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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

07
Jul11

Duas ou três pedradas num charco


Tal como tinha anunciado há dois dias atrás, para ontem às 18H30 estava prevista a apresentação do livro “Zerbadas em Chaves” de Gil Santos. Claro que nestas coisas fazemos do impossível possível para estar presentes, pois além de ser um livro de estórias cá da terrinha, trata-se de um amigo e colaborador deste blogue que mensalmente nos vai brindando com os seus “Discursos sobe a Cidade”. Um pouco antes da hora marcada lá estava eu à porta da Biblioteca Municipal. Não era o primeiro a chegar e o ambiente estava um bocadinho estranho para este tipo de eventos. Muitos fatos escuros engravatados a rigor, muitas câmaras fotográficas e de filmar, jornalistas e cada vez mais gente a chegar, da mesma espécie… Estranho. Não que o Gil Santos e as “Zerbadas de Chaves”  não merecessem toda aquela gente e aparato, mas era estranho porque neste tipo de eventos costumamos ser sempre os mesmos e já nos conhecemos uns aos outros.

 

 

Mas a coisa ainda só estava no início, pois logo de seguida começaram a aparecer presidentes de Câmara (Chaves, Boticas e Montalegre), vereadores, assessores, chefes, polícia e exército em fato de gala, o Bispo de Vila Real, ex-deputados e candidatos, jornalistas conceituados, o Secretário de Estado da Cultura, o Arq. Siza Vieira e a Presidente da Fundação Nadir Afonso, Laura Afonso. De Gil Santos, nada, à espera dele talvez alguns do costume, mas poucos. Definitivamente algo de muito estranho se passava por ali ou então, despistado como sou, tinha-me enganado no dia, pois já não seria a primeira vez… ainda perguntei a um amigo que ia a passar, em jeito de quem pergunta as horas - “que dia é hoje?”. Que era dia 6, não havia engano portanto. Enfiei-me por entre os fatos pretos e consegui chegar à recepção da Biblioteca onde finalmente tudo ficou esclarecido. Que sim, que ia haver apresentação do livro, mas primeiro era a cerimónia do lançamento da primeira pedra da Fundação Nadir Afonso. Eia lá! Finalmente (pensei para com os meus botões), não se conclui em 2011 como prometido, mas pelo menos inicia-se. Claro que o momento, pela importância da obra, era grande, e já que lá estava juntei-me com agrado à cerimónia. Como um bom Lumbudu, fiz o devido registo fotográfico.

 

 

Ficam então algumas imagens do momento e o registo histórico do dia em que foi lançada a primeira pedra da Sede da Fundação Nadir Afonso, que num três em um, vai-nos garantir a perpetuidade  da obra de Nadir Afonso em Chaves, uma obra de arquitectura de Siza Vieira e o arranjo e embelezamento de parte da margem direita do Rio Tâmega onde antes eram as hortas e a canelha das Longras, agora só nos resta que ao lado da primeira pedra comecem a nascer mais pedras e a obra cresça até ao fim. Ouvi dizer que lá para 2013 já vai ser realidade.

 

Mas vamos finalmente às “Zerbadas de Chaves” e a Gil Santos, que depois de muita espera, finalmente começou a cerimónia, já sem fatos pretos, Bispos, polícia e exército, assessores e outros, e sem o Secretário de Estado (que por acaso até é da cultura), mas com uma sala composta de gente interessada, amigos e o Sr. Presidente da Câmara.

 

 

Mas desde logo não se estranhou a ausência da multidão anterior, pois boas “zerbadas” da arte de bem comunicar começaram a cair na sala cheias de rajadas de boas risadas e bom humor feito por um mestre da comunicação. Quem esteve lá e o conhece, sabe que não estou a exagerar e o Gil tem a sorte e felicidade de o ter como apresentador da sua obra. Estou a falar-vos de José Machado, também ele um homem da cultura a quem estas terras não são estranhas de todo, não fosse ele do concelho vizinho de Vila Pouca de Aguiar, mais propriamente das minas de Jales. Uma pepita de ouro, como o Gil Santos acabou por definir.

 

 

Quanto às estórias do Gil Santos apadrinhadas com prefácio de Bento da Cruz, o ilustre contador de estórias do Barroso, são as estória a que o Gil tão bem nos tem habituado aqui no blog Chaves. Estórias simples do povo, vividas ou testemunhadas na primeira pessoa, contadas na proximidade do planalto do Brunheiro com descidas ao vale de Chaves e às ruas e vielas da cidade. São estórias de encantar que fazem também a história da nossa cidade e do mundo real. É, como já antes referi, um livro de leitura obrigatória para flaviense que se preze, porque todo ele é feito de estórias flavienses, escrito com muitos saberes e sabores da nossa cidade e do nosso concelho rural mas também com a universalidade de um livro de estórias interessadas e sempre bem humoradas.

 

 

E de Gil Santos é tudo, ou quase, pois no próximo Sábado vai estar novamente entre nós no XV Encontro de Blogues e Fotógrafos e aguardamos que novo livro já esteja a sair do seu punho.

 

Mais logo, ao meio dia teremos por aqui mais um episódio do “Homem Sem Memória” de João Madureira.  

05
Jul11

Zerbadas em Chaves - Apresentação do Livro


Há pouco tempo atrás tivemos a honra de anunciar a publicação do Livro “Zerbadas em Chaves – Estórias” de Gil Santos, hoje anunciamos a sua apresentação em Chaves, que vai acontecer amanhã, na Biblioteca Municipal às 18H30.

 

 

Para quem não puder estar presente e queira mesmo assistir ao lançamento deste livro, no próximo Sábado, dia 9, terá outra oportunidade, pois o Gil Santos estará presente no XV Encontro de Blogues e Fotógrafos onde às 15H00, no Santuário da N.Srª das Necessidades (N.Srª do Engaranho) em Castelões, irá decorrer a apresentação do seu livro conjuntamente com a apresentação de mais três livros de outros autores.

 

“Zerbadas de Chaves” um livro de estórias da nossa terra que o Gil Santos já nos tem habituado e que tão bem sabe contar. Um livro que este blog recomenda e que é de leitura obrigatória para todos os flavienses.

 

Até mais logo, pois ao meio dia estará por aqui a "Pedra de Toque" de António Roque.

 

 

 

 

26
Abr11

Zerbadas em Chaves


Zerbadas em Chaves

 

Em Abril águas mil e às vezes chega até nós em forma de zerbadas. Hoje também temos por cá as zerbadas de Chaves, mas estas, são em forma de livro, por um contador de estórias já nosso conhecido e que este blog tem a honra de ter entre os seus colaboradores – Gil Santos.


Depois de Ecos do Planalto – estórias e De Chaves a Copenhaga – a saga de um combatente, Gil Santos apresenta-nos e presenteia-nos com um novo livro, acabadinho de publicar pela editora Contrafolha: Zerbadas em Chaves – estórias, já à venda numa FNAC perto de si e, brevemente, lançado na nossa cidade.

 

 

 

Zerbadas em Chaves – estórias é patrocinado pela Câmara Municipal de Chaves, conta com a prestimosa colaboração do prestigiado autor barrosão Bento da Cruz que aceitou apadrinhá-la, escrevendo um curioso prefácio. Bento da Cruz é autor de diversas obras, quase sempre esgotadas, como O Retábulo das Virgens Loucas; Lobo Guerrilheiro; O Planalto de Gostofrio; A Fárria; histórias da Vermelhinha; Prolegómenos; Hemoptise; Histórias de Lana Caprina; A Loba; Guerrilheiros Antifranquistas em Trás-os Montes , entre outras.

Zerbadas, no dizer de Bento da Cruz, oferece-nos histórias contadas numa linguagem coloquial, expedita, agradável ao ouvido e de muito proveito para o espírito. Diz-nos ainda que já conhecia razoavelmente o hábito externo da cidade de Chaves. O rio, as pontes, as caldas, o castelo, as igrejas, os jardins, os fortes, as ruas antigas. Faltava-me este livro para lhe ficar a conhecer o hábito interno. A boémia, a gíria, as figuras típicas, as anedotas, o ambiente de rua, de quartel e de sacristia, as más-línguas, as alcunhas, a ralé de uns, a bacoquice de outros, o ridículo de todos. Um livro interessante. E porque o é, aceitei apadrinhá-lo.


Das notas de abertura:


Pela encosta do Brunheiro às noitinhas de Inverno, precipita-se o zimbro como um rebo tresloucado. Ímpio, escarrapacha-se em silêncio, cindindo-se em mil cibos que transem a veiga num abraço de bincelho. A alma granítica dos da ribeira, é curtida por esta espécie de castigo que os céus arrimam. De cacaranhassob as choinas do tição carpem-se, como desde o princípio do mundo, as mágoas da solidão e do carambelo.

 

A vida folgada continua aputada por aí. Emprenhando as amantes, despreza a fêmea, ávida, que tem em casa!

 

Atrás dos torgos bem se esconjura a dor para que não remoa. Bem se defumam os cantos para que Lúcifer não atazane. Bem se emborca ao borralho o tinto morno da pichorra de Nantes, mas não há meio!.

.

Assobalham-nos a esperança como a ferrã em campo verde.

 

Um viver penoso que nem a ilusão da modernidade amacia.

 

Carai, que vida do catano!..

 

A esperança na electricidade, no telemóvel, no computador e na internet, no ipod, no satélite, no gps e na televisão 3g, na auto-estrada, nas promessas dos políticos, no fim do isolamento milenar e na igualdade de oportunidades, parece mirrar como a bosta no merouço!

 

Estou tentado a crer que continua quase tudo na mesma:

 

- a chiba, a roer rebentos de silva brava nos arrabaldes da cidade como há séculos;

- a fêmea do bicho homem a parir, ontem no cortelho, hoje na A24 a caminho de Vila Real;

- o filho do remediado a estudar na Universidade de Curral de Cabras e o do pobre, condenado ao eterno fado do desgraçadinho!

 

Quem se vá, prove o gosto da brisa marinha e oiça o canto inebriante da sereia, dificilmente torna de vez.

 

Quando o faz é de passagem, à procura de afogar a nostalgia nos trinos do rouxinol, na limpidez dos ares e nos espaços infinitos. Enfim, um lavar de alma que o buliço urbano reclama!

 

Os do litoral vestem-se de damasco, os da serra remedeiem-se de surrobeco!..

 

Maldita sorte, rais te fonha!

 

Bem sei que os seis meses do Inverno continuam largos e castigadores. Mas haja esperança porque provavelmente já o foram mais. O tal meio ano de Inverno e outro tanto de inferno, há-de mudar, a um ritmo lento, quase imperceptível, bem no sei, mas mudará! Até se diz que já não há Invernos como antigamente, em que os nevões davam pelos peitos!..

 

Não sou, nunca fui biqueiro, mas custa-me a deglutir tanta discriminação! A ter de a esgramar, hei-de esgomitá-la em trejeitos de revolta para que não me esfoure.

 

Escarabulharei aqui as palavras como quem descasca baiges tchixarras.

 

Quero cantar a veiga à sua altura, assim me ilumine Santa Maria Maior.

 

Sejam os dezeres que este escrito põe ao léu zerbadas de água fresca e bem caída. Pingas genuínas e revitalizantes que aproveitem ao renovo. Sonho-as prenhes da idiossincrasia de que o leitor carece para sonhar!..
 

 

 

Da sinopse:

 

Passado o Inverno, zerbadas de Maio precipitam-se esparsas sobre o pó fino das memórias.


Levantam um olor antigo a terra molhada, nostálgico, transporta-nos a um mundo outro.


A um tempo em que as coisas simples ainda tinham nome e a couve penca sabia a terra e a geada.

 

Água que amamenta o devir.

 

Sejam os dezeres que este escrito põe ao léu as tais zerbadas de água viva, bem caída. Pingas genuínas e revitalizantes que aproveitem ao renovo.

 

É à Trás-os-Montes que faço questão que estas estórias falem!

 

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