Vivências - O primeiro dia na escola
O primeiro dia na escola
E, de repente, ali estava ela, sentada num banco de escola…
Não me lembro do meu primeiro dia de escola. Lembro-me de andar na escola primária, e até no infantário, em França, mas não tenho ideia de como foi o meu primeiro dia. Talvez até tenha chorado, não sei. Mas lembrar-me-ei sempre do primeiro dia da minha filha na escola primária. Ali estava ela, curiosa, sentada numa cadeira que me pareceu minúscula, ajeitando a sua mochila com rodinhas ao lado da mesa. Olhou para trás e lançou-me um sorriso de satisfação que me tranquilizou. Estava perfeitamente à vontade, apesar de ser uma escola nova para ela, com novos professores e novos colegas. Deixei-a e segui para o emprego.
No final do dia contou-me entusiasmada como tinha sido o seu dia, utilizando, inclusive, siglas que não existiam no meu tempo e que até agora só conhecia de as ouvir a outras pessoas já com filhos mais velhos: nas AEC’s (atividades extra-curriculares) teve música e inglês e, no final do dia, no ATL (atividades de tempos livres) esteve a fazer jogos...
Não é uma caminhada que começa. Hoje é apenas mais um passo e a entrada numa nova fase. A esta seguir-se-ão outras: o 2º e 3º ciclo, o secundário, a universidade, o primeiro emprego, e por aí fora… À semelhança do que já acontecia no infantário, a educação começa a sair da esfera exclusiva dos pais e a estar repartida com outros intervenientes, como sejam os professores, os auxiliares, e até os colegas… E como a nossa influência passa a competir com a de terceiros, teremos de estar doravante cada vez mais atentos e disponíveis durante o tempo que estamos com ela, pois os primeiros e principais educadores teremos de ser sempre nós, se não na transmissão de conhecimentos, pelo menos na interiorização de valores e na construção da sua personalidade.
Luís dos Anjos