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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

22
Dez22

Devaneios fotográficos ou talvez não!


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Já sabem que às quintas-feiras lá vamos tendo os nossos devaneios fotográficos, hoje, por acaso, o devaneio até nem é nosso, isto se é que há algum devaneio na coisa, da nossa parte apenas tomámos a imagem, e o registo só surgiu porque então gostámos da ideia, tal como gostámos da imagem, e ainda gostamos. Sei é uma coisa, que a ideia é excelente para pendurar cadeiras e fazer dela mais um utilitário das arrumações, pois assim colocada passa a uma espécie de estante onde se podem poisar ou guardar coisas, e não passa disso. Mas sei ainda outra coisa, se o arranjo estivesse numa parede e chão de um museu de arte contemporânea, era uma autêntica instalação de arte… sem qualquer dúvida. Assim, só me resta dar os parabéns ao artista de Vilela Seca, pois foi lá que, algures, tomámos a foto.

 

 

08
Out22

Alminhas, nichos, cruzeiros e afins...

Vilela Seca - Chaves


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Nesta ronda pelas aldeias do concelho de Chaves à procura de símbolos e arquitetura religiosa hoje vamos até Vilela Seca, e nunca é demais repetir aqui que as imagens são de arquivo e não resultaram de uma recolha com esta temática, mas sim, são de uma recolha geral de motivos da aldeia, assim, é natural que alguns dos motivos já tivessem sido alterados e que outros, desta temática, não estejam aqui hoje.

 

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Passemos então ao que encontrámos em Vilela Seca e que hoje fica em imagem, ao todo temos duas igrejas, a antiga, abandonada e fechada ao culto e a nova que substituiu a anterior.

 

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Na entrada do cemitério temos um cruzeiro descoberto e dentro, uma capela. Cruzeiro que no meu entender e gosto é o mais interessante do concelho e mais elaborado. Trata-se de um cruzeiro setecentista tendo na face frontal da cruz latina esculpida a Pietá e na face posterior estão esculpidos instrumentos da Paixão. Na base da cruz podem-se ver ainda esculpidos alguns Querubins, quer na face dianteira como na posterior e laterais da cruz/cruzeiro.

 

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Quanto à antiga igreja, hoje abandonada e em mau estado de conservação, tem no entanto alguns pormenores bem interessantes, como a torre do campanário, os vãos e a entrada lateral encimada por um relógio com moldura, penso que em betão a imitar granito, ladeado por dois pináculos no enfiamento dos cunhais, estes sim em granito, do verdadeiro. Todos eles pormenores bem interessantes, pena o mau estado de conservação, incluindo o relógio e algum betão à mistura, mesmo assim, no meu entender, foi deixar esta igreja ao abandono. Não tivemos acesso ao interior, mas segundo apurámos não há nada para ver ou mostrar.  

 

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A igreja nova está construída com paredes em granito à vista, assente em fiadas, mas com pedra irregular, com junta tomada, ou seja, não seguem a regularidade nem as dimensões do perpianho. Já os vãos principais têm molduras em cantaria executado com pico fino e trabalhada com perfeição. Digamos que os panos de parede bem mereciam ser rebocadas e pintadas deixando apenas as molduras dos vão com o granito à vista, isto para seguir as “regras” das construções antigas com paredes em granito.  

 

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O restante que aqui deixamos para além da capela do cemitério são pormenores que encontrámos em Vilela Seca, como uma cruz aparentemente antiga, que resistiu de pé no meio das ruínas de uma construção. Não sei se seria de uma pequena capela ou se apenas encimava um muro de um pátio ou coisa do género.

 

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Já o outro pormenor que aqui deixamos, o da cruz de ferro incorporada num catavento, é o remate da cobertura do campanário da igreja antiga. A figura do catavento em chapa fina de ferro (ou latão) representa um anjo de asas abertas com um braço estendido e o dedo indicador a indicar a direção do vento, isto se ainda funcionar, pois pode acontecer que a ferrugem o tenha congelado naquela posição em que aparece na imagem.

 

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E tal como acontece habitualmente, terminamos com o nosso mapa de localização/inventário com os novos elementos que hoje lhe inserimos.

 

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O resto de um bom fim-de-semana.

 

 

24
Jul21

Cruzeiros


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Enquanto não fazemos uma nova ronda pelas aldeias de Chaves, vamos fazer um ronda pelos símbolos religiosos do nosso mundo rural, mais propriamente pelos cruzeiros, alminhas, cruzes, calvários, santuários, etc.

 

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Não vamos abordar tudo de uma vez, nem de aldeia em aldeia. Uns mais antigos, outros com maior riqueza arquitetónica, outros muito simples, onde os haja, e nós fizemos o registo, ficarão por aqui, aos sábados.

 

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Hoje iniciamos com dois cruzeiros, que embora mais ou menos semelhantes, todos são diferentes. Uns cobertos, outros descobertos, outros nos largos das aldeias, outros isolados num cruzamento ou entroncamento.

 

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Hoje com um cruzeiro coberto, de Castelões, por sinal um dos mais curiosos que conheço, não só pelas pinturas mas pelas figuras, bem naïfs. Ao contrário, o outro cruzeiro, de Vilela Seca, localizado à entrada do cemitério da aldeia, também com figuras esculpidas na cruz, esta já executadas com bastante mestria e perfeição.

 

 

23
Mai20

Vilela Seca - Chaves - Portugal

Aldeias de Chaves - Com vídeo


 

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Hoje calha a vez à aldeia de Vilela Seca passar por aqui com mais algumas imagens que escaparam às anteriores seleções e com um vídeo resumo com todas as imagens da aldeia publicadas até hoje neste blog.

 

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Quanto ao que tínhamos a dizer sobre a aldeia, já o fomos dizendo ao longo dos post que lhe dedicámos. Hoje queremos privilegiar a imagem, o vídeo resumo  e fazer um ou outro apontamento sobre a aldeia e a vida na aldeia, que se aplica a Vilela mas também se pode aplicar a qualquer outra aldeia do concelho ou transmontana.

 

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Um desses apontamento refere-se ao topónimo Vilela Seca, e aqui, neste caso, faz todo o sentido ir até à origem de “vilela” que vem do latim vulgar villella, 'pequena quinta'. Quanto ao seca, é aquilo que é, seca, sem água. Pois talvez seja esta a origem do topónimo, hoje desatualizado, pois a “vilela” deu origem a uma aldeia e o seco, com a construção da barragem do Rego do Milho, passou a ser molhado. Mas seja como for, Vilela Seca é o seu topónimo histórico, e esse é o que vale.

 

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Mas sem qualquer dúvida que a barragem do Rego do Milho é uma mais valia para a veiga de Vilela, onde o verde, assim, se torna mais verde e a terra mais produtivas, assim haja gente para cultivar os campos.

 

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Barragem do Rego do Milho desde onde se alcançam paisagens e uma vista privilegiada sobre Vilela Seca, mostrando-a uma aldeia arrumadinha, juntinha com os seus pormenores e encantos, com a torre da nova igreja a sobressair e ao fundo, lá na croa da serra, o Castelo de Monforte de vigia, embora hoje já nada vigie.

 

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Outro apontamento é sugerido por esta última imagem, de uma rua com as casas recuperadas, com boa apresentação e coloridas. Um apontamento que me leva até ao pensar e o viver nas nossas aldeias, que ainda está em quase tudo, vinculado a uma moral antiga, um bocadinho à margem da lei geral estabelecida, isto por não haver necessidade de a cumprir ou conhecer, pois basta-lhes regerem pelas suas, seculares, e muito simples, onde apenas existe o bem e o mal, onde todo o bem é permitido e o mal é proibido, mas, tal como o provérbio “À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”, também aqui o parecer bem, ou parecer mal, é lei. Não se faz isto ou aquilo porque parece mal…e acabou, basta esta “lei”, muito simples e fácil de cumprir, para se viver em harmonia na grande família da aldeia.

 

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A preservação das aldeias passa um bocadinho pelo que disse atrás, assim se numa rua da aldeia há um vizinho que arranja (recupera) a sua casa, e ficou bem, os vizinhos têm tendência a imitar o gesto. Infelizmente, o contrário, também é verdade, mas nas aldeias, em geral, os abandonos e ruínas estão ligados a outros problemas, um deles é o das partilhas, onde a maior parte das vezes, pouco a dividir por muitos é nada e daí, ou um dos herdeiros se chega à frente e adquire a totalidade do prédio, preservando-o, ou passa a ser de todos, ninguém tomando conta dele, acabando por ruir.

 

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Mas também não é só coisa das partilhas, mas também uma consequência do despovoamento e envelhecimento da população, transformando as nossas aldeias, cada vez mais, em lares de terceira idade.

 

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Despovoamento que na ausência de políticas agrícolas rentáveis, ou outras que prendam as populações às suas aldeias, acaba por ser um despovoamento natural, primeiro pelos seus naturais que se formaram nas mais diversas áreas e seguem a sua vida profissional, em geral, nas cidades, sobretudo nas grandes onde há mais oferta.

 

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Por outro lado, temos os emigrantes atuais, que ao contrário dos nossos emigrantes dos anos 50 e 60 que quase todos acabaram por regressar às suas aldeias, os atuais que regressam já ficam pela cidade mais próxima, no caso em Chaves, ou então, como os filhos acabaram por nascer e ser educados no mais e emigração, acabam por ficar por lá. Principalmente quando nas suas aldeias já não têm familiares próximos.

 

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Claro que há exceções, ou porque têm uma quantidade terrenos considerável e férteis que ainda lhes dá para fazerem da agricultura um modo de vida com algum rendimento, ou então trabalham na cidade e utilizam a aldeia como dormitório.

 

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Mas hoje, tal como disse no início não é para falar da aldeia, mas antes para apresentarmos mais algumas imagens e o vídeo resumo.

 

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E esta ronda pelas nossas aldeias está a terminar, resta-nos mais uma aldeia, pois a ordem alfabética que serviu para trazermos aqui todas as aldeias faz com que Vilela Seca seja a penúltima aldeia da lista das aldeias de Chaves, sendo a última a do próximo sábado que será a outra Vilela do concelho, e essa sim, é uma Vilela molhada, pelo menos o topónimo a isso nos leva, não fosse ela Vilela do Tâmega, a não ser que o rio seque.

 

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Depois de Vilela do Tâmega, logo se verá. Tínhamos uma ideia para uma nova ronda, que ainda mantemos, mas com esta coisa do confinamento acabou por atrapalhar tudo, pois a nova ronda vai implicar mais uma deslocação a todas as aldeias do concelho. Assim, estamos como um tolo no meio da ponte sem saber o que fazer, mas uma coisa é garantida – as aldeias de Chaves continuarão aqui todos os sábados. Logo se verá o que sai. Aceitamos sugestões.

 

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Claro que ainda nos falta contemplar com o vídeo resumo as aldeias que não o tiveram no post desta ronda e que temos publicado aqui todas as quintas-feiras. Essas publicações vão continuar, e aí ainda só vamos na letra D (a próxima a Dorna) e vai-se prolongar até a letra S, onde começámos a introduzir o vídeo. 

 

E agora sim, vamos ao vídeo resumo com todas as fotografias da aldeia de Vilela Seca publicadas até hoje, inclusive, neste blog. Espero que gostem.

 

 

 

Link para os posts dedicados a Vilela Seca, publicados anteriormente:

 

https://chaves.blogs.sapo.pt/1022795.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/631771.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/537253.html

http://chaves.blogs.sapo.pt/223015.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/171250.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/72370.html

 

 

12
Jan14

Chaves rural


 

Já todas as aldeias do concelho de Chaves tiveram aqui o seu devido post, uns mais conseguidos do que outros, mas não houve exceções, até uma que já nem existe marcou aqui presença, e muitas delas já passaram por aqui mais que uma vez, mas por muito que aqui passem, há sempre imagens com motivos que não couberam nos posts anteriores.

 

Quem acompanha o blog sabe bem quais são os motivos que prendem o meu olhar que se ficam geralmente pelas paisagem das nossas montanhas, e pelos núcleos mais antigos das aldeias onde a madeira e a pedra (granito ou xisto conforme a zona) são rainhas e senhoras nas nossas construções rurais tradicionais. As nossas construções tradicionais atraem sobretudo pela sua singularidade de não haver uma casa igual a outra, atraem pelas soluções arquitetónicas que tinham em vista a utilidade conciliada com a casa abrigo sem dependências inúteis (sem utilidade) ou meramente decorativas. Não quero com isto dizer que não houvesse uma preocupação estética, porque a havia, principalmente em pormenores que canteiros, carpinteiros, marceneiros e ferreiros, se encarregavam de fazer verdadeiras obras de arte, e daí, estes profissionais serem também conhecidos como artistas.

 

 

Lamento por aqui quase todos os fins-de-semana o despovoamento das aldeias, mas este da aniquilação do nosso casario rural, típico e tradicional nos núcleos das aldeias deveria ter a mesma dose de lamento, ou ainda mais, pois as razões que levaram a essa aniquilação ou descaracterização são bem diferentes da do despovoamento, pois são principalmente políticas ou de negligência de políticas ou falta delas, muitas das vezes com a conivência da própria Junta de Freguesia, quando não é ela própria a pecar.  Contudo, não leiam nestas palavras aquilo que aqui não é dito, pois as novas construções também têm direito a existir nas aldeias, mas fora do seu núcleo, mesmo que na sua proximidade. Mas hoje, já é tarde para se falar destas coisas, pois na maioria das aldeias o mal já está feito e não há forma de o remediar.  

 

As fotos de hoje são de Vilela Seca, mas mais uma vez, para ilustrar as palavras de hoje,  poderiam ser de outra qualquer das nossas aldeias.

 

 

09
Set12

Notícias de Chaves e arredores


 

Chaves raramente é notícia nacional, mas basta que uma desgraça nos bata à porta, e as televisões e restante imprensa caem logo cá que nem abutres em cima de uma presa. É o jornalismo que vamos tendo, o das tragédias, onde só o sensacionalismo conta e vende.

 

Ontem duas notícias alimentaram as televisões – 4 mortes em Vilela Seca e um incêndio nas freguesias de Valdanta/Soutelo que obrigou ao corte da A24 – imagens das desgraças e a pressa em dar a notícia, pois ao que verdadeiramente aconteceu e poderia pelo menos compor e fundamentar a notícia pouco lhes interessa. Em Vilela Seca a notícia é dada em várias versões, de comum só as 4 mortes, pois de resto as notícias ou nos levam para uma mina ou num poço,   umas dizem que caíram ao poço outras que as mortes foram causadas por inalação de gás emitido por bomba de extração de água.




Só de vez em quando, ou muito raramente, a imprensa nacional nos vai brindado com notícias feitas com aquilo que temos de bom, algumas até com boas intenções mas também elas  cheias de pecados, algum surrealismo e até ficção. Há dias no “guia do lazer passeios e percursos” na net em lazer.publico.clix.pt, entre outras, e sem comentários, lia-se por lá:


“São muitas as sensações que nos invadem quando nos aproximamos da histórica cidade de Chaves. Poderia enumerar-se um leque de motivos que tornam imperdoável não visitar esta terra transmontana mas aquele que ressalta é o cheiro a terra e a natureza ainda virgem. Hectares de floresta onde o homem ainda não deu ar da sua graça, numa paisagem que nos enche de um sem-número de motivos para sorrir. (…)As vistas para o rio fazem dos comércios da zona os locais prefenciais dos turistas no Verão. Chaves não herdou dos romanos apenas o complexo termal. A Ponte de Trajano, sobre o rio Tâmega, é o vestígio mais evidente da romanização. Construída entre o século I e o início do século II d.C., tem cerca de uma centena e meia de metros de comprimento e uma dúzia de arcos visíveis, já que muitos foram sendo corroídos pelo tempo. Nela podem encontrar-se marcos de pedra com várias inscrições antiquíssimas. (…)Também na zona histórica encontram-se as casas típicas e as ruas estreitas que lembram o Bairro Alto de Lisboa. Datam da Idade Média e inserem-se numa paisagem que oferece o renascer da cidade antiga aos turistas. Aqui, o artesanato e a gastronomia encontram-se a cada porta. (…)No Verão a Baixa encontra-se constantemente repleta de gente dos mais variados países. Para além dos emigrantes de origem flaviense, os turistas marcam presença, sempre acompanhados de um copo de vinho da adega regional. Aqui, ressalta a simpatia natural do transmontano que, reiterando interesses económicos, oferece bebidas e presunto.”

 

E é tudo. As fotos são de Vilela Seca, a aldeia que hoje está em luto.

 

12
Set10

Mosaico da Freguesia de Vilela Seca


 

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Vilela Seca já por aqui tinha passado e como é a única aldeia da freguesia, teria agora direito ao respectivo mosaico, mas desde sempre prometi que Vilela Seca teria aqui outro post, além daquele primeiro que há muito foi publicado, pois esse tal post ficou (em imagem) muito aquém da realidade de Vilela Seca.

 

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Espero com este post fazer justiça à aldeia e freguesia de Vilela Seca, trazendo aqui mais um pouco da sua história e sobretudo imagens da aldeia actual.

 

Mas vamos recordar aquilo que foi dito no primeiro post, ou seja, tomemos este post como uma segunda edição do primeiro, mas aumentado e corrigido.

 

Vamos então para a grande reportagem, que nunca é grande, pois no que toca a falar de um povo, ficamo-nos sempre aquém daquilo que é real e daquilo que merecem.

 

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A informação nem sempre está acessível e por isso a abordagem a uma aldeia é sempre superficial, breve e vista pelo olhar apaixonado do “repórter”, pois todas as nossas aldeias têm muito para contar e para dar, mas para isso é preciso vivê-las, estar lá no dia-a-dia, falar com as pessoas, sobretudo com as de mais idade que são as que têm muitas e mais histórias e estórias para contar. Vilela Seca, pela sua localização geográfica, pela certa que tem muita coisa para contar, mas vamos ficar pela brevidade do possível e pelas imagens do meu olhar. Claro que haveria muito mais para mostrar, mas temos que nos limitar à brevidade de um post e de um blog.

 

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Localização:


Vilela Seca é sede de freguesia e única aldeia da mesma. Fica a 12 quilómetros de Chaves

 

Quanto à sua localização, fica na transição do vale de Chaves com o inicio das montanhas barrosas, mas é mais do vale do que da montanha e com a Galiza ali quase ao lado, por isso também não lhe devem ser estranhas as histórias do contrabando do tempo da existência de fronteira controlada.

 

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Confrontações:


Confronta com as freguesias de Vilarelho da Raia, Outeiro Seco, Bustelo e Ervededo.

 

Coordenadas: (Adro da Igreja Nova)


41º 49´ 31.86”N

7º 28´ 04.36”W

 

Altitude:


Entre os 380 e  475m

 

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Orago da freguesia:


Nossa Senhora da Assunção

 

Área:


13,29 km2.

 

Acessos (a partir de Chaves):


O principal acesso continua a ser via Outeiro Seco pela E.M. 506, mas tudo é relativo e depende do local onde se encontre em Chaves, pois se estiver por redondezas da Fonte do Leite, do Seara ou do Casino, o melhor mesmo (enquanto não houver portagens) é apanhar a A24 no nó de Chaves e em direcção a Espanha sair no nó de Outeiro Seco. A partir de aí, volta-se à E.M. 206, depois é seguir em frente que uns quilómetros à frente lá há-de aparecer Vilela Seca. Para quem vem de fora pela A24, é seguir a segunda alternativa, ou seja, deixam o nó de Chaves para trás e saem no seguinte.

 

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Aldeias da freguesia:


Vilela Seca é a única aldeia da freguesia.

 

 

População Residente:


Em 1900 – 640 hab.

Em 1920 – 640 hab.

Em 1940 – 726 hab.

Em 1960 – 876 hab.

Em 1981 – 489 hab.

Em 2001 – 323 hab.

 

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Os números em nada surpreendem, pois é a constante dos números da grande maioria das freguesias e aldeias do concelho. Como sabemos Vilela Seca é a única aldeia da freguesia, e no presente ano (os censos do próximo ano dirão se é verdade ou não) estou em crer que a população diminuiu, se calha abaixo dos 300 habitantes. Uma vez que me parece não haver vontade política ou nada se faz para contrariar o despovoamento rural, seria talvez altura de haver coragem para uma reforma administrativa, com menos freguesias mas com mais força e independência

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económica. Sei que irá ser um assunto polémico, principalmente aqui no Norte e na nossa região, pois é de sobra conhecida a rivalidade e quezílias que existem entre muitas freguesias e aldeias. Também é um assunto que entra em contradição com alguns princípios, pois para mim o ideal seria que as actuais freguesias se mantivessem, mas com um estatuto em que não dependessem dos dinheiros e obras de caridade do seu município, mas já sabemos que economicamente e até administrativamente tal não é possível, pelo menos com a tendência actual de diminuição da população rural, mas, a bem das próprias aldeias e freguesias, querem-se Juntas de Freguesia mais fortes, com mais poder e mais dinheiro e tal só será possível com uma reforma administrativa séria e isenta de compadrios e politiquices partidárias, pois começa a ser ridículo que a população de uma freguesia caiba inteirinha num dos prédios de betão da cidade, ou seja, se a moda pega ou alguém se lembra, cada prédio da cidade (pela sua população) dará direito a uma freguesia.

 

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Não entendo que as políticas dos últimos tempos em Portugal sejam as de criar mais freguesias, cidades e vilas, que embora em alguns casos até se justifiquem, na maioria foi pura diversão política. Temos bons exemplos por cá, com a nova da cidade de Valpaços e Vila de Santo Estêvão e a nova freguesia de Santa Cruz/Trindade, em que na prática, tudo continuou igual e apenas as localidades ganharam um novo estatuto, apenas isso, pois nem elas nem a região ganharam o que quer que fosse com essa promoção. Mas isto são assuntos e contas de outro rosário que deveriam ser debatidas seriamente pelos pavões de Lisboa, os de lá e os que daqui vão para lá, mas também não sei se será boa ideia, pois com os actuais pavões que temos a comandar

 

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os destinos do país, e quando falo em pavões falo em todos, os que estão no poder e na oposição, qualquer reforma que levem a efeito só poderá ser mesmo uma reforma de merda. Talvez os nossos sábios, universidades, pensadores, investigadores, cientistas e gente bem formada pudesse fazer alguma coisinha por este país, mas da maneira que as coisas vão, duvido que ainda haja gente por cá com valor (com esses valores), e os que há, pela certa estão comprometidos. Em suma, e como dizia a canção do 25 de Abril “pra melhor está bem, está bem, pra pior já basta assim…).

 

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Principal actividade:


- A agricultura que se desenvolve ao longo das terras férteis de terras de vale, agora com regadio a partir da barragem do “Rego do Milho”. Também aqui a barragem chegou tarde, pois apenas chegou quando deixou de ter gente para tratar dos campos. Mas nunca se sabe se num futuro próximo não será preciosa.

 

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Particularidades e Pontos de Interesse:

 

Vilela Seca é uma freguesia essencialmente agrícola. Tem como produções mais notórias o centeio e a batata mas com potencialidades para outras culturas e riquezas desde que, claro, se inverta a tendência do despovoamento e a agricultura deixe de ser um modo de subsistência para passar a um modo de vida digno e dignamente renumerado, mas para que tal aconteça, têm também de acontecer as tais políticas agrícolas, pois não será com a actual população envelhecida e jovens que são obrigados a trocar a aldeia por trabalho na cidade ou no estrangeiro, que a riqueza agrícola da freguesia se poderá impor.

 

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Diz quem sabe que Vilela é um topónimo que significa vila pequena, cuja origem remonta à romanização. O povo atribui-lhe a designação de Seca, pela escassez de água, que aparentemente, pelo menos pelo verde do pequeno vale, a escassez não seja assim tanta, principalmente agora com a barragem.

 

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Quanto a arquitectura das suas construções, no núcleo, temos de tudo, desde o tradicional das construções típicas de pedra à vista e habitações rudimentares (maioritariamente em ruínas ou desabitadas), construção também típicas de pedra e madeira a um outro pequeno conjunto de casas mais aristocráticas, mas também moribundas e desabitadas. Algumas delas situadas dentro de quintas com belas espécies florais.

 

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Claro que na periferia nasceram e crescem algumas habitações novas, o típico também em todas as aldeias, pois continua a ser mais fácil e barato, construir de novo a recuperar. Infelizmente, tal como na cidade, é assim que se vai perdendo a vida e o núcleo tradicional, pois geralmente as novas moradias são isoladas, vedadas onde se perde o espírito do convívio de vizinhança. Novos tempos e novas vidas ditam assim também o fim do salutar convívio e vida dos núcleos das aldeias, que tal como esta, viviam à volta de um largo onde se concentravam o tanque e a fonte e a igreja.

 

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Quanto a belezas e obras de arte, saliento a da entrada do cemitério onde se ergue um artístico cruzeiro barroco datado de 1779, cuja cruz mostra numa face Cristo Crucificado e na outra a Senhora da Piedade. Diz-se que o escultor foi o mesmo que esculpiu o bonito cruzeiro de Tamaguelos, aldeia espanhola vizinha e acredito que sim, pois o cruzeiro segue todas as características dos cruzeiros galegos.

 

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Possui uma Igreja antiga de devoção à Senhora da Assunção, encravada entre o casario e abandonada, também a meter dó. Disse-me uma simpática senhora que antigamente a igreja era pequena para os fiéis e o padre empenhou-se na construção de uma maior.

 

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Agora que têm uma igreja grande, não têm gente para a encher. Embora a nova igreja não seja de desprezar e a sua torre até marca presença, é pena que a antiga igreja fosse abandonada e desprezada, pois poderia perfeitamente ter mantido a sua dignidade, pois é bem interessante, tirando uma intervenção menos feliz na torre sineira, mas continua a ostentar um lindo relógio, que (claro) já há muito deixou de conhecer as voltas dos ponteiros, mas que segundo apurei, ainda insiste em bater as horas. Temos pena que em vez de uma interessante igreja mesmo no centro da aldeia se tenha um casebre (pois não passa disso) abandonado e com mau aspecto, mas também quanto apurei, não por vontade da aldeia (que até gostava dela recuperada) mas por vontade da própria igreja, pois sendo sua propriedade, a mantém desprezada, tal como assim, despreza o sue passado e história.

 

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Quanto a gente ilustre, dizem-me ser a terra do major Luís Borges Júnior, personagem que eu já referi no Blog Cambedo Maquis e que aquando dos acontecimentos do Cambedo, Luís Borges Júnior era Presidente da Câmara de Chaves, um homem do sistema salazarista e que segundo consta, levava o sistema a peito e também muito contribuiu para o desenrolar dos vergonhosos acontecimentos da aldeia vizinha do Cambedo… Luís Borges Junior que é pai também de um ilustre historiador José Guilherme Calvão Borges, há pouco falecido e autor do «Tombo Heráldico do Noroeste Transmontano» onde se descrevem as famílias e castas flavienses e da região a partir das respectivas pedras de armas. Autor e livro ao qual este blog recorre sempre que traz aqui famílias e pedras de armas.

 

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Quanto à história mais remota, vários historiadores apontam para a existência de habitantes proto-históricos. O próprio topónimo “Vilela” (diminutivo de “vila”) está pela certa relacionado com uma propriedade rústica de origem tardo-romana ou alti-romana também pela certa resultante do processo de romanização do local e da região.

 

Certezas tem-se quanto à sua integração no concelho de Ervededo, um couto de origens pré-nacionais e apenas passando a integrar o actual concelho de Chaves no ano de 1853.

 

A Paróquia de Santa Maria(depois de N.Srª da Assunção) de Vilela Seca já aparece  no conhecido arrolamento de 1320, incluindo-se então na chamada “Terra da Frieira” que curiosamente, a designação parece ter desaparecido sem deixar descendentes toponímicos.

 

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Eclesiasticamente  falando esteve ligada à mitra de Braga, sendo nos finais de XVII um curato daquela. Nos meados da centúria seguinte seria já uma vigaria da apresentação do abade de Vilarelho (aldeia e freguesia vizinha).

 

Se a história também contribui para a riqueza e interesse da aldeia e freguesia, o seu principal património actual é sem duvida o seu casario tradicional (embora muito degradado) mas sobretudo as suas potencialidades naturais e paisagísticas que merecem sempre um olhar, privilegiando um o olhar a nascente de Vale de Asnos e o Campo das Folecras. Se possuir um todo o terreno, não deixe de apreciar a aldeia e o seu vale desde a o local onde construíram a barragem do Regos do Milho. Daí, além da aldeia e a frescura do verde que quase parece servir-lhe de tapete, pode-se ao longe observar a imponência da Serra do Brunheiro e o Castelo de Monforte.

 

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E por hoje vai sendo tudo, muito mais tarde que o habitual, mas a cumprir mais uma aldeia e freguesia, que, em imagem, ainda poderá passar novamente por aqui.

 

Mais logo, pela manhã, cá teremos a já habitual crónica de João Madureira com “Quem conta um ponto…”

 

Para ver o último post dedicado a Vilela Seca, poderá seguir o link:

 

http://chaves.blogs.sapo.pt/223015.html , embora tal como lhe disse atrás, este seja uma segunda edição desse post, corrigido e aumentado com a função também, de servir como mosaico da freguesia.

 

 

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