vivências - Estou sim?
Estou sim?
Muitos dos adolescentes e jovens dos nossos dias terão provavelmente dificuldade em acreditar, mas a verdade é que, tal como os computadores e as redes sociais, também os telefones e os telemóveis não existiram no mundo desde sempre… E bastam-nos recuar 30 anos para encontrar um cenário no qual os telemóveis eram ainda ficção e a maioria das casas não tinha sequer telefone fixo. E, apesar disso (espantem-se!), a vida foi possível…
Quem viveu nesses tempos recordar-se-á certamente de como as coisas funcionavam: em caso de absoluta necessidade recorria-se ao telefone de um vizinho e, então, era hábito deixar umas moedas para o custo da chamada que era contabilizado em impulsos, uma unidade de medida cuja duração variava em função da distância da chamada e da hora do dia. Uma outra opção (para quem vivia nas vilas ou cidades) era recorrer às cabines telefónicas e telefonar com moedas ou, mais tarde, com cartões telefónicos que se podiam comprar nos correios e quiosques (muitas delas ainda hoje existem, mas pouco a pouco vão deixando de funcionar e já não há interesse em investir na sua manutenção). Nas aldeias existiam os chamados “postos públicos” (normalmente um café ou uma mercearia) onde era possível telefonar pagando o número de impulsos marcados por um contador instalado ao lado do telefone.
A liberdade de telefonar a partir de qualquer local só surgiria mais tarde, no início dos anos 90, com o aparecimento dos primeiros telemóveis. Eram caríssimos, grandes, pesados e, obviamente, não estavam acessíveis à esmagadora maioria das pessoas. Depois, num espaço de tempo relativamente curto, a sua utilização generalizou-se e certamente que todos se recordam daquele célebre anúncio do pastor que no meio da montanha atendia o telemóvel dizendo “Tou chim, é p’ra mim…”, ou do homenzinho com a cara pintada de branco e que apenas por gestos nos apresentava o primeiro telemóvel pré-pago. A partir daí tudo mudou a uma velocidade impossível de imaginar.
Luís dos Anjos