ou quase, pois para por lá a festa começar logo de manhã, grande parte dos seus habitantes já anda há dias a trabalhar para ela. Então na noite que antecede a manhã da festa, nem se fala, é que dar de comer a milhares de pessoas, não é pera doce.
Mas passemos a explicar as imagens. A primeira é da nossa chegada onde a mesinha do S.Sebastião já estava montada na rua principal, mais coisa menos coisa são 400 metros de mesa. Logo pela manhã começam a chegar as pessoas das aldeias vizinhas, mas também os residentes da aldeia marcam presença nas ruas, algumas vestindo ainda as tradicionais capas de burel. Na cozinha comunitária ultima-se a confeção das últimas carnes e arroz em mais de vinte potes dos grandes. Ao lado, o pão já cozido, aguarda a distribuição pela mesa, tal como as gigas de vime cheias de pratos e malgas de madeira.
A visita à cozinha é obrigatória, embora à área de trabalha o acesso seja restrito, pois é apenas para quem trabalha ou para quem como nós blogers e fotógrafos, jornalistas e televisões querem fazer a reportagem e captar outras imagens que só lá dentro são possíveis. Entretanto pela manhã a cozinha serve algumas sopas em malgas para os primeiros forasteiros, e gente que trabalha, consolar os estômagos, pois a comida só sai para a mesinha (a tal dos 400 m) depois da missa e de benzido o pão. Coisa que só acontece por volta do meio dia. Assim, até lá, há tempo de dar uma volta pela aldeia e de apreciar o seu casario mais típico.
Entretanto a mesinha, que pela manhã estava vazia (veja-se a primeira foto), ao meio dia está repleta com milhares de pessoas a aguardar que de vara a vara (a medida) caia um pão, uma caçarola de arroz e um naco de carne sobre uma toalha de linho que previamente cobriu a mesinha de madeira.
Mas ainda antes de a comida chegar à mesa, há o ritual do peditório para ajudar a festa e o desfilar da imagem do S.Sebastião, que os crentes, um a um, vão beijando à sua passagem.
Depois sim, a comida. Pão caseio mistura de centeio e milho, arroz e o naco de carne de porco. É tudo bom, com o sabor que só os potes lhe sabem dar, mas quem vem de fora vai acrescentando sempre qualquer coisinha à mesa, como bolos de bacalhau, linguiças e salpicões, presunto, vinho entre outras coisas, que os estômagos agradecem sempre.
Nós marcamos sempre lugar no final da mesa. Assim podemos ir fazendo as fotos ao longo dos 400m de mesa e no final também saborear a oferenda. É ponto também de reunião de outros amigos fotógrafos ou não, como no caso da última foto com o nosso amigo A. Tedim, Luís Alves e um “cerdedense” vizinho do Couto de Dornelas que de tanto nos falar da sua terra resolvemos passar por lá para a conhecer, e em boa hora, pois foi a surpresa do dia, que o resto já conhecíamos. As próximas seis imagens são de lá, de Cerdedo.
Lembram-se de há dias eu dizer por aqui que havia dois Barrosos, o agreste e o verde. Pois por aqui misturam-se os dois, ou seja, nas terras mais baixas o verde é tão intenso que parece ter luz própria mas, mesmo ao lado, começa a subir-se à croa das montanhas, a luz apaga-se e o agreste predomina.
Então em dia de chuva com neblinas altas, Cerdedo apresentou-se como uma revelação desenhada com a mestria de um artista, daqueles mesmo artistas, verdadeiros. Nada ficou ao acaso, o desenho dos caminhos, os recortes dos muros, a colocação dos canastros, os tons da pintura dos verdes nos lameiros salpicados de amarelos torrados de bois e vacas, os sépias das folhas secas que teimam não soltar-se das árvores.
Até o casario parece ter sido arrumado de modo a não incomodar a harmonia da restante composição, fundindo-se com ela, fazendo parte dela.
Este encanto podia ter sido magia do momento, com as neblinas altas que mais não eram que nuvens de chuva a apagar por completo o azul do céu e a intensidade da luz do sol para que as sombras não apagassem o brilho da chuva caída sobre o todo de uma paisagem que mais parecia uma tela roubada do caixilho de uma pintura para não quebrar a coerência da composição.
Por último, ainda em Cerdedo e ainda as pinturas, agora numa tela de Silva Porto, “Guardando o rebanho” que recordo desde miúdo por ter uma reprodução pendurada numa das paredes da sala de casa dos meus pais, só que, o pastor de Silva Porto caminhava para nós, e o pastor do Cerdedo, como cena final, afasta-se de nós.
Poderia terminar aqui o post que já ficavam bem servidos, mas hoje estou generoso e quero contar-vos, sobretudo em imagem, o resto do dia, pois embora a última imagem seja de Cerdedo, quase não tínhamos saído, ainda, de Couto de Dornelas, e o nosso destino nesse momento era mesmo Alturas do Barroso.
E tínhamos ainda pela frente que subir quase toda a Serra do Barroso e fazer uma passagem com paragem obrigatória em Vilarinho Seco, mas antes, ainda havia tempo de parar no meio da serra para apanhar umas imagens, nem que fossem apenas as dos tais devaneios.
E depois sim, Vilarinho Seco que tal como o Cerdedo foi uma agradável descoberta de há anos atrás e por isso temos de parar sempre por lá para ver se continua tudo lugar e não houve qualquer doidice que estragasse a composição, mas há também o Pedro, onde é também obrigatório parar para botar um copo, mesmo que seja um café.
Por último as Alturas do Barroso onde se celebra com festa, também comunitária, o S.Sebastião, mas aqui de forma diferente. Infelizmente chegamos lá sempre tarde, já quase em hora de termos que regressar, mas cumprimos sempre a promessa. Fotograficamente falando é que as coisas se complicam, pois se em Cerdedo até deu jeito a luz não estar muito intensa, aqui, dava-nos jeito haver mais alguma, mas enfim, não se pode ter tudo. Assim, fica uma imagem noturna.
E com isto ficam aqui vinte imagens sobre o Barroso, que temos aqui tão perto e que é sempre tão interessante ir por lá para recordar o que conhecemos e descobrir novas pérolas, quase sempre com o atrativo da sua simplicidade ou mesmo virgindade.
É a geografia que desenha os rostos e as ruas, os telhados e as varandas das casas, os muros do cadastro, os caminhos, as cancelas dos quintais; e é a geografia que define os ritmos e as tradições, o modo como as pessoas se juntam ou afastam, como escolhem ou procuram conjurar os medos. Tudo vem de trás. Tudo vem de um tempo que esculpiu ou talhou a pedra, abriu um vale, ergueu um monte. Tudo vem dessa mistura de espaço e tempo. Por isso acreditamos no destino. Porque sabemos que já foi o que haverá de ser. Porque tudo está escrito há muito num livro: os amores que perdemos ou encontramos, a sombra, a luz que nos guia durante o Inverno.
José Carlos Barros, in “Um amigo para o Inverno” – Cap- IX
Padornelos - Montalegre
A geografia fechou pessoas dentro de casas, levou-as ao escuro das igrejas, tapou os rostos das mulheres com lenços e xailes erguidos dos ombros, desenhou uma sombra para o efémero tempo dos incêndios, acendeu um lume para que as famílias partilhassem uma mesa e um escano. E escondeu tudo o que pertencia ao desejo: com vestidos de chita, mantilhas de lã, saias até ao chão dos pátios, corações e códigos, segredos desvendados num vão da escada, burel, saragoça. Praticamente só existia o que podia ocultar-se, o que podia fazer-se no escuro: fosse o amor, a ternura ou um crime.
José Carlos Barros, in “Um amigo para o Inverno” – Cap- XI
Lá fui eu pagar a promessa ao S.Sebastião barrosão, das terras altas e frias de Boticas.
Esperava-se neve, mas em Couto de Dornelas só frio, mas não o suficiente para calar a festa da música enquanto se espera pela mesa completa.
Depois sim, pão, arroz e carne de porco oferecido pelo S.Sebastião, o resto e por conta de cada um, incluindo os talheres, mas se não os houver, também não há problema – o vizinho do lado desenrasca.
Vilarinho Seco
Mas o S.Sebastião não se fica por Couto de Dornelas. Um pouco mais acima, em Alturas do Barroso, também espera pelos peregrinos, mas antes há a passagem obrigatória com paragem em Vilarinho Seco onde mesmo sem S.Sebastião a festa continua.
E por fim Alturas do Barroso que para fazer jus ao nome conserva a neves dos últimos dias para visitante ver e até brincar. Claro que o frio continua, não estivéssemos nós em plena terra fria, mas também não era nada do outro mundo, era frio apenas.
E por hoje fica esta breve passagem, no próximo sábado deixamos por aqui mais algumas imagens do S.Sebastião barrosão e da festa comunitária das suas aldeias.