Continuando a cumprir a nossa falta para com as aldeias que, aquando dos seus posts neste blog, não tiveram o resumo fotográfico em vídeo, trazemos hoje esse resumo para a aldeia de VIVEIRO, concelho de Montalegre.
É mais uma aldeia das proximidades do Rio Cávado, mas também muito próxima do Rio Rabagão e ainda do ponto de encontro destes dois rios, tendo o Cávado a apenas 850m, o Rabagão a 1.3Km e o encontro dos dois rios a 2.3Km.
Embora exista esta proximidade dos dois rios, os mesmo não se sentem na aldeia, nem sequer se avistam, assumindo assim a aldeia a identidade de uma aldeia de montanha em vez de aldeia ribeirinha e não é de estranhar, pois estes dois rios fazem a grande maioria do seu percurso em fundas gargantas no encontro de montanhas, onde nem sequer existem pequenos vales.
Só para se ter uma ideia, a inclinação do terreno para o rio Cávado é de quase 40%, daí não ser muito convidativo a ser percorrido, nem é necessário, pois embora Viveiro seja uma aldeia de montanha os terrenos que a rodeiam estão todos vestidos de verde, quer com pastagens, quer com terras de cultivo, quer com arvoredo nas divisórias dos terrenos ou em pequenas florestas que se vão prolongando até às aldeias mais próximas, que no presente caso são as aldeias de Santa Marinha a nordeste e Ferral a soeste, e Vila Nova e Sidrós a Poente. Estamos em aldeias do Barroso Verde, com aldeias de baixa altitude, algumas na cota dos 200 e 300 metros como acontece com as aldeias vizinhas de Vila Nova e Sidrós, embora Viveiro esteja já na cota dos 500m. Contudo, convém não esquecer que a Serra do Gerês está ali mesmo ao lado, com o seu grande rochedo a erguer-se para o céu, com o que de mais agreste tem o Barroso. Contrates do Barroso que lhe conferem uma beleza ímpar, sendo mesmo uma pérola do Reino Maravilhoso, e uma paixão para quem o descobre, e está aqui tão perto…
Pois para chegar a este Barroso é necessário percorrer apenas 70km, a menos de 1H30 de viagem, e não é pelo caminho mais perto, pois nós recomendamos estradas secundárias, num percurso em que se atravessa quase o Barroso de lés a lés e quase todas as suas identidades e contrates, para isso, basta sairmos de Chaves em direção ao São Caetano, depois Soutelinho, Montalegre, Paradela do Rio, Santa Marinha e logo a seguir temos Viveiro, ainda antes de Ferral, embora esta última possa servir como referência, mas ficam os nossos mapas que até nem são necessários, pois felizmente o concelho de Montalegre está muito bem sinalizado, e basta seguir as placas indicativas, só temos de saber para onde queremos ir.
Passeio para um dia completo, com partida de manhazinha e chegada à noitinha, se for de verão, de inverno, talvez já se chegue a casa já de noite. Quanto a refeições, se for adepto de piqueniques, leve o farnel, não faltam sítios onde parar, tal como não faltam restaurantes, esteja onde estiver, a meia dúzia de quilómetros há sempre um restaurante, às vezes, o mais complicado, é escolher qual, mas é garantido que em quase todos se come bem, principalmente naqueles em que ainda não aderiram às modernices. Se for um prato à barrosã, é garantido que se come bem e a um preço acessível, pelo que não vale a pena preocupar-se com o farnel.
Mas como hoje estamos aqui pelo vídeo que VIVEIRO não teve aquando do seu post completo, para o qual fica link no final deste, vamos passar de imediato ao seu vídeo, com todas as fotos da aldeia publicadas até hoje neste blog. Espero que gostem.
Aqui fica:
Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL Nº 895 607
Post do blog Chaves dedicados à aldeia de VIVEIRO:
Nesta nossa ronda pelo Barroso de Boticas, hoje chegou a vez da aldeia de São Salvador de Viveiro, ou simplesmente Viveiro, como comummente é conhecida.
Era uma aldeia que tínhamos uma certa curiosidade em abordar, isto porque alguém nos falara dela, dizendo-nos ser uma das aldeias mais interessantes do concelho de Boticas, e por conseguinte, o seria também do Barroso.
Já ia sendo nossa conhecida ao longe, pelo menos vista desde o Outeiro Castro Lesenho ou da estrada que liga a ER311 à aldeia de Carvalho, desde onde, de ambos os locais, dá para perceber um pouco da aldeia no seu todo, sendo nítido que São Salvador de Viveiro se desenvolve em dois núcleos distintos e até separados fisicamente. Um núcleo mais antigo e o outro bem mais recente. Colocadas e parecendo terem sido construídas e localizadas estrategicamente, e precisamente entre esses dois nucelos, está a estrada de acesso à aldeia e escola primária. Mas penso ter sido apenas uma coincidência.
Claro que estes dois núcleos têm características completamente diferentes. O núcleo mais antigo é mais concentrado e denso, com ruas estreitas e o casario antigo e tipicamente barroso-transmontano, com casas construídas em granito de pedra solta, à vezes em perpianho e quase todo unido por paredes meeiras a desenvolver-se ao longo desses arruamentos.
Já o núcleo mais recente, embora concentrado é mais disperso, com construções isoladas, cada uma delas com os seus quintais de terreno envolvente, com um tipo de construção mais globalizado, pós anos 70 e um pouco igual por todo o país, onde a pedra é substituída por paredes de alvenaria de tijolo ou bloco de cimento, rebocadas e pintadas ao gosto do freguês, onde não faltam também, algumas de influência francesa e suíça, tipo “maison”.
O Núcleo novo, por ser mais aberto, disperso e mais colorido, ou pelo menos a emitir a luz que o granito velho das casas antigas não emite, torna-se mais visível ao longe, enganando quem vê a aldeia à distância, pelo menos a nós que nos interessa muito mais o Barroso típico e mais antigo. Mas lá diz o ditado, “as aparências iludem”, e aquilo que a aldeia aparenta ao longe, não mostra a realidade da sua intimidade. Diga-se também, em abono da verdade, que pelo menos houve o bom senso de manter o núcleo antigo mais ou menos bem preservado, enquanto que o novo núcleo, é implantado num espaço próprio, que em nada interfere com o antigo, tal como deveria acontecer em todas estas aldeias seculares.
Mas avancemos para a intimidade da aldeia, e para a nossa primeira e única visita que lhe fizemos para a recolha fotográfica e de algumas informações, para a podermos ter hoje aqui. Pois foi assim, segundo os meus apontamentos do dia, registados à chegada e entrada da aldeia, com a escola em frente, temos: “Viveiro, dia 1 de junho de 2018, chegada às 8h07, dia muito nublado e escuro”. Recordo que a seguir a estas notas, vimos uma placa que nos indicava – SANTUÁRIO - para a direita. Ora já nem parámos, tão rápido entramos na aldeia como saímos, em direção ao Santuário, que mais à frente, noutra placa, viemos a saber ser o Santuário do Divino Salvador.
Bendita a hora em que vimos e seguimos a placa do santuário, pois este post não ficaria completo sem as suas imagens do santuário. Um pequeno conjunto isolado e protegido por uma pequena elevação, onde o silêncio só não é silêncio porque a passarada insiste em quebrá-lo com o seu chilrear e algumas melodias.
Visitado o Santuário, onde acabámos por estar quase uma hora, regressámos à aldeia, nova passagem pelo seu núcleo novo, sem parar, e fomos indo até atingirmos um pequeno largo antes da igreja. Parámos para as primeiras fotos, e pelos inícios a aldeia prometia. Não só o casario mas também o movimento da aldeia, em hora de ponta da saída do gado para as pastagens.
Gado que se repetia, no seu andar pachorrento, em quase todas as ruas da aldeia havia vacas e de vez em quando um touro, de raça barrosã e outras raças à mistura, tantas, que cheguei a uma altura comentei com um senhor da aldeia que levava meia dúzia delas para a pastagem: “ Caramba, nunca vi uma aldeia com tanta vaca…”, ao que me respondeu, e isto não é nada, só tenho 9, há e um que tem 40.
E la fomos andando e indo pelas ruas da aldeia, aqui e ali mais vacas, todas a sair da aldeia em direção às suas pastagens, e no entretanto uma cadelita aproximou-se de nós, não sei se meiga ou desconfiada, acompanhou-nos uns instantes até que fez um pequeno desvio, abeirou-se de umas portas carrais e de um buraco espreitam dois cachorrinhos. Ah! Mãe vaidosa, sabedora de ser mãe de cachorrinhos tão bonitos e tratados, foi chamar-nos e chamar os cachorrinhos para a fotografia.
Claro que nos deliciamos a fotografar aquelas beldades, a cadelita, sempre ao nosso lado, continuava meiga e vaidosa, penso mesmo que estava a perceber aquilo que dizíamos. Mas foi tempo de partir, que o caminho faz-se andando e nós para esse dia ainda tínhamos muito caminho para trilhar, e Bostofrio já estava à nossa espera.
Tentámos a partida umas quantas vezes, mas era andar umas dezenas de metros e novo motivo nos obrigava a parar, ou mais vacas, ou paisagens até um casal de coelhos bravos nos fez parar, mas sem tempo de podermos fazer tudo, pois entre o parar, pegar na câmara fotográfica e apontar, já os coelhos se tinham posto a milhas, escondidos entre as urzes e as giestas, depressa desapareciam. Pelo caminho ainda apareceu mais um coelho e pelo menos uma bubela, ou poupa-eurasiática de nome científico Upupa epops. É muito comum nestes vê-las nestes campos de Barroso, e pessoalmente acho-a lindíssima, principalmente pelo seu colorido amarelado cor de mel, com a sua poupa e listas brancas e negras. Bonitas, mas todos me dizem que cheiram mal. Mas isso não o sei, pois nunca estive muito perto de nenhuma, o mais perto que as costumo ver é a uns 8, 9 ou 10 metros de distância.
Pois o meu destaque para esta aldeia de São Salvador de Viveiro, ou as minhas recomendações para se for lá de visita, são, primeiro, de visita obrigatória, o Santuário do Divino Salvador. Depois tem de apreciar uma vista geral sobre o núcleo velho da aldeia, que à saída para Bostofrio, a estrada transforma-se num autêntico miradouro, não só sobre o núcleo velho da aldeia mas também sobre a paisagem e pastagens que envolvem a aldeia.
Obrigatório também é percorrer as suas ruas e ir apreciando o casario, a sua igreja, alminhas, tanques e bebedouros, canastros etc. E se for logo pela manhã ou pelo fim da tarde, delicie-se com o movimento das ruas e a música pausada dos chocalhos a chocalhar conforme o andar das vacas, e nas manadas maiores, tente descobrir no meio delas, o touro, fácil de identificar, e em geral são mansos, tal como as vacas, convém é respeitar o caminho dele e delas, dar-lhes prioridade à passagem, evitar gestos bruscos, etc, ou seja, respeite-as e não se meta com elas, que elas também não se metem consigo. Pode cumprimenta-las, falar com elas, tirar-lhe fotografias, etc, mas não espere por qualquer resposta.
Isto do gado nas aldeias é engraçado e muitas vezes veem-se a andar pelas ruas sozinhas, pachorrentas, mas nunca param, e uma vez conhecido o seu itinerário, seguem em manada sozinhas para os seus destinos, que em geral só são dois, o da pastagem e o da corte onde dormem.
E agora vamos ao nosso itinerário para chegar a São Salvador de Viveiro. Itinerários que em Boticas, primeiro parecem complicados, mas que depois de se conhecer, são muito simples, pois basta ter como referência 3 ou 4 localidades e estradas. A grande maioria dos itinerários para as nossas visitas têm como ponto de partida a EN103 até Sapiãos, depois o desvio para Boticas e depois a ER311, e por fim a Carreira da Lebre. A negrito e sublinhado ficaram as estradas e locais a ter em conta, ou por onde obrigatoriamente temos de passar para a grande maioria dos nossos destinos de Boticas, onde só há duas exceções para outros itinerários, que falaremos deles quando formos para uma das suas aldeias. Para já, o ponto mais importante até é a Carreira da Lebre, pois a partir de aí temos de tomar uma decisão, o se seguir em frente, virar à esquerda ou à direita. Para o de hoje, tal como paras as aldeias que já abordámos até hoje, vamos em frente, e a partir da rotunda da Carreira da Lebre é só ir com atenção às placas da estrada, para vermos quando aparece o nome da aldeia que queremos visitar. Claro que o nosso ponto de partida é sempre a cidade de Chaves. Ficam os nossos mapas e com as indicações já dadas nada mais acrescentamos.
E agora vamos ao que dizem os documentos sobre esta aldeia, começando pela monografia de Boticas - Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas:
Localização geográfica: A freguesia de S. Salvador de Viveiro situa-se na parte Centro/ Oeste do concelho de Boticas.
Distância relativa à sede do concelho: aproximadamente 11,5 km
Acesso viário: pela ER 311 até aparecer a indicação Viveiro. Percorre-se um pequeno troço da EM 519-B e segue-se pelo CM 1036. Em alternativa segue-se pela ER 311 e, virando na indicação Viveiro, segue-se pelo CM 1036.
(…)
Orago: Divino Salvador do Mundo
Festas e Romarias: S. Sebastião, Janeiro, Viveiro; Divino Salvador do Mundo ou S. Salvador do Mundo, segundo Domingo de Agosto, Viveiro
(…)
Pontos de Interesse: Forno do Povo de Viveiro; Santuário do Divino Salvador do Mundo.
E concluímos hoje a abordagem de todas as aldeias da freguesia de Vilar e São Salvador de Viveiro, ao todo 6 aldeias (Agrelos, Bostofrio, Campos, Carvalho, Vilar e Viveiro). Assim, no próximo domingo, faremos o post da freguesia, que será mais das antigas freguesias de Vilar e Viveiros, hoje uma só. Será um post um bocadinho diferente daquilo que é habitual, pois é dedicado ao conjunto, onde abordaremos temas como o do evoluir da população, o território, etc., em que ficará também um resumo com todos os pontos de interesse sobre a freguesia.
Assim, ficamos por aqui e só nos resta apresentar o vídeo resumo com todas as imagens hoje aqui publicadas, espero que gostem.
BIBLIOGRAFIA
CÂMARA MUNICIPAL DE BOTICAS, Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas - Câmara Municipal de Boticas, Boticas, 2006
Apetecia-me divagar outra vez sobre os vários Barrosos que há dentro do Barroso, mas para não estar a bater outra vez na mesma tecla, não o vou fazer, mesmo porque afinal de contas o Barroso é mesmo assim, cheio de singularidades e contrates, onde os múltiplos matizes fazem do Barroso uma autêntica obra de arte.
E foi aqui neste Barroso que encontrámos em terra um Viveiro verdejante com os azuis do céu e das montanhas a servir de fundo a esta tela … e eu!? Interrompe-nos a marela — não entro!? — Claro que sim.
Ainda antes de entrarmos na intimidade da aldeia de Viveiro, já estávamos em estado de satisfação, embriagados com o verde, mesmo sem ser de absinto, e perdidos no ondular do mar de montanhas, mas ir tão longe não era possível e Viveiros estava ali aos nossos pés. Entrámos.
Mas para chegar à entrada e à intimidade de Viveiro tivemos de percorrer 74 quilómetros, desde Chaves, o nosso ponto de partida.
A escolha do itinerário caiu mais uma vez pela estrada do S.Caetano, Soutelinho da Raia, Montalegre e Barragem de Sezelhe, aqui como a estrada bifurca, seguimos em frente em direção a Covelães/Parque Nacional da Peneda Gerês, depois vem a Barragem de Paradela e aí, no cruzamento/largo, devemos continuar por onde indica Ferral, passamos ao lado da capital dos penedos (Ponteira), logo a seguir São Bento de Sexta Freita e 2 quilómetros à frente começa a aparecer algum casario, é aí, que devemos abandonar a estrada principal (M308-4) e virar à direita para Stª Marinha, depois desta aldeia uma nova estrada onde devemos virar à esquerda e pouco mais de 1 quilómetro à frente aparece a placa a indicar Viveiro e Pardieiros. Et voilà, estamos lá.
Claro que há um outro itinerário, mais longo mas em apenas 1,5 quilómetros, é o itinerário da estrada de Braga (EN103). Nada que enganar, é entrar em Chaves na EN103 e deixarmo-nos ir sempre por ela até passarmos a totalidade da Barragem da Venda Nova, no seu final ( no Cambedo) deixamos a EN103, passamos o paredão da Barragem e bota para Ferral, logo a seguir (500m) é Viveiro. Mas em Ferral é melhor perguntar a alguém o melhor caminho. Mas mesmo com estas duas indicações, deixamos o nosso mapa seguido das coordenadas da aldeia e altitude.
Ficam então as coordenadas de Viveiro:
41º 41’ 56.93” N
7º 59’ 43.68” O
Altitude: 600 metros
Voltando ainda à localização e itinerários, podemos ter ainda outra orientação que nos pode dar muito jeito quando andarmos meios perdidos. Pois essas orientações são os rios e por sua vez as Barragens que esses rios alimentam que, tanto a EN103 ou o itinerário interior das estradas municipais de Montalegre vão acompanhando. Os rios são o Rabagão que alimenta a barragem dos Pisões e logo a seguir a da Venda Nova. O Rio Cávado alimenta a Barragem de Sezelhe e logo a seguir a de Paradela. A seguir a estas aparece a Barragem de Salamonde que é alimentada por ambos os rios. Ou seja, se estivermos próximos destes rios ou barragens, estamos próximos da freguesia de Ferral e por sua vez de Viveiro, pois a aldeia fica a 800 metros do Rio Cávado, a 2 quilómetros da Barragem da Venda Nova, a outros 2 Km da barragem de Salamonde e a 8 Km da Barragem de Paradela.
Ainda antes de entrarmos nas nossas pesquisas sobre a aldeia de Viveiro, vamos às nossas impressões pessoais. Quase todas as aldeias da freguesia de Ferral, incluindo esta, são constituídas por um povoamento disperso, com o casario a surgir mais como pontos de apoio aos campos de cultivo. Pois Viveiro sai fora destas características com um povoamento concentrado ao longo da Rua principal e uma segunda rua que corta a primeira transversalmente dispondo-se a aldeia numa espécie de cruz, sendo esse cruzamento o centro da aldeia.
Trata-se de uma aldeia pequena que se dedica à agricultura e pecuária com os terrenos a desenvolverem em patamares que vão descendo numa espécie de anfiteatro até ao Rio Cávado, principalmente nos terrenos mais próximos da aldeia, notoriamente muito repartidos, conforme o testemunham os inúmero muros, sebes ou mesmo arvoredo, que separam sobretudo pastagens, embora também seja notório que outras culturas seriam possíveis, onde até a vinha já é possível, bem à moda minhota, e as glicínias perfumam algumas das ruas em pequenas latadas de entrada nos quintais.
Alguns canastros tradicionais contrastam com o casario de pedra solta à vista onde se usa um misto de paredes em xisto com parades em granito. Igualmente de granito à vista com juntas tomadas a argamassa erguem-se as paredes da pequena capela encimada nos topos da cumieira do telhado de duas águas por duas cruzes em granito. Lateralmente na continuação do cunhal direito do alçado principal, uma pequena e simples torre sineira terminando em arco perfeito, tudo numa só peça, de fabrico recente aparentemente em granito serrado.
Vamos então àquilo que dizem os livros e documentos. No livro Montalegre encontrámos o seguinte:
“São célebres por conterem inscrições ou gravados e, portanto, históricos: O penedo de Rameseiros, o afloramento de Caparinhos, o Altar de Pena Escrita (Vilar de Perdizes), O Penedo dos Sinais (Viveiro-Ferral), o Penedo do Sinal, o Penedo da Ferradura e a Pedra Pinta (Vila da Ponte), o Penedo de Letra (Gralhas), o Penedo de Pegada (Ferral).”
Não vimos o penedo atrás mencionado, isto pela nossa noia de partirmos à descoberta das aldeias sem nos documentarmos previamente, gostamos de ser surpreendidos e deixarmos ao seus habitantes as indicações daquilo que eles acham importante. Às vezes ficamos a perder, como talvez seja o caso, mas fica a referência e desculpa para uma próxima visita.
E como no livro Montalegre há apenas mais uma referência a Viveiro, a de que faz parte da freguesia de Ferral, passamos à Toponímia de Barroso.
(a nota de rodapé é nossa)
“Viveiro de Ferral
O quarto topónimo desta freguesia[i] com referência escrita é Viveiro — IPSIS VERVIS — Não mudou uma letra desde 1258 INQ 1523! Como tal o mínimo que podemos dizer deste topónimo é que, além de viveiro, é muitíssimo vivedeiro! E não admirará tanto que assim seja visto que o seu campo semântico é enorme: vai da avicultura (aviário) à piscicultura (aquário) da agricultura à arboricultura, horticultura (com etapas em seminários e plantórios — primeiro as sementes e, depois, a replantação) etc. Os viveiros vão desde o cebolinho aos soutos, desde o arroz ais pinhais e dos deuses aos santos. Restaria saber de que era o nosso: do nome comum latino VIVARIU > VIVEIRO como tudo indica, de plantas ou animais ou tudo junto.”
E continua a Toponímia de Barroso:
“ Temo-lo contudo, documentado pelo casal de Pigarzos (sic):
- 1258 « in villa de Viveiro casale de Pigarzos» — o que não deixa de ser um achado. Bem assim a referência das INQUIRIÇÕES de 1282 «Item Viveiro e ende per barreira a verea e ende pela carreira»."
Quanto à Toponímia Alegre temos o seguinte:
Nomes do “Rio” intermédio:
Carabunhas de Vila Nova,
Conspiradores de Covelo
Rabinos de Loivos,
Peixeiros de Sidrós,
Papa-ventos de Ferral,
De Viveiro não sai graeiro,
Carrapatos de Pardieiros,
Borra-ladeiras de Santa Marinha,
Carvoeiros de Nogueiró.
Dizem os da Ponteira:
Fomos a Paradela
Davam-nos caldo
E não tinham tigela!
E na ausência de mais documentação para referir, ficamos por aqui, mas antes ainda deixamos, como sempre, as referências às nossas consultas. Quanto aos links para as anteriores abordagens às aldeias e temas de Barroso, estão na barra lateral deste blog,. Se a sua aldeia ou a aldeia que procura não está na listagem, é porque ainda não passou por aqui, mas em breve passará.
BIBLIOGRAFIA
BAPTISTA, José Dias, (2006), Montalegre. Montalegre: Município de Montalegre.
BAPTISTA, José Dias, (2014), Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso.